quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Poluição Ambiental - Contaminação do Pescado.

POLUIÇÃO AMBIENTAL – CONTAMINAÇÃO DO PESCADO. 


Resenha do Artigo:

Em sendo o homem o maior predador da natureza, desperdiça recursos e polui de forma exacerbada o ecossistema que habita!

Mares, rios e lagoas e até mesmo o espaço, estão poluídos e essa poluição tem altos custos, independente das condições climáticas.

Como o peixe é elemento básico da nossa cadeia alimentar e convivendo em ambientes poluídos, uma questão se levanta: será que gradativamente estamos nos contaminando?

O exemplo vem do plástico, mais estudado recentemente, e hoje encontrado até em nossa corrente sanguínea, no fígado e nos rins e até mesmo no leite materno!

A resposta aqui é de gestão de estoques e seu balanço entre entradas (consumir), saídas (secretar) e saldos (estoque). Se essa equação resultar positiva ou seja, geração de estoques, uma coisa é certa e tem significado imediato, a contaminação atingiu o nosso corpo e vamos pagar muito caro por isso!

É nesse enfoque que desenvolvemos esse artigo.

POLUIÇÃO AMBIENTAL – CONTAMINAÇÃO DO PESCADO.

A poluição ambiental atingiu níveis alarmante em todo o planeta e mesmo fora dele. Basta considerar que a nossa exosfera (camada onde orbitam os satélites artificiais) se encontra com um alto grau de poluição, dificultando muitas vezes o lançamento de novos satélites ou mesmo provocando a necessidade de manobras radicais da Estação Espacial Internacional, para que a mesma não venha a colidir com detritos espaciais.

O fato é que a poluição e consequente contaminação do nosso ecossistema é uma realidade preocupante, muito especialmente quando a examinamos sob a ótica da cadeia alimentar. A presença de elementos químicos indesejáveis em diversos alimentos quer sejam frutas, legumes, carnes e derivados projeta danos consideráveis a nossa saúde.

Por exemplo, a exposição ao mercúrio e demais metais pesados, é uma grande ameaça à saúde humana. Na sua forma orgânica do mercúrio, por exemplo, conhecida como metilmercúrio é a mais tóxica delas, sendo inserida na cadeia alimentar humana pela ingestão de pescados ou mesmo contaminação mediante a sua absorção pela pele. Ele é 100 vezes mais tóxico do que o mercúrio em sua forma elementar.

Seus efeitos danosos se destacam nos humanos que passam a apresentar um quadro de irritabilidade, perda de memória, dificuldades de concentração, insônia entre tantos outros efeitos adversos.

A realização de um exame de mineralograma capilar (efetuado através da coleta de cabelos ou pelos) permite investigar a presença de elementos tóxicos no organismo humano. Por exemplo, no caso do metilmercúrio, uma concentração de 50 ppm (partes por milhão) é uma indicação da contaminação por esse produto.

O metilmercúrio normalmente chega à lagos, córregos, mares etc., e a sua presença nos frutos do mar, uma das principais fontes de alimento, podem prejudicar o desenvolvimento cerebral das crianças causar sintomas como  comprometimento da fala e fraqueza muscular nos adultos. Como o peixe é elemento básico da nossa cadeia alimentar, os cientistas vêm pesquisando a presença de elementos tóxicos nos pescados onde o mercúrio se agrega fortemente ao tecido muscular dos peixes.

Uma prática danosa e muito utilizada é o garimpo ilegal que ocorre, em diversas regiões brasileiras, uma perigosa poluição ambiental em face do uso do mercúrio na coleta de ouro ou mesmo, na recuperação desse metal, do mesmo modo, o mercúrio volatilizado, acaba sendo levado pelo vento e se precipitando em alguma região.

Os vetores da dinâmica da toxidade do mercúrio destacam-se através da inalação do ar, no consumo de alimentos e água e por contato com a pele. (Paulogeorgatos et. Al, 2002).

Há uma volumosa literatura descrevendo os efeitos danosos do mercúrio nos seres humanos, valendo destacar: doenças autoimunes, anomalias cromossômicas, leucemia, câncer do fígado e dos pulmões, morte fetal, retardo no crescimento, distúrbios visuais, depressão e uma vasta gama deles!

Aqui no Rio de Janeiro, por exemplo, uma pesquisa da Unesp (Universidade de São Paulo) em parceria com a UFF (Universidade Federal Fluminense) e a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) constatou uma concentração inaceitável de metais pesados na Baía de Guanabara, em especial o chumbo, zinco e cobre.

Essa concentração é devida, entre outros fatores ao fato de que “70% das indústrias estão localizadas ao redor da Baía de Guanabara” (op. cit. Galvão de Campos – Diário do Porto – 30/09/2019) e, a inexistência de um tratamento adequado dos resíduos industriais, provoca um grande impacto no ecosistema marinho!

A Baía da Guanabara é área de reduto pesqueiro. Por exemplo, um levantamento realizado pela bióloga Hauser Davi, doutoranda em Química Analítica do CTC/PUC-Rio, revelou que os peixes mais comuns pescados e consumidos em várias localidades do Rio de Janeiro, apresentam alta concentração de metais pesados (op.cit, Belma -26/08/2011).

Do mesmo modo, pesquisas realizadas pela Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz) mostraram que peixes coletados na Bacia do Rio Branco (RR) apresentaram grandes concentrações de mercúrio em proporções muito superiores à aquelas permitidas pela OMS (Organização Mundial da Saúde), onde algumas espécies de peixe carnívoros, como por exemplo a dourada, pescada, tucunaré chegam a tal nível de contaminação que a porção máxima de consumo por semana recomendada pelos pesquisadores não deverá ultrapassar à 200 gramas, enquanto outros como o Filhote, barba chata, coroataí, piracatinga ficam restrito à 50 gramas por mês! (Nota Técnica da Fio Cruz – op.cit. Amazonas Atual – 01/09/22).

Como o peixe é elemento básico da nossa cadeia alimentar e convivendo em ambientes poluídos, uma questão se levanta: será que gradativamente estamos nos contaminando?

O exemplo vem do plástico, mais estudado recentemente, e hoje encontrado até em nossa corrente sanguínea, no fígado e nos rins e até mesmo no leite materno!

A resposta aqui é de gestão de estoques e seu balanço entre entradas (consumir), saídas (secretar) e saldos (estocar). Se essa equação resultar positiva, ou seja, geração de estoques, uma coisa é certa e tem significado imediato, a contaminação atingiu o nosso corpo e vamos pagar muito caro por isso!

É importante observar que a legislação brasileira estabelece que a concentração máxima de mercúrio em peixes predadores não deve ultrapassar 1,00 µg/g e mesmo assim, estudos já indicam que mesmo níveis abaixo do recomendado, já podem causar danos importantes à saúde em função da quantidade de pescado consumida (o.cit. Kumo, R. in Avaliação da contaminação por mercúrio de peixes do alto Pantanal – 2003).

Vale registrar que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é o órgão responsável para inspecionar e fiscalizar a produção de alimentos e, nesse sentido, opera com um programa denominado Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em produtos de origem animal (PNCRC) que tem por finalidade identificar a presença de contaminantes nos produtos alimentícios.

“A poluição, a ganância e a estupidez são as maiores ameaças ao planeta.”

Stephen Hawking






quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Guerras e Tecnologias – Histórias de James Bond.

 Guerras e Tecnologias – Histórias de James Bond.



Nenhum País é uma ilha no campo da ciência e da tecnologia!

Hoje as cadeias globais de suprimentos, expostas diante dos conflitos geopolíticos e pandemias, destacaram o nível de dependência de diversos países no que se refere à alimentos, produtos em geral e especialmente itens de alta tecnologia, indispensáveis para a operação das máquinas de defesa de diversos governos.

Recentemente, por exemplo, foi descoberto que os caças americanos F-35, produzidos pela Lockheed Martin, continham componentes de fabricação chinesa. Diante desse pesadelo o Pentágono suspendeu a entrega de novos caças adquiridos na Lockheed.

O pesadelo se transformou em um “filme de terror” quando o Departamento de Defesa dos EUA descobriu que 825 caças, entregues desde 2003, possuíam um imã de fabricação chinesa e utilizado nas unidades de energia auxiliar dessas aeronaves!

O conflito entre a Rússia e a Ucrânia, é outro caso contundente! Por exemplo, o drone russo Orlan-10, conhecido com “os olhos e os ouvidos do exército russo” que foram abatidos pelos ucranianos, permitiu que esses os desmontassem num processo de “engenharia reversa”.

Nessa investigação descobriram que vários dos componentes utilizados na sua fabricação pela STC (Special Technology Center) em São Petersburgo, eram de origem americana, japonesa, holandesa e suíça!

As fragilidades das cadeias globais de suprimentos postas à prova diante dos recentes eventos, acabaram levando a um maior controle na exportação de componentes estratégicos nos mais diversos países, assim como a imposição de severas restrições para os fabricantes desses itens, que passam a estar sujeitos à responsabilidades criminais, na hipótese de violação do controle de exportação.

A alternativa que vem sendo utilizada é o uso de “intermediários” estratégicos, e a situação beira as películas de James Bond, como foi o caso de Kazdan, também conhecido como Alex Stanton, que possui cidadania russa e americana.

Mediante a sua empresa Ik Tech que funcionava em sua residência, entregou à Rússia no período de 2018 à 2021, diversos componentes estratégicos no valor total de US$ 2,2 Milhões. Em fevereiro deste ano ele foi preso sob a alegação de contrabandear itens militares para a Rússia.

Diante de um cenário mais dramático, quando nos deparamos com países com pouco desenvolvimento tecnológico, como o Brasil, por exemplo, que é dependente de satélites para rastear suas áreas, sistema de telecomunicação, computadores, telefones etc. , duas vertentes abrem espaço nesse contexto: a dependência tecnológica e a exposição da sua soberania!

Só os paranoicos sobrevivem” -  Andrew S. Grove, ex-presidente da Intel.


sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

SUPPLY CHAIN – Estratégias Globais para a Resiliência.

 

SUPPLY CHAIN – ESTRATÉGIAS GLOBAIS para RESILIÊNCIA



Conflitos geopolíticos geram reflexões sobre novas estratégias para as cadeias globais de suprimentos. O objetivo precípuo é criar resiliência no fornecimento de bens e serviços.

Por exemplo, no ano de 2010 a China restringiu as suas exportações de minérios de terras raras (matéria prima essencial para a produção de itens de alta tecnologia) para o Japão, em face de um conflito numa disputa territorial. O resultado foi que o Japão redirecionou a sua cadeia de suprimentos desses insumos, reduzindo a importação da China de 90% para 58% em uma década (Foreign Affairs).

O mapeamento das cadeias de suprimentos, diante de conflitos geopolíticos e domésticos, assim como as lições da pandemia (lockdowns),  tornaram-se uma necessidade estratégica essencial, objetivando redirecionar fontes de suprimentos e criar maior resiliência na manutenção do suprimentos de bens e serviços.

Nesse contexto, diversos países em grupo ou em particular, estão trabalhando no mapeamento de suas cadeias de suprimentos críticos de forma a permitir um monitoramento precoce na produção de sistemas de alerta, ao mesmo tempo em que promovem a diversificação de suas fontes de fornecimento.

O caso brasileiro mais recente foi retratado em face do conflito entre a Rússia e a Ucrânia e a sua dependência de fertilizantes originários da Rússia, Bielorrúsia e  da própria Ucrânia. Tal crise provocou a necessidade de reduzir essa dependência através da produção interna, a exemplo da Cibra que inaugurou em 21/09/2022 uma nova  fábrica de fertilizantes  no Distrito Industrial 3 de Uberaba, no Triângulo Mineiro, com um investimento de R$ 55 milhões (Diário de Minas).

As palavras de ordem agora são reshoring (retorno dos processos industriais a nível doméstico e friendshoring (estreitar as relações entre nações amigas para o fornecimento de bens e serviços).

E não fica só nessa toada! Incidentes políticos podem promover restrições ou embargos no abastecimento de certos produtos, como por exemplo, a concessão do Prêmio Nobel da Paz a um dissidente chinês em 2010, levou a Pequim restringir a importação de salmão norueguês que atingia 94% (Foreing Affairs) para 37%, um colapso que impactou a economia norueguesa em US$ 60 milhões por ano!

Do mesmo modo, como relatamos em postagem realizada no dia 13/12/2022, nessa plataforma, os Estados Unidos proibiram a importação para a China de equipamentos destinados à produção de chips de alta tecnologia e mesmo o fornecimento de chips para os chineses.

Os Estados Unidos, por exemplo, ainda pagam um alto preço por ter direcionado grande parte do seu parque industrial para os territórios chineses, em busca de redução de custos e incentivos governamentais.

Diante desse cenário, por exemplo, Austrália, Índia, Japão e o próprio EUA criaram o denominado Quadrilateral (Quadrilateral Security Dialogue), um grupo de parceiros confiáveis envolvendo esses quatro países, com objetivo de construir cadeias de suprimentos resilientes para vacinas, semicondutores e tecnologias emergentes, especialmente aquelas focadas em energia limpa.

Diversas outras alianças estratégicas estão se formando (friendshoring/reshoring) com o objetivo de evitar interrupções nas cadeias de suprimentos, quer sejam por motivos de conflitos geopolíticos internacionais ou coerções econômicas, como os exemplos citados acima. Essas alianças acabam resultando num cenário de resiliência coletiva entre países amigos, transformando-se em uma estratégia de operação conjunta.

Como bem explica a OCDE: “ as maiores lições da crise são que os governos precisarão responder a futuras crises com velocidade e escala, salvaguardando a confiança e a transparência.”

A pergunta que fica é: Estamos nos preparando estrategicamente para isso?

 

“Vem, vamos embora que esperar não é saber”.

Quem sabe faz a hora e não espera acontecer!”

Geraldo Vandré




terça-feira, 6 de dezembro de 2022

1899 – Série do Netflix - Uma visão provocativa!

 1899 – Série do Netflix

Da Caverna de Platão para uma Simulação Computacional.

Uma visão provocativa!



A série de origem alemã, estreada na Netflix em 17  de novembro deste ano (2022), foi concebida por Barah bo Odar e Janjte Friese, os mesmos autores da série Dark, tão polêmica e complexa.

O enredo se desenvolve através de várias vivências e ações dramáticas de um grupo de imigrantes de várias regiões da Europa que resolvem partir, a bordo do navio Kerberos, com destino aos Estados Unidos.

Em meio à viagem, a tripulação do Kerberos acaba encontrando uma embarcação que estava à deriva e considerada desaparecida, denominada Prometheus.

A partir do encontro de Kerberos com Prometheus, as vidas dos passageiros começam a se transformar em um verdadeiro pesadelo, onde cada um traz consigo um segredo obscuro que vai sendo revelado ao longo da trama, quando o passado surge como uma realidade paralela, como se cada personagem adentrasse em um portal e, através dele, vivenciasse ativamente o seu passado.

Vale lembrar que “Kerberos”, na área da tecnologia da informação, é um “protocolo de rede, que permite comunicações individuais seguras e identificadas, em uma rede insegura”; como também é cão guarda de três cabeças (Cérbero) do deus Hades na mitologia grega.

Do mesmo modo, Prometheus , na área de tecnologia da informação, é um kit de ferramentas de monitoramento e alerta de sistemas de código aberto e também um titã na mitologia  grega.

Não sabemos se os autores pretendiam jogar com essas dualidades ao dar os nomes das embarcações!

Muitos observam essa série à luz do “Mito da Caverna”, um clássico bastante conhecido da obra de Platão, citada em sua República. Sem sermos repetitivos, vale relembrar esse mito que se funde quando pessoas foram aprisionadas em uma caverna desde a infância e estavam acorrentadas e assim, somente podiam visualizar apenas sombras distorcidas que eram projetadas através da claridade fornecida por uma fogueira e sendo essas o único conhecimento que dispunham.

Nossa abordagem vai além, passando por considerar as últimas pesquisas da neurociência: “O modelo do cérebro como uma máquina de processamento de informações é uma hipótese profunda em que neurociência, psicologia e teoria da computação estão agora profundamente enraizadas. Onde a neurociência moderna visa modelar o cérebro e seus mecanismos dinâmicos de processamento de informações de percepção e cognição, tal qual uma rede de nós funcionais densamente interconectados.” (op.cit . Robin A. A. Ince at all. In  Tracing the Flow of Perceptual Features in an Algorithmic Brain  Network – Nature/Scientifical Reports – dez/2015 – em tradução livre).

Nesse sentido, podemos perceber que temos vários “periféricos” que atuando como sensores, são responsáveis por conduzir as informações até o nosso cérebro e nele são processadas: visão (visão computacional), audição (reconhecimento de voz e traduções), olfato ( chip de silício com olfato” capaz de detectar odores que variam de explosivos a patógenos), tato (mão biônica que usa eletrodos para simular a sensação do tato em pacientes amputados) e paladar (já temos robótica  gastronômica, falta pouco para um robô degustador).

E, nessa operação, o nosso cérebro funciona como um grande computador que, acoplado a esses dispositivos e utilizando complexos algoritmos, responde aos estímulos produzindo uma série de efeitos periféricos de resposta: afastar a mão diante de um calor intenso, cobrir o nariz diante de um odor indesejável etc. Assim, o nosso cérebro é o centro das sensações e das emoções.

É nessa direção que olhamos essa série!

Hoje, as Big Techs coletam um massivo volume de dados dos usuários das redes de internet permitindo assim, praticamente, traçar o perfil comportamental de cada um deles. A sofisticação chega a tal ponto que é possível simular uma “conversa” com um antepassado nosso que tenha convivido no mundo das redes sociais, mediante sofisticados algoritmos de machine learning que conseguem produzir, com base no Big Data desse antepassado, diálogos bem semelhantes aos produzidos na conversa entre Blake Lemoine (engenheiro da Google) que entrevistou a inteligência artificial (IA) LaMDA (Modelo de Linguagem para Aplicações de Diálogo).

E dentro desse enfoque a série abre, segundo nossa análise, um leque para uma nova abordagem especulativa, ao mostrar que tudo não passa de uma simulação realizada por um grande computador quântico. Aliás, não poderia ser diferente, dado o volumoso número de atividades realizada no processamento das informações em todos os cenários descritos.

Aí, voltamos a velha questão: estaremos mergulhados numa Matrix? Esse mundo é real ou uma simulação realizada por seres superdesenvolvidos?

Embarquemos então numa "viagem" especulativa, no nosso Kerberos, mediante um exercício intelectual, em face de Brostrom (Superinteligência) e Virk (The Simulation Hypothesis), que não descartam a hipótese de estarmos mergulhados em um universo virtual!

Dentro do escopo desse raciocínio especulativo, provado que a informação é o quinto estágio da matéria, uma pergunta intrigante nos visita: Será que o universo que conhecemos e habitamos é uma simulação "rodando" em algum computador? Pensando melhor, se a informação é um componente chave do universo, então é bem possível que em algum lugar, um computador quântico pode estar "rodando" o universo inteiro como uma simulação!

Ou em breve, considerando o volume de informações de cada um de nós, disponíveis em massivos bancos de dados das Big Techs, teremos a possibilidade de vivenciar nosso passado em um processo de simulação computacional? Ou mesmo, num futuro próximo, utilizando uma versão mais sofisticada do projeto do Neuralink, que permita conectar o nosso cérebro um computador quântico, simular uma vida toda?

Mas isso é uma mera especulação provocativa!

Há mais coisas no céu e terra, Horácio, do que foram sonhadas na sua filosofia” - Shakespeare in Hamlet



sábado, 26 de novembro de 2022

Avistamentos de OVNI – Uma cortina de fumaça?

 

Avistamentos de OVNI – Uma cortina de fumaça?



O avistamento de Objetos Voadores Não Identificados (OVNI) voltou ao cenário, em certa medida, quando foram revelados relatos e vídeos da força aérea americana mostrando a captura de imagens de objetos de pequeno porte que trafegavam em velocidades elevadas, se deslocavam com muita rapidez e mesmo desapareciam.

O frenesi sobre esses avistamentos não é novo. O caso mais famoso foi o denominado Caso Roswell (1947) ou Incidente em Roswell, tornou-se o responsável pela avalanche de especulações sobre naves alienígenas. Segundo os militares e investigadores da época, tratava-se da queda de um balão meteorológico, também poderia ter sido resultado de um experimento secreto mal sucedido da área militar dos Estados Unidos, realizado após a segunda guerra e tomando como  base os inúmeros projetos elaborados pelos cientistas do III Reich, a começar pelo conhecido domus voador, também denominado como Haunebu .

As novas visualizações de OVNI’s geraram especulações que rondam todas as comunidades do nosso planeta e mesmo inúmeras teorias foram levantadas ou ressuscitadas para justificar a presença desses objetos.

Para começar, a existência de vida no vasto universo que nos circunda, onde somos apenas um “pálido ponto azul”, nas palavras de Carl Sagan, é um fato de altíssima probabilidade e o homem vem observando e explorando o espaço sideral em busca dessa definição.

A pesquisa frenética de vida no espaço interestelar tem provocado um grande esforço humano e vem utilizando das mais avançadas tecnologias na persecução desse objetivo. O exemplo mais recente é encontrado na permanência do Rover Perseverance da NASA e  Zhurong da CNSA (Administração Espacial Nacional da China), que vêm vasculhando a superfície de Marte. Qualquer nova descoberta no planeta é motivo de avivado interesse da mídia e o público em geral!

Nesse contexto, em 1961, Frank Drake, astrônomo, astrofísico, pesquisador e professor universitário norte-americano, que estudou emissões de rádios de planetas e esteve envolvido num projeto de busca por inteligência extraterrestre, desenvolveu uma equação matemática, conhecida como Equação de Drake que permite calcular o número de civilizações detectável na Via Láctea, onde residimos e que é uma entre centenas de bilhões de outras galáxias existentes no universo.

A cada dia ficamos surpreendidos com as fantásticas descobertas do telescópio Espacial James Webb, desenvolvido pela NASA, ESA (Agência Espacial Europeia) e CSA (Agência Espacial Canadense). Esse telescópio é um marco da ciência e da tecnologia e vem permitindo avanços consideráveis no campo da astronomia e astrofísica, suplantando em grande escala o telescópio Hubble que iniciou sua operação em 1990.

Após o término da segunda guerra mundial, deu início a um longo período de tensão geopolítica entre os Estados Unidos e a União Soviética, formando assim dois blocos conhecidos como o Bloco Ocidental e o Bloco Oriental.

Examinando o tema à luz da teoria dos jogos, os dois blocos, mais especificamente a União Soviética e os Estados Unidos, começaram a desenvolver artefatos bélicos bastantes sofisticados, assim como criando meios defensivos e de ataque para um eventual conflito e, do mesmo modo, perpetrando espionagem do seu opositor, onde o caso mais famoso foi o incidente com o avião espião americano U2, abatido pela União Soviética em 01 de maio de 1960.

Ora, estava claro que esse desenvolvimento tecnológico implicava na realização de testes de campo, por exemplo, no uso de sofisticadas aeronaves e essas efetivamente seriam avistadas no curso desse processo ou mesmo em missões planejadas. A questão que se sobrepunha envolvia descobrir uma forma de mitigar essa possibilidade, criando assim uma cortina de fumaça para mascarar novos projetos experimentais.

Nesse sentido, o governo americano contratou um renomado físico para “estudar o fenômeno OVNI” visto que, a partir de 1947, começaram a surgir uma série de relatos de  “avistamentos de discos voadores”, que resultou no famoso projeto Blue Book (Livro Azul), culminando em uma série apresentada nos anos 2019/20 nos canais de televisão e denominada Projeto Livro Azul.

Não descarto hoje, em face do exponencial avanço da ciência e da tecnologia, onde artefatos voadores são projetados através de sistemas de inteligência artificial com algoritmos de machine learning, que esse novo “fenômeno midiático” voltou à baila com objetivo de criar uma “cortina de fumaça” para acobertar experiências em campo de projetos militares ultrassecretos, muito especialmente em função do atual cenário geopolítico internacional de alta turbulência.

Considerando evidentemente a possibilidade da existência de tecnologias por nós desconhecidas que enfrentem Einstein e sua teoria da relatividade geral, a qual impõe restrições para as viagens interestelares visto que não é possível realizar viagens com velocidades superiores à velocidade da luz ou mesmo a hipótese do uso de um “buraco de minhoca”, túneis formados por distorções no espaço-tempo, que na teoria poderiam ser utilizados para viagens interestelares, pergunto: se esses seres já se encontram entre nós,  com suas naves, por que ficar desfilando no espaço tal qual bailarinas do Bolshoi?

Para encerrar cito o magistral Bardo Inglês, inventor da tragédia moderna:

"Vê uma nuvem que está quase em forma de um camelo?

Polonius: pela massa, e é como um camelo, de fato.

Hamlet: .... é como uma doninha.

Polonius: É apoiado como uma doninha.

Hamlet: ou como uma baleia?

Polonius: Muito parecido com uma baleia."

Shakespeare - Hamlet



quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Computação Líquida

 COMPUTAÇÃO LÍQUIDA


Resenha do Artigo:
CIÊNCIA e TECNOLOGIA - COMPUTAÇÃO LÍQUIDA

Um gênio da nanociência e nanotecnologia com inúmeros trabalhos publicados e de grande reputação internacional, liderando um grupo de pesquisadores da Universidade de Harvard na área de nanociência, desenvolveu pesquisas incríveis, tendo publicado mais de 400 trabalhos e participado da produção de livros sobre nanociência e nanotecnologia.

Esse pesquisador e sua equipe criaram minúsculos circuitos lógicos e de memória, com alguns átomos de diâmetro, como numa obra de ficção científica, simplesmente quando um líquido que se monta sozinho, é derramado sobre uma mesa!

Como num conto de Ian Fleming (criador de James Bond), os problemas do Dr. Leiber começaram a acontecer quando foi descoberto que ele recebia “doações” do governo chinês para as suas pesquisas; evento esse, desconhecido da administração da Universidade de Harvard e do governo americano. Por conta disso, esse excelente pesquisador teve sua prisão decretada e diversas acusações por crimes praticados e aguarda julgamento previsto para janeiro de 2023.

Nesse artigo tratamos das descobertas do Dr. Leiber e sua equipe, sua aplicabilidade no campo da nanociência e nanotecnologia e os riscos do uso indevido dessa tecnologia por ser tratar de dispositivos em escala nanométrica (o futuro invisível) !

ARTIGO COMPLETO:

Em 2001, o professor de química Charles Leiber e sua equipe promoveram uma espécie de revisão da lei de Moore, CEO da Intel que havia proclamado que o número de transistores existente em um chip duplicaria a cada dois ano e, segundo essa perspectiva a linha de produção de chips de silício atingiria seus limites por volta de 2017. Ocorre que ela vem sendo impulsionada pela inovação e aplicação de novas tecnologias de empilhamento 3 D. Por exemplo, a Samsung desenvolveu um processo de fabricação chamado de cubo estendido (X-Cube), permitindo assim, o aumento de transistores por dispositivo.

Em 2011, Lieber foi nomeado o químico líder mundial na década de 2000-2010 pela Thomson Reuters, com base no impacto de suas publicações científicas. Ele chegou a publicar mais de 400 artigos em revistas com revisão de seus pares, assim como editou e contribuiu para muitos livros sobre nanociência.

Ele promoveu uma abordagem diferenciada que denominou de “baixo para cima” em suas pesquisas na indústria de nanotecnologia. Em suas palavras: “é uma abordagem completamente diferente, a construção de baixo para cima”; onde as caraterísticas de sua construção partiram de nano fios especialmente preparados, o que lhe permitiu criar transistores com apenas 10 átomos; abrindo um leque de oportunidades para a microeletrônica ainda maior!

É gigantesca a aplicação da microeletrônica nos mais diversos campos e a tecnologia de Leiber e seus colaboradores, de aumentar a densidade de transistores nos dispositivos, permitiu projetos de computadores mais integrados, com grande capacidade computacional.

Numa prova de conceito, esses pesquisadores criaram minúsculos circuitos lógicos e de memória, com alguns átomos de diâmetro, como numa obra de ficção científica; simplesmente quando um líquido que se monta sozinho, é derramado sobre uma mesa!

Usando fios com apenas três nanômetros de diâmetro (um átomo tem aproximadamente 0,1 nanômetros, segundo medições realizadas com uma tecnologia denominada de corrente de tunelamento), esse pesquisador  e sua equipe foram capazes de produzir uma placa de tamanho extremamente reduzido (nano) que, tão logo mergulhada em um líquido que, dispersado sobre uma mesa, se transforma em um computador!

O processo é formado através de blocos de construção com o uso de um catalisador que favorece o crescimento desses blocos em uma única direção. Uma característica chave do método desenvolvido por Leiber é permitir que os nanofios (um feixe minúsculo com propriedades de um isolante, de um semicondutor ou de um metal, com diâmetro a partir de um nanômetro) sejam preparados, praticamente, com propriedades condutivas específicas.

Vários exemplos do uso de dispositivos sensores de nanofios de silício (SiNW) incluem a detecção ultrassensível e em tempo real de proteínas de biomarcadores para câncer, detecção de partículas virais únicas e detecção de materiais explosivos nitro aromáticos como trinitrotolueno (TNT). Os nanofios de silício também podem ser usados em sua forma trançada, como dispositivos eletromecânicos, para medir forças intermoleculares com grande precisão.

Desde 2008, Leiber atuou como pesquisador Principal do Grupo de Pesquisa Lieber na Universidade de Harvard, especializado na área de nanociência, recebeu mais de US$ US$ 15 milhões em doações dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) e do Departamento de Defesa (DOD).

Esses financiamentos exigem a divulgação de conflitos de interesse financeiros, incluindo eventual apoio financeiro de governos estrangeiros ou entidades estrangeiras. O problema ocorreu quando, sem o conhecimento da Universidade de Harvard, a partir de 2011, Lieber foi “contratado” como “cientista estratégico” na Universidade de Tecnologia de Wuhan (WUT) na China, tendo participados de projetos como contratado no Plano de Mil Talentos da China de 2012 a 2017.

Em face dessa situação, em 2021 ele foi preso e condenado por seis acusações criminais relacionadas ao recebimento de investimentos de milhões de dólares do governo chinês, incluindo duas acusações de fazer declarações falsas ao FBI. Embora tenham ocorrido especulações sobre a sua atuação nas pesquisas relacionadas ao SARS-CoV-2, nada foi comprovado.

A contribuição de suas pesquisas tem aplicações em diversas áreas que vão desde eletrônica, computação, fotônica e ciência da energia até biologia e medicina, como por exemplo o uso de unidades de memória de estado sólido, como ele mesmo havia previsto!

 No início de fevereiro deste ano (2022) o Dr. Leiber entrou com uma petição requerendo sua absolvição ou um novo julgamento; sendo que em setembro, a petição foi negada e a data de sua sentença foi marcada para 1º de janeiro de 2023.

As questões que estão na baila hoje, em face das pesquisas do Dr. Leiber são complexas, dado que sensores, numa prova de conceito,  foram testados envolvendo a detenção de câncer de próstata e mais, segundo esse ousado pesquisador, “essa tecnologia permite o projeto de um chip para detectar um bilhão de coisas simultaneamente, até mesmo variações do DNA de um indivíduo”, o que significa dizer que um indivíduo poderá ter fluindo em seu corpo, um chip extremamente pequeno (nano) que pode ser detectado eletricamente quando tem uma proteína, um ácido nucleico ou qualquer outra coisa.

No escopo dessa abordagem de Leiber, examinando o tema à luz de uma possível “teoria da conspiração”, nada impediria que essa tecnologia possa ser futuramente utilizada, por exemplo em um processo de controle da população, quando será possível injetar e manter minúsculos computadores, dentro dos corpos vacinados! Como destacou Leiber “normalmente uma molécula se ligada a superfície de um transistor (nano) não teria qualquer efeito, porém imagine se conectada a uma proteína com carga”!

Ser ou não ser, eis a questão: o que é mais nobre para o espírito? Sofrer os dardos e as setas de um ultrajante fado, ou tomar armas contra um mar de calamidades, para pôr lhes fim, resistindo?”   Shakespeare - Hamlet

Fontes:

Natural News – Nov 21,2022.

Expose News – Nov 14,2022.

Harvard Magazine – nov, 2001.



quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Os perigos do Capitalismo de Vigilância.

CIÊNCIA e TECNOLOGIA
OS PERIGOS DO CAPITALISMO DE VIGILÂNCIA 


O termo Capitalismo de Vigilância foi cunhado por Shoshana Zuboff em sua obra denominada A Era do Capitalismo de Vigilância.

Em sua definição clássica, a autora o trata como uma maneira unilateral de transformar a experiência humana em matéria-prima gratuita, mediante sua tradução em dados comportamentais.

Diante desse quadro, embora os objetivos declarados das Bigs Tech seja no uso desses dados como objetivo de aprimorar produtos e serviços, em verdade ele vai mais além!

Ora, é notório que, em face da competividade exacerbada, esse massivo banco de dados (Big Data) que pode incluir hoje, muitas vezes, dados biométricos tais como: reconhecimento facial, batimentos cardíacos, movimento dos olhos, rastreamento de sua movimentação através do GPS existente nos equipamentos (celulares, tablets etc.), se transformam em um poderoso instrumento de predição e mesmo, manipulação!

Por um lado, na predição, ao dar um “like” em um filme que um indivíduo assistiu, no Netflix, por exemplo, ou mesmo em sua rotina de visitas a determinados sites, esse processo alimenta os algoritmos de aprendizado que passam a oferecer a esse indivíduo, tal qual um filtro em camadas, exatamente o que o indivíduo gostaria de apreciar!

Essa convergência algorítmica funciona, exemplificando, tal qual o lançamento de uma bola de ping-pong ao chão. Ela vai, em um processo de queda gradual, reduzindo a sua altura na queda, até parar.

Nesse contexto, ouso dizer que esse processo de convergência é um dos responsáveis pelo atual clima de intolerância e radicalização que estamos convivendo em nossos dias!

Isso ocorre porque passamos a ver, ouvir e sentir cada vez mais uma banda estreita das ocorrências, em face da convergência desses algoritmos levar a um mundo imaginário de convivência em uma bolha de eventos que nos tocam e sensibilizam.

Nesse processo os usuários passam a receber estímulos produzidos por esses algoritmos, por apresentar sempre produtos e serviços na escala preditiva baseada em seus comportamentos nas redes sociais etc. Assim, quando um produto ou serviço for apresentado fora da sua “bolha de sensibilidade”, haverá uma grande possibilidade desses indivíduos rejeitá-lo. Isso acontece por que, de forma sub-reptícia, o algoritmo o capturou!

Por outro lado, a manipulação das pessoas ficou patente com o famoso escândalo da Cambridge Analytica que, utilizando dados comportamentais dos usuários do Facebook (Meta), promoveu uma massiva propaganda, especialmente junto ao público jovem, para uma votação favorável ao Brexit (processo de saída do Reino Unido da União Europeia que se iniciou em 2017).

Como bem descreve Zuboff: “...o capitalismo de vigilância é uma forma nefasta comandada por novos imperativos econômicos que desconsideram normas sociais e anulam direitos básicos associados à autonomia individual, os quais são essenciais para a própria possibilidade de uma sociedade democrática” (op.cit. pag.23).

Por exemplo, ao monitorar posts, fotografias, interações e atividades realizadas na internet, os algoritmos do Facebook (Meta) podem deduzir “quando um jovem se sente estressado, derrotado, nervoso, bobo, inútil ou fracassado” (op. cit pag. 351);  o que é muito perigoso!

Basta lembrar do regime chinês e sua vigilância totalitária, onde milhões de câmera espalhadas por todos os cantos e acopladas à sistemas de reconhecimento facial, vigiam e controlam a população nas mais diversas situações; assim como estabelece um sistema de pontuação em função do comportamento de cada indivíduo. Por exemplo, ao atravessar uma rua fora da faixa de pedestre, não respeitar a sinalização para pedestres etc., um chines, capturado pelo sistema de câmeras, imediatamente recebe uma pontuação negativa que resultará em certas dificuldades em receber empréstimos, bônus do governo etc.

Embora não estejamos em regimes totalitários como o chinês, o certo é que as Bigs Tech nos controlam de forma audaciosa e furtiva, basta examinar os recentes casos mundiais de censuras promovidas por seus algoritmos repressores, projetados para captar palavras escritas ou faladas que, segundo seus conceitos, representam uma ameaça ao “escopo” da plataforma.

Não é incomum um criador de conteúdo receber uma notificação de que seu produto foi retirado da plataforma por “violar os princípios norteadores desta plataforma”. Essa ditadura disfarçada acaba em muitas situações cancelando a presença desse continuísta ou mesmo desmonetizando-o e, por via de consequência impedindo de continuar operando nela, especialmente que muitos sobrevivem desse tipo de serviço oferecido!

Cancelamentos de perfis de Twitters, Instagram, Youtube etc tem sido um evento bastante corriqueiro em nossos dias. E a audácia vai mais longe como foi o famoso caso do cancelamento da conta do Twitter do ex-presidente americano Donald Trump e muitos outros, em todo o planeta e mais recentemente, aqui no Brasil, numa atitude que afronta a liberdade de expressão, várias contas da plataforma do Youtuber etc. e mesmo contas pessoais de grupos de WhatsApp foram censuradas, apesar de tratar-se de conversação particular entre grupo de pessoa, constituindo assim uma censura indevida!

A verdade é que quanto maior for o leque de conexões e inserções nas redes, em grande medida agora com a implantação do 5G e operacionalidade da internet das coisas, tudo estará conectado e, por via de consequência, será passível de análise e controle.

Será que no futuro próximo teremos uma tecnocracia totalitária controlada por algoritmos de inteligência artificial que passarão a vasculhar as redes em busca de dados sobre cada cidadão e assim elaborando e avaliando suas atitudes comportamentais?

“O diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém!”

Shakespeare  in O Mercador de Veneza .

 


 

 

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Crise Mundial de Energia ?

 CRISE MUNDIAL de ENERGIA ?


Não há dúvidas de que o mundo está em meios à uma crise energética complexa e profunda, que ascendeu de forma mais visível, diante da invasão da Ucrânia pela Rússia. 

O impacto foi severamente acentuado, considerando em especial as sanções impostas pela Comunidade Europeia à Rússia, responsável pelo fornecimento de gás, através da Gazprom, cujos gasodutos foram desativados também por ação de sabotagem mediante várias explosões em diversos pontos do seu trajeto no mar. 


O certo é que, esse processo, tal qual uma fileira de dominós, onde o primeiro a cair leva a uma sequência de quedas sincronizadas, acabou produzindo reflexos danosos, não só na política de suprimentos de energia para a Europa, como também promoveu uma elevada volatilidade nos preços da energia, com reflexo em cadeia mundial, tanto nas empresas quanto nas famílias!


Essa desorganização no fluxo de suprimentos energético e sua volatilidade promoveram um gradiente de aceleração nas pressões inflacionárias que se propagaram em todos os países. 

Como explicita o World Energy Outlook 2022 (WEO): “a combinação da queda da renda real e o aumento nos preços dos combustíveis fósseis está criando um risco iminente de uma recessão global” (op.cit. - tradução livre).


A supressão no fornecimento de gás pela Gazprom, abriu espaço para a análise de um novo cenário destinado a viabilizar os suprimentos de energia e, nessa toada, foram consideradas uma série de medidas com objetivo de criar maior robustez à segurança energética, onde não foram descartadas a possibilidade de injeção de investimentos no fornecimento e na infraestrutura de geração de energia com o uso de combustíveis fósseis e assim, postergando as metas de redução nas taxas de emissão de carbono.


A previsão econômica e demográfica analisada pelo WEO destaca um crescimento sustentado para os serviços de energia, numa média de 2,8% ao ano; assim como uma projeção de crescimento populacional para 9,7 bilhões de pessoas, até 2050. Esses dois vetores retratam uma crescente demanda por serviços de suprimentos energéticos entre tantos outros!


Nesse contexto, o relatório WEO explora três cenários para o futuro da energia e suas implicações nas dinâmicas dos avanços tecnológicos e no fluxo de investimentos; os quais evidenciamos sucintamente aqui:


Cenário I – Política Declaratória – destacando o factível pelos governos em estabelecer metas e objetivos de suas políticas energéticas e não promessas, como pessoalmente destaco o COP 27 e seu “mundo do faz de contas”.


Cenário II – Compromissos Anunciados – quando examina todos os compromissos sobre energia e clima, emissões líquidas zero de carbono etc.  e para onde seria levado o setor de energia, caso seja implantado integralmente todos os compromissos anunciados.


Cenário III – Emissões Líquidas Zero até 2050 – com a finalidade de estabilização da temperatura média global em 1,5° C e atendendo também aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecido pela ONU.


"Lich, mehr licht” (Luz, mais luz) – últimas palavras proferidas por Goethe. 


Nota: Para os interessados no relatório na íntegra que contém 542 páginas, incluindo seus anexos, segue o link:      https://www.oecd.org/publications/world-energy-outlook-20725302.htm




 


sábado, 5 de novembro de 2022

 

REAL DIGITAL – O QUE VEM POR AÍ?



Desde que tomaram corpo o uso mais expandido das moedas digitais também conhecidas como criptomoedas, o tema despertou o interesse dos bancos centrais, em todo o planeta, sendo que uma parte significativa deles, representa quase a totalidade do PIB mundial. Nesse contexto, passaram a estudar o tema, explorando e testando projetos, em todos seus aspectos operacionais e tecnológicos, com o objetivo de desenvolver moedas digitais próprias (Central Bank Digital Currency).

Importante registar que as criptomoedas, tais como Bitcoin, Ethereum, Ripple (XRP), Cardano (ADA) etc., envolvem operações descentralizadas e executadas através de sistemas blockchain próprios (uma espécie de livro-razão de dados descentralizados que são compartilhados com segurança); enquanto os CBDCs são controlados pelos bancos centrais ou governos.

 A utilização das denominadas CBDCs resulta, sob a ótica dos analistas financeiros em uma potencial melhoria na eficiência do fluxo de pagamentos das operações realizadas, como também vai permitir uma maior inclusão digital da população em geral., em especial pelas deficiências e altas taxas de serviços cobradas pelos bancos comerciais!

Na minha ótica, para operacionalizar esse sistema junto a população, haveria de acontecer um denominado “período de treinamento” com objetivo de permitir de forma tranquila a inclusão de todos nessa nova modalidade de pagamentos.

A oportunidade surgiu diante da crise promovida pela pandemia e seus lockdowns e a necessária e bem sucedida operação promulgada pelo Governo Federal para minimizar o seu impacto,  em especial nas famílias de baixa renda e pequenos comerciantes, em face do  fechamento dos estabelecimentos comerciais e a tão contestada política do “fique em casa”.

 Nesse contexto, para fornecer um “auxílio emergencial” e evitar a possibilidade de grandes fraudes, o governo partiu para uma estratégia de “inclusão digital da população”, através de uma gigantesca operação promovida pela Caixa Econômica, quando foram rapidamente incluídos digitalmente mais de 30 milhões de brasileiros, que sequer possuíam uma conta bancária.

 Logo após, o Banco Central acabou desenvolvendo um sistema de pagamento instantâneo, onde o “dinheiro” pode ser transferido de uma conta para outra, praticamente de forma instantânea, sem a interveniência de bancos comerciais. Esse processo também permitiu que a população passasse a transferir e receber valores, assim como realizar compras, pagar impostos mediante uso de um sistema denominado “PIX”.

 Esse sistema não tem limitações de horário ou dia da semana e pode ser utilizado tanto por pessoas físicas, como pessoas jurídicas. Vale registrar que ele não tem qualquer custo para as operações de pessoas físicas. Em Twitter emitido pela Casa Civil da Presidência da República,  foi informado que “os bancos perderam R$ 40 bilhões por ano com o uso do Pix”, especialmente na cobranças das denominadas tarifas para a realização de transações financeiras !

O sucesso no uso disseminado do PIX acelerou o processo do Banco Central (BC) no desenvolvimento do denominado Real Digital, sendo que em agosto de 2020 o BC organizou um grupo de trabalho, através da Portaria nº 108.092/20 , que em seu artigo 1º  estabelece: “Fica constituído Grupo de Trabalho Interdepartamental (GTI), de natureza consultiva, para realizar estudo sobre eventual emissão de moeda digital pelo Banco Central do Brasil”

 Vale recordar que a única forma do Banco Central emitir dinheiro é por meio de notas e moedas em espécies. Assim, o BC autoriza a emissão de dinheiro em quantidade suficiente para atender às necessidades dos consumidores e das empresas, mantendo a quantidade de cédulas e moedas de acordo com o fluxo da economia.

 Autorizada a produção das notas e moedas, elas são então produzidas na fábrica (Casa da Moeda), e após a fabricação elas seguem para o Banco Central de onde são encaminhadas ao Banco do Brasil que opera como órgão distribuidor do dinheiro para os demais bancos, com a estrita fiscalização do BC.

 No dia 20 de outubro deste ano (2022) o BC, experimentalmente, lançou o primeiro lote de moedas digitais, o denominado Real Digital, promovendo um grande passo para uma nova tecnologia que irá produzir uma verdadeira revolução no mundo financeiro que conhecemos .

A diferença entre o PIX e o Real Digital é que no uso do real digital, um usuário poderá receber recursos e fazer pagamentos sem ser cliente de um banco. O sistema mais avançado do planeta é o chines, que o utiliza o renminbi digital operado pelo Banco do Povo. Vale registrar que o renminbi (“moeda do povo”) é a moeda oficial da República Popular da China e distribuída pelo Banco Popular chinês.

É evidente que a  introdução da moeda digital é uma forma de estabelecer um controle central das transações financeiras, a exemplo do que ocorre hoje na China e o controle total de seus cidadãos.

Nesse sentido, recordo-me de um filme dos anos 90, dirigido por Irwin Winkler e estrelado por Sandra Bullock, denominado “A Rede”. Acredito que o mesmo ainda se encontra disponível no Netflix ou no Amazon Prime Vídeo.

Na medida em que as moedas digitais controladas pelos Bancos Centrais, em todo os países, entrarem em grande fluxo de utilização, há o risco real e imediato de que os diversos governos passem a ter controle quase total de seus cidadãos, e aí mora o grande perigo!

Por exemplo, na citada película estrelada pela Sandra Bullock, um indivíduo é simplesmente deletado do sistema mediante o cancelamento de seu registro nos sistemas da rede e como tal, ficou impossibilitado de realizar transações das mais diversas, ou escrevendo de outra forma, teve sua morte digital decretada que produziu grandes transtornos em sua vida!

Um exemplo já sentimos hoje, através da censura efetivada pelas Big Tech, seja por conta própria ou solicitação de governos, conduzidas por certas vertentes ideológicas, nas diversas plataformas, retirando inclusive a monetização de sites ou impedindo a sua divulgação através das plataformas suportadas na rede, por grandes corporações digitais (Facebook, Instagram, WhatsApp etc.)!

 O Grande Irmão observando você” – George Orwell in 1984.