quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

A EXPANSÃO DO CANAL DO PANAMÁ

A EXPANSÃO DO CANAL DO PANAMÁ


Com um aporte de recursos da ordem de US$5,25 bilhões, deverá ser inaugurada em abril de 2016 a nova expansão do Canal do Panamá.

Essa expansão vai implicar na necessidade de os operadores logísticos, em especial carregadores e transportadoras, a reestruturar suas atividades com a finalidade de atender as novas estratégias e novas operações, principalmente em função do aumento da complexidade que vem surgindo no campo da logística.

A figura 2 apresenta como ficará a nova capacidade de fluxo do Canal do Panamá após a sua expansão.

Figura 2 – Expansão do Canal do Panamá.
Fonte: www.washingtonpost.com/wp-srv/special/world/modernization-of-panama-canal/

Essa é a primeira grande reforma que o Canal do Panamá sofreu, desde a sua abertura em 1914 e será de grande impacto na indústria logística global, muito especialmente no que se refere ao manuseio e transporte de cargas para os EUA. 

Hoje o volume de carga que passa pelo canal vem excedendo a sua capacidade no escoamento de navios o que vem causando engarrafamentos, muito especialmente nos horários de pico. 

Estimativas projetadas pela The Boston Consulting Group e CH Robinson indicam que haverá um aumento de 10% no tráfego de contêineres entre a Ásia e os Estados Unidos que serão redirecionados dos portos da Costa Oeste para os portos da Costa Leste, até o ano 2.020.

A expansão do canal envolverá tanto as questões de capacidade de fluxo, com também o aumento da capacidade de carga dos vasos de transporte, uma vez que absorverá a nova geração de navios, como por exemplo, a linha Panamax (figura 3) que tem capacidade de transportar em seu bojo até 18.000 contêineres de 20 pés equivalentes (TEUs).

Importante registrar que esses novos navios cuja extensão chega a cerca de quatro campos de futebol americano (aproximadamente 440 metros), são responsáveis por 16% da frota de contêineres existente no mundo.

Figura 3 – evolução da capacidade dos navios de contêineres
Fonte: www.washingtonpost.com/wp-srv/special/world/modernization-of-panama-canal/

Se por um lado, essa expansão aumentará consideravelmente o fluxo de transporte através do Canal do Panamá, de outro ela acabará impulsionando a necessidade de novos investimentos logísticos para dar suporte a esse aumento de fluxo, como por exemplo, ampliação de portos, o mesmo acontecendo com a profundidade dos seus canais e a instalação de guindastes de maior capacidade.

A nova frota de navios de grandes capacidades e o aumento da velocidade operacional do sistema do Canal do Panamá é um binômio que vai alavancar também investimentos para a modernização das instalações portuárias.

Decisões de investimentos, assim como o redirecionamento das rotas dos veículos de transporte dos modais rodoviários e ferroviários serão influenciadas por essa expansão.

O mesmo acontecerá com relação ao trade-off experimentado pelos transportadores na equação de “velocidade de transporte versus custos” aliado ao aumento nos serviços de distribuição o que, de certa forma, também impulsionará o crescimento de novos investimentos em centros de distribuições para atender a crescente demanda de produtos.

A AAPA (Associação Americana de Autoridades Portuárias) estima que os investimentos na expansão de portos e instalações portuárias privadas deverão envolver aproximadamente US$ 9,0 Bilhões!

Essas reformas podem ser divididas em três configurações:
  • Novas malhas terrestres – através de rodovias e ferrovias;
  • Novas ampliações aquaviárias – através do alargamento e aumento da profundidade dos portos para se adequarem a nova categoria de navios;
  • Novas estruturas portuárias – através da ampliação e modernização da infraestrutura portuárias, como por exemplo, uso de guindastes de maior capacidade de carga e maior velocidade na transferência dessas cargas entre modais.
As estimativas nesse âmbito, segundo a AAPA é de que 125 novos projetos sejam destinados melhorias na infraestrutura.

Indiscutivelmente, além de aumentar a sua capacidade de operação, a ampliação do Canal do Panamá, produzirá um efeito dominó, por impulsionar consideravelmente  a oferta de infraestrutura em todas as suas vertentes que serão propagadas ao longo de todas as cadeias de suprimentos.

Fonte:
Robinson C.H. and others in Wide Open - How the Panama Canal Expansion - Is Redrawing the Logistics Map. - BCG Report – 2015.
Washington Posts – Modarnization of Panama Canal  - www.washingtonpost.com/wp-srv/special/world/modernization-of-panama-canal/ - acesso: 21/12/2015. 
 _____________________________
PAULO SÉRGIO GONÇALVES é engenheiro pela Universidade Federal do E.E.Santo, M.Sc. em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ e MBA em Estratégia Empresarial.
Professor do IBMEC Educacional – Unidade Rio de Janeiro.
Autor de três obras didáticas:
Administração de Materiais – 4a. Edição – Editora Elsevier
Administração do Estoques – Teoria e Prática – em coautoria com E.Schwember – Editora Interciência.

Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.

sábado, 12 de dezembro de 2015

A difícil logística de combate ao mosquito Aedes Aegypti

A difícil logística de combate ao mosquito Aedes Aegypti

O Aedes aegypti é um mosquito que se encontra ativo e pica durante o dia. O Aedes aegypti tem como vítima preferencial o homem e praticamente não produz nenhum som audível antes de picar. Mede menos de um centímetro, é preto com manchas brancas no corpo e nas pernas, como mostra a figura.
A logística internacional e a emigração foram os grandes responsáveis pela introdução desse mosquito na América do Sul. Ele saiu da África, ainda no período colonial, principalmente durante o tráfego de escravos para a o continente latino-americano.
Por conta da globalização dos mercados, esse vetor, transmissor da Dengue, Zika, Chikungunya e outros vírus, está se lastrando por todos os continentes.

Figura 2 - Vírus da Dengue e da Zika.
Fonte: Ribas, André R. F. in Dengue, atenção ao paciente
Serfaty, F in Conheça a febre da Zika

Para melhor entender o seu ciclo de expansão devemos considerar que o ciclo de vida desse mosquito, tomando com base no material disponibilizado pela Fundação Oswald Cruz.
Após o acasalamento a fêmea armazena o esperma em um reservatório especial (espermateca) e necessita de sangue para o desenvolvimento os ovos. Ainda segundo os mesmos pesquisadores, as fêmeas acasaladas estarão aptas para a postura dos ovos após três dias da ingestão de sangue suprido com a picada nos seres humanos, quando então começam a procurar repositórios para a desova.  Uma fêmea tem potencialidade para produzir até 1.500 mosquitos durante a sua vida útil e, dependendo as condições climáticas e ambientais, o ciclo do mosquito até a sua fase adulta leva cerca de dez dias.
Um fator importante a considerar é que os ovos dos mosquitos adquirem resistência ao ressecamento em aproximadamente 15 horas após a postura e, por via de consequência, podem resistir, segundo os mesmos pesquisadores, por um período de até um ano e três meses de dessecação!
Os criadouros, verdadeiras mínis fábricas de mosquitos, ocorrem em local de água parada e limpa e, qualquer ambiente que ofereça essas condições se transforma em um veículo propagador na proliferação da espécie. Além disso, as chuvas de verão e a elevação da temperatura nessa estação do ano é um gradiente positivo para a eclosão dos ovos e, em dez dias aproximadamente, os mosquitos atingem a fase adulta.
Figura 3 – Proliferação e Contágio
Fonte: www.dengue.org.br

A difícil operação de combate a esse vetor, começa com a inexistência de infraestrutura básica de saneamento nas populações carentes, o que acaba levando a necessidade de armazenar água em diversos recipientes sem os devidos cuidados, principalmente de vedação dos reservatórios, o que leva a servirem de focos desse vetor, como mostra a figura 3.
Uma vez infectado pelo vírus (Dengue, Zika,Chikungunya e outros) esse vetor acaba espalhando a doença em todos os cantos.

Figura 4 – Prevenção e combate
Fonte: www.dengue.org.br

A logística de combate é extremamente complexa e difícil.
Se de um lado é indispensável um adequado programa governamental para sensibilizar e educar a população, especialmente nas regiões menos favorecidas, da importância dos cuidados básicos de prevenção, como mostra a figura 4; de outro, ações devem ser desenvolvidas com objetivo de mapear os focos do vetor (mosquito) buscando exterminar a sua reprodução.
Paralelamente desenvolver vacinas e mesmo controle biológico, pesquisas essas em franco desenvolvimento nas instituições de pesquisa no Brasil, em especial a Fundação Osvaldo Cruz, em Maguinhos no Rio de Janeiro e Instituto Butantan em São Paulo  que conseguiu autorização da Anvisa (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) para dar início na fase três de estudos da vacina contra dengue, fase essa que será avaliada mediante aplicação em voluntários . Nessa última fase do estudo, a previsão é vacinar cerca de  17 mil voluntários no período de um ano. 
Não há soluções mágicas ! As ações de combate têm que ser coordenadas e permanentes!

Bibliografia:
Dengue Org - http://www.dengue.org.br/mosquito_aedes.html - acesso 07/12/2015.
Virus e Vetores - http://www.ioc.fiocruz.br/dengue/textos/oportunista.html - acesso : 07/12/2015.
Ciência e Saúde - http://www.midiacon.com.br/materia.asp?id_canal=11&id=10667 – acesso 11/121/2015.
Ribras Freitas, André R. in Dengue – Atenção ao paciente - http://slideplayer.com.br/slide/45642/ acesso 11/12/2015.
Serfaty, F in Conheça a febre da Zika - http://vejario.abril.com.br/blog/fabiano-serfaty/conheca-a-febre-zika/ - acesso 11/12/2015.
____________________________________________

PAULO SÉRGIO GONÇALVES é engenheiro pela Universidade Federal do E.E.Santo, M.Sc. em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ e MBA em Estratégia Empresarial.
Professor do IBMEC Educacional – Unidade Rio de Janeiro.
Autor de três obras didáticas:
Administração de Materiais – 4a. Edição – Editora Elsevier
Administração do Estoques – Teoria e Prática – em coautoria com E.Schwember – Editora Interciência.
Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole