domingo, 8 de março de 2020

O mundo está se afogando no plástico !

O mundo está se afogando no plástico!


O maior desafio ambiental do nosso planeta, sem sombra de dúvidas, é o uso inadequado do plástico!  "Os plásticos estão poluindo a natureza, colocando em risco a vida selvagem e prejudicando sistemas naturais. Está entrando na comida que comemos e no ar que respiramos" , (WWF  - 2019)

Ele foi uma genial criação do homem. Em 1907, uma verdadeira revolução aconteceu, quando Leo Baeleland, químico belga, naturalizado americano, criou o primeiro plástico totalmente sintético e comercialmente viável! Começava a era dos plásticos modernos, feitos à base de petróleo, carvão e gás natural, que rapidamente foi responsável por uma elevada expansão na comercialização de produtos dos mais diversos.

Eles hoje são utilizados em recipientes para armazenagem de comestíveis, na roupa que vestimos, na embalagem de produtos e estão por todas as partes (Figura 2).


Figura 2 - Recipientes de plástico de uso diversificado.

A conveniência no seu uso e a facilidade com que são descartados de maneira inapropriada vem causando seríssimos problemas ambientais. Os materiais contidos nos plásticos são tóxicos, especialmente em função da aplicabilidade do produto que envolve a adição de vários aditivos para dar maior flexibilidade, robustez etc.


Figura 3 - Classificação dos tipos de plásticos.

A figura 3 apresenta a classificação dos diversos tipos de plásticos, valendo registrar que, em sua maioria, somente a classe 1, 2 e 5, mostra interesse dos recicladores. Os demais, em sua grande parte são lançados em grandes lixões ou mesmo enterrados em terrenos dos mais diversos. Valendo lembrar que o plástico demora 200 anos para sofrer degradação.

Segundo a WWF (2019), aproximadamente metade de todos os produtos plásticos que poluem o mundo hoje foram criados após o ano 2000, sendo que 75% de todo o plástico produzido já foi descartado. 

Segundo as mesmas estimativas, cerca de 8,6 bilhões de toneladas de plásticos novos e oriundos de reciclagem foram lançados no mercado pelas indústrias produtoras. 



Figura 4 - Volume de plástico produzido e lixões ao redor do planeta.
Fonte: FAPESP (2019)

É claro que a reciclagem de plástico tem valor econômico! Segundo estimativas (Bloomberg - 2019) esse mercado representou em 2019 US$ 120,0 bilhões de estímulo para a sua reciclagem. 

O impacto da poluição do plástico no ambiente é notado de forma avassaladora! O plástico descartado destrói os ecossistemas naturais e mesmo, contamina os nossos alimentos! Basta lembrar que os nossos mares encontram-se poluídos com grandes quantidade de plásticos que, confundidos como alimentos pelos peixes, acabam chegando às nossas mesas e, por via de consequência, sendo consumidos junto as alimentos que adquirimos.

Em sua maioria, além dos diversos tipos de plásticos que encontramos vagando pelos oceanos, como por exemplo, o famoso lixão do Pacífico, temos o microplástico , cuja origem provém do descarte inadequado de embalagens etc. , os quais, nos lixões acabam sofrendo um processo de quebra mecânica em função de diversos fatores ambientais (chuvas, vento, ondas do mar etc) e acabam produzindo fragmentos bem pequenos que são, em grande parte, ingeridos pelos peixes como se alimento fossem e desses, seguindo a cadeia alimentar, acaba sendo ingerido por nós!

Estudos realizados pela  "Orb Media", uma organização sem fins lucrativos, mostraram a presença de microplásticos na água engarrafada. Esse microplástico foi encontrado em 93% das amostrar de água engarrafadas submetidas ao exame pela organização.



Figura 5 - Contaminação dos mares e dos animais
Fonte: Google Imagens (2020).

A China era o país que absorvia grande parte do lixo plástico que era então levada à reciclagem. Os chineses compravam cerca de 72,5% de todo o plástico reciclável produzido no planeta. Em consequência do aumento da poluição ambiental, o governo chinês resolveu proibir definitivamente a reciclagem de plástico no país. 

Como essa proibição, grandes quantidades de plásticos para reciclagem começaram a se acumular em diversas partes do mundo. Com o objetivo de se livrar desse acúmulo inconveniente, diversos países começaram a enviar esse material para países em desenvolvimento, especialmente para o sudeste asiático.

Na figura 6 apresentamos o ciclo de reciclagem do plástico. A presença da Torre Eiffel ao lado da imagem da montanha de plásticos originários de garrafas PET, dá a dimensão de proporcionalidade da quantidade de garrafas descartadas no decorrer de um mês: 40 bilhões de garrafas plásticas são lançadas em várias partes do planeta.


Figura 6 - Garrafas PET e Reciclagem do plástico
Fonte: WEF (2016) e Scarr & Hernandez (2019).

Urge a necessidade de serem criadas política ambientais para a erradicação da poluição promovida pelos plásticos, reduzindo o seu consumo e utilizando a economia circular como elemento indispensável para o uso consciente do produto. O redesenho de embalagens e  projetos baseados em economia circular permitirão reduzir o volume de plástico utilizado e descartado permanentemente  na natureza.

Partindo de uma visão mais abrangente conforme preconiza o Forum Econômico Mundial (2016), os objetivos se deslocam para a nova economia dos plásticos, o que significa dizer que o plástico jamais se tornaria lixo! Eles seriam reciclados dentro do conceito da economia circular, produzindo resultados econômicos e ambientais em todo o sistema, com ganhos em todas as direções, tendo como foco (WEF 2019):
  • Criar uma economia eficaz de plástico mediante a aceitação de reciclagem, reuso e biodegradação controlada;
  • Reduzir drasticamente a infiltração de plásticos nos sistemas, muito especialmente nos oceanos e outros eco sistemas;
  • Desconectar os plásticos das matérias-primas fósseis, explorando outras alternativas através de fontes renováveis.
Um exemplo é o denominado plástico verde, produzido através do etanol da cana de açúcar que além de ser 100% reclinável, não contribui para o aquecimento global do planeta!

O Grupo de Pesquisas de Biopolímeros de Açúcar em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco e Universidade Federal Rural de Pernambuco, vem aplicando pesquisas experimentais com sucesso na produção de fios de sutura para cirurgias, malhas para reforço nas cirurgias de correção de hérnias, membranas para remendar lesões venosas e artérias e tubos para enxertos arteriais, desde 2007, conforme relata Ereno (2007).

Do mesmo modo, a Universidade de São Paulo está desenvolvendo um composto que poderá substituir o petróleo na fabricação de plásticos, a partir do bagaço de cana de açúcar. Segundo os pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos, a substância criada é semelhante à utilizada na fabricação de painel de veículos ou outras aplicações que requerem um tipo de espuma dura.

O Brasil poderá se tornar um grande produtor de plásticos biodegradáveis, através de pesquisas com biopolímeros produzidos a partir de matérias-primas renováveis com a cana de açúcar, milho, óleos de girassol, soja e mamona. Por ser um material versátil, ele poderá ser utilizado na produção de vários tipos de plásticos, com a vantagem de ter uma decomposição mais rápida que não agride os ecosistemas.

Fontes:

WWF - Solucionar a poluição plástica - Transparência e responsabilização - WWF Repotr (2019).

Revista FAPESP - in Planeta Plástico -  disponivel em https://revistapesquisa.fapesp.br/2019/07/08/planeta-plastico/ - acesso 07/03/2020

WEF - The New Plastics Economy Rethinking the future of plastics - World Economic Forum (2016).


S. Scarr e Hernandez, M in Afogamento em plástico - disponível em https://graphics.reuters.com/ENVIRONMENT-PLASTIC/0100B275155/index.html - acesso: 08/03/2020.


 Ereno, D i - in Plástico Renovável - Revista FAPESP - Edição 142 de dezembro/2007 - disponível em https://revistapesquisa.fapesp.br/2007/12/01/plastico-renovavel/ - acesso: 08/03/2020.

UDOP - in  - Bagaço de cana pode substituir petróleo na fabricação de plásticosdisponível em https://www.udop.com.br/noticia/2020/01/31/bagaco-de-cana-pode-substituir-petroleo-na-fabricacao-de-plasticos.html

Kaskey, J. - in Bloomberg - "Descontrução do plástico estimula um mercado de US$ 120, 0 bilhões - disponível em https://economia.uol.com.br/noticias/bloomberg/2019/04/09/desconstrucao-do-plastico-estimula-mercado-de-us-120-bilhoes.htm - acesso: 08/03/2020.