domingo, 15 de setembro de 2019

Light out Manufacturing

LIGHT  OUT MANUFACTURING


A tecnologia e a automação estão em crescimento exponencial e criando novas formas para o desenvolvimento das atividades manufatureiras.

A utilização da robótica evoluiu consideravelmente em todos os campos das atividades humanas e tornou-se elemento indispensável nos processos produtivos atuais.

Os robôs têm inúmeras vantagens em relação aos humanos. A começar pela velocidade e precisão com a qual trabalham e consequentemente não são propensos a erros. Ajustado o processo produtivo, a sua repetição poderá ocorrer de forma ininterrupta, sem falhas ou necessidades de pausas por cansaço ou estresse. 

Além disso, considerando que essas máquinas não precisam de um ambiente iluminado para operar, há possibilidades de reduzir a iluminação do local de operação, sem prejuízo de suas funções, o que não acontece quando seres humanos desempenham suas atividades.

Nesse sentido nasceu o conceito de Light out Manufacturing ou fábrica com luzes apagadas. O termo tem por base o fato de que, sem a presença humana, não há necessidade de manter a fábrica integralmente iluminada.

Esse conceito surgiu nos anos 50. Somente por volta dos anos 80, o CEO da General Motors, Roger Smith, vislumbrou que o uso desse tipo de manufatura poderia colocar a GM em “pé de igualdade” com seus concorrentes japoneses que, agressivamente, conquistavam os mercados.

Porém, o propósito da introdução desse tipo de manufatura permaneceu esquecido até que as novas tecnologias proporcionaram maior funcionalidade nessas manufaturas, em toda a sua inteireza!

A automação, robótica e inteligência artificial elevou esse processo de produção à novos patamares. Com a manufatura automatizadas, os sistemas passaram a sofisticações cada vez maiores, muito especialmente, em função da coleta de dados que é realizada durante o processo produtivo, promovendo assim os ajustes necessários, corrigindo eventuais erros e aprendendo a melhorar a sua eficiência operacional e, por via de consequência, aumentado a produtividade.

Ao contrário do que se possa imaginar, o fato das luzes de uma fábrica encontrarem-se apagadas, não significando dizer que todas as luzes estarão apagadas, o objetivo não é somente reduzir os custos com a iluminação da fábrica, mas também a redução do aquecimento, da refrigeração e, acima de tudo, redução da mão-de-obra.


Figura 2 – Robôs em uma fábrica de baterias.

Um exemplo bem contundente pode ser tomado na fabricação de robôs em uma fábrica no Japão, denominada FANUC (Figura 3). Essa fábrica opera por 30 dias consecutivos sem a presença e supervisão humana. Nessa fábrica, robôs criam robôs sem a intervenção humana!


Figura 3 –Robôs da FANUC em operação.

Do ponto de vista econômico financeiro, a fabricação com luzes apagadas (Light out Manufacturing), após altos investimentos, em face do uso intensivo da automação, robótica, tecnologia da informação e comunicação, resulta em menores custos operacionais por dispensar o uso de mão-de-obra, reduzir as perdas e de os erros humanos.

Óbvio que esse processo não acontece como um “passe de mágica”!

É indispensável um cuidadoso planejamento, profissionais altamente capacitados, além, é claro, da massiva utilização da robótica que opera sozinha ou dando suporte aos operários da fábrica que são especializados.

Como explica Petersen, gerente geral da Universal Robots, "você precisa projetar especificamente um chão de fábrica para operar no sistema de luzes apagadas, o que implica em gastos significativos em investimentos em automação".

Para Schweder: “as fábricas do futuro passarão a ter um homem e um cachorro. O homem para alimentar o cachorro e esse para impedir que o homem toque em alguma máquina!

A automação passa a ser atraente verificando-se quais processos são mais adequados para serem automatizados, especialmente aqueles cuja a interação manual pode resultar em problemas de  qualidade e/ou segurança; ou ainda, nas operações em que o ser humano tenha dificuldades, como por exemplo, nas operações de alimentação dos processos em que a velocidade é essencial, assim como nas tarefas realizadas em locais com altas temperaturas ou ambientes que produzem gazes  tóxicos etc.

Além disso, robôs colaborativos podem operar, com segurança, ao lado dos humanos. Por exemplo, depois de operarem ao lado dos trabalhadores, durante o dia, esses robôs continuam a operar, após a jornada dos trabalhadores, preparando peças que serão utilizadas no dia seguinte.

Entre as vantagens do uso desse modelo de manufatura, podemos citar:
  • Aumento da produtividade;
  • Redução dos custos da mão-de-obra que nela opera com alta nível de capacitação. Um único empregado poderá supervisionar várias máquinas da fábrica;
  • Eficiência energética;
  • Redução dos custos e consequente abertura do leque de competitividade.
Não restam dúvidas de que o foco na automação, robótica, inteligência artificial e comunicação vem promovendo agilidade dos processos, maior segurança nas operações, aumento da produtividade, redução de custos e resposta rápida as exigências dos clientes.

As expectativas dão conta que a partir de 2020, cerca de 150.000 robôs serão vendidos anualmente; registrando que na automação e na robótica, o software passou a ser mais importante do que o hardware, permitindo assim que os robôs passem a executar uma infinidade de tarefas e responder melhor de que os trabalhadores humanos.

Se, de um lado, haverá ganhos consideráveis em redução de custos, produtividade e competitividade; de outro, um olhar preocupante nessa toada recai sobre a redução massiva do emprego, o que vai representar um hercúleo desafio para compatibilizar o lado humano no progresso da humanidade.

Fontes:
New Eletric – Wha is light out manufacturing – disponível em http://www.newelectric.com/what-is-lights-out-manufacturing/ - acesso: 04/09/2019.
Schweder, J. in Turning Out the Lights on the Factory Floor – disponível em: https://www.automationworld.com/article/technologies/robotics/turning-out-lights-factory-floor - acesso: 04/09/2019,
Tomás, J. P – in Smart manufacturing vs. Lights out manufacturing – disponível em: https://enterpriseiotinsights.com/20170616/channels/fundamentals/20170616channelsfundamentalsufacturing-lights-out-manufacturing-tag23-tag99 - acesso: 04/09/2019.
Eddy, M. – in Checklist for lights out of manufacturing – disponível em: https://www.productionmachining.com/articles/checklist-for-lights-out-manufacturing - acesso: 04/09/2019.



quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Varejo - Novas tecnologias

VAREJO – Novas tecnologias


Não há dúvidas de que o setor varejista é um dos mais importantes para a economia, o que significa dizer que a expansão do varejo retrata bem o crescimento da economia.

Nos primórdios dos anos de 1900, um milionário do varejo britânico, Gordon Selfridges, nascido nos Estados Unidos, fundou a loja de departamentos Selfridges, sediada em Oxford Street, Londres, provocando uma revolução no mercado varejista.

Aqui no Brasil, em 25 de setembro 1908, despontava o mercado varejista brasileiro com a abertura,  das famosas Lojas Pernambucanas, que logo foi seguida pela Mesbla (1912) e Mappin (1913).

Na era da alta tecnologia, quando explodem as operações do ecommerce, o varejo se destaca por alavancar o mercado consumidor através da oferta de produtos e serviços, cada vez mais sofisticados e personalizados.

Segundo a ABComm, no primeiro semestre deste ano (2019), o ecommerce obteve um faturamento de R$ 35 bilhões, representado um crescimento de 16% em relação ao ano anterior e apresentando um ticket médio de R$ 301,00.



Figura 2 – Lojas Pernambucanas.

De um lado, o avanço do comércio eletrônico que vem conferindo uma maior confiança e comodidade para o consumidor ao realizar suas compras via desktop, notebooks e, mais recentemente, através de aplicativos em celulares, acabou elevando o varejo para um outro patamar em termos de tecnologia aplicada, na busca de trazer o consumidor das lojas físicas para os ambientes virtuais.


Figura 3 – Varejo – ambiente físico e virtual.

De outro lado, a evolução das mídias sociais direcionou o novo modelo de relacionamento para o ambiente virtual, o que acabou promovendo uma massiva geração de dados que passaram a fluir através da rede de internet, traduzidos nas postagens e comentários disponibilizados em sites como Facebook, Instagram e tantas outras mídias sociais.

Nessa troca de mensagens e postagens, essa avalanche de dados passou a ser capturada (afinal não há almoço grátis!), criando-se dessa forma, um verdadeiro arsenal de dados que passaram a ser geridos através dos denominados Big Datas, permitindo assim análises e estudos dos mais diversos.

Esse arsenal de dados, gerados por diversos consumidores, que inundaram as redes, aliados a ciência de dados e ciência comportamental, permitiu a elaboração de estudos direcionados ao comportamento dos consumidores, na busca de melhorar a performance de oferta e vendas de produtos.

Por exemplo, a Neoway uma empresa brasileira Unicórnio - termo criado por Aileen Lee (2013) para empresas com valor acima de US$ 1,0 bilhão - é especializada em trabalhar e analisar grandes massas de dados. Essa empresa vem atendendo a grandes lojas de varejo, desenvolvendo diversas análises e aplicações, entre elas por exemplo, definir quais produtos entrarão na faixa de ofertas com descontos; quais os produtos determinado cliente adquiriu no supermercado nos últimos meses etc.


Figura 3 – Varejo e Big Data.

Diante das mudanças, algumas radicais que ocorreram no varejo, Jack Ma, criador do Alibaba, criou a expressão  “novo varejo”, para indicar que a experiência do cliente precisa ser efetivada com total transparência no relacionamento entre a empresa varejista e seus clientes, não importando qual foi o canal utilizado pelo cliente para o acesso (físico ou virtual) da oferta de produtos; além é claro, da necessária personalização do atendimento; característica essa que passou a ser uma exigência dos novos clientes, especialmente os  denominados “nativos digitais”.

Nesse sentido, os varejistas precisam desenvolver uma visão 360 graus de seus clientes, objetivando proporcionar um atendimento personalizado e disponibilizar seus produtos dentro de um conceito de Omnicanal (convergência de todos os canais utilizados por uma empresa); permitindo assim criar um ambiente de tal forma que os consumidores não percebam grandes diferenças entre uma ambiente físico e um ambiente virtual. Essa “imersão”, acontece através da integração entre o ambiente físico, o virtual e os consumidores.

Nessa dinâmica, uma série de novas tecnologias passaram a ser oferecidas aos varejistas, com o objetivo de aumentar a experiência do cliente, atraindo-os para os diversos ambientes e assim, promovendo um aumento nas vendas.

Esse avanço deveu-se, entre outros fatores, a conveniência dos clientes em analisar, avaliar, comparar, escolher e comprar produtos e serviços, bastando, ao final, realizar um “click” no mouse ou um “OK” em algumas plataformas alternativas.

Porém, levando em conta que, um dos aspectos importantes a ser considerado, a verdadeira “força” na utilização dos canais tradicionais de vendas, envolve variáveis como: as formas, as cores, os sons e as sensações físicas e olfativas dos produtos; esses fatores acabaram criando um grande desafios para as vendas por canais virtuais.

Nesse sentido, os avanços das tecnologias em seus mais variados campos, permitiram abrir um leque de oportunidades, para dar mais emoções e sensações aos clientes nos ambientes virtuais.


Figura 4 – Uso da Realidade Virtual no Varejo.

Examinar um produto em vários ângulos, mudar a sua cor ou mesmo algumas de suas características, como se o cliente estivesse com o produto em suas mãos, tornou-se possível utilizando-se a Realidade Virtual (VR).

Por exemplo, em uma loja de móveis e decorações (Figura 4), há possibilidades no ambiente virtual, produzir a decoração do espaço com a presença dos móveis, gerando assim maior confiança do cliente na hora de adquirir o produto.

Do mesmo modo, a Realidade Aumentada (AR) acrescenta material virtual a um ambiente real. Ela ficou amplamente conhecida com a introdução do jogo de Pokémon no qual os usuários deveriam “caçar” personagens, mixando um ambiente real com o ambiente virtual.
Em verdade, a Realidade Aumentada (AR) "engana" os nossos sentidos, permitindo que o usuário, através de um processo imersivo, imagina encontrar-se em um ambiente diferente ou mesmo, em um ambiente diferente do mundo real.

Um exemplo de uso da Realidade Aumentada (AR) pode ser visualizado no projeto que a Flex Interativa, especializada em desenvolvimento de soluções interativas, desenvolveu em parceria com a cerveja Leuven, cujo objetivo é proporcionar uma experiência do cliente, envolvendo um mundo da era medieval.

Assim, quando os degustadores apontam um aplicativo para o rótulo da cerveja (Figura 5) , as garrafas ganham “vida”! O resultado desse projeto foi um incremento nas vendas do produto em 40%, como relata a revista virtual VendasMais (Nov/2018).


Figura 5 – Uso da Realidade Aumentada.
Cerveja Lauven ®

Outra aplicação dessa tecnologia foi implementada pela ZARA (Figura 7), varejista de fast-fashion, visando engajar seus clientes de forma inovadora, por introduzir a Realidade Aumentada (AR) em suas lojas nos EUA.



Figura 7 – Uso da Realidade Aumentada

Lojas da ZARA (Fast-fashion).

O que torna essas tecnologias aplicadas ao varejo diferente é a imersão do público na interação com o produto e sua marca. O uso da Realidade Virtual   (VR) e Realidade Aumentada (AR) passou a abrir um leque de opções para que os clientes interajam com as marcas e seus produtos, produzindo uma experiência muito mais profunda, aumentando, tal qual na vida real, as sensações e emoções no momento da aquisição de um produto.

É indiscutível que os avanços tecnológicos aplicados ao varejo buscam produzir um ambiente confortável e de confiança para os consumidores, permitindo assim incrementar as vendas, impulsionadas pelo mix entre a realidade e a virtualidade.

Fontes:

Marketing & Vendas – in Afinal, como se deu a evolução do varejo? – disponível em blog.grupofatos.com.br – acesso 18/08/2019.

Pinho, F.G. in Conheça a evolução do mercado de rua à loja virtual – disponível em www1.folha.com.br – acesso: 18/08/2019.

Wong, E. in O “novo varejo” e a evolução da expectativa dos clientes – disponível em propmark.com.br – acesos: 18/08/2019.

Morgan, B. in 10 exemplos de como a realidade virtual pode revolucionar o varejo – Forbes – 25/09/2019.