domingo, 22 de dezembro de 2013

A logística e a economia nos próximos anos - Parte II

A logística e a economia nos próximos anos.

Parte II

No mundo, como comentamos na postagem anterior (16/12/2013), as pesquisas junto aos principais executivos de logística das empresas, indicam que não ocorrerão grandes mudanças em 2014.
Ainda segundo o mesmo relatório elaborado pela Gartner (www.gartner.com), as propostas para a área da logística para 2014, estão direcionadas para as melhorias das organizações focadas na cadeia de suprimentos e o projeto de redes que apresentem um aumento no desempenho nas estratégias para as cadeias de suprimentos globais.
Este sentido, um dos setores que será grandemente impactado é o setor de alta tecnologia, muito especialmente em função da volatilidade de seus produtos que rapidamente desaparecem do mercado em face do curto ciclo de vida.
Dentre as melhorias previstas, a serem realizadas principalmente nas empresas de alta tecnologia, estão: redução nos prazos de entrega, aumento da satisfação dos clientes e melhorias na capacidade de atendimentos nos serviços de pós-vendas.
No setor de alta tecnologia, 80% das empresas norte-americanas estão desenvolvendo estratégias mais agressivas destinadas a expansão de seus mercados nos países emergentes (um grande filão!), assim como projetando mudanças estratégias em seus modelos de cadeia de suprimentos objetivando: permitir maior foco no cliente, entender os padrões de demanda de seus produtos e capturar novas oportunidades de crescimento.
Os resultados das pesquisas da Gartner indicam também que cerca de 40% dos executivos da área de logística, informaram que as suas cadeias de abastecimento serão construídas tendo como foco principal os seus clientes. Nesse direcionamento estratégico, essas empresas projetam um crescimento de 44% nos próximos dois anos, muito especialmente, no que se refere a maior presença nos mercados emergentes.
Adicionalmente e, fazendo parte de uma estratégia mais completa, essas empresas estão alinhando as estratégias de transporte e de abastecimento aos objetivos de seus negócios, bem como reunindo esforços para a construção de competências na gestão de todas as etapas do ciclo de vida dos produtos.
Entretanto, é importante registrar que uma das maiores preocupações dos executivos da área de logística para 2014 está relacionada retenção de talentos, assim com a capacidade de compreender e absorver a cultura local em face de uma logística cada vez mais globalizada.
No conjunto de previsões elaboradas pelos especialistas, vale registrar:
  • crescimento dos EUA vai ser lento e gradual;
  • A recuperação da Europa continuará, porém em um ritmo muito lento;
  • A China procurará manter uma taxa de crescimento sustentável;
  • As taxas de desemprego nos países desenvolvidos continuará altas;
  • O dólar americano vai se fortalecer contra a maioria das moedas;
  • Os preços das commodities permanecerão estáveis.

·     A inflação, embora persista, será uma ameaça de risco muito baixo.
Nesse contexto, é importante registrar que as perspectivas de recuperação global em 2014 são bastante modestas. Segundo estudos do IHS Top 10 Economic Predictions (www.ihs.com), o crescimento previsto para 2014 é da ordem de 3,5 % contra 2,5% em 2013, ressaltando que em muitas economias emergentes esse crescimento será um pouco maior.
Aguardemos então o desenrolar da economia e os avanços da logística nos próximos anos!

Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro e M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ.
Autor das seguintes obras didáticas:
Administração de EstoquesTeoria e Prática em coautoria com E. Shwember – Ed. Interciência.
Administração de Materiais – 4ª. Edição – Ed. Campus/Elsevier
Logística e Cadeias de SuprimentosO Essencial – Ed. Manole.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A logística e a economia nos próximos anos - Parte I

A logística e a economia nos próximos anos.

Parte I

No Brasil, a previsão de investimentos no período 2014/2017 em projetos logísticos atinge R$ 240 bilhões. Nas ferrovias estão previstos investimentos de R$ 59 bilhões que deverão resultar num aumento na malha ferroviária em 11 mil km; no modal rodoviário estão previstos investimentos no montante de R$ 62 bilhões com a construção de 7 mil km de novas rodovias, no modal aeroportuário os investimentos projetados envolvem R$ 8 bilhões, enquanto que no setor portuário esses valores atingem R$ 34 bilhões.
Se os projetos realmente andarem conforme as previsões, teremos um avanço considerável em um dos setores mais crítico: a infraestrutura que hoje está impactado negativamente o desempenho das nossas de exportações e a economia brasileira.
Na área portuária a previsão é de investimentos de R$ 34 bilhões (2014/17) valendo registrar que as maiores inversões serão destinadas aos portos de Itaqui (MA), Suape (PE), Vila do Conde (PA), Vitória (ES) e Paranaguá (PR).
No modal ferroviário os investimentos serão concentrados na construção de novas ferrovias, e na expansão das existentes, tais como: Ferrovia Norte-Sul, a Transnordestina Logística e a de integração Oeste Leste, além da de Carajás, ampliando assim a oferta desse modal no transporte de carga. O problema aqui está na formatação criada pelo governo para a operação do negócio: a Valec (controlada pela União) terá a responsabilidade de realizar a intermediação do uso das ferrovias. Ela comprará toda a capacidade da infraestrutura e então venderá a concessão ao capital privado que passaria a explorar os serviços! Como esse processo realmente vai operar na prática e com que segurança jurídica para os investidores ainda é uma grande incógnita!
Ao lado dos investimentos em infraestrutura, não poderíamos deixar de anotar os aportes de recursos em vários setores da economia que impulsionarão a demanda por serviços logísticos. Por exemplo, na indústria do petróleo e gás os investimentos previstos para o quadriênio 2014/2017 estão estimados em R$ 458 bilhões.
No setor automobilístico cujas estimativas de investimentos são da ordem de R$ 74 bilhões (2014/17) a maior parte deles destinados a ampliação da capacidade produtiva, vale destacar: a Honda ( R$ 1 bilhão), a BMW (600 milhões) com sua fábrica em Araquari (SC)e a Fiat ( R$ 4 bilhões) com ampliação da sua fábrica de Betim (MG) e a construção da sua segunda fábrica em Goiana (PE). Também podemos citar a Foton Aumark do Brasil que está trazendo uma das maiores montadoras de caminhões da China com investimento de R$ 250 milhões.
Na indústria extrativa mineral estão previstos investimentos da ordem de R$ 48 bilhões, cabendo destacar o projeto de expansão de Carajás – Sena Sul que adicionará 90 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, o que é uma excelente notícia se levarmos em conta que o minério de ferro representa 80% da nossa pauta de exportação de bens minerais.
No mundo, de acordo com uma pesquisa divulgada pela Gartner (www.gartner.com) o impacto macroeconômico nas cadeias de suprimentos não produzirá grandes mudanças em 2014.

...continua na próxima postagem.

Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro e mestre em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ e autor das seguintes obras didáticas:
Administração de Estoques – Teoria e Prática em coautoria com E. Shwember – Editora Interciência.
Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier.
Logística e Cadeias de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

INOVAÇÃO E LOGÍSTICA – Estratégias do Google.

INOVAÇÃO E LOGÍSTICA – Estratégias do Google

De um lado é inquestionável o volume de informações que o Google dispõe a respeito do tráfego nas redes e seus algoritmos robóticos que, explorando e minerando os mais diversos serviços online, tais como: redes sociais, youtube, e-mails etc., acabam perfilando usuários e elaborando seus perfis com objetivos comerciais, é claro. Não há almoço grátis!
De outro, em 2010 o Google fez nascer secretamente uma nova ramificação denominada de Google X (veja detalhes no link: http://www.youtube.com/watch?v=4i3oKEg6o9g) com objetivo de criar projetos inovadores, objetivando trazer para o mercado tecnologias radicais: tais como o Google Glass (veja uma demonstração no link: http://www.youtube.com/watch?v=JSnB06um5r4), o carro inteligente do Google (veja uma demonstração no link http://www.youtube.com/watch?v=3plGzxnrnJk), Project Loon, Space Elevators, entre tantos outros . Todos supersecretos até chegar ao mercado!
Os projetos criados no Google X, são inspirados em grandes centros de inovação tais com o Laboratório da Bell (http://www.alcatel-lucent.com/bell-labs ) e o centro de pesquisa da Xerox em Palo Alto, denominado de Xerox PARC (Xerox Palo Alto Research Center - http://www.parc.com/ ).
Esses projetos receberam um apelido muito interessante: moonshots que, numa tradução literal, significa “um tiro na direção da lua!”. Ou seja, querem sair da mesmice e criar uma revolução na inovação. Como diz o seu cientista chefe Astro Teller: “ quanto mais as ideias parecer terem saído de um filme de  ficção científica, melhor!”
Para este ano de 2013, os investimentos em inovação deverão superar sete bilhões de dólares americanos e não é sem razão que o Google é considerado um caso notório de obsessão pela inovação.  O mantra do Google X é estar sempre à frente na corrida tecnológica!
A motivação é muito clara: sem inovação as empresas tende ao declínio e, em se tratando de áreas vinculadas a tecnologia de ponta, seguramente o ciclo de vida desses produtos no mercado é curtíssimo! A preocupação nesse sentido é grande em todas as empresas. Para termos uma ideia, uma pesquisa realizada pela PwC (PricewaterhouseCoopers) divulgada em setembro desse ano, mostrou que 93% das empresas consultadas em 25 países (foram consultadas 1.800 empresas em 30 segmentos de mercado) consideram que a inovação é a principal fonte para o aumento das receitas dessa empresas nos próximos anos.
Mergulhado de cabeça em projetos inovadores O Google também se preocupa com a logística de suprimento para seus projetos. Nesse sentido vem adquirindo diversas empresas com, por exemplo, empresas especializadas na fabricação de lentes que se comportam como olhos humanos, fabricante de braços robóticos de alta sensibilidade, capazes de produzir movimentos sofisticados e sutis; fabricante de rodas para equipamentos pesados etc.
 Toda essa estratégia de suprimentos tem um fim bem específico: garantir a continuidade no fornecimento dos componentes e insumos que farão parte de seus projetos inovadores e acima de tudo, manter o domínio exclusivo das tecnologias de produção desses componentes.
Como essa estratégia de suprimentos o Google pretende vencer todos os entraves unindo inovação tecnológica à logística de suprimentos, garantido assim produtos inovadores e, praticamente, tal qual a Apple quando lançou seus equipamentos com a tecnologia de “tela de retina”, oferecer produtos inovadores e singulares ao mercado!
Paulo Sérgio Gonçalves é MsC em engenharia de produção e autor de três obras didáticas:
Gestão de Estoques - Teoria e Prática - Ed. Interciência - em coautoria com E. Shwember.
Administração de Materiais - 4a. Edição - Editora Campus/Elsevier.
Logística e Cadeia de Suprimentos - O Essencial - Ed. Manole.

domingo, 8 de dezembro de 2013

BIG DATA na Logística.

BIG DATA na Logística.


Para mostramos a aplicação do Big Data na logística, embora de forma bem simplificada, imaginemos uma situação bastante corriqueira nesse período de festas natalinas: você compra um presente ou vários presentes para seus amigos. O faz via internet como normalmente vem acontecendo. No Brasil  42,2 milhões de pessoas (fonte: e-commerce News) fizeram, ao menos, uma compra online em 2012, com um faturamento estimando em R$ 49,7 bilhões de reais, nesse valor incluído R$ 22,5 bilhões faturados pelo varejo virtual em bens de consumo!
Em verdade, um simples click para a escolha de um produto mostrado na tela do seu computador, notebook ou tablet, desencadeia uma verdadeira avalanche de ações operacionais, objetivando entregar o produto no endereço que você indicou no pedido que realizou!
O processo, para encurtar os caminhos, tem início com a escolha do produto e a sua inserção do “carrinho de compras virtual”. Logo após, fechada a transação de compras e indicado a modalidade de pagamento (normalmente via cartão de crédito), a ação seguinte é o link que o site faz junto a empresa da bandeira do cartão para validar o crédito e por via de consequência liberar o pedido.
Após esse processo inicial, que é totalmente virtual, o pedido é então encaminhado via eletrônica para o setor responsável pela sua separação, embalagem, etiquetagem e expedição da sua encomenda. Normalmente o processo físico de separação dos produtos (picking), acontece em uma central de armazenagem de produtos (Centro de Distribuição).  A operação de picking pode ser realizada com o uso de diversas tecnologias, como a recentemente mostrada pela Amazon que utilizou um Drone para fazer a entrega da encomenda na casa do cliente!
Para quem tiver a curiosidade em ver essa tecnologia funcionando, basta acessar o endereço: http://www.youtube.com/watch?v=E1zjyY4O9BU,
O outro lado da operação está vinculado à gestão e controle.  Focalizemos aqui, por exemplo, as questões relacionadas à manutenção de estoques dos produtos destinados a atender as solicitações dos clientes etc. Ou seja, como calcular de forma mais adequada a demanda de cada item oferecido aos clientes para que não tenha excessos nem faltas?
Para manter os estoques haverá necessidade da sua reposição através de pedidos efetuados junto aos fornecedores. De seu lado, os fornecedores terão que produzir o bem e transportá-los até o centro de distribuição do cliente corporativo, assim como adquirir matérias primas insumos e componentes para a sua fabricação.
Como podemos observar, o ciclo de fornecimento é longo e flui através de uma rede que tem início com a compra do produto pelo cliente e termina no fornecedor dos insumos, componentes etc. destinados a fabricação do produto. Essa rede é normalmente conhecida como Cadeia de Suprimentos.
Dentro das operações descritas, embora de forma simplificada, inúmeros dados são gerados tais como: volume de compras, itens adquiridos, pedidos processados, pedido em processo de separação (picking), expedição de encomendas, aquisições de produtos para a renovação dos estoques nos Centros de Distribuição, ordens de produção nas fábricas, despacho de insumos e componentes para as fábricas, movimentação dos modais no transporte das mercadorias etc. etc. Uma avalanche de informações são produzidas e processadas em toda a cadeia logística, desde o ponto de consumo (cliente) até o ponto de fornecimento (fornecedores das fábricas).
Agora, imaginemos que o volume de dados gerados em cada transação como descrevemos nos parágrafos anteriores, sejam  disponibilizados em um grande banco de dados que permita o seu acesso, computação e mineração. Segundo a revista época (06/12/2013) o tráfego gerado em todo o ano de 2011, foi de 369 "exabytes" (um "exabyte" equivale a um quintilhão de bytes) e as estimativas indicam que em 2016 esse volume será quatro vezes maior!
Ora, a geração e armazenamento desses dados não estão somente para registro! O acesso a esses dados permitirá obter informações valiosíssimas para o gerenciamento de toda a cadeia logística.
Por exemplo, através de uma convergência de mídias (processo que permite que as informações capturadas nessa massa de dados tenham possibilidades de serem disponibilizadas em qualquer dispositivo:  tablets, smartphones, notebooks etc.) será possível então saber em cada fase do processo, como anda a sua encomenda, se o fornecedor entregou a matéria-prima de um produto que foi encomendado porém se encontrava em falta temporária, se a entrega está programada, se o caminhão de entrega ou outro meio utilizado (motocicletas, correios etc.) está em processo de execução etc.
Dentro desse contexto será muito mais fácil para os executivos da área de logística planejar as operações, estimar a demanda dos diversos produtos com maior precisão, gerenciar os pedidos, acompanhar o ciclo de fornecimento etc. e, responder a todas as solicitações de informações relacionadas ao processo logístico da cadeia de suprimentos até o consumidor final, melhorando assim os níveis de serviços das operações logísticas, reduzindo custos, aumentando a produtividade e a competitividade.