domingo, 8 de junho de 2014

Crescimento e Infraestrutura

CRESCIMENTO E INFRAESTRUTURA
Um exemplo no Brasil Central
“A riqueza do campo já se multiplica para outros setores!
Furlan in Revista Exame.

As potencialidades do Brasil não estão em jogo! O que discutimos é a capacidade do Governo colocar um time de primeira linha com objetivo de alavancar projetos de infraestrutura básica que permitam um crescimento espetacular desse país continental, abrindo um leque de oportunidades para grandes investimentos.
Pegando emprestados dados recentes sobre o desenvolvimento do Centro-Oeste brasileiro, formado pelos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, como mostra a figura 2, verificamos que a região é a maior produtora de grãos do país, atingido uma produção de 78 milhões de toneladas na safra 2013/2014. Esse recorde é também atribuído a alta produtividade de grãos na região que chega a atingir 3,1 toneladas por hectare, enquanto que nos Estados Unidos esse índice é de  2,9 toneladas por hectare!


Figura 2 - Centro-Oeste brasileiro

Esse vetor de desenvolvimento da região necessita ser equacionado com um suporte de infraestrutura adequada que permita garantir o crescimento da região e por via de consequência, permitir a diversificação de negócios. Estudos realizados pelo Itau-Unibanco estimam que a região deve atrair, nos próximos anos, investimentos da ordem de US$ 50 bilhões de dólares, envolvendo os setores varejo, indústria automotiva, saúde,  entre outros.
O mesmo estudo indica ainda um crescimento de 48 % (quarenta e oito por cento) no  PIB da região, quando é feita uma comparação entre o período 2008/2013 com o as projeções para o período 2014/2020.
Um dos grandes entraves para esse fantástico desenvolvimento é a deficiência estrutural de apoio no transporte dos grãos, que continua a criar consideráveis desafios para o escoamento da produção, muito especialmente nos períodos de safras. Retrato desse descaso pode ser verificado nas enormes filas de caminhões que se forma ao longo de rodovias e, mais recentemente ficam aguardando em pátios improvisados, para o escoamento da produção até os portos de Santos e Paranaguá. Cerca de 15 mil caminhões passam por dia próximo nas rodovias, no pico da colheita da safra de soja e milho, nas regiões produtoras mato-grossenses, entre fevereiro e maio !
Um exemplo dos desafios enfrentados pelos agricultores do centro-oeste pode ser visto no vídeo do link indicado a seguir

Os gargalos logísticos da nossa infraestrutura, calculados em estudo comparativo com outras regiões do mundo em termos de custos médio de transporte de grãos exportados para a China, permitem chegar a situações alarmantes como US$ 185 dólares por tonelada para Centro- Oeste brasileiro, enquanto que em Illinois, nos Estados Unidos, esse custo atinge U$ 71 dólares por tonelada.
Apesar da nossa vantagem competitiva em termos de produtividade por hectare comparativamente a produtividade do Estado de Illinois (EUA) sofremos baixas consideráveis com a deficiência na infraestrutura e perda da safra por falta de silos e com os desafios para levar o produto até os portos brasileiros.
Em termos de espaço para a armazenagem da produção de grãos, o Brasil está necessitando silos com uma capacidade de 42 milhões de toneladas.
As estimativas de investimentos necessários para tornar a infraestrutura adequada ao volume de produção e a expansão da região foi estimada em cerca de US$ 30 bilhões de dólares no período 2014/2020, em sua grande parte, cerca de US$ 26,0  bilhões de dólares precisarão ser destinados aos modais de maior capacidade de transporte, entre eles o ferroviário e o hidroviário, assim como na infraestrutura de apoio para uma operação adequada desses modais.
Um comboio com 56 vagões de 70 toneladas que tem um comprimento total de 1,7 quilômetros e equivale a 175 carretas bi-trem graneleiro com capacidade para 35 toneladas ocupando uma extensão de 3,5 km, enquanto que no hidroviário, um comboio duplo com quatro chatas e um empurrador tem capacidade de carga de 6.000 toneladas, equivalentes as 175 carretas bi-trem.
O Brasil, um gigante com grandes potencialidades em todos os campos, necessita urgentemente de investimentos de qualidade e bem direcionados com objetivo de alavancar ao desenvolvimento do país, expandir sua economia e trazer grandes benefícios para todos!

Fonte:
Furlan, F. – in O celeiro pode render mais – Exame – edição 1067 – Ano 48 – No. 11 – pag.114/ 118.
 Capacle CorreaI, V.H e Ramos, P – in A precariedade do transporte rodoviário brasileiro para o escoamento da produção de soja do Centro-Oeste: situação e perspectivas - Rev. Econ. Sociol. Rural vol.48 no.2 Brasília Abr./Junho 2010.
Rogrigues, R.A e Lembruber, T. in Projeto de Sistemas Oceânicos 2 – Relatório I – Revisão 02 – in http://www.oceanica.ufrj.br/deno/prod_academic/relatorios/2008/Ricardo_Thiago/relat1/ - acesso 03/06/2014.
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e  autor das seguintes obras didáticas:
Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E. Schwember – Editora Interciência;
Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier;
Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.


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