segunda-feira, 22 de outubro de 2018

O Futuro é Hoje - Uma visão.

O FUTURO É HOJE – Uma visão.

O futuro tem muitos nomes.
Para os fracos é o inalcançável.
Para os temerosos, o desconhecido.
Para os valentes é a oportunidade.
Victor Hugo


A revolução tecnológica que vem ocorrendo nessa década é impressionante!
Os avanços das tecnologias de automação, robótica e inteligência artificial, estão confirmando as previsões dos velhos livros de ficção cientifica!

De um lado, a massiva produção de dados gerados, muito especialmente, em função das interações criadas devidos ao elevado fluxo de troca de mensagens através de aplicativos como WhatsApp, Instagram e demais mídias sociais, permite obter um valioso arsenal transformado em um depositário de dados, através dos denominados Big Data (Figura 2).


Figura 2 – Big Data.
Fonte: Google Imagens (2018).


De outro lado, sofisticados algoritmos matemáticos vasculham esses dados traduzindo-os em valiosas informações que acabam construindo o perfil de cada cidadão, suas preferencias, em todas as suas facetas, assim como são capazes de antecipadamente, determinar tendências de hábitos e de consumo, ou mesmo, prospectivamente, atitudes comportamentais.

Apenas para registro, psicólogos desenvolveram, com apoio de especialistas em elaboração de algoritmos e inteligência artificial, um algoritmo capaz de identificar tendência suicidas em usuários das redes sociais, simplesmente analisando suas postagens e manifestações.

Sob a ótica da automação, a robótica aliada a inteligência artificial acelerou seu ˆaprendizadoˆ, unindo tecnologias como learning machine (aprendizado máquina - aprendizado máquina refere-se a uma tecnologia que permite que um dispositivo realize uma tarefa sem qualquer intervenção humana) e deep learning (aprendizado profundo - procedimento que é usado para implementar o aprendizado de máquina), apoiada por sofisticados algoritmos baseados em redes neurais que procuram reproduzir o fluxo neural do cérebro humano, como mostra a Figura 3.


Figura 3 – Machine Learning e Deep Learning.
Fonte: Xenonstack op.cit. in Kumar.


Vale registrar um caso bastante intrigante e desafiador, produzido pelo engenheiro biomédico Thomas DeMarse, da Universidade da Flórida - EUA. 
Mediante a extração, com o uso de enzimas, de neurônios do cortex de embriões de ratos, esse engenheiro colocou essas células em uma placa Petri (recipiente cilíndrico, achatado de vidrou ou plástico utilizado na cultura de micro-organismos em laboratório), produzindo assim, uma "sopa de neurônios". O resultado foi que essa "sopa" criou interconexões neurais que transformaram essas células em um "dispositivo de computação vivo" , o qual foi utilizado em um simulador de voo, para controlar o voo de um jato F-22; tarefa essa realizada com grande sucesso ! 

Outras experiências não menos fantásticas foram realizadas pela equipe liderada pelo neurocientista brasileiro, Miguel Nicolelis; entre elas, o implante de eletrodos no cérebro de três macacos rhesus com objetivo de capturar os sinais dos neurônios da área motora do cérebro dos macacos para que realizassem um trabalho colaborativo destinado a deslocar um braço mecânico! 

Muitas dessas experiências foram descontinuadas em face da aplicação das novas normas da bioética na experimentação animal.

Outro aspecto a considerar é a longevidade que saiu de um mero sonho criado por romancistas e escritores de ficção, para uma realidade presente e que hoje começa a preocupar em face dos problemas sociais e econômicos envolvidos.

Enquanto os produtos criados pela tecnologia são projetados para a sua existência em curtos períodos de vida útil, quer seja através da denominada obsolescência programada ou perceptiva, em face também da evolução exponencial da tecnologia que acaba criando um novo produto substituto muito mais poderoso, versátil e operacional do que o substituído; em contrapartida o ser humano alongou o seu ciclo de vida, especialmente devido as tecnologias de novos fármacos e da medicina.


Figura 4 – Tecnologia e Longevidade.
Fonte: Elaborada pelo autor com base no Google Imagens (2018).


A perspectiva de vida hoje projeta estimativa média de 78,5 anos em 2040 no Brasil, enquanto outros pesquisadores já falam em 120 anos em 2050! Mas para que viver tanto tempo? E suas implicações demográficas, sociais e econômicas?

Examinando as tendências recentes damos conta que um verdadeiro tsunami tecnológico vem avançando significativamente e produzindo vários efeitos, entre eles, o desemprego em massa com a automação e a robótica e a migração das populações do campo para as áreas urbanas, dado que hoje, com os avanços tecnológicos foi possível reduzir de forma drástica a mão de obra no campo, absorvida pela alta tecnologia, inteligência artificial e robótica.

No caso do agronegócio, por exemplo, com a agricultura automatizada; sensores do solo são hoje capazes de detectar a qualidade desse solo, bem como a sua carência de determinados nutrientes, indispensáveis a produção de um determinado alimento (Figura 5). 

Máquinas se encarregam do plantio dos grãos, geneticamente modificados para aumentar a produtividade e reduzir o ataque das pragas das lavouras. Colhedeira se encarregam de realizar a colheita, acondicionando-a adequadamente e encaminhando-a para a fábrica ou caminhões, em breve autônomos, que levarão esses produtos aos respectivos destinos no porto de embarque para exportação ou para alguma unidade fabril para produção de insumos e alimentos derivados.


Figura 5 – Tecnologia agrícola.
Fonte: Google Imagens (2018).


No contexto das migrações, as projeções das Nações Unidas dão conta que em 2040, 68% da população mundial estará concentrada em grandes centros urbanos!

É obvio que essa elevada concentração de pessoas em grandes metrópoles resultará em gigantescos desafios para que sejam atendidas as suas necessidades básicas de sobrevivência, locomoção, lazer e abrigo.

Como a automação e a inteligência artificial vão extinguir um elevado contingente de mão de obra, terá que ser criado um programa de renda mínima que permita a cada cidadão ter uma vida digna e saudável; sob pena de vivermos em um mundo perverso e violento, com grandes tensões sociais!

Robôs serão encarregados do controle da mobilidade urbana especialmente com o uso da denominada Internet de Tudo (IoE – Internet of Everything), onde sensores dos mais diversos estarão enviando dados para serem processados por um mega sistema de controle, disponibilizando veículos autônomos e gratuitos para a locomoção das pessoas através de transportes coletivos dado que, em face da elevada concentração de pessoas nesses grandes centros urbanos, o transporte será massivamente coletivo, passando o transporte para pequenos veículos autônomos somente em casos especiais ou para pessoas especiais.


Figura 6 – Controle da mobilidade via IoT.
Fonte: Google Imagens (2018).


Os problemas das megas cidades se avolumaram, dado que grande parte das grandes metrópoles não foram projetadas para essas novas tecnologias e concentração de pessoas e, assim, terão que se adaptar, tais como Nova York, Rio de Janeiro, Berlin e tantas outras.


Figura 7 – Mega cidade inteligente.
Fonte: Veja (2017).



Fora desse contexto podemos considerar as denominadas cidades inteligentes, cujo concepção é mostrada na figura 7 e explicado em artigo nesse blog, o qual poderá ser consultado através do link indicado na bibliografia desse artigo.

No âmbito da medicina, a evolução se fez presente de forma revolucionária!
O uso de Big Data, Learning Machine e Deep Learning, resultou em avanços consideráveis no diagnóstico médico. Hoje o Watson, um supercomputador da IBM (sistema projetado para o processamento avançado de dados) produz, com base nos dados dos pacientes, um diagnóstico muito mais preciso do que aquele elaborado por um médico, dado o arsenal de informações que processa usando tecnologia avançada de inteligência artificial e aprendizado máquina.

De um lado, a farmacologia avançou consideravelmente, através do uso, por exemplo, de drogas inteligentes ou mesmo nano robôs, no velho estilo do famoso filme: “Uma viagem fantástica”, porém sem tripulantes, estarão brevemente revolucionando as cirurgias e procedimentos médicos, reduzindo consideravelmente os riscos e melhorando significativamente a recuperação dos pacientes.

De outro lado, as pesquisas genéticas com a denominada tecnologia CRISPR (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats), uma ferramenta para edição do genoma vem produzindo resultados fantásticos. Esta técnica que permite fazer uma verdadeira edição do genoma, vem permitindo desenvolver novos métodos para o tratamento de doenças tais como diabetes, ectrodactilia (rara malformação de membros), HIV, câncer etc. E estamos ainda só no começo!


Figura 8_A – Cenas do filme Oblivion - Dirigido por Joseph Kosinski.
Fonte: Universal Pictures.
Trailer de Oblivion : The Elder Scrolls IV 



Figura 8 – B – Cenas do filme Mad Max dirigido por George Miller.
Fonte: Village Roadshow Pictures.
https://www.youtube.com/watch?v=TdJ7DMwAukU
Trailer de Mad Max na estrada da fúria.

Em verdade, o futuro é agora. Porém não podemos deixar de lado as preocupações humanitárias com as populações menos favorecidas que vivem na mais extrema pobreza, ou viveremos em um mundo perverso, bem ao estilo daquele apresentado nas películas denominadas Oblivion (Figura 8_A) e Mad Max (Figura 8_B), cujos trailer poderão ser vizualizados nos links indicados nas respectivas figuras!

 Fonte:
GONÇALVES, P. S. in Inteligência Artificial aplicada à Logística - disponível em http://professorgoncalves.blogspot.com/2016/10/inteligencia-artificial-aplicada.html - acesso: 16/10/2018.
- in Smart Cities tecnologias inteligentes – disponível em : http://professorgoncalves.blogspot.com/2017/11/smart-cities-ii-tecnologias.html - acesso: 16/10/2018.
– in Futuro do trabalho - http://professorgoncalves.blogspot.com/2017/07/o-futuro-do-trabalho.html - acesso: 16/10/2018.
KUMAR, N. in What is the difference between Machine Learning and Deep Learning – disponível em: https://medium.com/@Say2neeraj/what-is-the-difference-between-machine-learning-and-deep-learning-5795e4415be9 - acesso: 16/10/2018.
PORTALGSTI in Curso de inteligência artificial para iniciantes – disponível em: https://www.portalgsti.com.br/cursos/curso-inteligencia-artificial-para-iniciantes/ - acesso: 16/10/2018.
NETGEO in A revolução do DNA – disponível em https://nationalgeographic.sapo.pt/fotografias/do-leitor/18-videos/867-dna-185  acesso: 16/10/2018.
GRANDELE, R e PAINS, C. – in Expectativa de vida aumentará em todos os países até 2040, diz estudo -  disponível em https://oglobo.globo.com/sociedade/expectativa-de-vida-aumentara-em-todos-os-paises-ate-2040-diz-estudo-23160785
SABRINA, F.H. e PAZÓ, C.G.  in A biotíerica e a experimentação animal – Uma busca de novas alternativas. Disponível em: http://site.fdv.br/wp-content/uploads/2017/03/Parte-1-14-A-bioe%CC%81tica-e-a-experimentac%CC%A7a%CC%83o-animal-Sabrina-Eancio-e-Cristina-Pazo%CC%81.pdf – acesso: 17/10/2019.
SETOR SAÚDE in A expectativa de vida pode chegar a 120 anos em 2050 – disponível em https://setorsaude.com.br/expectativa-de-vida-pode-chegar-a-120-anos-em-2050/.
UOL NOTÌCIAS in Pesquisador brasileiro faz com que macacos trabalhem por "telepatia" - disponível em :https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2015/07/09/nicolelis-consegue-fazer-com-que-animais-trabalhem-por-telepatia.htm - acesso: 17/10/2018.
BIERVER, C. in Brain cells in a dish fly flghter plane -  New Scientis - 24/10/2015 - disponível em : https://www.newscientist.com/article/dn6573-brain-cells-in-a-dish-fly-fighter-plane/ - acesso: 16/10/2018.


quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Custo Brasil e Logistica

CUSTO BRASIL e LOGÍSTICA

Há que nos despojar-nos de
ideias anacrônica, patrimonialismo 
ibérico, intervencionismo arbitrário,
anticapitalismo infantil!"
Marcílio Marques Moreira.


Um corpo funcional atrelado às normas e procedimentos, passam a comandar a vida dos cidadãos e dos negócios das empresas; bloqueando a força da iniciativa empreendedora, por erguer verdadeiros muros burocráticos que acabam emperrando o desenvolvimento do Brasil.

Como um verdadeiro monstro hobbesiano, ele freia a livre iniciativa, imobiliza projetos e consome um tempo razoável das empresas, destinado ao preenchimento de formulários, por um verdadeiro exercito de empregados; tempo esse que deveria ser destinado a criação e produção de bens e serviços, unicamente para satisfazer a fome insaciável de um Estado paquidérmico que a tudo e a todos quer controlar!

Tal qual na idade média dos senhores feudais, ergue-se em verdadeiros castelos, por todos os lados, e, do simples cidadão à megas empresas, todos invariavelmente, terão que peregrinar para conseguir abrir um pequeno negócio ou erguer uma mega empresa que irá absorver um grande contingente de mão de obra.

E assim, tropeçando em uma montanha de papeis (agora em parte digitalizados!), inúmeros formulários, procedimentos, normas e leis das mais variadas, o Brasil navega, consumindo parte da sua energia laboral para satisfazer a um Estado cada vez mais regulador e que interfere massivamente na iniciativa privada.

Nesse contexto, produziu uma inversão da ordem: em vez de um Estado para os cidadãos, passou para os cidadãos para servir ao Estado !

Singrando mares da desconfiança generalizada, a metaburocracia do Estado, arregimenta um contingente razoável de funcionários que absorvem um elevado percentual dos recursos destinado ao pagamento dos respectivos salários e outras benesses, onerando significativamente o cidadão com uma elevada carga tributária. Cabe registrar que o reajuste salarial do funcionalismo público, aprovado pelo Congresso, vai onerar as contas públicas em 2019 em R$ 15,0 bilhões (Estadão: 05/10/18).

Afinal de contas, tomando emprestado o termo criado por Varoufakis (2011), esse verdadeiro Minotauro faminto tem que ser alimentado e para tanto, a carga tributária compromete até 41% da renda dos trabalhadores, conforme estudo realizado pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação) e que, segundo alguns economistas burocratas do governo, passível de ser ainda mais onerada!

Pinçando alguns dados de Pinheiro (2015), o Quadro I apresenta a quantificação dos custos da burocracia brasileira e os respectivos montantes distribuídos entre os três poderes:



Quadro I - Custo da Burocracia Brasileira.
Fonte: Pinheiro (2014).

Segundo a FIESP (Federação das Industria do Estado de São Paulo), a burocracia estatal consome R$ 60 bilhões por ano; além disso, dever ser levado em conta, porém não computado nesse valor, o custo da ineficiência da infraestrutura brasileira que vem penalizando consideravelmente todos os setores da nossa economia, em especial o agronegócio e a indústria extrativista.

A figura 2 apresenta um maior detalhamento da verdadeira teia da burocracia, bem como o volume de impostos que sobrecarregam os custos dos produtos e serviços, conforme tabela elaborada para o banco de dados da Veja denominado: Impávido Colosso.

Destaque especial está indicado na figura 2, a qual resulta demonstrar que, no ano de 2013, foram gastos 150 dias trabalhados só para pagar os impostos, cuja carga tributária atingiu 41%!


Figura 2 – Carga Tributária Brasileira.
Fonte: Impávido Colosso (Veja - 2013).

Os estudos encetados pelo IBPT, apontam que a parcela de impostos paga pelo contribuinte brasileiro representa 32,6% do PIB. Cabendo registar que um levantamento realizado por esse instituto dá conta que o sistema tributário brasileiro possui 63 tributos em vigor, 97 obrigações acessórias (documentos, registros e formulários utilizados para o cálculo dos tributos), levando às empresa a operarem com cerca de 3.790 normas diferentes que sofrem alterações com razoável frequência.

Isso leva a conclusão de que ninguém tem condições de estar, efetivamente, dentro de todas as normas tributárias que, em verdade, tal qual uma verdadeira teia de aranha, abre a possibilidade para a profusão de notificações e geração de multas, muito especialmente em função dos benefícios que os fiscais têm no sentido de receberem um adicional remuneratório em função do volume de multas arrecadas!

O Banco Mundial, utilizando-se de um indicador que afere a facilidade com que as empresas pequenas e de médio porte que fazer negócios, indicador esse denominado Ease of Doing Business (EDB), colocou no Brasil, segundo a avaliação realizada, na 125° posição no ranking, com um escore de 56,45 pontos (DB 2018 – pag. 10); valendo ressaltar que as empresas brasileiras gastam, em média, 1958 horas para cumprir com as suas obrigações fiscais!

O conceito do citado indicador EDB, criado pelo Banco Mundial, pode ser melhor entendido mediante o exame da figura 3.


Figura 3 – Conceito do Indicador EDB.
Fonte: Banco Mundial (2018).

Para conhecer maiores detalhes da metodologia e modelagem utilizada pelo Banco Mundial para a obtenção do indicador Ease of Doing Business, o leitor interessado poderá consultar o referido relatório, especificado na bibliografia deste artigo, mais especificamente no tópico – About Doing Business , especialmente  as páginas 12 a 14.

A figura 4 apresenta um estudo comparativo, elaborado pelo Banco Mundial , focando o exemplo de uma exportação do Brasil (São Paulo) para a China (Shanghai) - desde o Centro de Distribuição na fábrica brasileira, até o Centro de Distribuição da empresa na China. 


Figura 4 – Exportação: São Paulo para Shangai.
Mapa meramente ilustrativo elaborado pelo autor.
Fonte: Banco Mundial (2018) e Google Maps.

Seja, como exemplo, o agronegócio, mais especificamente a soja. O Brasil, Argentina e Estados Unidos concentram 80% da produção mundial de soja e absorve 90% do mercado de exportação do produto. Comparando os custos logísticos no Brasil, deste a saída da porteira da fazenda até o porto, local onde a soja vai ser exportada, ele é quatro vezes maior do que os custos logísticos da Argentina e dos Estados Unidos!

Estudos realizados pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ) indicam que, solucionado os problemas logísticos destinados ao escoamento de produtos do agronegócio, os produtores teriam um ganho que ultrapassa 35% !

De um lado, em face dos problemas regulatórios e a insegurança jurídica, tão presentes no espaço governamental do Brasil, os investidores se sentem retraídos em investir seus respectivos capitais em empreendimentos destinados a solucionar os gargalos existentes na infraestrutura brasileira.

De outro, a complexidade das normas tributárias, cujo arsenal é elevado, obriga a iniciativa privada a mover-se em um mar burocrático que acaba por afogar empresas e suas performances, em função do elevado volume de horas dispendidas para preparar a documentação destinada a satisfazer as exigências fiscais. A burocracia brasileira é a filha dileta da complexidade fiscal !

Apesar dos esforços, ainda tímidos e não ampliados, na busca de "simplificações  e melhorias" como, por exemplo, o denominado SPED (Sistema Público de Escrituração Digital) que permite as empresas transmitam sua escrituração fiscal (EFD), ele é apenas um instrumento padronizado e não regulatório; o que significa dizer que não há qualquer alteração do sistema manual, dado que as mesmas regras aplicáveis à escrituração manual, passam a ser utilizadas na escrituração digital.

Ora, considerando que toda a escrituração contábil é eletronicamente transferida para a Receita Federal, a geração dos impostos pertinentes poderá ser  efetivada de forma eletrônica dado que, todas as informações necessárias para a geração do tributo a ser recolhido podem ser obtidas do banco de dados da empresa gerado na preparação e transmissão do SPED, simplificando assim as tarefas destinadas ao preparo das declarações ao fisco, as quais poderiam ser geradas, automaticamente, pelo sistema SPED, nas datas calendários exigidas pela Secretaria da Receita Federal, ficando tão somente a obrigatoriedade de que o responsável pela contabilidade de cada empresa, validasse a referida declaração.

A figura 5 apresenta o tempo médio gasto com a burocracia, tomando com base um elenco de países e respectivos crescimentos do PIB em 2017.


Figura 5 – Tempo da Burocracia nos países.
Fonte: Tranding Economics (2018).

O Brasil é um dos países que possui uma economia das mais fechadas do planeta e elevadas barreiras tarifárias em relação aos seus parceiros do comércio internacional.

Além disso, as empresas são obrigadas a enfrentar grandes desafios logísticos para fazer escoar os seus produtos, em face da elevada precariedade da infraestrutura logística brasileira, a qual tem o modal rodoviário como a de maior concentração (65%) de acordo com a matriz de transporte elaborada pela CNT.  Em razão disso, há uma baixa flexibilidade operacional no transporte e nas operações intermodais. 


Em resumo, além dos desafios para vencer toda a uma burocracia excessiva e uma carga tributária elevadíssima, o empresario brasileiro é um verdadeiro herói que opera em um campo minado da tributação (alterações ocorrem com razoável frequência) e em um Estado paquidérmico centralizador e inoperante!


De um lado, é indiscutível que o Brasil precisa urgentemente de uma reforma tributária que reduza o volume de impostos e simplifique o arsenal burocrático a que se encontra atrelado, permitindo assim desafogar as empresas, aumentar a produtividade a a competitividade, fatores essenciais para o desenvolvimento do País.


De outro, os planos de melhorias logística tem que sair do papel e criar corpo, transformando meros projetos em grande obras destinadas a desobstruir a logística, permitindo, por via de consequência, consideráveis redução de custos e aumento da competitividade, tanto no mercado doméstico quanto no internacional.

Inspirado na famosa frase de Monteiro Lobato, parafraseando-o, podemos dizer que o país encontra-se dentro de um grande dilema: ou o Brasil acaba com a burocracia e a tributação excessiva ou a burocracia e a tributação excessiva vão acabar com o Brasil !

Fonte:
PINHEIRO, P. A. F. in A burocracia está matando o Brasil – Portal Ambiente Legal – www.ambientelegal.com.br – acesso: 29/09/18.
IBPT – Notícias – Estrutura Tributária e Qualidade dos Gastos Públicos – disponível em https://ibpt.com.br – acesso> 29/09/18.
Banco Mundial – World Bank Group – Doing Business 2018 – Reforming to Create Jobs – DB 2018- Full Report.
LOPEZ, B. in O custo Brasil e seu impacto no comercio internacional – disponível em blog.VTex.com – acesso: 28/09/18.
TRANDING ECONOMICS – Week Ahead (2018) – disponível em https://tradingeconomics.com/ - acesso: 29/09/18.
VEJA – in Impávido Colosso – disponível em https://tradingeconomics.com/ - acesso: 29/09/18.


BLOG SAGE - In O que é e como funciona do Sped Contábil? - disponivel em https://blog.sage.com.br/o-que-e-como-funciona-sped-contabil-novidades-2017/ - acesso: 03/10/18.

FOLHA de São Paulo - Custo logístico da soja derruba a competitividbrasiliera no exeteiro - https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2017/09/1918752-custo-logistico-de-transporte-derruba-competitividade-brasileira-no-exterior.shtml - acesso: 03/10/18.

ALVARRENGA, D, in Empresas gastam 1.958 horas e R$ 60 bilhões por ano para vencer burocracia tributária, apontam pesquisas - disponível em : https://g1.globo.com/economia/noticia/empresas-gastam-1958-horas-e-r-60-bilhoes-por-ano-para-vencer-burocracia-tributaria-apontam-pesquisas.ghtml - acesso: 05/10/2018.