sábado, 26 de novembro de 2022

Avistamentos de OVNI – Uma cortina de fumaça?

 

Avistamentos de OVNI – Uma cortina de fumaça?



O avistamento de Objetos Voadores Não Identificados (OVNI) voltou ao cenário, em certa medida, quando foram revelados relatos e vídeos da força aérea americana mostrando a captura de imagens de objetos de pequeno porte que trafegavam em velocidades elevadas, se deslocavam com muita rapidez e mesmo desapareciam.

O frenesi sobre esses avistamentos não é novo. O caso mais famoso foi o denominado Caso Roswell (1947) ou Incidente em Roswell, tornou-se o responsável pela avalanche de especulações sobre naves alienígenas. Segundo os militares e investigadores da época, tratava-se da queda de um balão meteorológico, também poderia ter sido resultado de um experimento secreto mal sucedido da área militar dos Estados Unidos, realizado após a segunda guerra e tomando como  base os inúmeros projetos elaborados pelos cientistas do III Reich, a começar pelo conhecido domus voador, também denominado como Haunebu .

As novas visualizações de OVNI’s geraram especulações que rondam todas as comunidades do nosso planeta e mesmo inúmeras teorias foram levantadas ou ressuscitadas para justificar a presença desses objetos.

Para começar, a existência de vida no vasto universo que nos circunda, onde somos apenas um “pálido ponto azul”, nas palavras de Carl Sagan, é um fato de altíssima probabilidade e o homem vem observando e explorando o espaço sideral em busca dessa definição.

A pesquisa frenética de vida no espaço interestelar tem provocado um grande esforço humano e vem utilizando das mais avançadas tecnologias na persecução desse objetivo. O exemplo mais recente é encontrado na permanência do Rover Perseverance da NASA e  Zhurong da CNSA (Administração Espacial Nacional da China), que vêm vasculhando a superfície de Marte. Qualquer nova descoberta no planeta é motivo de avivado interesse da mídia e o público em geral!

Nesse contexto, em 1961, Frank Drake, astrônomo, astrofísico, pesquisador e professor universitário norte-americano, que estudou emissões de rádios de planetas e esteve envolvido num projeto de busca por inteligência extraterrestre, desenvolveu uma equação matemática, conhecida como Equação de Drake que permite calcular o número de civilizações detectável na Via Láctea, onde residimos e que é uma entre centenas de bilhões de outras galáxias existentes no universo.

A cada dia ficamos surpreendidos com as fantásticas descobertas do telescópio Espacial James Webb, desenvolvido pela NASA, ESA (Agência Espacial Europeia) e CSA (Agência Espacial Canadense). Esse telescópio é um marco da ciência e da tecnologia e vem permitindo avanços consideráveis no campo da astronomia e astrofísica, suplantando em grande escala o telescópio Hubble que iniciou sua operação em 1990.

Após o término da segunda guerra mundial, deu início a um longo período de tensão geopolítica entre os Estados Unidos e a União Soviética, formando assim dois blocos conhecidos como o Bloco Ocidental e o Bloco Oriental.

Examinando o tema à luz da teoria dos jogos, os dois blocos, mais especificamente a União Soviética e os Estados Unidos, começaram a desenvolver artefatos bélicos bastantes sofisticados, assim como criando meios defensivos e de ataque para um eventual conflito e, do mesmo modo, perpetrando espionagem do seu opositor, onde o caso mais famoso foi o incidente com o avião espião americano U2, abatido pela União Soviética em 01 de maio de 1960.

Ora, estava claro que esse desenvolvimento tecnológico implicava na realização de testes de campo, por exemplo, no uso de sofisticadas aeronaves e essas efetivamente seriam avistadas no curso desse processo ou mesmo em missões planejadas. A questão que se sobrepunha envolvia descobrir uma forma de mitigar essa possibilidade, criando assim uma cortina de fumaça para mascarar novos projetos experimentais.

Nesse sentido, o governo americano contratou um renomado físico para “estudar o fenômeno OVNI” visto que, a partir de 1947, começaram a surgir uma série de relatos de  “avistamentos de discos voadores”, que resultou no famoso projeto Blue Book (Livro Azul), culminando em uma série apresentada nos anos 2019/20 nos canais de televisão e denominada Projeto Livro Azul.

Não descarto hoje, em face do exponencial avanço da ciência e da tecnologia, onde artefatos voadores são projetados através de sistemas de inteligência artificial com algoritmos de machine learning, que esse novo “fenômeno midiático” voltou à baila com objetivo de criar uma “cortina de fumaça” para acobertar experiências em campo de projetos militares ultrassecretos, muito especialmente em função do atual cenário geopolítico internacional de alta turbulência.

Considerando evidentemente a possibilidade da existência de tecnologias por nós desconhecidas que enfrentem Einstein e sua teoria da relatividade geral, a qual impõe restrições para as viagens interestelares visto que não é possível realizar viagens com velocidades superiores à velocidade da luz ou mesmo a hipótese do uso de um “buraco de minhoca”, túneis formados por distorções no espaço-tempo, que na teoria poderiam ser utilizados para viagens interestelares, pergunto: se esses seres já se encontram entre nós,  com suas naves, por que ficar desfilando no espaço tal qual bailarinas do Bolshoi?

Para encerrar cito o magistral Bardo Inglês, inventor da tragédia moderna:

"Vê uma nuvem que está quase em forma de um camelo?

Polonius: pela massa, e é como um camelo, de fato.

Hamlet: .... é como uma doninha.

Polonius: É apoiado como uma doninha.

Hamlet: ou como uma baleia?

Polonius: Muito parecido com uma baleia."

Shakespeare - Hamlet



quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Computação Líquida

 COMPUTAÇÃO LÍQUIDA


Resenha do Artigo:
CIÊNCIA e TECNOLOGIA - COMPUTAÇÃO LÍQUIDA

Um gênio da nanociência e nanotecnologia com inúmeros trabalhos publicados e de grande reputação internacional, liderando um grupo de pesquisadores da Universidade de Harvard na área de nanociência, desenvolveu pesquisas incríveis, tendo publicado mais de 400 trabalhos e participado da produção de livros sobre nanociência e nanotecnologia.

Esse pesquisador e sua equipe criaram minúsculos circuitos lógicos e de memória, com alguns átomos de diâmetro, como numa obra de ficção científica, simplesmente quando um líquido que se monta sozinho, é derramado sobre uma mesa!

Como num conto de Ian Fleming (criador de James Bond), os problemas do Dr. Leiber começaram a acontecer quando foi descoberto que ele recebia “doações” do governo chinês para as suas pesquisas; evento esse, desconhecido da administração da Universidade de Harvard e do governo americano. Por conta disso, esse excelente pesquisador teve sua prisão decretada e diversas acusações por crimes praticados e aguarda julgamento previsto para janeiro de 2023.

Nesse artigo tratamos das descobertas do Dr. Leiber e sua equipe, sua aplicabilidade no campo da nanociência e nanotecnologia e os riscos do uso indevido dessa tecnologia por ser tratar de dispositivos em escala nanométrica (o futuro invisível) !

ARTIGO COMPLETO:

Em 2001, o professor de química Charles Leiber e sua equipe promoveram uma espécie de revisão da lei de Moore, CEO da Intel que havia proclamado que o número de transistores existente em um chip duplicaria a cada dois ano e, segundo essa perspectiva a linha de produção de chips de silício atingiria seus limites por volta de 2017. Ocorre que ela vem sendo impulsionada pela inovação e aplicação de novas tecnologias de empilhamento 3 D. Por exemplo, a Samsung desenvolveu um processo de fabricação chamado de cubo estendido (X-Cube), permitindo assim, o aumento de transistores por dispositivo.

Em 2011, Lieber foi nomeado o químico líder mundial na década de 2000-2010 pela Thomson Reuters, com base no impacto de suas publicações científicas. Ele chegou a publicar mais de 400 artigos em revistas com revisão de seus pares, assim como editou e contribuiu para muitos livros sobre nanociência.

Ele promoveu uma abordagem diferenciada que denominou de “baixo para cima” em suas pesquisas na indústria de nanotecnologia. Em suas palavras: “é uma abordagem completamente diferente, a construção de baixo para cima”; onde as caraterísticas de sua construção partiram de nano fios especialmente preparados, o que lhe permitiu criar transistores com apenas 10 átomos; abrindo um leque de oportunidades para a microeletrônica ainda maior!

É gigantesca a aplicação da microeletrônica nos mais diversos campos e a tecnologia de Leiber e seus colaboradores, de aumentar a densidade de transistores nos dispositivos, permitiu projetos de computadores mais integrados, com grande capacidade computacional.

Numa prova de conceito, esses pesquisadores criaram minúsculos circuitos lógicos e de memória, com alguns átomos de diâmetro, como numa obra de ficção científica; simplesmente quando um líquido que se monta sozinho, é derramado sobre uma mesa!

Usando fios com apenas três nanômetros de diâmetro (um átomo tem aproximadamente 0,1 nanômetros, segundo medições realizadas com uma tecnologia denominada de corrente de tunelamento), esse pesquisador  e sua equipe foram capazes de produzir uma placa de tamanho extremamente reduzido (nano) que, tão logo mergulhada em um líquido que, dispersado sobre uma mesa, se transforma em um computador!

O processo é formado através de blocos de construção com o uso de um catalisador que favorece o crescimento desses blocos em uma única direção. Uma característica chave do método desenvolvido por Leiber é permitir que os nanofios (um feixe minúsculo com propriedades de um isolante, de um semicondutor ou de um metal, com diâmetro a partir de um nanômetro) sejam preparados, praticamente, com propriedades condutivas específicas.

Vários exemplos do uso de dispositivos sensores de nanofios de silício (SiNW) incluem a detecção ultrassensível e em tempo real de proteínas de biomarcadores para câncer, detecção de partículas virais únicas e detecção de materiais explosivos nitro aromáticos como trinitrotolueno (TNT). Os nanofios de silício também podem ser usados em sua forma trançada, como dispositivos eletromecânicos, para medir forças intermoleculares com grande precisão.

Desde 2008, Leiber atuou como pesquisador Principal do Grupo de Pesquisa Lieber na Universidade de Harvard, especializado na área de nanociência, recebeu mais de US$ US$ 15 milhões em doações dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) e do Departamento de Defesa (DOD).

Esses financiamentos exigem a divulgação de conflitos de interesse financeiros, incluindo eventual apoio financeiro de governos estrangeiros ou entidades estrangeiras. O problema ocorreu quando, sem o conhecimento da Universidade de Harvard, a partir de 2011, Lieber foi “contratado” como “cientista estratégico” na Universidade de Tecnologia de Wuhan (WUT) na China, tendo participados de projetos como contratado no Plano de Mil Talentos da China de 2012 a 2017.

Em face dessa situação, em 2021 ele foi preso e condenado por seis acusações criminais relacionadas ao recebimento de investimentos de milhões de dólares do governo chinês, incluindo duas acusações de fazer declarações falsas ao FBI. Embora tenham ocorrido especulações sobre a sua atuação nas pesquisas relacionadas ao SARS-CoV-2, nada foi comprovado.

A contribuição de suas pesquisas tem aplicações em diversas áreas que vão desde eletrônica, computação, fotônica e ciência da energia até biologia e medicina, como por exemplo o uso de unidades de memória de estado sólido, como ele mesmo havia previsto!

 No início de fevereiro deste ano (2022) o Dr. Leiber entrou com uma petição requerendo sua absolvição ou um novo julgamento; sendo que em setembro, a petição foi negada e a data de sua sentença foi marcada para 1º de janeiro de 2023.

As questões que estão na baila hoje, em face das pesquisas do Dr. Leiber são complexas, dado que sensores, numa prova de conceito,  foram testados envolvendo a detenção de câncer de próstata e mais, segundo esse ousado pesquisador, “essa tecnologia permite o projeto de um chip para detectar um bilhão de coisas simultaneamente, até mesmo variações do DNA de um indivíduo”, o que significa dizer que um indivíduo poderá ter fluindo em seu corpo, um chip extremamente pequeno (nano) que pode ser detectado eletricamente quando tem uma proteína, um ácido nucleico ou qualquer outra coisa.

No escopo dessa abordagem de Leiber, examinando o tema à luz de uma possível “teoria da conspiração”, nada impediria que essa tecnologia possa ser futuramente utilizada, por exemplo em um processo de controle da população, quando será possível injetar e manter minúsculos computadores, dentro dos corpos vacinados! Como destacou Leiber “normalmente uma molécula se ligada a superfície de um transistor (nano) não teria qualquer efeito, porém imagine se conectada a uma proteína com carga”!

Ser ou não ser, eis a questão: o que é mais nobre para o espírito? Sofrer os dardos e as setas de um ultrajante fado, ou tomar armas contra um mar de calamidades, para pôr lhes fim, resistindo?”   Shakespeare - Hamlet

Fontes:

Natural News – Nov 21,2022.

Expose News – Nov 14,2022.

Harvard Magazine – nov, 2001.



quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Os perigos do Capitalismo de Vigilância.

CIÊNCIA e TECNOLOGIA
OS PERIGOS DO CAPITALISMO DE VIGILÂNCIA 


O termo Capitalismo de Vigilância foi cunhado por Shoshana Zuboff em sua obra denominada A Era do Capitalismo de Vigilância.

Em sua definição clássica, a autora o trata como uma maneira unilateral de transformar a experiência humana em matéria-prima gratuita, mediante sua tradução em dados comportamentais.

Diante desse quadro, embora os objetivos declarados das Bigs Tech seja no uso desses dados como objetivo de aprimorar produtos e serviços, em verdade ele vai mais além!

Ora, é notório que, em face da competividade exacerbada, esse massivo banco de dados (Big Data) que pode incluir hoje, muitas vezes, dados biométricos tais como: reconhecimento facial, batimentos cardíacos, movimento dos olhos, rastreamento de sua movimentação através do GPS existente nos equipamentos (celulares, tablets etc.), se transformam em um poderoso instrumento de predição e mesmo, manipulação!

Por um lado, na predição, ao dar um “like” em um filme que um indivíduo assistiu, no Netflix, por exemplo, ou mesmo em sua rotina de visitas a determinados sites, esse processo alimenta os algoritmos de aprendizado que passam a oferecer a esse indivíduo, tal qual um filtro em camadas, exatamente o que o indivíduo gostaria de apreciar!

Essa convergência algorítmica funciona, exemplificando, tal qual o lançamento de uma bola de ping-pong ao chão. Ela vai, em um processo de queda gradual, reduzindo a sua altura na queda, até parar.

Nesse contexto, ouso dizer que esse processo de convergência é um dos responsáveis pelo atual clima de intolerância e radicalização que estamos convivendo em nossos dias!

Isso ocorre porque passamos a ver, ouvir e sentir cada vez mais uma banda estreita das ocorrências, em face da convergência desses algoritmos levar a um mundo imaginário de convivência em uma bolha de eventos que nos tocam e sensibilizam.

Nesse processo os usuários passam a receber estímulos produzidos por esses algoritmos, por apresentar sempre produtos e serviços na escala preditiva baseada em seus comportamentos nas redes sociais etc. Assim, quando um produto ou serviço for apresentado fora da sua “bolha de sensibilidade”, haverá uma grande possibilidade desses indivíduos rejeitá-lo. Isso acontece por que, de forma sub-reptícia, o algoritmo o capturou!

Por outro lado, a manipulação das pessoas ficou patente com o famoso escândalo da Cambridge Analytica que, utilizando dados comportamentais dos usuários do Facebook (Meta), promoveu uma massiva propaganda, especialmente junto ao público jovem, para uma votação favorável ao Brexit (processo de saída do Reino Unido da União Europeia que se iniciou em 2017).

Como bem descreve Zuboff: “...o capitalismo de vigilância é uma forma nefasta comandada por novos imperativos econômicos que desconsideram normas sociais e anulam direitos básicos associados à autonomia individual, os quais são essenciais para a própria possibilidade de uma sociedade democrática” (op.cit. pag.23).

Por exemplo, ao monitorar posts, fotografias, interações e atividades realizadas na internet, os algoritmos do Facebook (Meta) podem deduzir “quando um jovem se sente estressado, derrotado, nervoso, bobo, inútil ou fracassado” (op. cit pag. 351);  o que é muito perigoso!

Basta lembrar do regime chinês e sua vigilância totalitária, onde milhões de câmera espalhadas por todos os cantos e acopladas à sistemas de reconhecimento facial, vigiam e controlam a população nas mais diversas situações; assim como estabelece um sistema de pontuação em função do comportamento de cada indivíduo. Por exemplo, ao atravessar uma rua fora da faixa de pedestre, não respeitar a sinalização para pedestres etc., um chines, capturado pelo sistema de câmeras, imediatamente recebe uma pontuação negativa que resultará em certas dificuldades em receber empréstimos, bônus do governo etc.

Embora não estejamos em regimes totalitários como o chinês, o certo é que as Bigs Tech nos controlam de forma audaciosa e furtiva, basta examinar os recentes casos mundiais de censuras promovidas por seus algoritmos repressores, projetados para captar palavras escritas ou faladas que, segundo seus conceitos, representam uma ameaça ao “escopo” da plataforma.

Não é incomum um criador de conteúdo receber uma notificação de que seu produto foi retirado da plataforma por “violar os princípios norteadores desta plataforma”. Essa ditadura disfarçada acaba em muitas situações cancelando a presença desse continuísta ou mesmo desmonetizando-o e, por via de consequência impedindo de continuar operando nela, especialmente que muitos sobrevivem desse tipo de serviço oferecido!

Cancelamentos de perfis de Twitters, Instagram, Youtube etc tem sido um evento bastante corriqueiro em nossos dias. E a audácia vai mais longe como foi o famoso caso do cancelamento da conta do Twitter do ex-presidente americano Donald Trump e muitos outros, em todo o planeta e mais recentemente, aqui no Brasil, numa atitude que afronta a liberdade de expressão, várias contas da plataforma do Youtuber etc. e mesmo contas pessoais de grupos de WhatsApp foram censuradas, apesar de tratar-se de conversação particular entre grupo de pessoa, constituindo assim uma censura indevida!

A verdade é que quanto maior for o leque de conexões e inserções nas redes, em grande medida agora com a implantação do 5G e operacionalidade da internet das coisas, tudo estará conectado e, por via de consequência, será passível de análise e controle.

Será que no futuro próximo teremos uma tecnocracia totalitária controlada por algoritmos de inteligência artificial que passarão a vasculhar as redes em busca de dados sobre cada cidadão e assim elaborando e avaliando suas atitudes comportamentais?

“O diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém!”

Shakespeare  in O Mercador de Veneza .

 


 

 

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Crise Mundial de Energia ?

 CRISE MUNDIAL de ENERGIA ?


Não há dúvidas de que o mundo está em meios à uma crise energética complexa e profunda, que ascendeu de forma mais visível, diante da invasão da Ucrânia pela Rússia. 

O impacto foi severamente acentuado, considerando em especial as sanções impostas pela Comunidade Europeia à Rússia, responsável pelo fornecimento de gás, através da Gazprom, cujos gasodutos foram desativados também por ação de sabotagem mediante várias explosões em diversos pontos do seu trajeto no mar. 


O certo é que, esse processo, tal qual uma fileira de dominós, onde o primeiro a cair leva a uma sequência de quedas sincronizadas, acabou produzindo reflexos danosos, não só na política de suprimentos de energia para a Europa, como também promoveu uma elevada volatilidade nos preços da energia, com reflexo em cadeia mundial, tanto nas empresas quanto nas famílias!


Essa desorganização no fluxo de suprimentos energético e sua volatilidade promoveram um gradiente de aceleração nas pressões inflacionárias que se propagaram em todos os países. 

Como explicita o World Energy Outlook 2022 (WEO): “a combinação da queda da renda real e o aumento nos preços dos combustíveis fósseis está criando um risco iminente de uma recessão global” (op.cit. - tradução livre).


A supressão no fornecimento de gás pela Gazprom, abriu espaço para a análise de um novo cenário destinado a viabilizar os suprimentos de energia e, nessa toada, foram consideradas uma série de medidas com objetivo de criar maior robustez à segurança energética, onde não foram descartadas a possibilidade de injeção de investimentos no fornecimento e na infraestrutura de geração de energia com o uso de combustíveis fósseis e assim, postergando as metas de redução nas taxas de emissão de carbono.


A previsão econômica e demográfica analisada pelo WEO destaca um crescimento sustentado para os serviços de energia, numa média de 2,8% ao ano; assim como uma projeção de crescimento populacional para 9,7 bilhões de pessoas, até 2050. Esses dois vetores retratam uma crescente demanda por serviços de suprimentos energéticos entre tantos outros!


Nesse contexto, o relatório WEO explora três cenários para o futuro da energia e suas implicações nas dinâmicas dos avanços tecnológicos e no fluxo de investimentos; os quais evidenciamos sucintamente aqui:


Cenário I – Política Declaratória – destacando o factível pelos governos em estabelecer metas e objetivos de suas políticas energéticas e não promessas, como pessoalmente destaco o COP 27 e seu “mundo do faz de contas”.


Cenário II – Compromissos Anunciados – quando examina todos os compromissos sobre energia e clima, emissões líquidas zero de carbono etc.  e para onde seria levado o setor de energia, caso seja implantado integralmente todos os compromissos anunciados.


Cenário III – Emissões Líquidas Zero até 2050 – com a finalidade de estabilização da temperatura média global em 1,5° C e atendendo também aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecido pela ONU.


"Lich, mehr licht” (Luz, mais luz) – últimas palavras proferidas por Goethe. 


Nota: Para os interessados no relatório na íntegra que contém 542 páginas, incluindo seus anexos, segue o link:      https://www.oecd.org/publications/world-energy-outlook-20725302.htm




 


sábado, 5 de novembro de 2022

 

REAL DIGITAL – O QUE VEM POR AÍ?



Desde que tomaram corpo o uso mais expandido das moedas digitais também conhecidas como criptomoedas, o tema despertou o interesse dos bancos centrais, em todo o planeta, sendo que uma parte significativa deles, representa quase a totalidade do PIB mundial. Nesse contexto, passaram a estudar o tema, explorando e testando projetos, em todos seus aspectos operacionais e tecnológicos, com o objetivo de desenvolver moedas digitais próprias (Central Bank Digital Currency).

Importante registar que as criptomoedas, tais como Bitcoin, Ethereum, Ripple (XRP), Cardano (ADA) etc., envolvem operações descentralizadas e executadas através de sistemas blockchain próprios (uma espécie de livro-razão de dados descentralizados que são compartilhados com segurança); enquanto os CBDCs são controlados pelos bancos centrais ou governos.

 A utilização das denominadas CBDCs resulta, sob a ótica dos analistas financeiros em uma potencial melhoria na eficiência do fluxo de pagamentos das operações realizadas, como também vai permitir uma maior inclusão digital da população em geral., em especial pelas deficiências e altas taxas de serviços cobradas pelos bancos comerciais!

Na minha ótica, para operacionalizar esse sistema junto a população, haveria de acontecer um denominado “período de treinamento” com objetivo de permitir de forma tranquila a inclusão de todos nessa nova modalidade de pagamentos.

A oportunidade surgiu diante da crise promovida pela pandemia e seus lockdowns e a necessária e bem sucedida operação promulgada pelo Governo Federal para minimizar o seu impacto,  em especial nas famílias de baixa renda e pequenos comerciantes, em face do  fechamento dos estabelecimentos comerciais e a tão contestada política do “fique em casa”.

 Nesse contexto, para fornecer um “auxílio emergencial” e evitar a possibilidade de grandes fraudes, o governo partiu para uma estratégia de “inclusão digital da população”, através de uma gigantesca operação promovida pela Caixa Econômica, quando foram rapidamente incluídos digitalmente mais de 30 milhões de brasileiros, que sequer possuíam uma conta bancária.

 Logo após, o Banco Central acabou desenvolvendo um sistema de pagamento instantâneo, onde o “dinheiro” pode ser transferido de uma conta para outra, praticamente de forma instantânea, sem a interveniência de bancos comerciais. Esse processo também permitiu que a população passasse a transferir e receber valores, assim como realizar compras, pagar impostos mediante uso de um sistema denominado “PIX”.

 Esse sistema não tem limitações de horário ou dia da semana e pode ser utilizado tanto por pessoas físicas, como pessoas jurídicas. Vale registrar que ele não tem qualquer custo para as operações de pessoas físicas. Em Twitter emitido pela Casa Civil da Presidência da República,  foi informado que “os bancos perderam R$ 40 bilhões por ano com o uso do Pix”, especialmente na cobranças das denominadas tarifas para a realização de transações financeiras !

O sucesso no uso disseminado do PIX acelerou o processo do Banco Central (BC) no desenvolvimento do denominado Real Digital, sendo que em agosto de 2020 o BC organizou um grupo de trabalho, através da Portaria nº 108.092/20 , que em seu artigo 1º  estabelece: “Fica constituído Grupo de Trabalho Interdepartamental (GTI), de natureza consultiva, para realizar estudo sobre eventual emissão de moeda digital pelo Banco Central do Brasil”

 Vale recordar que a única forma do Banco Central emitir dinheiro é por meio de notas e moedas em espécies. Assim, o BC autoriza a emissão de dinheiro em quantidade suficiente para atender às necessidades dos consumidores e das empresas, mantendo a quantidade de cédulas e moedas de acordo com o fluxo da economia.

 Autorizada a produção das notas e moedas, elas são então produzidas na fábrica (Casa da Moeda), e após a fabricação elas seguem para o Banco Central de onde são encaminhadas ao Banco do Brasil que opera como órgão distribuidor do dinheiro para os demais bancos, com a estrita fiscalização do BC.

 No dia 20 de outubro deste ano (2022) o BC, experimentalmente, lançou o primeiro lote de moedas digitais, o denominado Real Digital, promovendo um grande passo para uma nova tecnologia que irá produzir uma verdadeira revolução no mundo financeiro que conhecemos .

A diferença entre o PIX e o Real Digital é que no uso do real digital, um usuário poderá receber recursos e fazer pagamentos sem ser cliente de um banco. O sistema mais avançado do planeta é o chines, que o utiliza o renminbi digital operado pelo Banco do Povo. Vale registrar que o renminbi (“moeda do povo”) é a moeda oficial da República Popular da China e distribuída pelo Banco Popular chinês.

É evidente que a  introdução da moeda digital é uma forma de estabelecer um controle central das transações financeiras, a exemplo do que ocorre hoje na China e o controle total de seus cidadãos.

Nesse sentido, recordo-me de um filme dos anos 90, dirigido por Irwin Winkler e estrelado por Sandra Bullock, denominado “A Rede”. Acredito que o mesmo ainda se encontra disponível no Netflix ou no Amazon Prime Vídeo.

Na medida em que as moedas digitais controladas pelos Bancos Centrais, em todo os países, entrarem em grande fluxo de utilização, há o risco real e imediato de que os diversos governos passem a ter controle quase total de seus cidadãos, e aí mora o grande perigo!

Por exemplo, na citada película estrelada pela Sandra Bullock, um indivíduo é simplesmente deletado do sistema mediante o cancelamento de seu registro nos sistemas da rede e como tal, ficou impossibilitado de realizar transações das mais diversas, ou escrevendo de outra forma, teve sua morte digital decretada que produziu grandes transtornos em sua vida!

Um exemplo já sentimos hoje, através da censura efetivada pelas Big Tech, seja por conta própria ou solicitação de governos, conduzidas por certas vertentes ideológicas, nas diversas plataformas, retirando inclusive a monetização de sites ou impedindo a sua divulgação através das plataformas suportadas na rede, por grandes corporações digitais (Facebook, Instagram, WhatsApp etc.)!

 O Grande Irmão observando você” – George Orwell in 1984.



 

 

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Inteligência Artificial - O que temer nos próximos anos?

 

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
O que temer nos próximos anos?



A revista eletrônica Analytic Insight abriu uma discussão sobre um tema que vem preocupando a comunidade de pesquisadores: a inteligência artificial como uma “faca de dois gumes”, ou seja, o seu uso nas mais diversas áreas do conhecimento, tanto para beneficiar quanto prejudicar os seres humanos!

Não resta dúvida que os avanços tecnológicos beneficiam consideravelmente a humanidade; porém é bom lembrar que a tecnologia pode ser vista sobre a ótica de uma “espada de dois gumes”, tanto poderá servir para o bem da humanidade como também para propagar o lado sombrio do ser humano.

Hoje passamos a conviver com robôs e uma avalanche de algoritmos de inteligência artificial, que operando nos mais diversos campos das atividades humanas, produzem resultados fantásticos, como por exemplo, na precisão de diagnósticos médicos por imagem, na pesquisa de novas moléculas, em especial para a produção de medicamentos de última geração etc.

Porém um ponto vem preocupando desde as pessoas mais simples, como também grandes pesquisadores e empreendedores com Nick Bostron, Elon Musk, Stephen Hawking (já falecido e desenvolvedor da teoria dos buracos negros) etc. em face do temor de como a inteligência artificial vai se comportar no futuro! Em verdade, ninguém pode afirmar de forma absolutamente categórica até onde a inteligência artificial poderá chegar um dia!

Nesse sentido, a revista eletrônica Analytic Insight apresentou vários tópicos de potenciais efeitos negativos da inteligência artificial que poderão rondar o nosso planeta no ano de 2023 que acabou inspirando esse artigo.

1. Algoritmos deliberadamente tendenciosos.

Sobre esse tema, já tratamos aqui, quando comentamos o caso de vários sistemas que apresentam vieses tendenciosos. Neste sentido recomendo, para os interessados, a leitura da obra de Cathy O’Neil que leva o título de “Algoritmos de Destruição em Massa”, onde a autora destaca os perigos desses vieses. Como os algoritmos de “filtragem” na contratação de pessoas, assim como o caso emblemático do “Catbot” racista do Twitter da Microsoft.

Porém, a preocupação aqui vai além de envolver eventuais erros na programação desses algoritmos, mas sim a criação de algoritmos potencialmente projetados com vieses tendenciosos e nesse sentido produzirem efeitos danosos.

2. O futuro do trabalho

Na medida em que a tecnologia avança, ela acaba abrindo um novo leque de opções para novas formas de trabalho; entretanto haverá uma substancial perda de postos de trabalho com o advento da inteligência artificial, em especial aqueles rotineiros. Nesse sentido, destaco que abordei esse assunto em meu blog, em maio/2017, através do tema: O Futuro do Trabalho, cujo link destaco a seguir:

https://professorgoncalves.blogspot.com/2017/07/o-futuro-do-trabalho.

Nessa direção será indispensável que os programas de treinamento e educação sejam reformulados, tendo como principal enfoque a absorção das novas tecnologias e suas aplicações, criando-se dessa maneira uma força de trabalho devidamente preparada para evoluir e enfrentar os novos desafios da empregabilidade.

3. O difícil entendimento de como os algoritmos de AI, ao final, se comportam.

O fato é que muitos algoritmos acabam operando como “independentes” e sem qualquer controle ou censura. Um exemplo bem contundente foi o caso do “Catbot” racista do Twitter da Microsoft, como citado acima e mais recentemente a AI desenvolvida pelo Google que resultou numa avalanche de especulações desde de que  Blake Lemoine a entrevistou e anunciou publicamente sua “conversa” com ela ! Assim, a realidade é que esses algoritmos acabam agindo como uma verdadeira “caixa preta” e mais, muitos dos resultados obtidos por esses algoritmos de AI, são difíceis de explicar. Com cita a revista eletrônica Analytic Insight: “as pessoas precisam entender a lógica por trás das decisões em várias situações e negócios”.

Fatos como esse estão relacionados também à robôs programados nas operações do mercado financeiro, como foi, por exemplo, o caso da Knight Capital Group que registrou perdas de US$ 440 milhões em 2021, em face de uma falha no sistema de algoritmos de alta frequência. Aproveitando, para os interessados, sugiro a leitura do livro de Michael Lewis denominado Flash Boys.

Do mesmo modo, temos os diagnósticos de imagens realizados através de algoritmos de AI, como indicação de eventuais tratamentos médicos etc. Embora esses algoritmos apresentem excelentes resultados, como é o caso do algoritmo criado pelo professor Matthew Lungren, assistente de radiologia da Universidade de Stanford. Esse algoritmo foi alimentado com 112.120 imagens de raio-X de peito referentes a 14 tipos de doenças, e destinava-se a tarefa de diagnosticar patologias como a pneumonia. Após um mês de funcionamento, o algoritmo já conseguia diagnosticar a doença com maior precisão do que os profissionais humanos. Com a Analytic Insight: frequentemente, não entendemos por que o algoritmo está fazendo uma determinada escolha, e essa é uma preocupação. (Analytic Insight – octuber - 2022)

4. Ataques cibernéticos.

Vale lembrar que o tema foi objeto de discussões no Fórum Econômico Mundial, inclusive criando uma simulação através de um “jogo de guerra”  denominado “Cyberpolygon”, evento realizado na semana de 9 de julho de 2021 , e supostamente projetado para simular um ataque cibernético maciço que de alguma forma produzisse uma interrupção na cadeia de suprimentos global, ou pelo menos interrompesse a cadeia de suprimentos de várias grandes economias. Nesse contexto, Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial,  afirmou que o próximo ataque cibernético será como uma “pandemia cibernética” muito pior em escala destrutiva quando comparado ao covid.

De fato, em junho 2021, ocorreu uma interrupção da Internet, levando a um blecaute de uma vasta área da web, incluindo sites de notícias, plataformas tradicionais como a Amazon, eBay, Twitch, Reddit, assim como uma série de sites governamentais. Tudo isso aconteceu quando a empresa Fastly (uma grande rede de distribuição de conteúdo), apresentou um bug!

Embora a Amazon tenha colocado o seu site “no ar” em apenas 20 minutos após essa breve interrupção, esse evento acabou provocando uma queda no faturamento da empresa superior a US $ 5,5 milhões em vendas. Observar que estamos falando de um único site!

5.Terrorismo arquitetado com  o uso da IA.

Acredito que muitos assistiram a um vídeo fake, bastante impactante apresentado numa palestra do TED, na qual um apresentador mostrava mini drones militares assassinos, equipados com munição e dotados de inteligência artificial. Esse pequeno drone mostrava-se autônomo, podendo se esquivar de possíveis ataques e, dotado de uma inteligência artificial com algoritmo de reconhecimento facial, poderia reconhecer um determinado rosto e, mediante uma munição de alto poder destrutivo, eliminar o alvo com um único tiro.

Embora esse seja um vídeo falso, ele foi criado pelo grupo denominado Ban Lethal Autonomous Weapons (Banimento de Armas Autônomas Letais, numa tradução livre) com objetivo de chamar a atenção para um problema real que pode acontecer em um futuro próximo. Aliás vale lembrar que, em recente vídeo, realizado antes das eleições, o Presidente da República havia comentado que, no entorno do Palácio do Planalto foram instalados sistemas detectores de drone para evitar possíveis ataques!

Não há mais dúvidas sobre a possibilidade de uma nova abordagem terrorista com uso de inteligência artificial. Além do desenvolvimento de drones autônomos, há possibilidades reais de formação de nano-robôs em formação, tal qual um enxame de abelhas, com objetivo de promover ataques ou mesmo disseminar doenças ou borrifar em uma determinada região, um vírus mortal!

Nesse sentido, retorno ao ano de 2001 e a famosa queda do World Trade Center através de um ataque terrorista aéreo, mediante sequestros de aviões comerciais. Nesse episódio, devidamente investigado pelas autoridades americanas, estava o fato de que o grupo de terroristas tinham como intensão contratar um avião agrícola (aqueles destinados a aplicar fertilizantes, sementes e defensivos) e lançar, em plena cidade de Nova York, esporos de antraz (Bacillus Anthracis), onde esses esporos seriam preparados na forma de pós muito finos para se transformarem em uma arma de bioterrorismo!

 Caímos, ao final, no velho desafio da esfinge de Tebas: “decifra-me ou lhe devoro”!