sexta-feira, 15 de março de 2019

Inovação na Logística



INOVAÇÃO NA LOGÍSTICA

PARTE I


"Nada é permanente,
exceto a mudança."
Heráclito (500 a. C)


A logística recebeu um grande impulso a partir da segunda guerra mundial, quando todo o arsenal de novas tecnologias desenvolvidas no campo bélico, foram transferidas para a área industrial e de serviços.

Uma das grandes inovações na logística aconteceu em 1956 quando Malcom Pourcel Mclean, implantou o uso de contêineres (Figura 2) no transporte intermodal, inaugurando a sua utilização quando despachou-os por via marítima do porto de Newark para Houston.


Figura 2 – O contêiner desenvolvido por Malcom Mclean.
Fonte: Diário do Comércio/Google Imagens (2019).

O impacto da utilização dos contêineres criados por Mclean foi imediatamente sentido: o carregamento de um navio era realizado manualmente a um custo de US$ 5,86 por tonelada enquanto que o uso do contêiner baixou esse valor para US 0,16 por tonelada, além de realizar a operação de carga e descarga, muito mais rapidamente!

De um lado, a globalização dos mercados impôs forças profundas para a busca de melhorias na produtividade e na competividade. Sem essas metas crescentes e desafiadoras, as empresas se transformariam em ilhas destinadas a satisfazer aos mercados locais e, por via de consequência, estariam fadadas ao declínio!

De outro lado, os avanços exponenciais perpetrados no campo da tecnologia da informação, promoveram rápidas mudanças nos processos logísticos de ponta a ponta (door in door); valendo lembrar, nesse novo cenário, a velha música do Geraldo Vandré, em sua passagem bem expressiva: “vem, vamos embora que esperar não é fazer, quem sabe faz a hora e não espera acontecer !”

Nesse sentido, as empresas precisavam inovar!

Essa avalanche tecnológica se fez fortemente presente com a expansão do comércio eletrônico e mesmo, as novas técnicas de atendimento através do denominado ommi-canal, através da qual os clientes e consumidores podem solicitar produtos, nas lojas físicas, lojas virtuais etc., utilizando diversas modalidades de acesso às ofertas e compras de produtos.

Para o leitor interessado, sugerimos a leitura de artigo desse blog, cujo link é fornecido abaixo:


Tomando como exemplo a Amazon, verificamos que o seu CEO (Bezo), contratou cientistas e engenheiros altamente qualificados para desenvolver processos ágeis destinados a um rápido atendimento as solicitações de clientes e consumidores, muito especialmente em função da hiperconectividade que passou a ser operada em larga escala!


Figura 3 - A hiperconectividade e a necessidade de acelerar os processos logísticos
Fonte: Gonçalves, P.S. – Apostila de Logistica (2019).

Dentre as estratégias, promoveu a localização de centros de triagem proximais aos grandes centros de consumo; criou alternativas de transportes, além dos contratos que mantinha com a UPS (United Parcel Service) e FEDEX (Federal Express), através da utilização de frota própria de caminhões, bem como incrementou consideravelmente os seus centros de distribuição com alta tecnologia na automação, robótica e inteligência artificial, tendo como principal foco: agilidade e qualidade!

Como mostrado na figura 3, a hiperconectividade abriu as portas para a Internet das Coisas (IoT), que passou a ser uma grande aliada da logística, muito especialmente no controle de temperaturas, umidade, através do uso de sensores especiais, assim como facilitar o monitoramento da cadeia de suprimentos.

Outra grande inovação na logística ocorreu com a automação aliada à tecnologia da informação, permitindo assim melhorar consideravelmente a eficiência dos equipamentos, por exemplo nas operações de picking (separaçação dos itens de um pedido) e mesmo, como, por exemplo, o porto de Rotterdam na Holanda - Figura 4 - cujos terminais de contêineres são totalmente automatizados através de programas de computador, permitindo aumentar a produtividade no descarregamento, melhorar a performance dos equipamentos de movimentação e reduzir os custos.

Segundo The Wall Street Journal, a automação do porto de Rotterdam incrementou a sua produtividade em cerca de 30% .


Figura 4 – Operação de descarga de contêineres no Porto de Rotterdam
Fonte: Google Imagens (2018).

Vale lembrar que a automação em um contexto mais amplo, através do uso de softwares dedicados, aumentou a eficiência operacional das máquinas, produzindo assim, uma ampla variedade de soluções logísticas, através do uso de diversos equipamentos automatizados, como mostrado na figura 5, que apresenta um do robô destinado ao empilhamento de materiais.

Figura 5 – Robô para empilhamento automático.
Fonte: sumselterkini.co.id.

O mesmo aconteceu com a Amazon, com a implantação massiva dos denominados robôs Kiva (Figura 6), que promoveu redução dos custos operacionais da empresa em cerca de 20%. 

Um robô Kiva atende a um pedido em menos de 15 minutos, enquanto que essa operação se realizada pelo pessoal operacional, demoraria entre 60 e 75 minutos para ser completada.


Robôs Kiva em operação na Amazon.
Fonte: Amazon/Google Imagens (2019).

Além disso, com o objetivo de atender mais rapidamente aos seus clientes, especialmente em regiões mais remotas, a empresa vem experimentando novas alternativas de transporte através da utilização de drones, como mostra a figura 7.


Figura 7 – Uso de drone nas entregas mais remotas.
Fonte: Amazon /Google Imagens (2019).

Um outro avanço considerável ocorreu com a implantação de sofisticados sistemas de gerenciamento de Centros de Distribuição, como por exemplo, o denominado WMS (Warehouse Management Systems), Figura 8, que efetivamente promove um gerenciamento integrado , permitindo mapear e rastrear todas as atividade do armazém; possibilitando, entre outras atividades, determinar, com exatidão, a localização de um material dentro do armazém.


Figura 8 - Sistema WMS – Warehouse Management System.
Fonte: Gonçalves, P.S. – Apostila de Logística.

Um sistema WMS controla, por exemplo: o recebimento dos materiais, endereçamento de destino e de localização, armazenagem, separação dos pedidos, expedição e despacho dos materiais, permitindo assim, um verdadeiro rastreamento das atividades operacionais, objetivando reduzir eventuais gargalos, otimizar a utilização dos equipamentos e melhor distribuir o uso adequado da mão de obra.

Embora não seja objetivo dessa postagem mostrar, em amplo aspecto, as inúmeras inovações que produziram efeitos consideráveis em agilidade, redução e custos e aumento da competitividade nos processos logísticos, no contexto de suas operações, vale também registrar o uso de veículos autônomos, como por exemplo, o caminhão da Mercedes Benz.


Figura 9 - Caminhão Autônomos da Mercedes Benz
Fonte: Google Imagens/Gonçalves (2018).

Esse veículo tem a capacidade de condução autônoma com o uso de sensores, um sistema de radar montado na frente e uma câmera estéreo, assim como o sistema Adaptive Cruise Control da Daimler. 

Optimizando a troca de marchas e utilizando um cuidadoso controle de aceleração e frenagem, o sistema permite que seja reduzido em cinco por cento as emissões de CO2, conforme declara a empresa.

No Brasil, esse tipo de caminhão foi projetado com a finalidade operar na colheita da cana de açúcar, permitindo que o caminhão trafegue nas linhas de plantação de maneira autônoma, com precisão de 1,5 a 2,5 centímetros; evitando-se assim que o veículo destrua os brotos da cana, os remanescentes que dão origem à safra posterior.

Os leitores interessados poderão obter maiores informações, nesse blog, através do link abaixo:


Os exemplos mostrados acima representam uma pequena amostra de como novas tecnologias inovadoras estão transformando consideravelmente a logística, tendo como objetivo primordial, ganhos em reduções de custos, melhorias na produtividade e competitividade, tendo como foco, atender ao cliente de forma rápida e eficiente.

Em uma próxima postagem, focaremos essas inovações tecnológicas aplicadas à logística, no campo do Big Data, Nuvens de Dados, Inteligência Artificial, Realidade Virtual e Realidade Aumentada.

Fonte:

Gonçalves, P. S. – Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole (2013).
Goncalves, P. S. – Apostila do Curso de Logística – IBMEC/RJ (2019).
Gonçalves, P.S. – in Veículos autônomos vão acelerar a logística – disponível em http://professorgoncalves.blogspot.com/2016/10/veiculos-autonomos-vao-acelerar.html
Godoy, B – in Lições incríveis de inovação em logística da Amazon para o seu e-commerce – disponível em https://www.mandae.com.br/blog/licoes-incriveis-de-inovacao-em-logistica-da-amazon/ - acesso: 08/03/2019.
The Business Journal – 7 Innovative technologies transforming the logistics industry – disponível em: https://www.bizjournal/how-to/technology/2016/09/7-technologies-transforming-logistics-industry.html - acesso: 08/03/2019.
Grave, S.J in Logístics innovation: a literature-based conceptual framework – The International Journal of Logistics Management – Vol 20 – No.3,2009 – pp. 360-377.
Blachar, D.; Seiko, A in Top 10 Supply Chain Innovation 2017 – disponível em https://www.mhinews.com/technology-automation/top-10-supply-chain-innovation-2017/
Costa, D. – in -Mercedes-Benz do Brasil lança caminhões autônomos - disponível em : https://estradao.estadao.com.br/caminhoes/mercedes-benz-do-brasil-lanca-caminhoes-autonomos/ - acesso: 13/03/2019.
DefesaNet - in – Daimler-Trucks investe em caminhoes autonomos - disponível em http://www.defesanet.com.br/tecdi/noticia/31783/Daimler-Trucks-investe-em-caminhoes-autonomos/ - acesso: 13/08/2019.