domingo, 19 de setembro de 2021

O Colapso das editoras - Uma morte anunciada!

O COLAPSO DAS EDITORAS

Uma morte anunciada!


A publicação de  um livro, nos moldes tradicionais, é uma verdadeira via crucis para o seu autor. O processo tem início, após a criação da obra, com a peregrinação do autor por diversas editoras, oferecendo-lhes cópia do manuscrito para apreciação dos editores.

Excetuando-se os "campeões de vendas" que possuem lugar ao sol no mercado editorial, um escritor iniciante, seja em qualquer modalidade: ficção, não  ficção ou  técnico, fica na espera de uma resposta de alguma editora interessada.

Em alguns casos, em respeito ao autor, as editoras respondem, em grande medida, pelo desinteresse na  publicação. Em outras ocasiões, os originais são então submetidos ao denominado Conselho Editorial, órgão responsável por dar a palavra final quanto a publicação da obra. Não são incomuns encontrarmos exemplos de autores que perambularam por diversas editoras e mesmo insistiram na publicação de sua obra e, após muita insistência, ter a sua obra publicada que obteve grande sucesso editorial!

Uma vez definido o interesse na publicação, o processo editorial é então iniciado. A composição gráfica da obra é então submetida à revisão do autor. Após ter sofrido várias revisões, especialmente no caso de livros de cunho técnico, ele é então considerado "aprovado" para impressão. Esse processo é longo, podendo chegar a vários meses, não inferiores à um semestre!

Nesse estágio da produção editorial, a editora, utilizando um designer gráfico, cria uma capa que é então submetida para aprovação do autor. Aprovada a capa, o livro então segue para uma gráfica para que seja impresso.

O processo, apesar da modernidade, tem um modelo não muito diferente do utilizado por Gutemberg, afinal o livro será então impresso!  Tecnologicamente falando, saímos do sistema com uso de um linotipista (técnico responsável por montar cada página, reunindo  dos diferentes caracteres em uma prancha com objetivo de preparar a chapa para impressão) para impressora de alto desempenho.

Figura 2 - Gutemberg é o processo de impressão 

No momento da aceitação da obra para publicação, temos a assinatura do contrato de direitos autorais, quando o autor, na sua quase totalidade, recebe um percentual 10% do preço de capa de cada exemplar que é definido pela editora. Esses direitos são pagos através de uma prestação de contas semestral e colocado a disposição do autor que é praticamente obrigado a aceitar o relatório como definitivo! 

A editora é "dona da obra" por força de contrato. Por exemplo, se a mesma se transformar numa série para mídia televisiva, a editora recebe um grande naco dos direitos sobre a obra. Na verdade é um sistema muito perverso para o autor, em especial para o estreante que ainda não tem um plantel de leitores ou mesmo não seja midiático por quaisquer razão!

Numa reportagem publicada na Revista Oeste no dia dezessete de setembro de 2021, o articulista, Dagomir Marquezi, descreve as dificuldades que passou após ter escrito um livro e oferece-lo à diversas editoras para publicação!

De posse dos originais prontos, o citado articulista peregrinou por várias editora para publicá-lo até que recebeu de uma delas uma informação de que o livro seria, dentro de 60 dias, submetido ao Conselho Editorial! 

Fico indignado com a situação e resolveu entrar na empreitada de publicar o livro na Plataforma Kindle da Amazon. que é aberta para a publicação de livros diretamente pelo autor interessado.

Preenchido os requisitos exigidos pela plataforma, nela o autor escreve o seu livro, indica o preço de venda, monta uma capa e publica a sua obra nessa na plataforma!  Após concluir a digitação e realizada a checagem final, o autor "aprova" a publicação. Em poucos minutos, o livro já estará sendo oferecido à venda no  site Amazon. 


Figura 3 - Modelo de leitor de livros digitais.
Também podem ser livro em um computador.

As editoras ainda não perceberam esse processo disruptivo e  continuam ainda operando, apesar os avanços tecnológicos, nos moldes da imprensa de Gutemberg (Figura2). 

Tal qual a velha história contada nos cursos de administração, em que um sapo é colocado em uma panela que é aquecida no fogo. Fica tranquilo enquanto a água ainda está em processo de aquecimento. Ao se dar conta, a água já em processo de ebulição, o que o leva á sua morte!

Outro grande diferencial no uso das plataformas digitais, a exemplo do Kindle da Amazon, são os ganhos relativos aos direitos autorais da obra que podem chegar a 70% do preço de capa, que é definido pelo autor! E mais, os direitos autorais são computados à cada venda e os valores disponibilizados para o autor!

A sustentabilidade, assim como a logística, são questões  a serem também exploradas!

Por exemplo, examinando as estatísticas de vendas de e-books em 2020, foram comercializados, segundo a Agência Estado (01/07/2021), 8,7 milhões de livros em formato digital, distribuídos nas diversas modalidades como mostrado na figura 4.


Figura 4 - Vendas de e-books em 2020.
Fonte: Agência Estado

Levando em conta o volume de livros em formato digital vendidos em 2020, fazendo um pequeno exercício matemático, considerando que, em média, cada livro desses tenha um total de 200 páginas, estaremos poupando, em média 87 mil árvores!

Sobre os aspectos da logística, o livro impresso ainda incorre nos custos de estocagem, perdas e distribuição, enquanto que na produção de livros eletrônicos (Figura 3) a distribuição é imediata, tão logo o livro seja disponibilizado na plataforma digital e o seu armazenamento ocorre em nuvem a um custo pouco expressivo!

Acredito que essa disrupção tecnológica na produção e distribuição de livros e assemelhados vai abalar consideravelmente as editoras, podendo levá-las um processo extinção; especialmente porque, apesar do @Book e das plataformas digitais, elas continuam operando como na era de Gutemberg !




sábado, 11 de setembro de 2021

Lixo Espacial - O espaço está virando um grande lixão !

 Lixo Espacial.

"A poluição, a ganância e a estupidez

são as maiores ameaças ao planeta."

Stephen Hawking



Não satisfeito em poluir o nosso planeta, o bicho homem já está poluindo o espaço e esse processo está resultando em um grande risco para a exploração espacial.

Segundo estimativas, cerca de 330 milhões de objetos de tamanho superior a 1 mm são encontradas orbitando o nosso planeta!

O primeiro deles foi o Sputnik, lançado em 1957 e, desde essa data até hoje, uma enorme quantidade de artefatos foram lançados ao espaço, satélites principalmente.

Desde pedaços de foguetes, satélites desativados, peças diversas, esse "lixo" apresenta um perigo para os satélites ativos assim como para naves espaciais tripuladas. Até a estação espacial corre riscos de ser atingida pelo lixo espacial ! A própria Estação Espacial deverá ser "desativada" em 2024 e 450 toneladas de materiais ficarão orbitando até cair na Terra, valendo registrar que novas estações espaciais estão em projeto.

Os detritos que orbitam o nosso planeta o fazem em uma velocidade de 28 mil quilômetros por hora! Imagine um artefato desses atingindo astronautas em suas viagens espaciais ou durante o seu trabalho fora da estação espacial. 

Do mesmo modo, satélites poderão sofrer seríssimos danos e até mesmo serem desativados por conta dessas colisões. Vale registrar que grande parte desses resíduos que orbitam o nosso planeta são desconhecidos e ainda não foram catalogados!

Por exemplo, em 2007 um míssil chinês colidiu com um satélites climatológico, gerando uma nuvem com milhares de detritos. Um dos detritos acabou colidindo com um satélites russo colocando-o fora de operação.

Os riscos quanto aos habitantes do planeta são bastantes reduzidos, muito especialmente porque grande parte dos resíduos espaciais é destruída durante a sua entrada na atmosfera. Porém, não podemos descartar a possibilidade de uma reentrada incontrolada de algum artefato ao atingir a atmosfera terrestre!

Hoje, como o avanço das pesquisas espaciais e mesmo o lançamento constante de inúmeros satélites esse problema só tende a aumentar, como é o caso de várias países que começam a participar a exploração espacial como é o caso da China e da  Índia .



Figura 2 - Estação Espacial Internacional

Há estudos para a remoção desse lixo espacial, entre eles a sua captura através do uso de uma rede disparada por um robô satélites, como mostra a figura 3. Esse projeto foi proposto pela Agencia Espacial Europeia (ESA) e consiste em lançar um "robô coletor" para recolher o lixo espacial.

Esse lixo seria então deslocado para as denominadas órbitas cemitérios, também conhecidas como órbitas de descarte, onde esses materiais serão colocados intencionalmente ao final da sua vida útil, com a finalidade de minimizar a probabilidade de colisão de um desses detritos com algum artefato espacial em operação, gerando por via de consequência, ainda mais detritos.


Figura 3 - Utilização de redes e robôs coletores para captura de lixo espacial.

Além dos citados riscos de colisões, os astrônomos estão reclamando do lixo espacial, assim como do crescente volume de satélites que veem sendo lançados, visto que eles estão dificultando as observações astronômicas . Esse verdadeiro enxame de equipamentos em órbita  vem prejudicando a obtenção das imagens astronômicas em face da reflexão que essas peças produzem com a presença dos raios solares! Essas faixas ( Figura 4) produzidas pela reflexão da luz solar vem dificultando a identificação de alguns objetos de interesse da astronomia.

Segundo estimativas, em média, serão lançados 990 satélites por ano. A projeção de lançamentos consecutivos eleva as estimativas para15.000 equipamentos orbitando o nosso planeta até 2030.


Figura 4 - Satélites e detritos espaciais atrapalham as observações astronômicas.

Embora a Comissão Federal Americana (FCC - Federal Communications Commission), vem exigindo que todos os operadores de satélites geoestacionários se comprometam a reposicioná-los das denominadas órbitas de descarte, e mesmo a ONU vem examinando essa questão com muita atenção, tendo realizado diversas discussões nas Sessões do Subcomitê Científico e Técnico do Comitê para Usos Pacíficos do Espaço Externo; essa recomendação não vem sendo observada por todos os  países. A China por exemplo, não tem a menor preocupação quanto ao descarte desse e mesmo o controle das rotas de muitos artefatos de grandes proporções quando adentram a nossa atmosfera!

Por exemplo, recentemente um foguete utilizado no lançamento de um módulo da estação espacial chinesa encontrava-se descontrolado, causando grande preocupação para as autoridades o que levou aos EUA a montar uma equipe para acompanhar a reentrada na atmosfera desse foguete.

Figura 5 - Foguete Longa Marcha e sua trajetória de reentrada na atmosfera.

E as preocupações só aumentam ! O governo chinês anunciou que pretende montar uma estação espacial de um quilômetro de extensão. É  claro que  vários foguetes serão lançados ao espaço para levar módulos para essa estação, suprimentos para os astronautas etc. e assim, mais riscos serão somados aos atuais problemas.

Aliando tudo isso, considerando a nova "corrida espacial" e suas metas estratégicas, poderemos chegar ao absurdo de criarmos, em torno do nosso planeta, um verdadeira manto constituído de satélites, estações  espaciais ( além da China, a Rússia está por abandonar a Estação Espacial Internacional e pretende construir a sua própria unidade!), detritos espaciais etc., o que poderá ser um vetor complicador para os futuros lançamentos de naves espaciais e mesmo para as pesquisas realizadas pela astronomia.




terça-feira, 7 de setembro de 2021

Violação de Dados

 

VIOLAÇÃO DE DADOS


No mês passado, a IBM apresentou os resultados de seu Relatório anual de Custo de Uma Violação de Dados.

Segundo a empresa, em média, o custo dessas violações atinge US$ 4,2 Milhões por ocorrência, o maior custo dos últimos 17 anos!

Os EUA continuam apresentado o maior custo médio por violação (US$ 8,64 milhões), enquanto no Brasil esse custo atinge, em média, (U$S 1,12 milhão).

Na minha ótica, esse incremento era esperado, assim como um elevado gradiente de ataques massivos, especialmente em grandes corporações, em função da pandemia e seus consequentes redirecionamento das atividades laborais para trabalhos remotos.

Também vale registrar que as tecnologias evoluem e, em muitas situações, as empresas relutam em atualizá-las, tendo como justificativa de “pano de fundo”, um gradiente de aumento dos investimentos em maior segurança cibernética.

Os invasores estão cada vez mais especializados e a sofisticação dos ataques denotam que não são meros garotos em “fundos de garagem” brincando atrás de um teclado!

Com o advento e massificação do uso de moedas digitais, o convite para atuar no cibercrime seduziu muitos especialistas altamente qualificados, afinal a rastreabilidade é muito difícil e os ganhos são elevados.

Basta lembrar do recente caso envolvendo a gigante do setor de proteína animal, a JBS que dispendeu US$ 11,0 milhões em Bitcoins para que seus sistemas fossem liberados após um magistral bloqueio por hackers!

O velho mote deve estar sempre na mente: “o preço da segurança é a eterna vigilância”!

Essa “guerra” só está começando e tomará proporções ainda maiores, especialmente com o uso intensivo da tecnologia da Internet das Coisas!

Nota: Esse artigo também foi publicado no linkedin