domingo, 22 de agosto de 2021

Criatividade e uso da tecnologia.

 

CRIATIVIDADE e USO da TECNOLOGIA


A descoberta da máquina à vapor por Watt em 1769, aliada ao sistema “biela-manivela” criado por James Pickard (1780) e mais tarde, a introdução de motores elétricos de indução desenvolvidos por Tesla em 1887, provocaram uma avalanche tecnológica que passou a ser oferecida para a produção de uma vasta gama de produtos e serviços, cada vez mais sofisticados.

Da segunda guerra mundial até hoje, a oferta de tecnologias atingiu a patamares nunca antes imaginados!

Basta lembrar que a “potência computacional” de um celular é infinitamente superior ao computador de bordo da Apolo 11 e seu modulo lunar Eagle com o qual Neil Armstrong e Buzz Aldrin alunissaram na Lua, em 20 de julho de 1969, marcando um grande evento da história da ciência e da tecnologia.

Esse elenco de tecnologias está disponível hoje no mercado para ser utilizado nos mais variados campos, dependendo é claro do conhecimento técnico, da capacidade e visão criativa de quem vai projetar suas aplicações!

Porém venho percebendo que muitas empresas, apesar de introduzir uma vasta gama tecnológica em seus ambientes de trabalho, ainda persistem em manter, sem razão aparente, velhos procedimentos.

Isso lembra a conhecida estória da artilharia britânica que embora estivesse totalmente mecanizada, ainda assim mantinha no seu plantel soldados destinados a cuidar dos cavalos durante os exercícios militares. Os cavalos se foram, mas os soldados permaneceram na mesma função! 

Um diagnóstico preliminar, verte no que designo de binômio de causalidades:

De um lado, a chamada “visão tubular” que na medicina é o diagnóstico de um paciente com a incapacidade ter visão periférica, o qual tem a sensação de olhar através de um tubo. No caso das empresas, olham numa única direção ao implantar um sistema de tecnologia mais avançada, sem perceber o leque de possibilidades quando da agregação de outras tecnologias  aos seus processos.

De outro lado está a falta de capacidade criativa na aplicação de sistemas com todas as potencialidades que as tecnologias atuais nos oferecem.

Coletei dois casos para exemplificar:

Consideremos o processo de certos bancos e suas estafantes rotinas da Central de Atendimento ao Cliente.

Para dar início ao atendimento pela central, o cliente tem que digitar o respectivo CIC/CPF, senha de acesso e também o número do código gerado no aplicativo do celular!

A partir dessa sequência de eventos começa então o processo de: digite (1) para pagamentos; digite (2) cartão .... e por aí vai. Tal qual um monge budista, com paciência ilimitada, o cliente vai digitando e viajando pelas opções. Se errar, volta ao início do processo e assim o sistema segue!

Ora, convenhamos, será que esses “especialistas” não perceberam ainda que existe hoje, com grande flexibilidade operacional, sistemas de reconhecimento de voz!

Não seria mais simples e confortável para os clientes, logo após as identificações de segurança explicitadas no menu inicial de acesso a Central de Atendimento ao Cliente, verbalizar sobre qual o assunto deseja atendimento e a máquina imediatamente o conecta ao tipo de serviço requerido? 

Quanto tempo seria reduzido nesse processo, assim como o aumento no grau de satisfação do cliente, por um atendimento célere e competente?

Outro exemplo podemos obter de empresas da área de saúde. Ao fazer um exame laboratorial ou mesmo uma consulta médica, os usuários são solicitados a acessar  o aplicativo da empresa para a geração do token (chave eletrônica) que autoriza o procedimento. Fornecida essa chave, é então gerado um formulário de consulta ou exames com todos os detalhes já digitados pela atendente que  diligentemente o imprime, em alguns casos em várias folhas,  para que o cliente possa assiná-lo. 

Não seria muito mais simples, após a digitação e realização dos serviços, gerar um "espelho digital" dos procedimentos realizados e então o cliente, acessando o aplicativo, venha a obter uma chave eletrônica de aprovação dos procedimentos realizados?

Esses são apenas dois exemplos de muitos que operam tal qual a estória da artilharia britânica ! Opa!



quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Kodak x Indústria Automobilística

 KODAK x INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA



Quase todos se lembram da hegemonia da grande empresa criada em 1.888, a Kodak que dominava como ninguém, a indústria fotográfica. Filmes, equipamentos, filtros especiais etc., eram o sonho de consumo de qualquer fotografo profissional ou amador!

A tecnologia correu célere e, rapidamente a empresa foi posta de lado apesar de ter criado a câmera digital; porém decidiu não investir em sua criação, por não perceber o avanço que esse processo  iria proporcionar aos seus usuários. Acabou quebrando literalmente, por não ter possuído uma visão prospectiva das tecnologias que avançavam por todos os cantos do planeta!

Hoje, sofisticados smartphones possuem embarcados, câmeras fotográficas que alta resolução, com suporte da inteligência artificial, transformando qualquer usuário em verdadeiros fotógrafos “profissionais”!

Semelhante processo, antevejo na poderosa indústria automobilística!

Três fatores, segundo a minha ótica, levarão a um profundo declínio do atual modelo de negócios das montadoras de automóveis;

O primeiro deles, sem sombra de dúvidas, é a uberização dos serviços em geral. As perguntas que surgem aqui são do tipo: 

Por que ter um veículo que, segundo as estatísticas, permanece mais de 80% do tempo estacionado em uma garagem de um condomínio ou de uma residência? 

Por que gastar recursos em manutenção, eventuais reparos e combustíveis, nos veículos, se através de pequenos clicks na tela de um smartphone, conseguimos um veículo para utilizá-lo num final de semana, com grande leque de possibilidades na sua escolha ou mesmo um veículo com motorista para o deslocamento por toda a cidade?

O segundo, a elevada concentração urbana nas grandes cidades. Não é de hoje que empresas como a McKinsey e outras consultorias, vem alertando sobre o grande volume de pessoas que habitarão as cidades ao redor do mundo. As estimativas apontam que até 2040, cerca de 65% a 70% da população mundial viverá em grandes metrópoles.

Então pergunto: teremos megaengarrafamentos ou os metropolitanos irão preferir utilizar o transporte de massa de alta velocidade e eficiência?

E o terceiro, mostrado nas estatísticas de hoje em que os jovens não estão muito interessados em obter a carteira de habilitação para dirigir veículos. Segundo dados do Denatran, a emissão de Carteira Nacional de Habilitação – CNH, para jovens na faixa dos 18 a 21 anos, caiu 20% nos últimos três anos. O veículo já não representa mais o símbolo de status como no passado! 

A verdade é que, segundo a minha ótica, se a indústria automobilística não repensar o seu modelo de negócio, estará fadada ao declínio como aconteceu com a meca da manufatura automotiva que foi Detroit (EUA), em face da entrada no mercado americano de veículos com excelente design, elevado desempenho e baixo consumo de combustível fóssil.

Mesmo a modernidade traduzida pelo carro elétrico que vem seduzindo vários simpatizantes, entrará na mesma rota.

De um lado, acredito que o consumo em massa de veículos será coisa do passado; de outro, a mobilidade requer flexibilidade operacional, presteza no tempo e velocidade no transporte e não será um veículo de uso individual que vai proporcionar esse trinômio de qualidade em grandes metrópoles!