terça-feira, 28 de dezembro de 2010

GERENCIAMENTO DOS RISCOS LOGÍSTICOS

Depois do fatídico onze de setembro o mundo sofreu uma grande transformação.
Em primeiro plano a paranóia de um ataque terrorista iminente se concretizou com a destruição das torres gêmeas símbolo do capitalismo e da pujança dos Estados Unidos.
Deixando de lado essa face mórbida, doentia e de pouco conteúdo humano desses verdadeiros fanáticos; todos nós percebemos que as mudanças ocorridas após o onze de setembro causaram grande impacto nas operações globais das empresas e por via de conseqüência também acabaram por atingir as pessoas.
Estratégias operacionais no estilo just-in-time foram paralisadas a partir do momento em que os EUA simplesmente impediram, por medida de cautela e proteção, que qualquer aeronave levantasse vôo e a vigilância nos aeroportos, portos e rodovias intercontinentais passou a ser severa e demorada, numa verdadeira operação estilo “pente fino”.
Vivendo uma situação de franco desenvolvimento mundial na expansão do comércio de bens e serviços, a hipótese de bloqueio  catastrófico do suprimento de um produto, de uma matéria-prima ou de um componente era pouco estudada ou mesmo, totalmente negligenciada, ficando mesmo no teatro na mera especulação dos chamados “paranóicos de plantão”.
Por conta dessa situação abrupta porém esperada mas não antecipadamente diagnosticada, as empresas passaram a começar a pensar nos riscos das suas fontes de suprimentos.
De um lado, a partir dessa constatação, analistas e estrategistas começaram a fazer uma série de perguntas para esboçar cenários e planejar estratégias operacionais alternativas:
  • O que aconteceria se a cadeia de suprimento e/ou de distribuição fosse interrompida por um evento inesperado?
  • Se um modal de transporte essencial ao suprimento de matérias-primas ou de produtos sofresse um dano irreparável, quais as conseqüências na continuidade da produção?
  • Se uma carga importante e/ou de alto valor fosse destruída, roubada ou contaminada, quais seriam os seus efeitos no suprimento de bens? 
  • Quais os custos envolvidos na recuperação da cadeia de suprimento e/ou de distribuição?
Por outro lado, analistas e estrategista também começaram a se debruçar em problemas relacionados aos riscos não só relacionados aos atos terroristas ou de seqüestros de navios, como foram às recentes operações dos piratas da Somália, mas especialmente em um leque de atividades dolosas que começaram a crescer exponencialmente nas empresas.
Palavras como fraude, roubos, chantagem, sabotagem, vandalismos, passaram a fazer parte do dicionário operacional dos estrategistas.
Dois exemplos permitem melhor compreender a gravidade das situações. Um deles está relacionado com um medicamento e aconteceu nos EUA: um maluco de plantão informou ao fabricante que tinha inserido veneno em várias caixas do produto espalhadas em todo o território norte americano. Esse foi um caso emblemático que a industria farmacêutica enfrentou de plano e de uma forma bastante arrojada e inteligente!
Outro exemplo, cujo tributo ainda pagamos, resultou do leque de fraudes produzidas nos balanços de grandes corporações americanas ligadas ao mercado financeiro (misteriosamente não detectadas pelas auditorias independentes!) e que vieram à tona com a crise do subprime.
Aliados a tudo isso estão os problemas relacionadas aos desastres da natureza (incêndios, inundações, tempestades, tornados e furações), desastres ecológicos (vazamento de produto, poluição, lixos tóxicos e contaminações) e mesmo risco tecnológicos (ruptura das comunicações, falta de suprimento energético, falta de transporte, caos aéreo, etc.).
Desnecessário a exemplificação dos citados riscos em face das recentes notícias veiculadas pela mídia tanto a nível nacional quanto internacional.
Nesse novo cenário, cada vez mais globalizado e, por via de conseqüência, com reflexos em todo o planeta, tornou-se indispensável em termos estratégicos, operacionais e financeiros, que as empresas passassem a se preocupar com a gestão dos riscos logísticos.
Com objetivo de reduzir o impacto dos riscos logísticos as empresas devem analisar várias estratégias, dentre elas:
  • Estratégia de mitigação - que funciona tal qual o uso dos freios em um veículo em movimento: destina-se a reduzir ao mínimo possível o impacto do dano causado a uma cadeia logística. O foco é reduzir as causas dos riscos logísticos.
  • Estratégia de contingenciamento - que funciona tal qual o denominado “Plano B” e destina-se a manter as operações em funcionamento apesar dos danos causados. Um exemplo dramático: o incêndio em uma fábrica e seus danos vultosos poderá ser contingenciado pelo deslocamento da produção para outra unidade. A falta de suprimento de energia poderá ser suprida, em caráter emergencial, por geradores.
Fica claro que a logística está exposta a uma variedade de riscos que são inerentes para cada rede logística. Esses riscos estão diretamente relacionados a ações eventuais que podem estar localizadas dentro ou fora dessa rede.
A análise dos riscos na logística tem por finalidade identificar suas fontes e seus atores e o impacto e o grau de ruptura que pode causar na operação.
O gerenciamento dos riscos logísticos tem por finalidade estabelecer uma estratégia destinada a mitigar o risco e permitir o contingenciamento das operações, identificando o potencial de impacto que poderá causar ao sistema como um todo.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

LOGISTICA E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

É indiscutível o impulso que a logística obteve em função do apoio que recebeu a partir do momento em que as suas operações passaram a contar com os recursos da tecnologia da informação.
De um lado, o uso de código de barras no controle dos estoques e na gestão da demanda, facilitou consideravelmente os processos, permitindo otimizar os custos dos estoques sem reduzir o nível dos serviços em termos de disponibilidade de produtos e leque de opções na compra de diversos itens.
De outro, a tecnologia da informação e a internet propiciaram uma grande alavancagem no incremento dos negócios e abriram uma gama de possibilidades no comércio de bens e serviços através da web.
Aliada da logística e operada pela tecnologia da informação está a denominada etiqueta inteligente (também conhecida como e-tag) que trabalha com a tecnologia de rádio freqüência (RFID).
Essas etiquetas têm propriedades especiais: acumulam informações sobre o produto (características, validade etc.), facilitam, por exemplo, o controle dos inventários sem a necessidade de contagem física individual de cada produto (basta utilizar um sensor especial que “lêem” a disponibilidade do produto nas prateleiras) além de terem a possibilidade de serem rastreadas, ou seja, é possível saber exatamente em que local se encontra o produto.
Embora a tecnologia da informação venha a criar um novo ambiente de negócios e permitir a realização de compras via internet, desnecessário dizer que os produtos adquiridos pelos clientes e consumidores precisam chegar aos seus destinos finais em condições de uso, de forma mais rápida possível e com o menor dispêndio energético (custos representam, segundo nossa ótica, dissipação energética!).
Assim é necessário prover a logística de meios suficientemente ágeis para que não quebremos as expectativas do cliente que ao eleger, via internet, o produto que almeja não fique aguardando longos e intermináveis dias para receber o tão desejado produto!
A velocidade com que as transações são realizadas via web geram grandes expectativas que se traduzem numa alta ansiedade no desejo do cliente em ter a posse do produto adquirido o mais rápido possível.
Aqui um registro dramático: a falência da eficiência dos ECT na entrega de documentos, cartas e mesmo SEDEX! Fato que vem prejudicando o processo muito utilizado por inúmeras empresas para a remessa dos produtos adquiridos via internet e que tinham como ponto de apoio uma logística ágil em um ambiente de elevado desempenho que existia no sistema de entregas realizadas pelos correios.
Hoje existem empresas bastante ágeis nesse processo. Encomendas realizadas via internet em um sábado são recebidas pelo cliente na segunda-feira pela manha!
Para esse objetivo se tornar uma realidade deveremos ter um bom aporte de recursos logísticos disponíveis, desde o processamento do pedido e sua validação através de links com as empresas de cartão de crédito ou mesmo certificação do pagamento nos casos de compra via boleto bancário, até um eficiente sistema de entregas porta-a-porta.
Paralelamente a esse encantamento tecnológico foram associados outros dispositivos igualmente interessantes, como por exemplo, uma geladeira inteligente! Ela tem a capacidade de “ler” o estoque de cada item nela armazenado e então “pedir” o produto diretamente ao supermercado mais próximo!
Enquanto isso, o feliz proprietário dessa maravilhosa máquina tecnológica se encontra diante de uma TV de alta resolução com um pacote de pipoca e um litro de refrigerante se deliciando visualmente e se consumindo em sedentarismo! Esse é o lado trágico das facilidades tecnológicas! Não é sem razão que a taxa de obesidade cresce assustadoramente em todo o planeta!
Todo esse verdadeiro arsenal em tecnologia da informação disponível e de apoio as operações logísticas se tornaria absolutamente dispensável se a logística de distribuição física não estiver funcionando adequadamente!
Para tanto ela deverá ser municiada de condições operacionais que lhe permitam agilidade nos processos e eficiência nas entregas!
O uso de serviços de apoio tais como: motocicletas, terceirização das entregas mediante uso de empresas especializadas, são recursos indispensáveis para a sobrevivência empresarial em um campo que demanda cada vez mais senso de oportunidade e rapidez no trato dos anseios e satisfação de clientes e consumidores.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Logística também se aprende com a natureza!


Logística também se aprende com a natureza!


O homem com todo o seu potencial criativo desenvolveu máquinas maravilhosas. Voam computam, fazem diagnósticos, controlam a produção, centralizam o processo decisório, flexibilizam as operações complexas etc.
Grande parte desse arsenal tecnológico foi desenvolvido a partir das pesquisas realizadas na natureza, muito especialmente, no reino animal.

A frustração do homem em não poder voar – mitologicamente reproduzida na fábula de Ícaro – tornou-se uma realidade adaptada da capacidade e flexibilidade que os pássaros possuem em vôos de longas distâncias e mesmo em grandes altitudes como é o caso do da águia. Sua visão é tão apurada que consegue ver um peixe a cerca de várias centenas de metros de altitude e mesmo perceber a presença de um coelho a uma distância de 1,6 km.

Os exemplos são inúmeros: estudo do comportamento dos tubarões para descobrir o processo de altíssima tecnologia que possui em detectar a longa distância a presença de um peixe se debatendo. Sua incrível aerodinâmica permitiu projetar novas aeronaves de alta performance.

Na logística não é diferente!

A inquestionável capacidade dos morcegos e mesmo dos gafanhotos voarem sem que se choquem no ar! Essa imanência da espécie levou aos cientistas a começarem a estudar esse verdadeiro fenômeno. Estudos estão sendo realizados no centro de pesquisa da Volvo com intuito de introduzir algoritmos computacionais que permitam melhorar o fluxo do tráfego e, mediante uso de sensores especiais  evitar as colisões entre veículos.

As abelhas por exemplo é outro caso muito interessante. A partir de estudos realizados pela Universidade de Londres, os pesquisadores começaram a pesquisar a incrível capacidade de as abelhas se deslocarem entre diversas flores e retornarem a sua colmeia. Não é uma tarefa fácil. Esse processo é bastante semelhante ao famoso problema logístico denominado “rota do caixeiro viajante” cuja solução matemática é extremamente complexa demandando muitas horas de processamento em computadores de alta performance.

Esse maravilhoso animal “logístico” está sendo estudado pelos cientistas com o intuito de identificar o circuito neural que a abelha possui que lhe permite solucionar tão facilmente o problema complexo do “caixeiro viajante”.
Da mesma forma as formigas tem sido palco de grandes estudos.

Ao examinarmos um formigueiro verificamos um aparente “caos” e também percebemos que elas com freqüência trocam informações entre si através de suas antenas  
Estudos permitiram verificar que as mensagens trocadas entre as formigas são de origem química (feromônios) e que esse tem função essencial na operação do formigueiro. As formigas reconhecem o território e desenvolvem técnicas especiais para a busca de suprimentos para o formigueiro
Utilizando esses estudos foi possível criar algoritmos computacionais complexos que foram aplicados em uma empresa fabricante de cimento, a Cemex que atua no Oeste e Sudeste dos Estados Unidos. Essa empresa faz entrega de cimento pronto para obras e utiliza uma frota de veículos para esse fim.

Imitando as formigas, a Cemex desenvolveu uma logística totalmente baseada nos princípios de reconhecimento do terreno e na “operação das chamadas formigas soldados” que podem decidir, em última instância em que local do território devem agir. Assim, utilizando-se do conceito de: “entregar o máximo de cimento, o mais rápido possível” – baseado na voracidade das formigas e “renegar esforços em duplicidade e manter cada caminhão distante do outro”, foi possível desenvolver um processo de entrega com melhor qualidade de atendimento aos clientes e com uma considerável redução de custos.

Esse mesmo sistema foi utilizado pela British Telecon com objetivo de operar sua frota de veículos nos serviços de manutenção com grande sucesso e uma baita economia!
Logo a logística é uma atividade de presença constante na natureza!

A natureza é sábia e um grande mestre que nos auxilia no desenvolvimento de novas tecnologias!