sábado, 30 de novembro de 2019

Manufatura em ambiente de Microgravidade

MANUFATURA EM AMBIENTE DE MICROGRAVIDADE

Ficamos agora no momento decisivo entre duas eras.
Atrás de nós está um passado a que nós nunca 
podemos retornar… A vinda do foguete finalizou
um milhão de anos de isolamento… a infância de 
nossa raça era excedente e a história como 
nós a sabemos começou. “
 Arthur C. Clarke - Exploration of Space (1952)


Vários experimentos foram realizados na Estação Espacial Internacional (ISS), em diversas missões da NASA, objetivando a manufatura de produtos a nível de microgravidade.

De um lado, é importante registrar que a estação espacial, um projeto no qual trabalham 15 países, foi colocada, a partir de junho deste ano de 2019,  à disposição das atividades comerciais, em seu módulo denominado Harmony, com a finalidade de abrigar astronautas do setor privado.


Esses astronautas privados poderão permanecer na Estação Espacial (ISS) por um período de até 30 dias exercendo atividades comerciais ou de marketing. O projeto inicial da NASA, de franquear o uso da ISS para fins privados, será totalmente custeado pela iniciativa privada e deverá ter início em 2020.

De outro lado, existem mais de 50 companhias realizando projetos de pesquisa e desenvolvimento sobre a estação especial através do Laboratório Nacional dos EUA da ISS e, segundo a NASA (Figura 2), os resultados são muito promissores. 


Figura 2 – Lançamento da Space X.
Fonte: NASA/Bloomberg (2019).

A importância desse evento está relacionada aos efeitos produzidos na fabricação de produtos no estágio de baixíssima gravidade, ou como muitos conhecem, na “microgravidade”.

Não é sem razão que grandes empresários estão interessados nessas pesquisas como é o caso de Jeff Bezos (Amazon), de Elon Musk (Tesla) e de Richard Bronson (Virgin), como mostra a figura 3.


Figura 3 – Principais empresários interessados nas pesquisas especiais.
Fonte: Bloomberg (2019).

Por exemplo, a fabricação de fibras óticas nas indústrias resulta na inserção de certas impurezas com a formação de microcristais e impurezas do próprio vidro. Nesse sentido, a fibra ótica, quando produzida em nosso ambiente, está sujeita a pequenas falhas, que resultam no aparecimento de cristais, cujo resultado é aumentar as perdas de sinais e, consequentemente, afetando a capacidade de transmissão de dados.

A fibra óptica vem sendo utilizada em diversas aplicações, sendo que um dos usos mais conhecidos está relacionado à transmissão de dados para uso da internet, como acontece com as empresas de serviços que procuram fornecer internet em “banda larga” de alta e altíssima velocidade para a transmissão de dados.

Pesquisas realizadas na ISS demonstraram que a falta de gravidade promove uma considerável redução na formação de impurezas durante o processo produtivo, além de tornar mais fácil produzir fios óticos mais longos, resultando em menores de custos de produção, estimados em US$ 1.0 milhão por quilo de fibra ótica.

Nesse contexto, significativas melhorais na qualidade do produto manufaturado, pela redução considerável de impurezas formadas nas fibras óticas no curso de sua a produção, serão obtidas, como mostra, comparativamente, a figura 4.



Figura 4 – Fibra ótica fabricada na Terra e no espaço.
Fonte: Bloomberg (2019).

A mesma empresa à frente do projeto de fabricação de fibra ótica na estação espacial, uma empresa americana denominada Made In Space, também quer fabricar componentes, como a utilização de impressão 3D (também conhecida como Manufatura Aditiva). 

Esse projeto denominado Archinaut One, recebeu investimento de US$ 73 milhões da NASA e uma impressora 3D já se encontra da ISS produzindo peças de reposição e ferramentas para serem utilizadas na manutenção da própria Estação Espacial.


Figura 6 – Fabricação de peças e ferramentas na ISS.
Fonte: NASA/Bloomberg (2019).

Do mesmo modo, através de um experimento na cultura de células (conhecido como esferoides) em microgravidade – mais ou menos sinônimo de ausência de peso – foi verificado que a cultura não precisa de apoio externo quando se encontra em ambiente de gravidade baixíssima (microgravidade); o que não acontece no ambiente terrestre. 

Além disso, esses experimentos prospectaram a possibilidade de se criar vasos sanguíneos naturalmente. O experimento, liderado por Daniela Grimm, da Universidade Otto von Guericke Magdeburg (Alemanha), observou como as células da camada interna de nossos vasos sanguíneos – células endoteliais (um tipo de célula achatada de espessura variável que recobre o interior dos vasos sanguíneos) – reagiam quando em microgravidade na ISS – Figura 6. 

Importante observar que o processo de crescimento de vasos sanguíneos no espaço poderá auxiliar no projeto de tecidos humanos para transplante ou a produção de novos medicamentos. Num futuro próximo é esperado que as melhorias que serão implementadas nessas técnica em microgravidade poderão auxiliar na substituição de  vasos sanguíneos danificados, para os pacientes que necessitem de realizar um transplante.

As células endoteliais ajudam a regular o fluxo sanguíneo para nossos órgãos e pressão arterial, controlando a expansão e contração de nossos vasos sanguíneos.


Figura 6 – Bioimpressão em microgravidade.
Fonte: NASA/Bloomberg (2019).

As pesquisas nesse campo avançam aceleradamente; inclusive com a possibilidade do uso de naves robóticas para prospectar minérios e metais nobres.

Por exemplo, a ESA (Agência Espacial Europeia), está planejando instalar em 2025, uma mineração de rochas na Lua com disponibilidade de edifícios e equipamentos. A água congelada abaixo dos polos lunares será utilizada para a fabricação de combustível para sondas espaciais.

Em um futuro próximo não será segredo encontrar Estações Espaciais - verdadeiras fábricas robóticas - circulando em torno no nosso planeta manufaturando produtos dos mais diversos e despachando-os para o nosso planeta!

Todo progresso tem um custo! A preocupação nossa, nesse âmbito, está relacionada a sustentabilidade e poluição espacial que atualmente já é fator expressivo, bastando verificar o volume de satélites civis e militares e demais artefatos, que rondam o nosso espaço sideral!

Fontes:

SAPOTEK – in NASA une-se a empresas para fabricar fibra ótica no Espaço – disponível em : https://tek.sapo.pt/noticias/telecomunicacoes/artigos/nasa-une-se-a-empresas-para-fabricar-fibra-otica-no-espaco - acesso: 29/11/2019
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O ARQUIVO – in Empresa criará fibra ótica no espaço – disponível em https://www.oarquivo.com.br/variedades/ciencia-e-tecnologia/4882-empresa-criar%C3%A1-fibra-%C3%B3tica-no-espa%C3%A7o.html – acesso: 29/11/2019.

Ortega, J. – in NASA investe US$ 73 milhões em projeto de impressão 3D que constrói no espaço – disponível em : https://www.startse.com/noticia/nova-economia/68314/made-in-space-3d - acesso: 29/11/2019.

Barbosa, R. C. in Crescimento de tecido no espaço – disponível em https://www.orbita.zenite.nu/crescimento-de-tecidos-no-espaco/ - acesso: 30/11/2019.


Gnipper, P – in NASA oferece ISS para oportunidades comerciais e astronautas particulares – disponível em https://canaltech.com.br/espaco/nasa-oferece-iss-para-oportunidades-comerciais-e-astronautas-particulares-141193/ - acesso: 30/11/2019.


Revista Galileu – in A mineração espacial ameaça o Sistema Solar, alertam cientistas  - disponível em https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/noticia/2019/05/mineracao-espacial-ameaca-o-sistema-solar-alertam-cientistas.html - acesso: 30/11/2019.




quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Industria 4.0 - A nova revolução industrial

INDÚSTRIA 4.0
A NOVA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
"A quarta revolução industrial
não vai esperar pelo Brasil."
Sönmez, E. - Diretor do WEF.


A denominada Indústria 4.0 ou a nova Revolução Industrial, nasceu de um projeto estratégico de alta tecnologia do Governo Alemão, que promoveu a informatização da manufatura e envolve a utilização da inteligência artificial (AI – Artificial Intelligence), robótica, máquinas controladas por computadores e o uso massivo de impressora 3D; passaram a fazer parte do cotidiano das empresas que pretendem estar na vanguarda dessa nova revolução.

Uma primeira apresentação da indústria 4.0 aconteceu na Feira de Hannover, no ano de 2011 quando foi anunciada a denominada quarta revolução industrial que tem como plataforma o uso da tecnologia da informação nos processos industriais.

Nesse sentido, ela absorve avançadas tecnologias envolvendo automação, inteligência artificial, comunicação, internet das coisas, computação em nuvens, entre outros, criando, por via de consequência no que podemos denominar de sistemas ciber-físicos (hardwares e softwares comungando o mesmo propósito).
Figura 2 - A evolução da Revolução Industrial.
Fonte: Autor/Google Imagens.

Considerando-se o projeto de estrutura modulares, a indústria 4.0 assumiu um protagonismo por introdução das chamadas fábrica inteligentes, muito especialmente em face das estruturas físicas (hardwares:  robôs, máquinas automática,  sistemas interligados etc.), que se comunicam entre si, tendo a possibilidade de ajustar os processos, adequando-os as necessidades da oferta de produtos e serviços customizados e de acordo com as exigência dos clientes.

Um considerável avanço nesse processo encontra-se baseado na tecnologia de impressão 3D que revolucionou consideravelmente a equação de compromisso, nos processos produtivos, envolvendo a relação entre a variedade de produtos oferecidos e o volume de produtos demandados.

Figura 3 - Impressora 3 D em operação.
Fonte: Comprint/Stilurbano (2019).
De acordo com a McKinsey & Company, a indústria 4.0 poderá ter um potencial de criação de valor para os fabricantes e fornecedores da ordem de US$ 3,7 trilhões em 2025.

A crítica que essa consultoria faz refere-se ao fato de que “as empresas tendem a prever o desenvolvimento da tecnologia daqui para frente, em vez de identificar as áreas de maior impacto trazendo-as para os valores da indústria 4.0” (op.cit. McKinsey – 09/ 2019).

A utilização da automação aliada à inteligência artificial e comunicação integrada vai garantir uma sensível redução da mão de obra e, por via de consequência, redução nos custos de produção.

Um exemplo pode ser visualizado na Figura 4. O processo de manufatura gera impacto na escala de produção, considerando especialmente, a utilização em maior volume, de robôs, cada vez mais flexíveis.

Do mesmo modo, o uso de sensores ao longo da linha de produção, permitirá á garantir um retrabalho mínimo, dado que através deles o sistema reconhece eventuais desvios e promove, de imediato, as correções necessárias no processo de produção.
Figura 4 - Fabricação de automóveis no futuro.
Fonte: McKinsey (2019).

Um outro exemplo bastante interessante é a fábrica de robôs da FANUC que é totalmente automatizada. Ela chega a operar por um período de até trinta dias sem a presença de humanos em suas instalações.


Figura 5 – Modelos de Robôs e suas operações.
Fonte: Fanuc.eu.

A FANUC foi a primeira fábrica construída no Japão que opera e produzir de forma automatizada robôs e máquinas-ferramentas CN (Controle Numérico) , máquinas que operam automaticamente. Essa empresa já instalou no mundo 550 mil robôs e é o fabricante de automação industrial líder no mercado global.



Figura 6 –Robôs produzindo robôs - Fanuc – Japão.
Fonte: Fanuc.eu
Essa transformação, estimulada cada vez mais pelo uso de novas tecnologias, acaba exigindo que as empresas sigam na direção da indústria 4.0 sob pena de pereceram, muito especialmente em face da acirrada competitividade e a entrega de produtos cada vez mais customizados e de alta qualidade.

Infelizmente o Brasil ainda não caminha a passos largos nesse campo. De acordo com dados da Fiesp (Federação da Indústrias do Estado de São Paulo), em pesquisa realizada em 227 empresas foi constatado que 32% delas ainda não ouviram falar da Quarta Revolução Industrial (!) e apenas 5% delas se dizem preparadas para essa nova revolução.

Diante desse quadro, o nosso país corre sérios riscos de ficar para tráz na competição mundial por mercados. No ambiente da produtividade, excetuando-se o ponto fora da curva que é o setor do agrobusiness que  se destaca por ter introduzido várias tecnologias implementadoras de soluções otimizadas no plantio, controle e colheita, os demais setores continuam patinado, como mostram os dados do Ministério da Economia, tomando como base a relação PIB/Horas Trabalhadas. Enquanto nos EUA essa relação é de 69,49; Coreia do Sul 35,87, no Brasil, praticamente, desde 2000, esse índice permanece na faixa de 17,71, o que é lamentável e preocupante!

Como observa Murat Sönmez, diretor do Forum Econômico Mundial: “se o Brasil não recuperar o atraso tecnológico para se deslocar para a Quarta Revolução Industrial, permanecerá distante de sofisticados meios de produção e, por via de consequência, distante dos mercados mundiais! . E mais: “se as pequenas e médias empresas não se automatizarem, elas desaparecerão. Se não se moverem rápido, ainda mais para trás ficarão!”

A pesquisa realizada pela Fiesp e as palavras de Sönmez, fazem lembrar a música de Geraldo Vandré: “vem, vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora e não espera acontecer!

Avante Brasil !

Fonte:
Garms, F; Jansen,C.; Schmitz, C.;Hallerstede, S.; Tschiesner, A. in Capturing value at scale in discrete manufacturing with Industry 4.0 – McKinsey Report (september 2019) disponível em https://www.mckinsey.com/industries/advanced-electronics/our-insights/capturing-value-at-scale-in-discrete-manufacturing-with-industry-4-0 - acesso: 14/11/2019.

Automataeb – in Industria 4.0 no Brasil – disponível em https://www.automataweb.com.br/industria-4-0-no-brasil/ - acesso: 20/11/2019.

Estadão – Os desafios da indústria 4.0 – O Estado de São Paulo – pag. 3 – 17/11/2019.

Shedletsky; A-K in Industry 4.0: Traceability Is The New Insurance Policy Manufacturers Need – disponível em  https://www.forbes.com/sites/annashedletsky/2019/10/08/industry-40-traceability-is-the-new-insurance-policy-manufacturers-need/#369051965860 – acesso: 15/11/2019.

Shedletsky; A-K in Automation Might Be Here, But Industry 4.0 Is Still Far Off – disponível em https://www.forbes.com/sites/annashedletsky/2019/08/15/automation-might-be-here-but-industry-40-is-still-far-off/#18c28e912c05 – acesso: 15/11/2019.

TOTVS – in Os desafios da Indústria 4.0 no Brasil: por que não conseguimos avançar? disponível em https://www.totvs.com/blog/os-desafios-da-industria-4-0/ - acesso: 15/11/2019.

domingo, 15 de setembro de 2019

Light out Manufacturing

LIGHT  OUT MANUFACTURING


A tecnologia e a automação estão em crescimento exponencial e criando novas formas para o desenvolvimento das atividades manufatureiras.

A utilização da robótica evoluiu consideravelmente em todos os campos das atividades humanas e tornou-se elemento indispensável nos processos produtivos atuais.

Os robôs têm inúmeras vantagens em relação aos humanos. A começar pela velocidade e precisão com a qual trabalham e consequentemente não são propensos a erros. Ajustado o processo produtivo, a sua repetição poderá ocorrer de forma ininterrupta, sem falhas ou necessidades de pausas por cansaço ou estresse. 

Além disso, considerando que essas máquinas não precisam de um ambiente iluminado para operar, há possibilidades de reduzir a iluminação do local de operação, sem prejuízo de suas funções, o que não acontece quando seres humanos desempenham suas atividades.

Nesse sentido nasceu o conceito de Light out Manufacturing ou fábrica com luzes apagadas. O termo tem por base o fato de que, sem a presença humana, não há necessidade de manter a fábrica integralmente iluminada.

Esse conceito surgiu nos anos 50. Somente por volta dos anos 80, o CEO da General Motors, Roger Smith, vislumbrou que o uso desse tipo de manufatura poderia colocar a GM em “pé de igualdade” com seus concorrentes japoneses que, agressivamente, conquistavam os mercados.

Porém, o propósito da introdução desse tipo de manufatura permaneceu esquecido até que as novas tecnologias proporcionaram maior funcionalidade nessas manufaturas, em toda a sua inteireza!

A automação, robótica e inteligência artificial elevou esse processo de produção à novos patamares. Com a manufatura automatizadas, os sistemas passaram a sofisticações cada vez maiores, muito especialmente, em função da coleta de dados que é realizada durante o processo produtivo, promovendo assim os ajustes necessários, corrigindo eventuais erros e aprendendo a melhorar a sua eficiência operacional e, por via de consequência, aumentado a produtividade.

Ao contrário do que se possa imaginar, o fato das luzes de uma fábrica encontrarem-se apagadas, não significando dizer que todas as luzes estarão apagadas, o objetivo não é somente reduzir os custos com a iluminação da fábrica, mas também a redução do aquecimento, da refrigeração e, acima de tudo, redução da mão-de-obra.


Figura 2 – Robôs em uma fábrica de baterias.

Um exemplo bem contundente pode ser tomado na fabricação de robôs em uma fábrica no Japão, denominada FANUC (Figura 3). Essa fábrica opera por 30 dias consecutivos sem a presença e supervisão humana. Nessa fábrica, robôs criam robôs sem a intervenção humana!


Figura 3 –Robôs da FANUC em operação.

Do ponto de vista econômico financeiro, a fabricação com luzes apagadas (Light out Manufacturing), após altos investimentos, em face do uso intensivo da automação, robótica, tecnologia da informação e comunicação, resulta em menores custos operacionais por dispensar o uso de mão-de-obra, reduzir as perdas e de os erros humanos.

Óbvio que esse processo não acontece como um “passe de mágica”!

É indispensável um cuidadoso planejamento, profissionais altamente capacitados, além, é claro, da massiva utilização da robótica que opera sozinha ou dando suporte aos operários da fábrica que são especializados.

Como explica Petersen, gerente geral da Universal Robots, "você precisa projetar especificamente um chão de fábrica para operar no sistema de luzes apagadas, o que implica em gastos significativos em investimentos em automação".

Para Schweder: “as fábricas do futuro passarão a ter um homem e um cachorro. O homem para alimentar o cachorro e esse para impedir que o homem toque em alguma máquina!

A automação passa a ser atraente verificando-se quais processos são mais adequados para serem automatizados, especialmente aqueles cuja a interação manual pode resultar em problemas de  qualidade e/ou segurança; ou ainda, nas operações em que o ser humano tenha dificuldades, como por exemplo, nas operações de alimentação dos processos em que a velocidade é essencial, assim como nas tarefas realizadas em locais com altas temperaturas ou ambientes que produzem gazes  tóxicos etc.

Além disso, robôs colaborativos podem operar, com segurança, ao lado dos humanos. Por exemplo, depois de operarem ao lado dos trabalhadores, durante o dia, esses robôs continuam a operar, após a jornada dos trabalhadores, preparando peças que serão utilizadas no dia seguinte.

Entre as vantagens do uso desse modelo de manufatura, podemos citar:
  • Aumento da produtividade;
  • Redução dos custos da mão-de-obra que nela opera com alta nível de capacitação. Um único empregado poderá supervisionar várias máquinas da fábrica;
  • Eficiência energética;
  • Redução dos custos e consequente abertura do leque de competitividade.
Não restam dúvidas de que o foco na automação, robótica, inteligência artificial e comunicação vem promovendo agilidade dos processos, maior segurança nas operações, aumento da produtividade, redução de custos e resposta rápida as exigências dos clientes.

As expectativas dão conta que a partir de 2020, cerca de 150.000 robôs serão vendidos anualmente; registrando que na automação e na robótica, o software passou a ser mais importante do que o hardware, permitindo assim que os robôs passem a executar uma infinidade de tarefas e responder melhor de que os trabalhadores humanos.

Se, de um lado, haverá ganhos consideráveis em redução de custos, produtividade e competitividade; de outro, um olhar preocupante nessa toada recai sobre a redução massiva do emprego, o que vai representar um hercúleo desafio para compatibilizar o lado humano no progresso da humanidade.

Fontes:
New Eletric – Wha is light out manufacturing – disponível em http://www.newelectric.com/what-is-lights-out-manufacturing/ - acesso: 04/09/2019.
Schweder, J. in Turning Out the Lights on the Factory Floor – disponível em: https://www.automationworld.com/article/technologies/robotics/turning-out-lights-factory-floor - acesso: 04/09/2019,
Tomás, J. P – in Smart manufacturing vs. Lights out manufacturing – disponível em: https://enterpriseiotinsights.com/20170616/channels/fundamentals/20170616channelsfundamentalsufacturing-lights-out-manufacturing-tag23-tag99 - acesso: 04/09/2019.
Eddy, M. – in Checklist for lights out of manufacturing – disponível em: https://www.productionmachining.com/articles/checklist-for-lights-out-manufacturing - acesso: 04/09/2019.



quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Varejo - Novas tecnologias

VAREJO – Novas tecnologias


Não há dúvidas de que o setor varejista é um dos mais importantes para a economia, o que significa dizer que a expansão do varejo retrata bem o crescimento da economia.

Nos primórdios dos anos de 1900, um milionário do varejo britânico, Gordon Selfridges, nascido nos Estados Unidos, fundou a loja de departamentos Selfridges, sediada em Oxford Street, Londres, provocando uma revolução no mercado varejista.

Aqui no Brasil, em 25 de setembro 1908, despontava o mercado varejista brasileiro com a abertura,  das famosas Lojas Pernambucanas, que logo foi seguida pela Mesbla (1912) e Mappin (1913).

Na era da alta tecnologia, quando explodem as operações do ecommerce, o varejo se destaca por alavancar o mercado consumidor através da oferta de produtos e serviços, cada vez mais sofisticados e personalizados.

Segundo a ABComm, no primeiro semestre deste ano (2019), o ecommerce obteve um faturamento de R$ 35 bilhões, representado um crescimento de 16% em relação ao ano anterior e apresentando um ticket médio de R$ 301,00.



Figura 2 – Lojas Pernambucanas.

De um lado, o avanço do comércio eletrônico que vem conferindo uma maior confiança e comodidade para o consumidor ao realizar suas compras via desktop, notebooks e, mais recentemente, através de aplicativos em celulares, acabou elevando o varejo para um outro patamar em termos de tecnologia aplicada, na busca de trazer o consumidor das lojas físicas para os ambientes virtuais.


Figura 3 – Varejo – ambiente físico e virtual.

De outro lado, a evolução das mídias sociais direcionou o novo modelo de relacionamento para o ambiente virtual, o que acabou promovendo uma massiva geração de dados que passaram a fluir através da rede de internet, traduzidos nas postagens e comentários disponibilizados em sites como Facebook, Instagram e tantas outras mídias sociais.

Nessa troca de mensagens e postagens, essa avalanche de dados passou a ser capturada (afinal não há almoço grátis!), criando-se dessa forma, um verdadeiro arsenal de dados que passaram a ser geridos através dos denominados Big Datas, permitindo assim análises e estudos dos mais diversos.

Esse arsenal de dados, gerados por diversos consumidores, que inundaram as redes, aliados a ciência de dados e ciência comportamental, permitiu a elaboração de estudos direcionados ao comportamento dos consumidores, na busca de melhorar a performance de oferta e vendas de produtos.

Por exemplo, a Neoway uma empresa brasileira Unicórnio - termo criado por Aileen Lee (2013) para empresas com valor acima de US$ 1,0 bilhão - é especializada em trabalhar e analisar grandes massas de dados. Essa empresa vem atendendo a grandes lojas de varejo, desenvolvendo diversas análises e aplicações, entre elas por exemplo, definir quais produtos entrarão na faixa de ofertas com descontos; quais os produtos determinado cliente adquiriu no supermercado nos últimos meses etc.


Figura 3 – Varejo e Big Data.

Diante das mudanças, algumas radicais que ocorreram no varejo, Jack Ma, criador do Alibaba, criou a expressão  “novo varejo”, para indicar que a experiência do cliente precisa ser efetivada com total transparência no relacionamento entre a empresa varejista e seus clientes, não importando qual foi o canal utilizado pelo cliente para o acesso (físico ou virtual) da oferta de produtos; além é claro, da necessária personalização do atendimento; característica essa que passou a ser uma exigência dos novos clientes, especialmente os  denominados “nativos digitais”.

Nesse sentido, os varejistas precisam desenvolver uma visão 360 graus de seus clientes, objetivando proporcionar um atendimento personalizado e disponibilizar seus produtos dentro de um conceito de Omnicanal (convergência de todos os canais utilizados por uma empresa); permitindo assim criar um ambiente de tal forma que os consumidores não percebam grandes diferenças entre uma ambiente físico e um ambiente virtual. Essa “imersão”, acontece através da integração entre o ambiente físico, o virtual e os consumidores.

Nessa dinâmica, uma série de novas tecnologias passaram a ser oferecidas aos varejistas, com o objetivo de aumentar a experiência do cliente, atraindo-os para os diversos ambientes e assim, promovendo um aumento nas vendas.

Esse avanço deveu-se, entre outros fatores, a conveniência dos clientes em analisar, avaliar, comparar, escolher e comprar produtos e serviços, bastando, ao final, realizar um “click” no mouse ou um “OK” em algumas plataformas alternativas.

Porém, levando em conta que, um dos aspectos importantes a ser considerado, a verdadeira “força” na utilização dos canais tradicionais de vendas, envolve variáveis como: as formas, as cores, os sons e as sensações físicas e olfativas dos produtos; esses fatores acabaram criando um grande desafios para as vendas por canais virtuais.

Nesse sentido, os avanços das tecnologias em seus mais variados campos, permitiram abrir um leque de oportunidades, para dar mais emoções e sensações aos clientes nos ambientes virtuais.


Figura 4 – Uso da Realidade Virtual no Varejo.

Examinar um produto em vários ângulos, mudar a sua cor ou mesmo algumas de suas características, como se o cliente estivesse com o produto em suas mãos, tornou-se possível utilizando-se a Realidade Virtual (VR).

Por exemplo, em uma loja de móveis e decorações (Figura 4), há possibilidades no ambiente virtual, produzir a decoração do espaço com a presença dos móveis, gerando assim maior confiança do cliente na hora de adquirir o produto.

Do mesmo modo, a Realidade Aumentada (AR) acrescenta material virtual a um ambiente real. Ela ficou amplamente conhecida com a introdução do jogo de Pokémon no qual os usuários deveriam “caçar” personagens, mixando um ambiente real com o ambiente virtual.
Em verdade, a Realidade Aumentada (AR) "engana" os nossos sentidos, permitindo que o usuário, através de um processo imersivo, imagina encontrar-se em um ambiente diferente ou mesmo, em um ambiente diferente do mundo real.

Um exemplo de uso da Realidade Aumentada (AR) pode ser visualizado no projeto que a Flex Interativa, especializada em desenvolvimento de soluções interativas, desenvolveu em parceria com a cerveja Leuven, cujo objetivo é proporcionar uma experiência do cliente, envolvendo um mundo da era medieval.

Assim, quando os degustadores apontam um aplicativo para o rótulo da cerveja (Figura 5) , as garrafas ganham “vida”! O resultado desse projeto foi um incremento nas vendas do produto em 40%, como relata a revista virtual VendasMais (Nov/2018).


Figura 5 – Uso da Realidade Aumentada.
Cerveja Lauven ®

Outra aplicação dessa tecnologia foi implementada pela ZARA (Figura 7), varejista de fast-fashion, visando engajar seus clientes de forma inovadora, por introduzir a Realidade Aumentada (AR) em suas lojas nos EUA.



Figura 7 – Uso da Realidade Aumentada

Lojas da ZARA (Fast-fashion).

O que torna essas tecnologias aplicadas ao varejo diferente é a imersão do público na interação com o produto e sua marca. O uso da Realidade Virtual   (VR) e Realidade Aumentada (AR) passou a abrir um leque de opções para que os clientes interajam com as marcas e seus produtos, produzindo uma experiência muito mais profunda, aumentando, tal qual na vida real, as sensações e emoções no momento da aquisição de um produto.

É indiscutível que os avanços tecnológicos aplicados ao varejo buscam produzir um ambiente confortável e de confiança para os consumidores, permitindo assim incrementar as vendas, impulsionadas pelo mix entre a realidade e a virtualidade.

Fontes:

Marketing & Vendas – in Afinal, como se deu a evolução do varejo? – disponível em blog.grupofatos.com.br – acesso 18/08/2019.

Pinho, F.G. in Conheça a evolução do mercado de rua à loja virtual – disponível em www1.folha.com.br – acesso: 18/08/2019.

Wong, E. in O “novo varejo” e a evolução da expectativa dos clientes – disponível em propmark.com.br – acesos: 18/08/2019.

Morgan, B. in 10 exemplos de como a realidade virtual pode revolucionar o varejo – Forbes – 25/09/2019.