VEÍCULOS AUTÔNOMOS
VÃO ACELERAR A LOGÍSTICA
Esse artigo é dedicado aos
colegas da Engenharia Mecânica
da EPUFES – Turma 1971.
Em
1967, em plena aula de desenho técnico de meu curso de graduação em engenharia
mecânica, realizado na Escola Politécnica da Universidade Federal do Estado do
Espirito Santo, o autor desse blog, conversava com o professor da disciplina e
afirmava no debate que: “no futuro os
veículos não terão condutores, mas serão conduzidos por robôs”. Como
resposta, recebi uma sonora gargalhada que também foi acompanhada por meus
colegas presentes na sala de aula.
Recentemente,
nas comemorações de mais um ano da nossa formatura, procurei via internet e através de contatos com os meus colegas de turma, localizar o professor da
disciplina, enquanto postava para o grupo da nossa turma, um vídeo do carro da
Google (Figura 2) com o mote: “quem rir
por último rir melhor! “
Figura 2 – Carro experimental da Google.
De
fato, os veículos autônomos, nas suas mais variadas forma e aplicações, não são
mais obra da ficção e estão adentrando em todas as atividades quer sejam de lazer ou
em aplicações militares ou empresariais.
De
um lado, embora a presença desses veículos venham a reduzir, num primeiro plano,
postos de trabalho; um estudo elaborado pela KPMG a pedido da Society of Motor
Manufactures and Traders mostra que, em 2030, o uso de carros autônomos poderá
gerar 320.000 novos postos de trabalho, injetando 51 bilhões de libras à economia britânica e
evitando um volume estimado de 25.000 acidentes graves com veículos!
De
outro lado, vamos encontrar grandes benefícios em vários campos com o uso desses
veículos, cujas aplicações vão depende muito mais da nossa criatividade.
Só
a título de exemplo, examinando a área médica, no que se refere aos socorristas
de emergências cardiológicas, o uso de drones,
embora ainda em sua fase experimental, tem mostrando viabilidade no salvamento de mais vidas nas grandes metrópoles, nas quais o grupo de paramédicos enfrenta grandes
congestionamentos de trânsito e dificuldades de deslocamentos rápidos para
chegar até o local aonde se encontra o vitimado.
Para
dar uma ideia de como esse genial sistema funciona, sugerimos aos leitores
interessados a assistirem o vídeo do link abaixo:
O
mesmo já está acontecendo no salvamento de vítimas de afogamento em locais
públicos como praias etc.
Na
logística, já tratamos do uso de drones na distribuição de produtos, como é
o caso do projeto pioneiro da Amazon, que comentamos no artigo: A revolução nas Entregas acessível
através do link:
No
modal rodoviário, veículos autônomos apresentam um elenco de vantagens, entre
elas:
- Segurança - devido a redução de erros na condução dos veículos. O uso de sistemas de controles de proximidades, como o desenvolvido pela Daimler Assist que ajusta a velocidade do veículo às condições de tráfego, bem como mapas tridimensionais para sistemas, como o Predictive Powertrain Control (Figura 3), reduzirão consideravelmente os acidentes nas estradas;
- Sustentabilidade – em face da menor poluição ambiental devido ao uso equalizado e eficiente no consumo de combustíveis;
- Maior eficiência no fluxo de veículos pela inexistência de paradas programadas para os condutores e/ou trocas de turnos. Um caminhão autônomo poderá operar 24 horas por dia e sete dias por semana;
- Redução dos congestionamentos – visto que o uso de veículos autônomos promoverá maior potencial para melhorar a eficiência do sistema de transporte. Na Alemanha, por exemplo, o governo prevê para 2030 um aumento nos congestionamento da ordem de 39%, o que leva a necessidade imperiosa de que as estradas sejam utilizadas pelos veículos com a maior eficiência possível.
- Redução nos custos dos fretes – estimado em 40% por quilômetro rodado. Na Europa, segundo estudos realizados, os motoristas de caminhões são responsáveis por 45 % dos custos de transporte.
Figura 3 - Modelo de Predictive Control
Fonte: Adaptado de www.overdriveonline.com
As pesquisas nessa área estão bastante avançadas. A Daimler, uma
afiliada da Mercedes-Benz, já está testando um caminhão (Figura 4) semiautônomo
que, segundo estimam, deverá entrar em operação de 2025.
Esse veículo tem a capacidade de condução autônoma com o uso de sensores, um sistema de radar montado na frente e uma câmera estéreo, assim como o
sistema Adaptive Cruise Control da Daimler.
Optimizando a troca de marchas e utilizando um cuidadoso controle de aceleração e frenagem, o sistema permite que seja reduzido em cinco por cento as emissões de CO2, conforme declara a empresa.
Optimizando a troca de marchas e utilizando um cuidadoso controle de aceleração e frenagem, o sistema permite que seja reduzido em cinco por cento as emissões de CO2, conforme declara a empresa.
Se acontecer falhas no sistema ou mesmo mudanças nas condições
meteorológicas, o sistema sinaliza (ver
na figura 4 a imagem da parte inferior
esquerda) para que o condutor assuma o controle do veículo. Vejam o desempenho desse veículo no vídeo do link indicado logo abaixo da Figura 4.
O motorista mantém o controle global da tomada de decisão, nele incluído uma importante medida de emergência que levar o veículo a uma parada gradual caso
o condutor não responda aos comandos do sistema.
Esse veículo já foi testado na Alemanha e nos Estados Unidos tendo
percorrido um total de 20.000 quilômetros em condução experimental.
Figura 4 – Caminhão da Mercedes Benz
Todas
essas pesquisas e suas aplicações terão impacto significativo nas operações
logísticas.
Imaginemos, por exemplo, o uso de transporte autônomo em conexão com um Centro de Distribuição automatizado que também possua tecnologias avançadas de carregamento e descarregamento de veículos e sistemas automatizados de picking. Essa convergência de tecnologias permitirão que a logística alcance significativa alavancagem operacional, reduzindo custos, evitando acidentes, promovendo a sustentabilidade e melhorando a performance das entregas, mesmo no ambiente da “última milha”.
Imaginemos, por exemplo, o uso de transporte autônomo em conexão com um Centro de Distribuição automatizado que também possua tecnologias avançadas de carregamento e descarregamento de veículos e sistemas automatizados de picking. Essa convergência de tecnologias permitirão que a logística alcance significativa alavancagem operacional, reduzindo custos, evitando acidentes, promovendo a sustentabilidade e melhorando a performance das entregas, mesmo no ambiente da “última milha”.
Fontes:
Cheater, A. in How will driving trucks impact the
logistics fields -
https://blog.kinaxis.com/2015/10/how-will-self-driving-trucks-impact-the-logistics-field/
- acesso: 05/10/2016.
DHL - Self-Driving Vehicles – The road to the future? - A
DHL perspective on implications and use cases for the logistics industry Report
– 2014.
KPMG - Connected and Autonomous Vehicles – The UK
Economic Opportunity - March 2015.
Newbold, R – in Five
Driving Forces Behind Driverless Trucks – disponível em : http://www.inboundlogistics.com/cms/article/five-driving-forces-behind-driverless-trucks/ - acesso: 06/10/2016,
Kerner, S – in SaLsA - Safe Autonomous Logistics and
Transportation Vehicles in Outdoor Areas – disponível em : https://www.iml.fraunhofer.de/en/fields_of_activity/automation_embedded_systems/research/SaLsA.html
- acesso : 06/10/2016.
Fierberg, A, in A self-driving
Mercedes-Benz truck drove on Germany’s Autobahn – disponível em http://www.businessinsider.com/driverless-truck-drives-german-autobahn-daimler-mercedes-benz-2015-10 - acesso: 07/10/2016.
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro pela Universidade Federal do E.E.Santo, M.Sc. em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ e MBA em Estratégia Empresarial pelo PDG/IBMEC , consultor na área de operações (manufatura e serviços), professor do IBMEC/RJ e autor das seguintes obras didáticas:
Logística e Cadeia de Suprimentos - O Essencial - Editora Manole.
Administração de Estoques - Teoria e Prática - em coautoria de E. Schwember - Editora Interciência.
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