sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Blockchain e Cadeia de Suprimentos

Blockchain e Cadeia de Suprimentos


Com havíamos comentado em nossa postagem anterior, a chave da tecnologia inovadora inserida no bitcoin está relacionada a fluxo digital distribuído que permite operar com um sistema de pagamento de forma totalmente descentralizada e sem qualquer intermediário, como por exemplo, bancos ou outras as instituições financeiras.
É bom lembrar que nos primeiros sistemas de pagamento via processos computadorizados, os processos subjacentes não sofreram mudanças significativas, apenas trocaram de posição (manual para computadorizado). A tecnologia de “livro razão” distribuído e não centralizado representa uma mudança fundamental na forma com a qual os sistemas de pagamentos podem operar! Valendo notar que, em princípio, esse sistema descentralizado não tem limites para pagamentos!
Essa inovação foi projetada com apoio de uma gama de disciplinas, entre elas: criptografia (segurança na comunicação), teoria dos jogos (decisões estratégicas) e rede P2P (conexão entre redes sem uma coordenação central).
Dando uma verdadeira guinada nos sistemas tão propalados de armazenamento em nuvens, essa nova tecnologia de sistemas distribuídos representa uma mudança fundamental para os meios de pagamentos e acompanhamento de transações das mais diversas com segurança nos processos (figura 1).


Figura 1- Segurança nos processos
Em verdade, a tecnologia existente nos denominados blockchain é um sistema de banco de dados público descentralizado para registrar as transações. Diferentemente dos atuais sistemas de armazenamento em nuvens que são centralizados e que obriga aos seus usuários a confiar de maneira efetiva nos serviços que lhes dão suporte para o armazenamento dos dados, essa nova tecnologia produziu um sistema de armazenamento de forma descentralizada melhorando, por via de consequência, a segurança e reduzindo consideravelmente a dependência dos serviços centralizados. Os dados armazenados estão distribuídos em diversos computadores e em diversos locais (Figura 1).
Como o sistema de armazenamento dessa nova tecnologia é distribuído, pesquisadores projetam que a utilização do excesso de espaços nos discos rígidos existentes hoje nos diversos computadores permitirá ter a disposição cerca de 300 vezes mais espaço disponível para o armazenamento de dados do que o atualmente existente no sistema em nuvens.
Se de um lado essa tecnologia vai permitir a descentralização do processo de armazenamento das informações, de outro permitirá que outros usuários que disponibilizem suas máquinas para o armazenamento das informações tenham uma fonte de receitas adicional visto que esses usuários ao disponibilizarem o espaço de suas máquinas serão remunerados por isso. Essa nova tecnologia de descentralização produzirá uma significativa redução nos custos de armazenamento das informações. Apenas para avaliar esse potencial, basta considerar que hoje são gastos cerca de US$32 bilhões em armazenamento em nuvens!
No que se refere a Cadeia de Suprimentos propriamente dita, basta lembrar que os consumidores, cada vez mais conscientes de suas funções e mais informados, estão exigindo mais transparência sobre a linha de produtos das empresas. Em função dessa nova corrente informacional que conectam consumidores e seus espaços relacionais, uma série de questão são postas à mesa.
Com o uso da tecnologia do denominados blockchain através de um sistema de registro compartilhados, um produto poderá ser rastreado desde a origem dos insumos que lhe deram origem, até a entrega final ao consumidor que o adquiriu.
Por exemplo: será que a camisa que comprei do fabricante “X” foi produzida com o uso de mão-de-obra escrava? O azeite que adquiri em um supermercado efetivamente foi produzido dentro das boas práticas da sustentabilidade e sem uso de produtos químicos?

Figura 2 – Sistema descentralizado via blockchains.

Importante registrar que a União Europeia está obrigando, por força de regulamentação, que as empresas forneçam mais informações sobre seus produtos e serviços. Isso vai demandar uma mudança considerável nos processos das empresas que deverão se tornar cada vez mais transparentes sob pena de perderem seus mercados ou sofrerem punições elevadas das autoridades reguladoras.
Diferentemente de um sistema centralizado em que o fornecedor poderá simplesmente apresentar informações seletiva de produtos e serviços que disponibiliza para o mercado e seus consumidores, os blockchain vão trazer maior transparência sobre as cadeias de suprimentos, disponibilizando informações substanciais sobre os produtos que são adquiridos pelos consumidores, além, é claro, facilitar o controle dos processos por parte da autoridades responsáveis.
A chave para essa questão está diretamente relacionada a descentralização e compartilhamento dos dados, como mostra a figura 2. Esse processo produzirá uma grande transparência visto que ninguém efetivamente terá controle centralizado das informações. O escopo maior dessa inovação é a capacidade de atribuir uma identificação para todos os partícipes do processo: pessoas, empresas e bens, rastreando o movimento dos produtos através da cadeia de suprimentos e, por via de consequência, fazendo o fluxo logístico de suprimentos de bens e serviços operar de forma transparente 

Fontes:
Berg, H – in What is the impacto of Bitcoin on the global supply chain – disponível em www.quora.com – acesso 01/10/2015.
Correio Digital  – Como a tecnologia “blockchain” vai mudar o mundo e as nossas vidas – disponível em www.correiodigital.eu – acesso 01/10/2015.
Bitcoin News in Como a tecnologia BlockChain pode evitar que a nossa história seja reescrita – disponível em www.bitcoinnews.com.br – acesso 01/10/2015.
Bitcoin News in O futuro do Bitcoin – disponível em www.bitcoinnews.com.br – acesso: 01/10/2015.
Ali, B.; Barredear, J.; and Clews, R. in Innovations in pagyment Technologies and the emergence of digital currencies - - Quartely Bulletin 2014 Q3
TI Insede Online - Gastos com infraestrutura de TI na nuvem devem alcançar 32 bilhões - in http://convergecom.com.br/tiinside/05/10/2015/gastos-com-infraestrutura-de-ti-na-nuvem-devem-alcancar-us-32-bilhoes-neste-ano/ - acesso: 09/10/2015.

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PAULO SÉRGIO GONÇALVES é engenheiro pela Universidade Federal do E.E.Santo, M.Sc. em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ e MBA em Estratégia Empresarial.
Professor do IBMEC Educacional – Unidade Rio de Janeiro.
Autor de três obras didáticas:
Administração de Materiais – 4a. Edição – Editora Elsevier
Administração do Estoques – Teoria e Prática – em coautoria com E.Schwember – Editora Interciência.
Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole

domingo, 4 de outubro de 2015

Bitcon - A moeda eletrônica que vai revolucionar as transações internacionais.

BITCOIN
A  moeda eletrônica que  vai revolucionar as transações internacionais.
Parte I

Bitcoin é uma moeda virtual, também conhecida como criptomoeda. Ela permite ser transacionada sem qualquer interferência de uma autoridade central. Essa moeda pode ser transferida de um computador ou smartphone (peer-to-peer – P2P) sem qualquer intermediação de uma instituição financeira.

Essa “moeda” surgiu por volta de 2009 e, por se tratar de algo bastante novo e inovador, causou perplexidade e muitas suspeitas, muito especialmente devido a permitir operações em atividades ilegais.

O tempo passou e o crescimento das transações foi significativo. Dados mais recentes do CoinDesk, um site especializado em notícias Bitcoin e moedas digitais, mostram que os investimentos subiram consideravelmente: de US$ 95 milhões em 2013, atingiu, em 2014, a cifra de US$ 362 milhões !

Com um mercado potencialmente elevado e o crescimento de sua aceitação como moeda, as instituições financeiras passaram a se interessar em participar desse promissor mercado digital. A bolsa de Nova York já criou um índice preços Bitcoin !

Devido à ausência de uma autoridade central que administre o sistema, ele é imune à inflação e  as suas transações são de baixo custo. Porém, o elevado fluxo entre a oferta e a demanda dessa moeda, acaba provocando grandes oscilações em seus valores, como pode ser verificado nos gráficos da figura 1.

Figura 1- Oscilações no Mercado de Bitcoins

O Bitcoin utiliza um sistema de banco de dados distribuídos (figura 2) entre os nós do P2P, com a finalidade de registrar a transação com o uso de criptografia de código aberto para prover segurança na transação e evitar um duplo uso e mesmo uma possível falsificação da moeda.

As transações são registradas em um sistema de contabilidade pública, através de um livro razão (blockchain) existente em um banco de dados distribuído. É um registro em ordem cronológica de todas as transações realizadas na rede que passaram por um processo de compilação e validação. A sua flexibilidade é enorme. A rede funciona de forma autônoma e qualquer pessoa pode controlar e monitorar um nó da rede.


Figura 2 - Sistema descentralizado – Blockchain.

A compra de Bitcoins pode ser feita em unidades Bitcoins ou frações.
A aquisição de Bitcoins pode ser realizada de três maneiras:
Através da sua compra – alguns bancos já disponibilizam a possibilidade de aquisição dessa moeda eletrônica que é extremamente volátil.
Recebendo pagamentos na moeda - já existem milhares de pessoas em todo o mundo que aceitam pagamentos em Bitcoins.
Mineraração – essa opção envolve disponibilizar computadores para a manutenção da rede que controla a moeda. A pessoa que disponibiliza computadores para essa operação, destinada a manter uma estrutura descentralizada do sistema (mine, passa a receber uma remuneração em Bitcoins.

Algumas instituições financeiras já exploram essa tecnologia cujo algoritmo se mostrou viável na realização das transações de forma única e que são impossíveis de serem forjadas.
Entre as instituições que estão realizando experimentos com os denominados Blockchain temos: Goldman Sachs, BBVA, Santander, Citibank.

Essa tecnologia vem ganhando os mercados em todo o mundo. Por exemplo, o próprio Bill Gates, em uma entrevista ao canal de TV Bloomberg afirmou que o “Bitcoin é excitante porque é barato”. Microsoft e Dell Computadores estão entre as empresas que aceitam Bitcoins.

Qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, desde que tenha uma conta em Bitcoins poderá receber ou enviar via internet essa moeda, inclusive de forma anônima!

De um lado, esse processo de compartilhamento distribuído, denominado de blockchain é a inteligência do sistema que está revolucionando o mundo corporativo nas transações. De outro, o sistema também oferece maneiras para se produzir maior transparência nas cadeias de suprimentos, fornecendo informações confiáveis e permitindo o rastreamento do produto, sua origem e como chegou ao seu destino. Mas isso é assunto para uma nova postagem!

Fonte:
Blockchain – Conheça a tecnologia por trás da revolução das moedas virtuais. – hppts://endeavor.org.br/blockchain – acesso 27/09/2015.
Jefl. Owen e Seibold S. in A tecnologia blockchain pode revolucionar o mercado de capitais? – disponível em www.executivosfinanceiros.com.br/financas/mercadodecapitais - acesso 25/09/2015.
Goncalez, A in A New Supply Chain Opertiong System? - disponível em http://talkinglogistics.com - acesso 28/09/2015.
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e autor das seguintes obras didáticas:
Administração de Materiais - 4a. Edição - Editora Elsevier.
Logística e Cadeia de Suprimentos - O Essencial - Editora Manole.
Administração de Estoques - Teoria e Prática em coautoria de E. Schwember - Editora Interciência.