quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Automação do Varejo.

AUTOMAÇÃO DO VAREJO


A automação do varejo significa transformar seus processos em sistemas que operem de forma integrada, buscando eficiência, agilidade, produtividade e melhorias nos serviços destinados a atender aos clientes.

Um exemplo da evolução da automação do varejo pode ser verificado nos sistemas bancários, muito especialmente àqueles destinados a atender ao público em geral.

A avassaladora automação do varejo bancário foi impulsionada, em grande medida, pelas altas taxas de inflação cujo fantasma rondava o Brasil nos anos anteriores a 1990, quanto ocorreu a primeira tentativa de debelar esse monstro faminto!

Se de um lado, essa automação trouxe grandes benefícios, tornando os processos mais céleres, simplificando rotinas e produzindo uma interatividade mais amigável e fácil de ser operada pelos clientes; de outro, ela resultou numa preocupante redução da força de trabalho!

Um exemplo bem impactante pode ser pinçado do próprio setor bancário que acabou ceifando no Brasil mais de 160.000 postos de trabalho nos últimos anos e esse processo tende a aumentar. 

Para o leitor interessado, sugiro a leitura do meu artigo, postado nesse blog, que leva o título de: “O Futuro do Trabalho”, cujo link é:


Em verdade, a automação do varejo teve como protagonista primordial, a introdução do código de barra nas operações em geral.

Tudo começou lá pelos idos de 1952 quando Joseph Woodland e Bernard Silver desenvolveram os primeiros modelos que consistia em um padrão de circunferências concêntricas cuja espessura era variável.

Posteriormente, em 1969, a cadeia de supermercados americana Kroger Company, após algumas reuniões realizadas pela Associação Nacional de cadeias de alimentos do Estados Unidos, se ofereceu para testar essa novidade tecnológica.

Só a título de curiosidade, a Kroger Co. (Kroger) fabrica e processa alimentos para venda em seus supermercados; operando uma rede de supermercados (4.000 a partir de janeiro/2017), lojas de vários departamentos, joalherias e lojas de conveniência em todo os Estados Unidos e é a maior rede de supermercados dos Estados Unidos por receita (US $ 115,34 bilhões no ano fiscal de 2016).

Embora a tecnologia do código de barras já se encontre disponível à bastante tempo, seus efeitos mais significativos passaram a produzir excelentes resultados quando a tecnologia destinada a impressão e leitura desses códigos foram consideravelmente melhoradas.

Figura 2 – Modelos de Código de Barra e equipamento de leitura.

Em sua maioria, a rejeição do código no processo de leitura pelo scanner (equipamento leitor desse código – figura 2) deve-se a precariedade de posicionamento do código de barras no produto ou mesmo o seu desgaste produzido pela manipulação e/ou armazenagem inadequada do produto.

Outra tecnologia que também vem ganhando força apesar de seu custo ser mais elevado que o sistema de código de barras são as denominadas etiquetas eletrônicas, também conhecidas como @tags.

Essas apresentam vantagens consideráveis, dado que sua tecnologia espelha-se na utilização de um sistema RFID (Identificação por rádio frequência) o que permite a leitura dos dados sem a necessidade de um equipamento diretamente focado o produto, além das facilidades adicionais de rastreabilidade.

Figura 3 – Configuração e aplicações das etiquetas eletrônicas (@tags).

A sofisticação da tecnologia das @tags e RFID (figura 3) vão muito além: permite a inserção de dados ao longo do processo do produto, abre a possibilidade das etiquetas interagirem, facilita a elaboração de inventários físicos – bastando para isso a existência de um leitor de RFID para rapidamente fazer esse inventário etc.

Essa evolução, em continua aceleração, segundo relatório elaborado pela Zebra Technologies, indica que 72% dos varejistas planejam redesenhar suas redes de suprimentos em tempo real através da automação, uso de sensores e Big Data – para os interessados sugiro leitura neste blog do tema: “A revolução do Big Data” cujo link é:


Embora o e-commerce venha transformando o mercado do varejo, de acordo com o US Census Bereau, 92% das vendas no varejo ainda são geradas em lojas físicas e por conta disso, os varejistas estão trabalhando para transformar a experiência dos clientes mediante o uso massivo da digitalização e, em função disso, criou-se um novo neologismo denominado “phydital”, uma mistura de physical - digital.

A aposta nessas novas tecnologias está permitindo um maior foco nos clientes visto que ela permite dar um toque mais humano nas relações de consumo e, muito especialmente em função da disponibilidade, em tempo real, de se examinar a posição dos estoques dos produtos, tanto nas lojas quanto nos depósitos.

 A sofisticação dessas tecnologias não para por ai! Os varejistas mais arrojados apostam em mudanças consideráveis, buscando cada vez mais a personalização da experiência de compras com o uso generalizado da IoT (Internet das Coisas), utilização de sensores especiais localizados nas gondolas e mesmo uso de câmeras, análise de vídeos e uso da denominada realidade aumentada. Tudo para transformar a experiência do cliente em uma experiência única. Além, é obvio, de fornecer uma base de dados considerável sobre o comportamento dos clientes, tráfego das lojas, tempos gastos nas suas incursões, como por exemplo: no provador, demora no atendimento etc.

Para o leitor interessado, sugerimos leitura do artigo: “Como a internet das coisas, a automação e a robótica estão revolucionando a logística” ;  acessível através do link: 


Como também do nosso artigo que leva o título de: “Como a inteligência artificial está revolucionando o varejo” acessível através do link:


Aliados a tudo isso também devemos considerar que a revolução do varejo passa por uma experiência adaptativa no sentido da ampliação dos canais de vendas, através de cenários que levam em conta a possibilidade crescente de o cliente realizar suas compras no varejo tradicional, online e através de dispositivos móveis.

Para essa estratégia é indispensável adotar tecnologias que permitam aumentar a visibilidade dos produtos tanto nas lojas quanto nos depósitos e em toda a rede de abastecimento, permitindo assim que os clientes possam, até mesmo através de dispositivos móveis, como o smartphones, navegar através delas na busca de produtos e seus respectivos preços.

Nesse sentido, sugerimos ao leitor interessado a leitura do nosso artigo, disponibilizado nesse blog que leva o título: “Os desafios logísticos no Omni-canal”, disponível através do link abaixo:

http://professorgoncalves.blogspot.com.br/2016/05/os-desafios-logisticos-no-omni-canal.html

E evidente que o varejo vem sofrendo uma verdadeira revolução e todos os varejistas, sem exceção, deverão estar bastantes antenados para as tecnologias que vem sendo oferecidas para incrementar vendas e melhorar significativamente a performance de seu estabelecimento comercial, seja ele físico ou virtual.

Com toda essa tecnologia, excetuando-se a possibilidade futura de a nanotecnologia fazer “surgir” o produto escolhido no ambiente físico do cliente – previsto entre os diversos cenários elaborados pela DHL para 2050 –  o produto precisa chegar até o cliente e nesse sentido, diversos serviços de entrega vem sendo implementados tais como: entrega no local de trabalho do cliente, na sua residência, no local em que se encontra etc.

O certo é que essas miríades de tecnologias estão revolucionando a automação do varejo muito além da simples adoção de um código de barras e um scanner de leitura!

Portanto, segue um conselho baseado em uma velha piada que conta o dilema de dois executivos que se encontravam em uma ilha deserta na qual existia um tigre feroz. Enquanto um dos executivos calçava um tênis, o outro, as gargalhadas, perguntava-lhe: “Você acha que vai correr mais do que o tigre?” e o executivo que calçava o tênis respondeu: “Claro que não! Mas seguramente serei mais rápido do que você”!

O tigre está por ai! Está na hora de um alerta geral!

Fonte:
Gonçalves, P. S. – Administração de Materiais – 5ª. Edição - Editora Elsevier – 2016.
Goncalves, P.S. – Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole (2013)
Zebra Technologies in Redefinindo o Varejo – Estudo sobre a indústria do varejo – 2017.
US Census Bureau - https://www.census.gov/retail/index.html - acesso: 25/10/2017.

DHL - Delivering Tomorrow - Logistic 2050 - A Scenario Study - disponível em : http://www.dhl.com/content/dam/Local_Images/g0/aboutus/SpecialInterest/Logistics2050/szenario_study_logistics_2050.pdf - acesso: 20/10/217.

Nota: Essa postagem é dedicada ao meu pai.


terça-feira, 17 de outubro de 2017

Por um varejo enxuto

Por um varejo enxuto



As vendas no varejo nos EUA atingiram US $ 3.375 trilhões em 2016 - um salto de 3,9% em comparação com US $ 3,247 trilhões em 2015. Isso sugere que as vendas de comércio eletrônico representaram 11,7% do total de vendas relativas ao ano de 2016.

As vendas na web atingiram US $ 394,86 bilhões no ano passado, representando um aumento de 15,6% em comparação com US $ 341,70 bilhões em 2015. Essa é a maior taxa de crescimento desde 2013, quando as vendas online cresceram 16,5% em relação a 2012, isso é claro nos EUA.

No Brasil, segundo dados divulgados pelo EBit (relatório WebShoppers_35), o comércio eletrônico fechou o ano de 2016 com um faturamento de R$ 44,4 bilhões, representado um crescimento de 7,5% em relação ao ano de 2015 que registrou um faturamento de R$ 41,3 bilhões,

A explosão do comércio eletrônico que, em certa medida, impactou o comércio varejista tradicional de lojas físicas, acaba levando a necessidade imperiosa de tornar seus processos mais enxutos, dentro de um compromisso com a eficiência, qualidade dos serviços e redução de custos.

Na medida em que as compras via internet começam a se tornar um padrão viável para os consumidores, cada vez mais as empresas passam as explorar as aplicações da inteligência artificial (AI), tanto para melhorar a competitividade como objetivando fidelizar os seus clientes.

Por exemplo, a título de curiosidade, o uso dos denominados “Chatbots” ou assistentes de AI são capazes de atender aos requisitos dos clientes através de respostas por comando de voz e mesmo chegam a recomendar produtos através de uma linguagem natural. 

O modelo mais comum que conhecemos são as sugestões de compras que aparecem em nossos monitores todas as vezes que utilizamos os mecanismos de buscas na internet.

Um dos grandes problemas enfrentados pelos varejistas decorre das margens apertadas que é um ponto crítico para que seja mantida uma adequada competitividade, não esquecendo, é claro, de oferecer um excelente serviço ao cliente.

Embora tal propósito venha de encontro a um verdadeiro desafio, é inevitável essa mudança para que o varejista se torne competitivo diante de uma concorrência cada vez mais acirrada e agressiva.

Algumas medidas básicas devem ser observadas, entre elas podemos destacar: de um lado, considerando a concorrência com a internet (e-commerce) é indispensável que o varejista opere mudanças no seu negócio, transformando-o em um espaço que venha a cativar o consumidor e que esse tenha prazer em estar nele. 

De outro lado, os consumidores não querem mais serem tratados com um mero número ou composição estatística de uma base de dados, eles querem ser tratados como pessoas e nesse aspecto, é indispensável as exigência quanto a contratação de pessoal com perfil adequado para o atendimento no varejo.

Considerando-se um repertório de medidas a serem adotadas para atender aos objetivos explicitados nos parágrafos anteriores, é indispensável que o varejista, na gestão de seu negócio, promova melhorias e aumente a sua competitividade, através de um elenco de programas tais como:
  • Eficiência os processos internos;
  • Redução dos custos de má qualidade;
  • Melhoria nos ciclos dos processos e eliminação de falhas;
  • Melhorias dos níveis de serviços prestados as clientes.
O exame dos pontos elencados, leva-nos a uma comparação com os processos industriais e, por via de consequência, resulta de certa maneira em trazer para o varejo a mesma metodologia disponível e aplicada à indústria, com as devidas adaptações.

Nesse sentido, a metodologia denominada de Seis Sigma é o ponto chave que permitirá ao varejista identificar e mesmo eliminar custos que efetivamente não agreguem valor para seus clientes, promova melhorias em seus processos com resultados no aumento a sua competitividade.

Os projetos de Seis Sigma são focados em uma estratégia denominada de DMAIC que é uma sigla resultante de Definir, Mensurar, Analisar, Incrementar e Controlar, como mostra a figura 2.

Figura 2 – Seis Sigma – Estratégia  DMAIC.

Afinal de contas, de que trata a metodologia Seis Sigma?

De uma forma bem objetiva, poderemos definir essa metodologia como um conjunto de práticas que tiveram início na empresa Motorola que tinha como objetivo sistemático, através de melhorias em seus processos, eliminar defeitos resultantes da conformidade de um produto ou de um serviço com as suas especificações. 

O Seis Sigma é também considerado uma estratégia gerencial destinada a realizar mudanças nas organizações, que resultem em melhorias nos processos, produtos e serviços, tendo como foco a satisfação dos clientes.

Assim, fazer mudanças criando processos internos mais eficientes e que resultem em redução de custos das operações, melhorando significativamente a qualidade e os serviços prestados aos clientes, é essencial para sobreviver nesse mundo altamente competitivo.

Fontes:
Gonçalves, P.S. – in Como a inteligência artificial está revolucionando o varejo – disponível em: http://professorgoncalves.blogspot.com.br/2017/08/como-inteligencia-artificial-esta.html – acesso: 10/10/2017

Santos, V. M. – in Como o Lean Sigma poderia melhorar o Varejo? – disponível em http://www.fm2s.com.br – acesso: 10/10/2017.

DETEC – Departamento Municipal de Desenvolvimento Econômico/SP – in Como o Seis Sigma pode ajudar sua empresa a alcançar a excelência – disponível em http://www.americobrasiliense.sp.gov.br/detec/uncategorized/como-o-seis-sigma-pode-ajudar-sua-empresa-a-alcancar-a-excelencia – acesso: 10/10/2017.

Melo, L. – in O que esperar do varejo brasileiro em 2017 – disponível em https://exame.abril.com.br/negocios/o-que-esperar-do-varejo-em-2017/# - acesso: 10/10/2017.

Zaraban, E. in US e-commerce sales grow 15.6% in 2016  – disponível em: https://www.digitalcommerce360.com/2017/02/17/us-e-commerce-sales-grow-156-2016/ - Acesso: 17/10/2017.

Sennar, K – in Artificial Intelligence in e-commerce – Comparing the top 5 largest – disponível em: https://techemergence.com/artificial-intelligence-in-ecommerce-amaozn-alibaba-jd-com/ - acesso: 10/10/2017.