quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Smart Cities - Tecnologias Inteligentes.

SMART CITIES II
TECNOLOGIAS INTELIGENTES

Como mencionamos na postagem anterior – Smart Cities 23/11/2017) - em 2030 segundo a ONU teremos 8,6 bilhões de habitantes no nosso planeta.

Dois aspectos importantes devem ser considerados: de um lado, hoje, 54% da população mundial vive em grandes cidades e as projeções mais otimista indicam que esse percentual deverá elevar-se para 65% nos próximo 40 anos. De outro lado, segundo estimativas da NLC (National Lague of Cities – 2016), 80% do Produto Interno Bruto mundial é originário das cidades, aliado ao fato de que 70% das cidades são responsáveis pela emissão global de dióxido de carbono (GPC – 2014).

É fato incontestável que as áreas urbanas das grandes cidades apresentarão grandes desafios e oportunidades. 

Essas cidades irão operar de forma significativamente diferente, tanto em termos de tecnologias aplicadas, quanto nos seus aspectos econômicos, sociais, culturais e ecológicos.

Diante desse quadro, melhorias significativas nos espaços urbanos deverão ser implementadas, em contraponto à problemas gerados pelo aumento da poluição, demanda por energia, insegurança, baixa governança, equacionamento dos problemas financeiros e orçamentários e, mais recentemente o impacto das migrações que se lastra por tôdas as cidades do mundo. 

Todos esses vetores precisam ser ajustados objetivando dar suporte necessário para que as metrópoles se tornem espaço viáveis tanto do ponto de vista da mobilidade urbana, políticas públicas e significativo aumento da qualidade de vida de seus habitantes.

A preocupação se desenvolve em várias frentes. Para as grandes metrópoles, o planejamento deverá acontecer levando em conta suas características próprias que em muitos casos, apresentam grandes desafios técnicos e operacionais para a realização de mudança significativas nos espaços urbanos objetivando melhorar, por exemplo, o grau de mobilidade e redução da poluição ambiental.

Uma cidade inteligente emprega a denominada tecnologia de ponta (high-end) envolvendo elevado suporte da tecnologia da informação e uma rede de sensores, câmeras, dispositivos wireless e data centers, objetivando à prestação de forma integrada de serviços destinados à dar suporte aos cidadãos, a comunidade e ao governo na gestão do abastecimento de água, saneamento e tratamento de resíduos, reciclagem, gerenciamento do tráfego urbano, monitoramento e controle dos sistemas de transporte, mobilidade urbana etc., em tempo real.

Envolvidos nesse leque gerencial integrado, em um conceito amplo de gestão e prestação de serviços, encontram-se em outros:
  • E-governance and citizen services;
  • Smart energy management;
  • Smart water management;
  • Smart waste management;
  • Urban mobility;
  • Smart communication;
  • Smart environment;
  • Smart spaces;
  • Smart surveillance;
  • Smart healthcare;
  • Smart education;
  • Recreation: arts, sport and entertainment.


A figura 2 apresenta, de forma resumida, essa integração para o gerenciamento e controle que é efetivada através do suporte da Internet das Coisas (IoT), como mencionado na postagem anterior.



Figura 2 – Integração dos sistemas e sensores via IoT.
Fonte: Autor com captura de imagens de NCL (2015) e PwC (2014).

Um dos grandes projetos nesse processo abrangente e sistêmico de cidades inteligentes, encontra-se na Índia que pretende criar 100 cidades inteligentes em seus territórios, objetivando transformar o país em uma poderosa economia digital!

Os investimentos previstos, baseados no Market Study on Future Smarts Cities in India-2015, são da ordem de US$1,0 Trilhões.

Empresas como a IBM, Cisco, 3 M, EMC , Ge, Honewell e tantas outras mostraram grande interesse em participar desse empreendimento.

Um dos projetos estruturados com esse objetivo é o mega empreendimento de Dholera, cidade industrial no Golfo de Khambat, cujo operação está prevista para 2023 e envolve investimentos da ordem de US$2,73 bilhões em infraestrutura. 

O mapa locacional pode ser visualizado na figura 3.


Figura 3 - Dholera – Índia.
Fonte: Google Maps - 2017.

O leitor interessado poderá visualizar a magnitude desse projeto através do link abaixo:


Para esse projeto, a Cisco criou um plano integrado de informações e comunicação de tal envergadura que a cidade terá um controle central para gerenciar toda a sua infraestrutura, perpassando pelo sistema de abastecimento de água, infraestrutura de transporte, tráfego, ruas etc. através da utilização de sensores especialmente instalados, permitindo assim em tempo real, monitorar e gerenciar toda a sua infraestrutura.

É certo que o avanço das tecnologias nos mais diversos campos serão incorporadas no gerenciamento dos espaços urbanos com o primordial objetivo de torná-los atraentes, apresentando elevado nível na qualidade dos serviços, mobilidade urbana, gestão dos sistemas e e-governança, verdadeiramente cidades do futuro tão próximas do nosso tempo.

Fonte:

Vasudevan, V – in How Smart are our Cities going to be? – disponível em: https://blogs.economictimes.indiatimes.com/VantageView/so-how-smart-are-our-cities-going-to-be/  - acesso: 23/11/2017.

RainWater, Brooks in How Smart Cities Will Change Our Lives – disponível em: https://citiesspeak.org/2017/09/27/how-smart-cities-will-change-our-lives/ - acesso: 23/11/2017.

NCL –  Trends in Smart Cities Development – Case study and recommendation – Report (2015).

PwC - How smart are our cities? = PWC in (2016).

Accenture – Technology Vision 2014 - Building Cities for the Digital Citizen – Report Nº 14-5645 - Accenture (2014).

TechSci Research in India Smart Cities Project Requires Overall Investment in tune of USD2 Trillion disponível em  https://www.techsciresearch.com/news/336-india-smart-cities-project-requires-overall-investment-in-tune-of-usd2-trillion.html - acesso: 29/11/2017.



quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Smart Cities

SMART CITIES



As novas projeções da ONU destacam que a população mundial ultrapassará a marca dos 8,6 bilhões no ano de 2030!

As cidades passarão por transformações demográficas consideráveis levando-se em conta o desenvolvimento marcante das cidades e das regiões próximas.

Segundo o estudo da ONU, embora a percepção analítica do crescimento demográfico tenha característica de desaceleração motivada pelo declínio das taxas de fertilidade e consequente envelhecimento da população, é necessário focar esforços nos cidadãos para sustentar a prosperidade econômica mediante o aumento da produtividade e uso conscientes dos recursos disponíveis.

A concentração populacional em centros urbanos, produzidas por processos migratórios destinados a busca de oportunidades e melhor qualidade de vida será consideravelmente influenciada pelos vetores atrativos que serão elencados por essas cidades e, por via consequência, será indispensável que a gestão dessas cidades demonstre capacidade e flexibilidade para adaptar-se aos novos desafios de crescimento demográficos em seus espaços.

A figura 2 apresenta um resumo da análise mostrando as taxas de crescimento populacional e respectiva idade média da população.

Figura 2 - Taxas de crescimento populacional e idade média da população.
Fonte: Mckinsey Global Institute (2016).

Diante desse novo quadro de migração populacional,  as alternativas projetadas  perpassam por novo projeto de cidade denominado de Smart Cities ou Cidades Inteligentes, cujo conceito  básico envolvem projetos integrados nos quais o espaço urbano é encapsulado mediante o uso intensivo de tecnologias de forma integrada e inteligente.

A base central dessas tecnologias está focada no conceito de Internet das Coisas (IoT) que é provida através das tecnologias de comunicação e informação, mediante o uso intensivo de sensores especiais destinados a promover melhorias consideráveis na gestão do espaço urbano e assim desenvolver ações sociais focadas na maximização da qualidade de vida de seus habitantes.

Para o leitor interessado, sugerimos a leitura de artigo deste Blog que trata especificamente da internet das coisas e que poderá ser acessado através do link:


As cidades inteligentes são projetadas e/ou configuradas, levando-se em conta cinco pilares básicos: Meio Ambiente; Mobilidade Urbana; Qualidade de Vida; Economia Criativa e Interação entre Governo e Cidadão, como mostra a figura 3.

Figura 3 – Pilares das Cidades Inteligentes.
Fonte:Elaborada pelo autor.

Esses pilares interconectados envolvem, entre outros enfoques: transporte, energia, educação, cuidados com a saúde, infraestrutura básica, edifícios, sistema de abastecimento e saneamento e tratamento de resíduos, segurança pública etc.

Cabendo destacar que eles devem prover:
  • Uma infraestrutura em rede que permita impulsionar a eficiência política e o desenvolvimento cultural da cidade;
  • Um crescimento urbano, baseado no desenvolvimento urbano e na economia criativa;
  • Um ambiente natural como componente estratégico para o futuro.

O objetivo primordial das denominadas Smart Cities (Cidades Inteligentes) é a melhoria do desempenho urbano através da utilização de dados, tecnologias e tecnologia de informação com objetivo de oferecer aos cidadãos, serviços mais eficientes, monitorando e otimizando a infraestrutura existente, através da colaboração dos diferentes atores econômicos e incentivando a economia inovadora tanto no setor privado quanto no setor público.

Nesse sentido o uso da governança inteligente a qual integra a participação do governo, das empresas e da sociedade, objetiva adequar os serviços públicos às necessidades da população.

É claro que isso não é um trabalho “acabado”, é uma atividade permanente que deve ser realizada com a colaboração de todos.

Aqui vale o registro de uma velha canção:” vem vamos embora que esperar não é fazer, quem sabe faz a hora e não espera acontecer”.

Portanto há muito que fazer para melhorar consideravelmente os espaços urbanos , muito especialmente em face da elevada concentração de pessoa que estarão presentes nas grandes metrópoles.

Brevemente retornaremos ao tema nesse Blog, no qual destacaremos: sistemas e tecnologias destinadas a dar suporte para que os espaços urbanos, gradualmente venham a se transformar em cidades inteligentes!


Mckinsey Global Institute – in Urban world: meeting the demographic challenge – outubre/2016 – disponível em: file:///C:/Users/Jacques/Downloads/Urban-World-Demographic-Challenge-Full-report.pdf - acesso: 20/11/2017.


Albino,V.;  Berardi, U. e Dangelico, R.A. – in Smart Cities: Definitions, Dimensions, Performance and Iniciatives - Journal of Urban Technology, 2015 - Vol. 22, No. 1, 3–21.


sábado, 11 de novembro de 2017

Estradas Brasileiras e o Transporte Rodoviário

ESTRADAS BRASILEIRAS 

A CAÓTICA SITUAÇÃO DO 

TRANSPORTE RODOVIÁRIO


As análises que apresentamos em nossa postagem anterior demostram, de forma inequívoca, que os baixos investimentos em infraestrutura logística são os grandes responsáveis pelos altos custos logísticos e atua comprometendo a produtividade das cadeias logísticas.

Nessa postagem vamos analisar a situação das nossas estradas.

Para começar, tomemos como exemplo os investimentos em infraestrutura na malha rodoviária brasileira, como indicado na tabela I

Tabela I – Investimentos em Infraestrutura Rodoviárias
Fonte: Globo News/CNT_2017

O declino nos investimentos na infraestrutura rodoviária, principal modal da nossa matriz de transporte, representando mais de 60% entre todos os modais, pode ser examinado em duas óticas.

A primeira, em sua extensão 105.814 km que atingiu esse patamar devido a um pequeno acréscimo de 2.555 km (+2,5%) em relação a 2016.

A segunda, quanto as condições das estradas. Segundo pesquisas realizadas pela Confederação Nacional de Transporte de Carga (CNT); neste ano de 2017, 61,8% da extensão das rodovias pesquisadas apresentaram um estado ruim ou péssimo. No ano passado, esse percentual era de 58,2%.

Não é sem razão que o presidente da CNT destaca: “A queda na qualidade das rodovias brasileiras tem relação direta com um histórico de baixos investimentos em infraestrutura rodoviária e com a crise econômica dos últimos anos ”.

No quesito sinalização, um item importantíssimo de segurança rodoviária, esse foi o aspecto que apresentou o pior desempenho ! Enquanto que em 2016, o percentual de extensão das rodovias com sinalização adequada (ótimo ou boa) atingiu 48,3%, neste ano de 2017 esse percentual cai para 40,8%.

O resultado dessa baixa qualidade na segurança rodoviária pode ser retratado pelas estatísticas de acidentes. No ano de 2016 ocorreram 20.994 acidentes graves em rodovias federais, cujo resultado envolveu 21.439 feridos graves e 6.405 mortos em decorrência desses acidentes.

Figura 2 – Situação das estradas brasileiras.
Fonte: Pesquisa CNT (2017)

Os estudos elaborados pela CNT indicam que são necessários R$ 293,88 bilhões (US$ 90 bilhões) de investimentos em infraestrutura rodoviária, com objetivo de adequá-la à dinâmica logística do setor.

Para reparar as rodovias que se encontram em estado precário, apresentando trincas, desgastes, afundamentos, ondulações e trechos destruídos serão necessários investimentos da ordem de R$ 51,5 bilhões (US$ 15,6 bilhões) destinados à recompor trechos rodoviários que representam 82,959 km de extensão!

Outro aspecto bastante relevante, analisado comparativamente à outros países, envolve a denominada densidade da malha rodoviária que se encontra pavimentada, mensurável em quilometro de estrada em função da área.

Figura 3 - Densidade da malha rodoviária pavimentada (Km / Km2).
Fonte: Pesquisa CNT (2017).

Percebe-se, através de um simples exame da Figura 3, que o Brasil se apresenta em condições extremamente desfavorável nesse item e comparativamente aos demais países, fica abaixo da Argentina, Canadá, Uruguai, México entre tantos outros.

Com base nos dados do Sistema Nacional de Viação - SNV, examinando- se a situação das rodovias brasileiras sob a ótica de rodovias pavimentadas versus  não pavimentadas, podemos concluir que a extensão das vias pavimentadas atingem 212.866 km de rodovias pavimentadas, enquanto que, em contraste, encontramos 1.365.426 km de rodovias não pavimentadas !

Uma visão mais ampliada da situação das rodovias brasileiras poderá se examinada através da Figura 4, que apresenta a composição dessas rodovias levando em conta a classificação de pavimentadas, não pavimentadas e planejadas, bem como sua posição em termos de estradas federais, estaduais etc.

Figura 4 – Classificação das Rodovias
Fonte: Pesquisa CNT (2017).

O resultado da pesquisa da Confederação Nacional de Transporte de Carga (CNT) demonstra de forma contundente que a baixa densidade (Km/Km2) das rodovias e situação precária de grande parte da malha viária, acabam por comprometer o desempenho da nossa economia e colocar em situação de risco os usuários desse modal.

O volumoso aporte de recursos destinados a promover melhorias significativas de forma a produzir a oferta de uma infraestrutura rodoviária adequada às necessidades do País atinge, segundo estimativas do Plano CNT de Transporte e Logística, R$ 293,88 (US$ 90 bilhões), o que retrata a inviabilidade da oferta desses investimentos pelo poder público.

A conclusão óbvia e emergente é o poder público estimular a iniciativa privada para adentrar nessa empreitada, apresentando-lhes condições econômicas e financeiras que viabilizem os empreendimentos e fortalecendo a segurança jurídicas dos investidores.

Fontes:

CNT – Pesquisa CNT de Rodovias 2017 – disponível em http://cms.cnt.org.br/Imagens%20CNT/PDFs%20CNT/Not%C3%ADcias/resumo_principais_dados_pesquisa_cnt_2017.pdf - acesso: 08/11/2017.

CNT – Relatório CNT – Rodovias 2017 –

Borges, A. – in Condições das estradas piora nos últimos anos – Estadão – 08/11/2017 - disponível em http://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20171108/textview - acesso: 08/11/2017

Turteli, C. in A logística não segue o agronegócio – Estadão – 08/11/2017 – disponível em http://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20171108/textview - acesso: 08/11/2017.

Portal Defesa e Segurança – Governo Federal – disponível em http://www.brasil.gov.br/defesa-e-seguranca/2017/02/mortes-em-rodovias-federais-cairam-6-8-em-2016 - acesso: 11/11/2017.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Infraestrutura Logística - O descaso brasileiro

INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA -
O DESCASO BRASILEIRO


Com baixos investimentos em infraestrutura logística, o Brasil agoniza num descompasso para o seu crescimento.

Segundo estudos apresentados pelo Economista Raul Velloso (2017) no Fórum sobre a Infraestrutura Brasileira, os investimentos em infraestrutura deveriam oscilar em torno de 5% do nosso PIB.

Infelizmente, não podemos tratar da logística em termos de sua infraestrutura básica, sem tocarmos nas políticas e seus vieses destinados a fazer o nosso País sair do eterno atoleiro!

O descaso se une a má gestão dos recursos públicos, tendo como exemplo emblemático os denominados PAC´s - Programas de Aceleração do Crescimento, cuja sigla, em algumas situações, deveria significar: Programa de Aceleração da Corrupção que, desavergonhamente, tomou conta dos programas governamentais!

Em verdade, esses programas acabaram produzindo alguns “projetos” cujo objetivo principal era acharcar os cofres públicos. Constatação essa que o leitor poderá confirmar, bastado escoar numa breve leitura, os principais periódicos de circulação nacional, especialmente quando tratam das denominadas operações: “Mensalão”, “Petrolão” e atualmente, operação “Lavajato” e seus desdobramentos!

É lamentável constatar obras inacabadas, linhas férreas que não levam a lugar nenhum, parques de geração sem a complementação de linhas de transmissão para que a energia gerada chegasse ao seu destino e tantos outros descasos que resultaram em custos desnecessários que inviabilizam projetos produtivos!

De um lado, esses custos reduzem a nossa competitividade no mercado internacional; de outro acabam entregando, no mercado interno, produtos e serviços à custos exorbitantes em face dos altos custos logísticos das nossas malhas modais.

No âmbito do agrobusiness, por exemplo, em recente declaração, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou que o Brasil terá, neste ano de 2017, uma safra recorde de grão e lamentava que a mesma: “estava indo para o ralo”.

De acordo com dados divulgados pela Federação da Agricultura no Rio Grande do Sul (Farsul), o Brasil perde todos os anos, devido às condições logísticas inadequadas, R$ 9,05 bilhões (cerca de US$ 2,8 bilhões); prejuízo esse que vem aumentando a uma taxa de 6% ao ano.

Em recente seminário realizado pela FGV/EPGE – Modernização da Infraestrutura Brasileira, Lundell (2017) representante do Banco Mundial, apresentou um quadro comparativo sobre os investimentos em infraestrutura de diversos países comparando-os percentualmente aos respectivos PIB, cujo resultado dessa análise está retratado na figura 2.




Figura 2 – Investimentos em infraestrutura – relação com o PIB.
Fonte: Adaptado de Lunbell in Relatório do Banco Mundial – 2017.

Tomando-se a base relacional elaborada pelos estudos de Velloso, podemos imediatamente concluir que temos uma defasagem estrutural dos investimentos em infraestrutura oscilando entorno de 2,82 % do PIB, ou seja, a diferença entre a proposição de Veloso (5%) e o valores apurados pelo Banco Mundial (2,68%).

Outro aspecto bastante importante, decorre do estoque de capital em infraestrutura, em relação ao PIB brasileiro, como mostra a figura 4.




Figura 3 – Estoque de Capital em Infraestrutura - % do PIB
Fonte: Fischtak e Mourão in Seminário MIB/FGV/EPGE – 2017.

No espectro do tema citado, Fischtak & Mourão (2017) destacam três períodos, para análise dos investimentos em infraestrutura: expansão acelerada (1970 – 1983), estagnação (1983–1990) e retração (1990 – 2016).

Para corrigir os hiatos em infraestrutura existentes, estudos dos citados pesquisadores indicam que o Brasil precisará dobrar os investimentos para modernizar a nossa infraestrutura nos próximos vinte anos, como mostra a figura 4.


Figura 4 – Hiato dos investimentos em Infraestrutura como % do PIB.
Fonte: Adaptado de Fischtak e Mourão (op. cit - 2017).

Numa análise complementar, tomando como base os dados elaborados por Lundell - Banco Mundial (2017), o quadro da figura 3 apresenta os ganhos potenciais em relação ao PIB, quando gargalos das mais diversas matizes são desbloqueado e as estratégicas de melhorias que deverão ser implementadas para mitigar os gargalos existentes.
Figura 3 – Ganhos Potenciais / Gargalos existentes
Fonte: Adaptado de Lunbell in Banco Mundial – MIB/2017 – FGV/EPGE.

Sem uma infraestrutura logística adequada, continuaremos patinando e sem condições de aumentar a competitividade

As nossas exportações, por exemplo, são alavancadas, em grande medida, pela venda de petróleo bruto, minério de ferro, soja e produtos industrializados, especialmente veículos e produtos siderúrgicos. 

Dados divulgados pelo Banco Central informam que até meados deste ano de 2017, o volume das exportações atingiu o patamar de US$177,52 Bilhões. Nesse total encontram-se US$ 78,33 bilhões relativos as exportações de minérios e produtos da agropecuária. Com uma boa infraestrutura logística poderíamos chegar muito mais longe!

Para buscar o equacionamento desses gargalos que remontam de longa data, é indispensável repensar soluções e, nesse âmbito, é necessário acelerar os programas de privatização e concessões de rodovias, aeroportos, portos, ferrovias, o que resultará em um considerável aumento da eficiência operacional da nossa infraestrutura, além de contribuir significativamente para alavancar a abertura de novos postos de trabalho numa economia que possui hoje um número recorde de 14 milhões de desempregados!

Fontes:
PIB Brasileiro – disponível em https://br.advfn.com/indicadores/pib/brasil/2016.

FGB/EPGE – Seminário de Modernização da Infraestrutura Brasileira – disponível em http://epge.fgv.br/conferencias/modernizacao-da-infraestrutura-brasileira-2017/ - acesso: 28/10/2017.

Lundell, M.R in De volta ao Planejamento – Como preencher a lacuna de infraestrutura no Brasil em tempo de austeridade – Banco Mundial – Relatório Relatório N.º 117392- BR Seminário – Modernização da Infraetrutura Brasileira - FGV/EPGE – 2017.

Fischtak, C e Mourão, J. in  Uma estimativa do estoque de capital de infraestrutura no Brasil– in Seminário MIB/FGV/EPGE – 2017 –Painel de Debates no Seminário – Modernização da Infraetrutura Brasileira - FGV/EPGE – 2017 -  Inter. B Consultoria – agosto/2017.

Fischtak, C; Mourão, J e Noronha, J – in Oportunidades para a privatização da infraestrutura ´o que fazer e como fazer – Relatório CNI – disponível em http://epge.fgv.br/conferencias/modernizacao-da-infraestrutura-brasileira-2017/files/estudo-cni-privatizacao-da-infraestrutura.pdf.

Raiser, M ; Clarke, R.; Procee, P.; Brinceño-Garmendia, C.; Kikoni.E.; Kizito, J.; Viñuela, L. in Back to Planning: How to Close Brazil’s Infrastructure - Gap in Times of Austerity – July (2017)– Report N ° 117392-BR– World Bank Group.

Velloso, R. – in Crise da Infraestrutura - Fórum Nacional– maio 2017 – disponível em : http://www.inae.org.br/historico/xxix-forum-nacional-maio-2017/ - acesso: 20/10/2017.

Coulussi, J. – in Transporte deficiente de grãos causa perda anual estimada em R$ 9 bilhões ao Brasil – disponível em https://gauchazh.clicrbs.com.br/economia/campo-e-lavoura/noticia/2014/03/transporte-deficiente-de-graos-causa-perda-anual-estimada-em-r-9-bilhoes-ao-brasil-4445535.html - acesso: 26/10/2018.

Estadão – A exportação como motor – Estadão – 31/10/2017 – Ano 138 – N° 45.304.