segunda-feira, 30 de junho de 2014

Copa do Mundo 2014

COPA DO MUNDO 2014
BRASIL x CHILE
Enquanto a brazuka rola em campo, o Brasil perde de goleada na economia.


Trinta e dois países participaram da COPA do Mundo de 2014 que se realiza no Brasil e para aonde estão voltados os olhos de milhões de telespectadores em todo o mundo.
Equipes partem em campo em busca de “gols”! Com esse objetivo tratam bem a denominada “brazuka”, bola de futebol utilizada na Copa do Mundo FIFA - 2014,  projetada para as pelejas desse torneio que contagia milhões em todo o mundo.
Refletindo agora que o Brasil partiu para as quartas de final, após uma peleja contra o Chile, a qual venceu através de uma disputa de pênaltis e, aproveitando os momentos dessa vitória tão esperada por brasileiros, trazemos algumas comparações entre esses dois países.
Primeiramente é importante observar que o Chile encontra-se na posição 34ª no Indicador de Competitividade Global, enquanto o Brasil ocupa a posição 56ª, segundo relatório do Fórum Econômico Mundial. Além disso, o Chile é considerado o país que possui a economia mais competitiva na América Latina.
O nosso Produto Interno Bruto (PIB) é de 2%, tendendo para 1,6% segundo recentes estimativas! O PIB do Chile está bem próximo dos 5%.
A nossa renda per capita atinge, aproximadamente, US$ 12.000 por ano enquanto que a Chilena aproxima-se de US$ 20.000.
A dona inflação que foi domada há 20 anos (Plano Real) já começa a colocar as suas garras de fora, e se apresenta com uma taxa de 6,5% ao ano contra menos de 3% no Chile.
Enquanto a carga tributária chilena aproxima-se dos 20% do PIB a previsão brasileira é de fechar este ano com carga tributária de 36,42% do seu Produto Interno Bruto - PIB, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de planejamento e Tributação – IBPT.
No campo da Justiça, nosso judiciário é muito lento, comparativamente ao judiciário chileno! A enxurrada de recursos existentes no Brasil acaba postergando as decisões e abrindo caminho para a morosidade dos processos judiciais, cujo reflexo é uma grave sensação de impunidade!
Enquanto que o judiciário chileno é célebre o nosso é lento e gradual ! No Chile os processos são de tramitação rápida com prazos mais curtos, objetivando assim, um julgamento célere e eficaz.
Nossa principal Arena não é a coordenada pela FIFA, mas da ECONOMIA e da Gestão da coisa Pública.
Nesses campos nós estamos perdendo de goleada para o Chile!

Fonte:
Forum Econômico Mundial
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e  autor das seguintes obras didáticas:
Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E. Schwember – Editora Interciência;
Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier;
Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Plataformas Logísticas

PLATAFORMAS LOGÍSTICAS


Plataformas logísticas são espaços geográficos onde há uma grande concentração de operações que visam oferecer uma estrutura operacional destinada a melhorar o fluxo de bens e serviços, aumentando assim a produtividade e a competitividade das empresas.
Geralmente uma plataforma logística é dotada de zonas destinadas a diversos empreendimentos e possui uma infraestrutura com um bom elenco de alternativas, entre elas, as facilidades de se utilizar diversos modais de transporte.
O conceito de plataforma logística não é novo. Surgiu na França, na década de 60, como consequência da utilização de novos métodos para o gerenciamento das operações logísticas.
De um modo geral, essas plataformas podem ser classificadas dentro de diversos critérios, entre eles, o foco na atividade primordial. Assim há plataformas destinadas a grandes centros urbanos (Plataformas Urbanas), plataformas destinadas ao apoio nas operações portuárias (Plataformas Portuárias), plataformas regionais destinadas a facilitar e reorganizar o fluxo logístico entre diversas regiões (Plataformas Regionais) e também aquelas destinadas a aumentar a dinâmica do comércio exterior.
Um belo exemplo de plataforma logística é o da Plataforma Logística da Comunidade de Valencia, na Espanha, que pode ser visualizada através do vídeo do link indicado a seguir:


Em geral, uma plataforma logística ideal é apoiada por uma tríade de atividades operacionais, destinadas a atender uma gama de usuários e envolve:

  • Serviços de apoio caracterizado por áreas de recepção, acomodação,  estacionamentos, praça de alimentação, serviços alfandegários, agentes de viagens,  entre tantos outros;
  • Operadores logísticos com serviços de afretamento, armazenagem, distribuição, assessoria aduaneira e comercial, transporte e distribuição;
  • Transportes - envolvendo os diversos modais: aéreo rodoviário, ferroviário e marítimo e operações de transporte multimodais.

Os usuários típicos das plataformas logísticas estão indicados na figura 2, a seguir:

Figura 2 – Usuários das Plataformas Logísticas
Adaptado de Gama (2011)

No Brasil, a primeira plataforma logística desenhada com esse objetivo é a denominada Plataforma Logística Multimodal de Goiás que está em construção e se encontra localizada na cidade de Anápolis, considerada o "Trevo do Brasil" pelas facilidades naturais de integração com os centros de consumo do País, além de ser a principal cidade industrial e centro logístico do Centro-Oeste brasileiro.
Esse espaço geográfico também abriga centenas de pequenas médias e empresas.  A figura 3 apresenta a modelagem dessa plataforma.

Figura 3 – Plataforma Logística de Anápolis – Goiás
Fonte: Governo de Goias (2013)

Ha várias modalidades de plataformas logísticas no Brasil, entre elas, podemos citar: o Centro de Logística Integrada de São Paulo, a Plataforma Logística da Região Amazônica Ocidental (constituída dos estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima) em andamento; o Terminal Portuário de Pacém que pretende se transformar em uma plataforma logística e aonde se encontra uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE); Aguiarnópolis no Estado de Tocantins, Juazeiro na Bahia, Paranaguá no Rio Grande do Sul, onde se encontra localizado o maior porto exportador de produtos agrícolas do País.
 A globalização impactou consideravelmente a logística e as questões territoriais e, por via de consequência, o uso de plataformas logísticas passou a ser uma tendência mundial. 
O suporte logístico é essencial para o fluxo de bens e, portanto, há necessidade de reunir condições para que as empresas mantenham uma elevada competitividade internacional. Isso só poderá acontecer com a integração dos serviços através de plataformas logísticas que venham a atender aos requisitos operacionais exigidos por diversas empresas e que permita um alto grau de flexibilidade operacional nas operações logísticas.

Fontes:
Dubke, A. F ; Ferreira, F.R.N; Pizzoltao, N. D in Plataformas logísticas: características e tendências – XXIV Encontro Nacional de Engenhara de Produção – Florianópolis – 2004;

Bocovis, M.M.C – in Estudo comparativo das plataformas logísticas europeias x brasileiras – II Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte Nordeste  de educação tecnológica – 2007.

Lopes, D – in Plataformas logística no Brasil – o caso dos Ecopátios – in Os caminhos da Engenharia Brasileira – São Paulo – maio de 2012.

MOPTC – Portugal Logístico - Rede Nacional de Plataformas Logísticas – Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicação .

Governo de Goias – Audiência Pública – Platafomras Logística Multimodal de Goiás – novembro de 2013;

Gama, J.N.B – in Plataforma Logística – Instrumento importante  para maior eficiência logística dos Portos Brasileiros – O caso do Porto de Santos – Governo Federal - Secretaria dos Portos – dezembro 2011
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e  autor das seguintes obras didáticas:
  • Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E. Schwember – Editora Interciência;
  • Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier;
  • Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.

domingo, 15 de junho de 2014

Logística e Comércio Eletrônico

LOGÍSTICA E COMÉRCIO ELETRÔNICO
“Com um click no mouse ou um toque na tela, produtos são comprados em diversas partes do mundo. É a globalização chegando ao varejo.” 

Não existe a menor dúvida de que o comércio eletrônico recebeu um impulso considerável nos últimos anos. A facilidade com que um consumidor tem para adquirir um produto em qualquer parte do mundo é fantástica!
Embora os consumidores tenham uma enorme facilidade para comprar produtos,  muitas vezes não têm a menor ideia de como as operações se desenvolvem a partir do momento em que eles realizam as suas compras até a entrega dos produtos nos endereços que indicados nos sites de compras! Uma logística célere tem que estar de prontidão para permitir a entrega do produto em tempo hábil.
As projeções dos estudos desenvolvidos pelo T Index 2015 (um índice estatístico que indica a participação de mercado on-line de cada país, combinando a população da Internet e o respectivo PIB per capita), apontam que o Brasil aparece atualmente em sétimo lugar entre os dez países com maior potencial de vendas pela web, onde os Estados Unidos aparece em primeiro lugar, seguido pela, China, Japão, Alemanha, Reino Unido e França. Logo depois do Brasil  encontram-se Rússia, seguida da Coreia do Sul e Itália.
O mesmo indicador aponta para o Brasil como o País que deverá ocupar a quarta posição mundial na área de comercio eletrônico. No ano em curso, em face das perspectivas de aumento das vendas impulsionadas pela Copa do Mundo, as projeções elevam o faturamento das empresas para R$ 32,6 bilhões, incrementadas principalmente com a venda de equipamentos eletrônicos e materiais esportivos.
Essa avalanche nas vendas acaba produzindo um incremento no número de lojas virtuais. Em 2013 o mercado brasileiro de ecommerce fechou o ano com 37 mil lojas virtuais e as projeções para esse ano de 2014 elevam esse patamar para 45 mil. Vale um registro adicional, considerando-se as análises efetuadas pela ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico) que destacam que em 70% dessas empresas são realizadas em torno de 10 vendas por mês, um número pouco expressivo no ecommerce.
Um dos grandes problemas relacionados ao comércio eletrônico é a confiança das transações, tanto no que se refere a oferta dos produtos e a sua entrega efetiva (há muitos sites maliciosos que acabam causando prejuízo aos clientes) quanto nas questões de segurança da internet, como por exemplo, uso de cartões de crédito na compra e a possibilidade de fraudes ou clonagem dos mesmos. Elevados investimentos vem sendo realizados com objetivo de aumentar a segurança das transações via internet assim como criar maior credibilidade junto aos consumidores de que essas compras são seguras.
O elevando crescimento do comercio eletrônico levou a uma gigante chinesa, a Alibaba, a abrir um braço nos Estudos Unidos.  A loja, denominada 11 Main, com sede em San Mateo – Califórnia, deverá estrear na próxima quarta-feira (18/06/2014) em uma fase experimental e contará com "centenas de milhares" de produtos de 1.000 a 2.000 lojas especializadas e lojas de marcas famosas em todo o país!
No Brasil, uma das lojas virtuais mais conhecidas do público consumidor é a All Express, um braço da Alibaba. A oferta de produtos no site All Express é enorme e envolve produtos produzidos na China, Taiwan e Hong Kong. Os preços significativamente baixos em face, muito especialmente, dos reduzidos custos de produção, salários menores, elevadas jornadas de trabalho e incentivos governamentais, sem esquecer de taxa de cambio que é "ajustada", acabam resultando em uma abundante de oferta a preços bastante convidativos. Esse processo já preocupa consideravelmente o mercado de varejo do Brasil.
Para dar uma pequena amostra do crescimento do setor, em termos mundiais, as estimativas apontam para um volume de 1, 3 bilhões de consumidores que se utilizam de sites internacionais para realizarem compras via internet. Pelas projeções da PayPal (empresa especializada em pagamentos via sites) para o ano de 2018, os países: Brasil, China, Austrália, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos deverão somar US$ 305 bilhões, o que representará um crescimento de 190% se comparado ao ano de 2013.
Essa revolução veio para ficar. O maior desafio, além do controle e segurança nas transações, está voltado para a logística que deverá ser extremamente eficiente com objetivo de levar o produto ao cliente no menor tempo possível.

Fonte:
Path to Growth – Shaping tech sector suppky chain in emeerging markets – White Paper – North American Leader in Supply Chain Management.
EFE-Multmidia – Gigante chinês lança o primeiro portal de comércio eletrônico nos EUA -http://info.abril.com.br/noticias/internet/2014/06/gigante-chines-lanca-primeiro-portal-de-comercio-eletronico-nos-eua.shtml. – Acesso: 11/06/2014.
Guinâncio, R – in As projeções do comércio eletrônico para 2014 - http://onegociodovarejo.com.br/as-projecoes-do-comercio-eletronico-para-2014/
Acesso: 11/06/2014.
Faccin, K – in Comércio eletrônico é o novo “negócio da China” in http://www.gazetadopovo.com.br/tecnologia/conteudo.phtml?id=1396148&tit=Comercio-eletronico-e-o-novo-negocio-da-China – acesso 11/06/2014.
ABC News - Alibaba's First US Presence 11 Main Debuts in http://abcnews.go.com/Technology/wireStory/alibabas-us-presence-11-main-debuts-24082542 - acesso 13/06/2014.
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e  autor das seguintes obras didáticas:
•         Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E. Schwember – Editora Interciência;
•         Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier;
•  Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.

domingo, 8 de junho de 2014

Crescimento e Infraestrutura

CRESCIMENTO E INFRAESTRUTURA
Um exemplo no Brasil Central
“A riqueza do campo já se multiplica para outros setores!
Furlan in Revista Exame.

As potencialidades do Brasil não estão em jogo! O que discutimos é a capacidade do Governo colocar um time de primeira linha com objetivo de alavancar projetos de infraestrutura básica que permitam um crescimento espetacular desse país continental, abrindo um leque de oportunidades para grandes investimentos.
Pegando emprestados dados recentes sobre o desenvolvimento do Centro-Oeste brasileiro, formado pelos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, como mostra a figura 2, verificamos que a região é a maior produtora de grãos do país, atingido uma produção de 78 milhões de toneladas na safra 2013/2014. Esse recorde é também atribuído a alta produtividade de grãos na região que chega a atingir 3,1 toneladas por hectare, enquanto que nos Estados Unidos esse índice é de  2,9 toneladas por hectare!


Figura 2 - Centro-Oeste brasileiro

Esse vetor de desenvolvimento da região necessita ser equacionado com um suporte de infraestrutura adequada que permita garantir o crescimento da região e por via de consequência, permitir a diversificação de negócios. Estudos realizados pelo Itau-Unibanco estimam que a região deve atrair, nos próximos anos, investimentos da ordem de US$ 50 bilhões de dólares, envolvendo os setores varejo, indústria automotiva, saúde,  entre outros.
O mesmo estudo indica ainda um crescimento de 48 % (quarenta e oito por cento) no  PIB da região, quando é feita uma comparação entre o período 2008/2013 com o as projeções para o período 2014/2020.
Um dos grandes entraves para esse fantástico desenvolvimento é a deficiência estrutural de apoio no transporte dos grãos, que continua a criar consideráveis desafios para o escoamento da produção, muito especialmente nos períodos de safras. Retrato desse descaso pode ser verificado nas enormes filas de caminhões que se forma ao longo de rodovias e, mais recentemente ficam aguardando em pátios improvisados, para o escoamento da produção até os portos de Santos e Paranaguá. Cerca de 15 mil caminhões passam por dia próximo nas rodovias, no pico da colheita da safra de soja e milho, nas regiões produtoras mato-grossenses, entre fevereiro e maio !
Um exemplo dos desafios enfrentados pelos agricultores do centro-oeste pode ser visto no vídeo do link indicado a seguir

Os gargalos logísticos da nossa infraestrutura, calculados em estudo comparativo com outras regiões do mundo em termos de custos médio de transporte de grãos exportados para a China, permitem chegar a situações alarmantes como US$ 185 dólares por tonelada para Centro- Oeste brasileiro, enquanto que em Illinois, nos Estados Unidos, esse custo atinge U$ 71 dólares por tonelada.
Apesar da nossa vantagem competitiva em termos de produtividade por hectare comparativamente a produtividade do Estado de Illinois (EUA) sofremos baixas consideráveis com a deficiência na infraestrutura e perda da safra por falta de silos e com os desafios para levar o produto até os portos brasileiros.
Em termos de espaço para a armazenagem da produção de grãos, o Brasil está necessitando silos com uma capacidade de 42 milhões de toneladas.
As estimativas de investimentos necessários para tornar a infraestrutura adequada ao volume de produção e a expansão da região foi estimada em cerca de US$ 30 bilhões de dólares no período 2014/2020, em sua grande parte, cerca de US$ 26,0  bilhões de dólares precisarão ser destinados aos modais de maior capacidade de transporte, entre eles o ferroviário e o hidroviário, assim como na infraestrutura de apoio para uma operação adequada desses modais.
Um comboio com 56 vagões de 70 toneladas que tem um comprimento total de 1,7 quilômetros e equivale a 175 carretas bi-trem graneleiro com capacidade para 35 toneladas ocupando uma extensão de 3,5 km, enquanto que no hidroviário, um comboio duplo com quatro chatas e um empurrador tem capacidade de carga de 6.000 toneladas, equivalentes as 175 carretas bi-trem.
O Brasil, um gigante com grandes potencialidades em todos os campos, necessita urgentemente de investimentos de qualidade e bem direcionados com objetivo de alavancar ao desenvolvimento do país, expandir sua economia e trazer grandes benefícios para todos!

Fonte:
Furlan, F. – in O celeiro pode render mais – Exame – edição 1067 – Ano 48 – No. 11 – pag.114/ 118.
 Capacle CorreaI, V.H e Ramos, P – in A precariedade do transporte rodoviário brasileiro para o escoamento da produção de soja do Centro-Oeste: situação e perspectivas - Rev. Econ. Sociol. Rural vol.48 no.2 Brasília Abr./Junho 2010.
Rogrigues, R.A e Lembruber, T. in Projeto de Sistemas Oceânicos 2 – Relatório I – Revisão 02 – in http://www.oceanica.ufrj.br/deno/prod_academic/relatorios/2008/Ricardo_Thiago/relat1/ - acesso 03/06/2014.
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e  autor das seguintes obras didáticas:
Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E. Schwember – Editora Interciência;
Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier;
Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.


quarta-feira, 4 de junho de 2014

Custo Brasil

CUSTO BRASIL

   “O capital é como água, flui por onde encontra menos  obstáculo”
Delfim Neto.


Dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas acabam encarecendo os investimentos, onerando o fluxo de bens e serviços (tanto no que se refere ao mercado interno quanto para exportação), reduzindo a nossa competitividade, aumentando o desemprego, mitigando a mão de obra qualificada e emperrando o desenvolvimento do País. Eis aqui, uma definição clássica do denominado “Custo Brasil”!
Tal qual uma mão invisível, para lembrar Adams Smith, esse processo ao estilo “kafkiano” é um verdadeiro freio para a economia e o desenvolvimento do Brasil.
O chamado “Custo Brasil” é fator significativo na determinação dos preços dos produtos que refletem uma baixa competitividade no mercado internacional e mesmo traz reflexos no mercado interno que , na contramão, acaba importando muitos bens de consumo, principalmente dos Estados Unidos e da China, por serem muito mais baratos do que aqueles produzidos no próprio país!
O custo Brasil que destrói a nossa competitividade é resultado de muitos fatores. Um estudo realizado pela FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, produzido por Rabelo (2011), elenca vários componentes sistêmicos causadores da perda da competitividade da economia brasileira, dentre eles: burocracia, elevado custo do capital de giro, alta carga tributária; baixa capacidade da infraestrutura.
O custo da burocracia, calculado pelo autor do citado estudo, atinge 2,6% dos preços industriais. O custo do capital é comprometido com o alto spread cobrado pela rede bancária e também influenciado pela taxa SELIC. Como exemplo neste âmbito, o custo de capital de giro, considerando um taxa de juros reais de 2,8% ao ano, pode resultar em uma taxa anual de 19% para o tomador do empréstimo, especialmente em função do elevado spread bancário.
No quesito infraestrutura sua deficiência é gritante!
Como comentado em várias postagens desse Blog, a matriz de transporte do Brasil é grandemente concentrada no modal rodoviário com um agravante, pois somente 14% das estradas brasileiras são pavimentadas. O resultado é um custo logístico mais oneroso que também mostra reflexos no consumo de combustíveis e na manutenção de veículos – só no item pneus, esse tem uma durabilidade nas estradas brasileiras correspondente a 1/3 da durabilidade nas estradas americanas!
Na logística há grandes desafios que necessitam ser superados diariamente e que resultam em aumento de custos. Por exemplo, para fazer escoar a nossa produção de grãos até os portos com destino a exportação, além da carência de armazéns destinados a estocagem do produto o que resulta na perda de parte da produção, apesar da elevada produtividade nesse ramo do agro negócio, grande parte da safra é transportada pelo modal rodoviário o que representa um maior custo para os exportadores.
Além disso, a inexistência de uma infraestrutura portuária adequada acaba se refletindo em filas intermináveis de caminhões que chegam mesmo a atingir 27 quilômetros de extensão que ficam aguardando autorização para o desembarque da carga. Recentemente houve uma tentativa de melhoria do congestionamento no tráfego desses veículos com a criação de um sistema de agendamento para descarga para os veículos que se destinam aos portos de Paranaguá e de Santos.

No item tributação, uma empresa de porte médio no Brasil, por exemplo, precisa atender a 3.207 normas tributárias, segundo estudos realizados pelos IBPT – Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação. O mesmo Instituto registra que o arsenal legiferante brasileiro atua de uma forma voraz produzindo, em média, 46 normas tributárias por dia útil enquanto que a Secretaria da Receita Federal cria uma nova Instrução Normativa a cada 26 minutos!
Não há a mínima condição de uma empresa dominar tamanho arsenal de normas e procedimentos o que também acaba produzindo aumento de seus custos em face da necessidade de manter um plantel de assessores tributários ou contratar uma consultoria especializada na área para desvendar tamanha complexidade tributária! 
Todos esses meandros relacionados aos tributos e taxas se alinham para o Brasil possuir uma carga tributária que representa aproximadamente 36,42% do seu PIB (Produto Interno Bruto), segundo o IBPT, levando o País a ocupar a primeira posição entre os BRICS, que possuem uma carga tributária média de 22%!
Outro aspecto não mesmo relevante está relacionado à burocracia para o pagamento dos impostos no Brasil. Segundo estudos realizados pelo Banco Mundial, em 2012, para o preparo, registro e pagamento de tributos são necessários, em média, 2.600 horas, enquanto que na China, por exemplo, esse dispêndio de tempo não ultrapassa 340 horas.
Outro vetor para o agravamento do denominado Custo Brasil está diretamente vinculado à baixa produtividade das indústrias brasileiras, com mostra o gráfico da figura 2, elaborado pelo McKinsey Global Institute, que apresenta um estudo comparado entre vários Países.

Figura 2 – Produtividade
O Brasil precisa urgentemente melhorar significativamente em várias frentes! 
Entre tantos outros desafios: reduzir a carga tributária, simplificar a burocracia, investir pesadamente em sua infraestrutura, ampliando e aperfeiçoando a participação da iniciativa privada nos investimentos do setor, desenvolver projetos destinados à educação para melhor qualificar a sua mão de obra e assim melhor alavancar o desenvolvimento econômico do País que possui enormes potencialidades !
Fonte:
IBPT - Carga tributária brasileira é quase o dobro da média dos BRICS  in https://www.ibpt.org.br/noticia/ - acesso 30/05/2014.
Problema de logística afetam competividade no Brasil – Revista da Madeira – Edição nº 135 – maio de 2013.
Connecting Brazil to the world: A path to inclusive growth - McKinsey Global Institute – May 2014.
Gerbeli, L.G. – in Custo logístico consome 13,1% da receita das empresas – in Economia&Negocios – 31/10/2012 – www.estadao.com.br/noticias - acesso 28/05/2014.
Durão, M. in Custos logísticos voltam a crescer no País, diz pesquisa – http://exame.abri.com.br/economia/noticias/ - acesso 28/05/2014.
Da Silva, J – Logística e custo Brasil in www.agronoticasmt.com.br/artigos/ acesso 28/05/2014.
ANTAC – Boletim Anual de Movimentação de Cargas – Brasília 2014.
Velloso, R. e outros in INFRAESTRUTURA: Os caminhos para sair do buraco (2013) - disponível em http://www.raulvelloso.com.br/ - acesso 20/05/2014.
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e  autor das seguintes obras didáticas:
• Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E. Schwember – EditoraInterciência;
•  Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier;
•   Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.