quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Smart Cities - Tecnologias Inteligentes.

SMART CITIES II
TECNOLOGIAS INTELIGENTES

Como mencionamos na postagem anterior – Smart Cities 23/11/2017) - em 2030 segundo a ONU teremos 8,6 bilhões de habitantes no nosso planeta.

Dois aspectos importantes devem ser considerados: de um lado, hoje, 54% da população mundial vive em grandes cidades e as projeções mais otimista indicam que esse percentual deverá elevar-se para 65% nos próximo 40 anos. De outro lado, segundo estimativas da NLC (National Lague of Cities – 2016), 80% do Produto Interno Bruto mundial é originário das cidades, aliado ao fato de que 70% das cidades são responsáveis pela emissão global de dióxido de carbono (GPC – 2014).

É fato incontestável que as áreas urbanas das grandes cidades apresentarão grandes desafios e oportunidades. 

Essas cidades irão operar de forma significativamente diferente, tanto em termos de tecnologias aplicadas, quanto nos seus aspectos econômicos, sociais, culturais e ecológicos.

Diante desse quadro, melhorias significativas nos espaços urbanos deverão ser implementadas, em contraponto à problemas gerados pelo aumento da poluição, demanda por energia, insegurança, baixa governança, equacionamento dos problemas financeiros e orçamentários e, mais recentemente o impacto das migrações que se lastra por tôdas as cidades do mundo. 

Todos esses vetores precisam ser ajustados objetivando dar suporte necessário para que as metrópoles se tornem espaço viáveis tanto do ponto de vista da mobilidade urbana, políticas públicas e significativo aumento da qualidade de vida de seus habitantes.

A preocupação se desenvolve em várias frentes. Para as grandes metrópoles, o planejamento deverá acontecer levando em conta suas características próprias que em muitos casos, apresentam grandes desafios técnicos e operacionais para a realização de mudança significativas nos espaços urbanos objetivando melhorar, por exemplo, o grau de mobilidade e redução da poluição ambiental.

Uma cidade inteligente emprega a denominada tecnologia de ponta (high-end) envolvendo elevado suporte da tecnologia da informação e uma rede de sensores, câmeras, dispositivos wireless e data centers, objetivando à prestação de forma integrada de serviços destinados à dar suporte aos cidadãos, a comunidade e ao governo na gestão do abastecimento de água, saneamento e tratamento de resíduos, reciclagem, gerenciamento do tráfego urbano, monitoramento e controle dos sistemas de transporte, mobilidade urbana etc., em tempo real.

Envolvidos nesse leque gerencial integrado, em um conceito amplo de gestão e prestação de serviços, encontram-se em outros:
  • E-governance and citizen services;
  • Smart energy management;
  • Smart water management;
  • Smart waste management;
  • Urban mobility;
  • Smart communication;
  • Smart environment;
  • Smart spaces;
  • Smart surveillance;
  • Smart healthcare;
  • Smart education;
  • Recreation: arts, sport and entertainment.


A figura 2 apresenta, de forma resumida, essa integração para o gerenciamento e controle que é efetivada através do suporte da Internet das Coisas (IoT), como mencionado na postagem anterior.



Figura 2 – Integração dos sistemas e sensores via IoT.
Fonte: Autor com captura de imagens de NCL (2015) e PwC (2014).

Um dos grandes projetos nesse processo abrangente e sistêmico de cidades inteligentes, encontra-se na Índia que pretende criar 100 cidades inteligentes em seus territórios, objetivando transformar o país em uma poderosa economia digital!

Os investimentos previstos, baseados no Market Study on Future Smarts Cities in India-2015, são da ordem de US$1,0 Trilhões.

Empresas como a IBM, Cisco, 3 M, EMC , Ge, Honewell e tantas outras mostraram grande interesse em participar desse empreendimento.

Um dos projetos estruturados com esse objetivo é o mega empreendimento de Dholera, cidade industrial no Golfo de Khambat, cujo operação está prevista para 2023 e envolve investimentos da ordem de US$2,73 bilhões em infraestrutura. 

O mapa locacional pode ser visualizado na figura 3.


Figura 3 - Dholera – Índia.
Fonte: Google Maps - 2017.

O leitor interessado poderá visualizar a magnitude desse projeto através do link abaixo:


Para esse projeto, a Cisco criou um plano integrado de informações e comunicação de tal envergadura que a cidade terá um controle central para gerenciar toda a sua infraestrutura, perpassando pelo sistema de abastecimento de água, infraestrutura de transporte, tráfego, ruas etc. através da utilização de sensores especialmente instalados, permitindo assim em tempo real, monitorar e gerenciar toda a sua infraestrutura.

É certo que o avanço das tecnologias nos mais diversos campos serão incorporadas no gerenciamento dos espaços urbanos com o primordial objetivo de torná-los atraentes, apresentando elevado nível na qualidade dos serviços, mobilidade urbana, gestão dos sistemas e e-governança, verdadeiramente cidades do futuro tão próximas do nosso tempo.

Fonte:

Vasudevan, V – in How Smart are our Cities going to be? – disponível em: https://blogs.economictimes.indiatimes.com/VantageView/so-how-smart-are-our-cities-going-to-be/  - acesso: 23/11/2017.

RainWater, Brooks in How Smart Cities Will Change Our Lives – disponível em: https://citiesspeak.org/2017/09/27/how-smart-cities-will-change-our-lives/ - acesso: 23/11/2017.

NCL –  Trends in Smart Cities Development – Case study and recommendation – Report (2015).

PwC - How smart are our cities? = PWC in (2016).

Accenture – Technology Vision 2014 - Building Cities for the Digital Citizen – Report Nº 14-5645 - Accenture (2014).

TechSci Research in India Smart Cities Project Requires Overall Investment in tune of USD2 Trillion disponível em  https://www.techsciresearch.com/news/336-india-smart-cities-project-requires-overall-investment-in-tune-of-usd2-trillion.html - acesso: 29/11/2017.



quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Smart Cities

SMART CITIES



As novas projeções da ONU destacam que a população mundial ultrapassará a marca dos 8,6 bilhões no ano de 2030!

As cidades passarão por transformações demográficas consideráveis levando-se em conta o desenvolvimento marcante das cidades e das regiões próximas.

Segundo o estudo da ONU, embora a percepção analítica do crescimento demográfico tenha característica de desaceleração motivada pelo declínio das taxas de fertilidade e consequente envelhecimento da população, é necessário focar esforços nos cidadãos para sustentar a prosperidade econômica mediante o aumento da produtividade e uso conscientes dos recursos disponíveis.

A concentração populacional em centros urbanos, produzidas por processos migratórios destinados a busca de oportunidades e melhor qualidade de vida será consideravelmente influenciada pelos vetores atrativos que serão elencados por essas cidades e, por via consequência, será indispensável que a gestão dessas cidades demonstre capacidade e flexibilidade para adaptar-se aos novos desafios de crescimento demográficos em seus espaços.

A figura 2 apresenta um resumo da análise mostrando as taxas de crescimento populacional e respectiva idade média da população.

Figura 2 - Taxas de crescimento populacional e idade média da população.
Fonte: Mckinsey Global Institute (2016).

Diante desse novo quadro de migração populacional,  as alternativas projetadas  perpassam por novo projeto de cidade denominado de Smart Cities ou Cidades Inteligentes, cujo conceito  básico envolvem projetos integrados nos quais o espaço urbano é encapsulado mediante o uso intensivo de tecnologias de forma integrada e inteligente.

A base central dessas tecnologias está focada no conceito de Internet das Coisas (IoT) que é provida através das tecnologias de comunicação e informação, mediante o uso intensivo de sensores especiais destinados a promover melhorias consideráveis na gestão do espaço urbano e assim desenvolver ações sociais focadas na maximização da qualidade de vida de seus habitantes.

Para o leitor interessado, sugerimos a leitura de artigo deste Blog que trata especificamente da internet das coisas e que poderá ser acessado através do link:


As cidades inteligentes são projetadas e/ou configuradas, levando-se em conta cinco pilares básicos: Meio Ambiente; Mobilidade Urbana; Qualidade de Vida; Economia Criativa e Interação entre Governo e Cidadão, como mostra a figura 3.

Figura 3 – Pilares das Cidades Inteligentes.
Fonte:Elaborada pelo autor.

Esses pilares interconectados envolvem, entre outros enfoques: transporte, energia, educação, cuidados com a saúde, infraestrutura básica, edifícios, sistema de abastecimento e saneamento e tratamento de resíduos, segurança pública etc.

Cabendo destacar que eles devem prover:
  • Uma infraestrutura em rede que permita impulsionar a eficiência política e o desenvolvimento cultural da cidade;
  • Um crescimento urbano, baseado no desenvolvimento urbano e na economia criativa;
  • Um ambiente natural como componente estratégico para o futuro.

O objetivo primordial das denominadas Smart Cities (Cidades Inteligentes) é a melhoria do desempenho urbano através da utilização de dados, tecnologias e tecnologia de informação com objetivo de oferecer aos cidadãos, serviços mais eficientes, monitorando e otimizando a infraestrutura existente, através da colaboração dos diferentes atores econômicos e incentivando a economia inovadora tanto no setor privado quanto no setor público.

Nesse sentido o uso da governança inteligente a qual integra a participação do governo, das empresas e da sociedade, objetiva adequar os serviços públicos às necessidades da população.

É claro que isso não é um trabalho “acabado”, é uma atividade permanente que deve ser realizada com a colaboração de todos.

Aqui vale o registro de uma velha canção:” vem vamos embora que esperar não é fazer, quem sabe faz a hora e não espera acontecer”.

Portanto há muito que fazer para melhorar consideravelmente os espaços urbanos , muito especialmente em face da elevada concentração de pessoa que estarão presentes nas grandes metrópoles.

Brevemente retornaremos ao tema nesse Blog, no qual destacaremos: sistemas e tecnologias destinadas a dar suporte para que os espaços urbanos, gradualmente venham a se transformar em cidades inteligentes!


Mckinsey Global Institute – in Urban world: meeting the demographic challenge – outubre/2016 – disponível em: file:///C:/Users/Jacques/Downloads/Urban-World-Demographic-Challenge-Full-report.pdf - acesso: 20/11/2017.


Albino,V.;  Berardi, U. e Dangelico, R.A. – in Smart Cities: Definitions, Dimensions, Performance and Iniciatives - Journal of Urban Technology, 2015 - Vol. 22, No. 1, 3–21.


sábado, 11 de novembro de 2017

Estradas Brasileiras e o Transporte Rodoviário

ESTRADAS BRASILEIRAS 

A CAÓTICA SITUAÇÃO DO 

TRANSPORTE RODOVIÁRIO


As análises que apresentamos em nossa postagem anterior demostram, de forma inequívoca, que os baixos investimentos em infraestrutura logística são os grandes responsáveis pelos altos custos logísticos e atua comprometendo a produtividade das cadeias logísticas.

Nessa postagem vamos analisar a situação das nossas estradas.

Para começar, tomemos como exemplo os investimentos em infraestrutura na malha rodoviária brasileira, como indicado na tabela I

Tabela I – Investimentos em Infraestrutura Rodoviárias
Fonte: Globo News/CNT_2017

O declino nos investimentos na infraestrutura rodoviária, principal modal da nossa matriz de transporte, representando mais de 60% entre todos os modais, pode ser examinado em duas óticas.

A primeira, em sua extensão 105.814 km que atingiu esse patamar devido a um pequeno acréscimo de 2.555 km (+2,5%) em relação a 2016.

A segunda, quanto as condições das estradas. Segundo pesquisas realizadas pela Confederação Nacional de Transporte de Carga (CNT); neste ano de 2017, 61,8% da extensão das rodovias pesquisadas apresentaram um estado ruim ou péssimo. No ano passado, esse percentual era de 58,2%.

Não é sem razão que o presidente da CNT destaca: “A queda na qualidade das rodovias brasileiras tem relação direta com um histórico de baixos investimentos em infraestrutura rodoviária e com a crise econômica dos últimos anos ”.

No quesito sinalização, um item importantíssimo de segurança rodoviária, esse foi o aspecto que apresentou o pior desempenho ! Enquanto que em 2016, o percentual de extensão das rodovias com sinalização adequada (ótimo ou boa) atingiu 48,3%, neste ano de 2017 esse percentual cai para 40,8%.

O resultado dessa baixa qualidade na segurança rodoviária pode ser retratado pelas estatísticas de acidentes. No ano de 2016 ocorreram 20.994 acidentes graves em rodovias federais, cujo resultado envolveu 21.439 feridos graves e 6.405 mortos em decorrência desses acidentes.

Figura 2 – Situação das estradas brasileiras.
Fonte: Pesquisa CNT (2017)

Os estudos elaborados pela CNT indicam que são necessários R$ 293,88 bilhões (US$ 90 bilhões) de investimentos em infraestrutura rodoviária, com objetivo de adequá-la à dinâmica logística do setor.

Para reparar as rodovias que se encontram em estado precário, apresentando trincas, desgastes, afundamentos, ondulações e trechos destruídos serão necessários investimentos da ordem de R$ 51,5 bilhões (US$ 15,6 bilhões) destinados à recompor trechos rodoviários que representam 82,959 km de extensão!

Outro aspecto bastante relevante, analisado comparativamente à outros países, envolve a denominada densidade da malha rodoviária que se encontra pavimentada, mensurável em quilometro de estrada em função da área.

Figura 3 - Densidade da malha rodoviária pavimentada (Km / Km2).
Fonte: Pesquisa CNT (2017).

Percebe-se, através de um simples exame da Figura 3, que o Brasil se apresenta em condições extremamente desfavorável nesse item e comparativamente aos demais países, fica abaixo da Argentina, Canadá, Uruguai, México entre tantos outros.

Com base nos dados do Sistema Nacional de Viação - SNV, examinando- se a situação das rodovias brasileiras sob a ótica de rodovias pavimentadas versus  não pavimentadas, podemos concluir que a extensão das vias pavimentadas atingem 212.866 km de rodovias pavimentadas, enquanto que, em contraste, encontramos 1.365.426 km de rodovias não pavimentadas !

Uma visão mais ampliada da situação das rodovias brasileiras poderá se examinada através da Figura 4, que apresenta a composição dessas rodovias levando em conta a classificação de pavimentadas, não pavimentadas e planejadas, bem como sua posição em termos de estradas federais, estaduais etc.

Figura 4 – Classificação das Rodovias
Fonte: Pesquisa CNT (2017).

O resultado da pesquisa da Confederação Nacional de Transporte de Carga (CNT) demonstra de forma contundente que a baixa densidade (Km/Km2) das rodovias e situação precária de grande parte da malha viária, acabam por comprometer o desempenho da nossa economia e colocar em situação de risco os usuários desse modal.

O volumoso aporte de recursos destinados a promover melhorias significativas de forma a produzir a oferta de uma infraestrutura rodoviária adequada às necessidades do País atinge, segundo estimativas do Plano CNT de Transporte e Logística, R$ 293,88 (US$ 90 bilhões), o que retrata a inviabilidade da oferta desses investimentos pelo poder público.

A conclusão óbvia e emergente é o poder público estimular a iniciativa privada para adentrar nessa empreitada, apresentando-lhes condições econômicas e financeiras que viabilizem os empreendimentos e fortalecendo a segurança jurídicas dos investidores.

Fontes:

CNT – Pesquisa CNT de Rodovias 2017 – disponível em http://cms.cnt.org.br/Imagens%20CNT/PDFs%20CNT/Not%C3%ADcias/resumo_principais_dados_pesquisa_cnt_2017.pdf - acesso: 08/11/2017.

CNT – Relatório CNT – Rodovias 2017 –

Borges, A. – in Condições das estradas piora nos últimos anos – Estadão – 08/11/2017 - disponível em http://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20171108/textview - acesso: 08/11/2017

Turteli, C. in A logística não segue o agronegócio – Estadão – 08/11/2017 – disponível em http://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20171108/textview - acesso: 08/11/2017.

Portal Defesa e Segurança – Governo Federal – disponível em http://www.brasil.gov.br/defesa-e-seguranca/2017/02/mortes-em-rodovias-federais-cairam-6-8-em-2016 - acesso: 11/11/2017.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Infraestrutura Logística - O descaso brasileiro

INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA -
O DESCASO BRASILEIRO


Com baixos investimentos em infraestrutura logística, o Brasil agoniza num descompasso para o seu crescimento.

Segundo estudos apresentados pelo Economista Raul Velloso (2017) no Fórum sobre a Infraestrutura Brasileira, os investimentos em infraestrutura deveriam oscilar em torno de 5% do nosso PIB.

Infelizmente, não podemos tratar da logística em termos de sua infraestrutura básica, sem tocarmos nas políticas e seus vieses destinados a fazer o nosso País sair do eterno atoleiro!

O descaso se une a má gestão dos recursos públicos, tendo como exemplo emblemático os denominados PAC´s - Programas de Aceleração do Crescimento, cuja sigla, em algumas situações, deveria significar: Programa de Aceleração da Corrupção que, desavergonhamente, tomou conta dos programas governamentais!

Em verdade, esses programas acabaram produzindo alguns “projetos” cujo objetivo principal era acharcar os cofres públicos. Constatação essa que o leitor poderá confirmar, bastado escoar numa breve leitura, os principais periódicos de circulação nacional, especialmente quando tratam das denominadas operações: “Mensalão”, “Petrolão” e atualmente, operação “Lavajato” e seus desdobramentos!

É lamentável constatar obras inacabadas, linhas férreas que não levam a lugar nenhum, parques de geração sem a complementação de linhas de transmissão para que a energia gerada chegasse ao seu destino e tantos outros descasos que resultaram em custos desnecessários que inviabilizam projetos produtivos!

De um lado, esses custos reduzem a nossa competitividade no mercado internacional; de outro acabam entregando, no mercado interno, produtos e serviços à custos exorbitantes em face dos altos custos logísticos das nossas malhas modais.

No âmbito do agrobusiness, por exemplo, em recente declaração, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou que o Brasil terá, neste ano de 2017, uma safra recorde de grão e lamentava que a mesma: “estava indo para o ralo”.

De acordo com dados divulgados pela Federação da Agricultura no Rio Grande do Sul (Farsul), o Brasil perde todos os anos, devido às condições logísticas inadequadas, R$ 9,05 bilhões (cerca de US$ 2,8 bilhões); prejuízo esse que vem aumentando a uma taxa de 6% ao ano.

Em recente seminário realizado pela FGV/EPGE – Modernização da Infraestrutura Brasileira, Lundell (2017) representante do Banco Mundial, apresentou um quadro comparativo sobre os investimentos em infraestrutura de diversos países comparando-os percentualmente aos respectivos PIB, cujo resultado dessa análise está retratado na figura 2.




Figura 2 – Investimentos em infraestrutura – relação com o PIB.
Fonte: Adaptado de Lunbell in Relatório do Banco Mundial – 2017.

Tomando-se a base relacional elaborada pelos estudos de Velloso, podemos imediatamente concluir que temos uma defasagem estrutural dos investimentos em infraestrutura oscilando entorno de 2,82 % do PIB, ou seja, a diferença entre a proposição de Veloso (5%) e o valores apurados pelo Banco Mundial (2,68%).

Outro aspecto bastante importante, decorre do estoque de capital em infraestrutura, em relação ao PIB brasileiro, como mostra a figura 4.




Figura 3 – Estoque de Capital em Infraestrutura - % do PIB
Fonte: Fischtak e Mourão in Seminário MIB/FGV/EPGE – 2017.

No espectro do tema citado, Fischtak & Mourão (2017) destacam três períodos, para análise dos investimentos em infraestrutura: expansão acelerada (1970 – 1983), estagnação (1983–1990) e retração (1990 – 2016).

Para corrigir os hiatos em infraestrutura existentes, estudos dos citados pesquisadores indicam que o Brasil precisará dobrar os investimentos para modernizar a nossa infraestrutura nos próximos vinte anos, como mostra a figura 4.


Figura 4 – Hiato dos investimentos em Infraestrutura como % do PIB.
Fonte: Adaptado de Fischtak e Mourão (op. cit - 2017).

Numa análise complementar, tomando como base os dados elaborados por Lundell - Banco Mundial (2017), o quadro da figura 3 apresenta os ganhos potenciais em relação ao PIB, quando gargalos das mais diversas matizes são desbloqueado e as estratégicas de melhorias que deverão ser implementadas para mitigar os gargalos existentes.
Figura 3 – Ganhos Potenciais / Gargalos existentes
Fonte: Adaptado de Lunbell in Banco Mundial – MIB/2017 – FGV/EPGE.

Sem uma infraestrutura logística adequada, continuaremos patinando e sem condições de aumentar a competitividade

As nossas exportações, por exemplo, são alavancadas, em grande medida, pela venda de petróleo bruto, minério de ferro, soja e produtos industrializados, especialmente veículos e produtos siderúrgicos. 

Dados divulgados pelo Banco Central informam que até meados deste ano de 2017, o volume das exportações atingiu o patamar de US$177,52 Bilhões. Nesse total encontram-se US$ 78,33 bilhões relativos as exportações de minérios e produtos da agropecuária. Com uma boa infraestrutura logística poderíamos chegar muito mais longe!

Para buscar o equacionamento desses gargalos que remontam de longa data, é indispensável repensar soluções e, nesse âmbito, é necessário acelerar os programas de privatização e concessões de rodovias, aeroportos, portos, ferrovias, o que resultará em um considerável aumento da eficiência operacional da nossa infraestrutura, além de contribuir significativamente para alavancar a abertura de novos postos de trabalho numa economia que possui hoje um número recorde de 14 milhões de desempregados!

Fontes:
PIB Brasileiro – disponível em https://br.advfn.com/indicadores/pib/brasil/2016.

FGB/EPGE – Seminário de Modernização da Infraestrutura Brasileira – disponível em http://epge.fgv.br/conferencias/modernizacao-da-infraestrutura-brasileira-2017/ - acesso: 28/10/2017.

Lundell, M.R in De volta ao Planejamento – Como preencher a lacuna de infraestrutura no Brasil em tempo de austeridade – Banco Mundial – Relatório Relatório N.º 117392- BR Seminário – Modernização da Infraetrutura Brasileira - FGV/EPGE – 2017.

Fischtak, C e Mourão, J. in  Uma estimativa do estoque de capital de infraestrutura no Brasil– in Seminário MIB/FGV/EPGE – 2017 –Painel de Debates no Seminário – Modernização da Infraetrutura Brasileira - FGV/EPGE – 2017 -  Inter. B Consultoria – agosto/2017.

Fischtak, C; Mourão, J e Noronha, J – in Oportunidades para a privatização da infraestrutura ´o que fazer e como fazer – Relatório CNI – disponível em http://epge.fgv.br/conferencias/modernizacao-da-infraestrutura-brasileira-2017/files/estudo-cni-privatizacao-da-infraestrutura.pdf.

Raiser, M ; Clarke, R.; Procee, P.; Brinceño-Garmendia, C.; Kikoni.E.; Kizito, J.; Viñuela, L. in Back to Planning: How to Close Brazil’s Infrastructure - Gap in Times of Austerity – July (2017)– Report N ° 117392-BR– World Bank Group.

Velloso, R. – in Crise da Infraestrutura - Fórum Nacional– maio 2017 – disponível em : http://www.inae.org.br/historico/xxix-forum-nacional-maio-2017/ - acesso: 20/10/2017.

Coulussi, J. – in Transporte deficiente de grãos causa perda anual estimada em R$ 9 bilhões ao Brasil – disponível em https://gauchazh.clicrbs.com.br/economia/campo-e-lavoura/noticia/2014/03/transporte-deficiente-de-graos-causa-perda-anual-estimada-em-r-9-bilhoes-ao-brasil-4445535.html - acesso: 26/10/2018.

Estadão – A exportação como motor – Estadão – 31/10/2017 – Ano 138 – N° 45.304.





quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Automação do Varejo.

AUTOMAÇÃO DO VAREJO


A automação do varejo significa transformar seus processos em sistemas que operem de forma integrada, buscando eficiência, agilidade, produtividade e melhorias nos serviços destinados a atender aos clientes.

Um exemplo da evolução da automação do varejo pode ser verificado nos sistemas bancários, muito especialmente àqueles destinados a atender ao público em geral.

A avassaladora automação do varejo bancário foi impulsionada, em grande medida, pelas altas taxas de inflação cujo fantasma rondava o Brasil nos anos anteriores a 1990, quanto ocorreu a primeira tentativa de debelar esse monstro faminto!

Se de um lado, essa automação trouxe grandes benefícios, tornando os processos mais céleres, simplificando rotinas e produzindo uma interatividade mais amigável e fácil de ser operada pelos clientes; de outro, ela resultou numa preocupante redução da força de trabalho!

Um exemplo bem impactante pode ser pinçado do próprio setor bancário que acabou ceifando no Brasil mais de 160.000 postos de trabalho nos últimos anos e esse processo tende a aumentar. 

Para o leitor interessado, sugiro a leitura do meu artigo, postado nesse blog, que leva o título de: “O Futuro do Trabalho”, cujo link é:


Em verdade, a automação do varejo teve como protagonista primordial, a introdução do código de barra nas operações em geral.

Tudo começou lá pelos idos de 1952 quando Joseph Woodland e Bernard Silver desenvolveram os primeiros modelos que consistia em um padrão de circunferências concêntricas cuja espessura era variável.

Posteriormente, em 1969, a cadeia de supermercados americana Kroger Company, após algumas reuniões realizadas pela Associação Nacional de cadeias de alimentos do Estados Unidos, se ofereceu para testar essa novidade tecnológica.

Só a título de curiosidade, a Kroger Co. (Kroger) fabrica e processa alimentos para venda em seus supermercados; operando uma rede de supermercados (4.000 a partir de janeiro/2017), lojas de vários departamentos, joalherias e lojas de conveniência em todo os Estados Unidos e é a maior rede de supermercados dos Estados Unidos por receita (US $ 115,34 bilhões no ano fiscal de 2016).

Embora a tecnologia do código de barras já se encontre disponível à bastante tempo, seus efeitos mais significativos passaram a produzir excelentes resultados quando a tecnologia destinada a impressão e leitura desses códigos foram consideravelmente melhoradas.

Figura 2 – Modelos de Código de Barra e equipamento de leitura.

Em sua maioria, a rejeição do código no processo de leitura pelo scanner (equipamento leitor desse código – figura 2) deve-se a precariedade de posicionamento do código de barras no produto ou mesmo o seu desgaste produzido pela manipulação e/ou armazenagem inadequada do produto.

Outra tecnologia que também vem ganhando força apesar de seu custo ser mais elevado que o sistema de código de barras são as denominadas etiquetas eletrônicas, também conhecidas como @tags.

Essas apresentam vantagens consideráveis, dado que sua tecnologia espelha-se na utilização de um sistema RFID (Identificação por rádio frequência) o que permite a leitura dos dados sem a necessidade de um equipamento diretamente focado o produto, além das facilidades adicionais de rastreabilidade.

Figura 3 – Configuração e aplicações das etiquetas eletrônicas (@tags).

A sofisticação da tecnologia das @tags e RFID (figura 3) vão muito além: permite a inserção de dados ao longo do processo do produto, abre a possibilidade das etiquetas interagirem, facilita a elaboração de inventários físicos – bastando para isso a existência de um leitor de RFID para rapidamente fazer esse inventário etc.

Essa evolução, em continua aceleração, segundo relatório elaborado pela Zebra Technologies, indica que 72% dos varejistas planejam redesenhar suas redes de suprimentos em tempo real através da automação, uso de sensores e Big Data – para os interessados sugiro leitura neste blog do tema: “A revolução do Big Data” cujo link é:


Embora o e-commerce venha transformando o mercado do varejo, de acordo com o US Census Bereau, 92% das vendas no varejo ainda são geradas em lojas físicas e por conta disso, os varejistas estão trabalhando para transformar a experiência dos clientes mediante o uso massivo da digitalização e, em função disso, criou-se um novo neologismo denominado “phydital”, uma mistura de physical - digital.

A aposta nessas novas tecnologias está permitindo um maior foco nos clientes visto que ela permite dar um toque mais humano nas relações de consumo e, muito especialmente em função da disponibilidade, em tempo real, de se examinar a posição dos estoques dos produtos, tanto nas lojas quanto nos depósitos.

 A sofisticação dessas tecnologias não para por ai! Os varejistas mais arrojados apostam em mudanças consideráveis, buscando cada vez mais a personalização da experiência de compras com o uso generalizado da IoT (Internet das Coisas), utilização de sensores especiais localizados nas gondolas e mesmo uso de câmeras, análise de vídeos e uso da denominada realidade aumentada. Tudo para transformar a experiência do cliente em uma experiência única. Além, é obvio, de fornecer uma base de dados considerável sobre o comportamento dos clientes, tráfego das lojas, tempos gastos nas suas incursões, como por exemplo: no provador, demora no atendimento etc.

Para o leitor interessado, sugerimos leitura do artigo: “Como a internet das coisas, a automação e a robótica estão revolucionando a logística” ;  acessível através do link: 


Como também do nosso artigo que leva o título de: “Como a inteligência artificial está revolucionando o varejo” acessível através do link:


Aliados a tudo isso também devemos considerar que a revolução do varejo passa por uma experiência adaptativa no sentido da ampliação dos canais de vendas, através de cenários que levam em conta a possibilidade crescente de o cliente realizar suas compras no varejo tradicional, online e através de dispositivos móveis.

Para essa estratégia é indispensável adotar tecnologias que permitam aumentar a visibilidade dos produtos tanto nas lojas quanto nos depósitos e em toda a rede de abastecimento, permitindo assim que os clientes possam, até mesmo através de dispositivos móveis, como o smartphones, navegar através delas na busca de produtos e seus respectivos preços.

Nesse sentido, sugerimos ao leitor interessado a leitura do nosso artigo, disponibilizado nesse blog que leva o título: “Os desafios logísticos no Omni-canal”, disponível através do link abaixo:

http://professorgoncalves.blogspot.com.br/2016/05/os-desafios-logisticos-no-omni-canal.html

E evidente que o varejo vem sofrendo uma verdadeira revolução e todos os varejistas, sem exceção, deverão estar bastantes antenados para as tecnologias que vem sendo oferecidas para incrementar vendas e melhorar significativamente a performance de seu estabelecimento comercial, seja ele físico ou virtual.

Com toda essa tecnologia, excetuando-se a possibilidade futura de a nanotecnologia fazer “surgir” o produto escolhido no ambiente físico do cliente – previsto entre os diversos cenários elaborados pela DHL para 2050 –  o produto precisa chegar até o cliente e nesse sentido, diversos serviços de entrega vem sendo implementados tais como: entrega no local de trabalho do cliente, na sua residência, no local em que se encontra etc.

O certo é que essas miríades de tecnologias estão revolucionando a automação do varejo muito além da simples adoção de um código de barras e um scanner de leitura!

Portanto, segue um conselho baseado em uma velha piada que conta o dilema de dois executivos que se encontravam em uma ilha deserta na qual existia um tigre feroz. Enquanto um dos executivos calçava um tênis, o outro, as gargalhadas, perguntava-lhe: “Você acha que vai correr mais do que o tigre?” e o executivo que calçava o tênis respondeu: “Claro que não! Mas seguramente serei mais rápido do que você”!

O tigre está por ai! Está na hora de um alerta geral!

Fonte:
Gonçalves, P. S. – Administração de Materiais – 5ª. Edição - Editora Elsevier – 2016.
Goncalves, P.S. – Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole (2013)
Zebra Technologies in Redefinindo o Varejo – Estudo sobre a indústria do varejo – 2017.
US Census Bureau - https://www.census.gov/retail/index.html - acesso: 25/10/2017.

DHL - Delivering Tomorrow - Logistic 2050 - A Scenario Study - disponível em : http://www.dhl.com/content/dam/Local_Images/g0/aboutus/SpecialInterest/Logistics2050/szenario_study_logistics_2050.pdf - acesso: 20/10/217.

Nota: Essa postagem é dedicada ao meu pai.