sábado, 18 de março de 2023

Geração GPT´s - Empregos em riscos!

Geração GPT´s - Empregos em riscos!

 


Embora a comunidade em geral já começa a falar do GPT-4, lançado na terça-feira (14/03/2023) e segundo o CEO da OpenAI, Sam Altman, suas potencialidades são tão incríveis, destacando: ele pode entender imagens, é multimodal, ou seja, pode “ver” e processar prompts de imagens como textos e embora não possa produzir imagens por conta própria, ele é capaz de descrevê-las, contextualizá-las e entendê-las.

Ainda segundo o CEO, ele ainda está limitado a respostas de textos, porém dará respostas mais precisas às perguntas formuladas pelos usuários. Ele tem 40% mais probabilidade de produzir respostas mais assertivas do que o GPT-3, sendo mais criativo e “capaz de lidar com instruções muito mais sutis do que o GPT-3”, a firma Altman.

Se o recém lançado GPT-4 já está causando verdadeiro frenesi por sua capacidade de processamento e elaboração de tarefas das mais distintas, permitindo, por via de consequência, que seja explorado com maior profundidade em todas as suas potencialidades, imaginem o que acontecerá com as novas versões que surgirão, cada vez mais sofisticadas e aprimoradas, num processo bem conhecido de “melhorias contínuas”, o seu “irmão mais velho”, o GPT-3 já causa grandes preocupações com campo da empregabilidade!

Nesse sentido a revista Insider procurou vários especialistas para indicarem quais seriam as profissões que se encontram em riscos com o advento do GPT-3. O resultado foi a compilação de uma vasta gama de atividades laborais que podem ser interrompidas com o uso de ferramenta da AI generativa, como o badalado GPT-3; entre elas programadores de computadores, engenheiros de softwares, assistentes jurídicos, criadores de conteúdos, jornalistas, analistas de mercado, contadores, designers gráficos, analistas financeiros etc.

Os funcionários na Amazon, por exemplo, afirmaram que o ChatGPT faz um bom trabalho ao responder perguntas de suporte ao cliente, assim como para elaborar documentos de treinamento e responder perguntas sobre estratégia corporativa, porém é preciso ter cautela dado que ele poderá gerar desinformação ao responder de forma incorreta uma pergunta.

Por conta desses deslizes praticados por essas AI´s generativas, as quais como todo produto, serão recursivamente melhoradas, várias críticas ferozes têm surgido dos ferrenhos lutadores ao estilo Luditas, em pleno século XXI, que só fazem é criticar essas tecnologias, esquecendo-se de que, tal qual um tsunami, elas chegaram para ficar e crescerão mediante ondas constantes de aprimoramento. Basta lembrar que hoje já estamos na era do GPT-4. Outros mais poderosos surgirão. É apenas uma questão de tempo!

E nesse sentido, temos que pensar nesses avanços tecnológicos como ferramentas para o aumento de produtividade e melhor qualidade laboral, em vez de uma mera substituição de postos de trabalho, abrindo um leque de oportunidades para o desenvolvimento de novas habilidades mediante treinamentos especializados!

 Fonte:

Nolan, B. in OpenAI's GPT-4 has arrived. From its accuracy to its beefed-up fight against 'evil,' here are the 5 things you need to know about how the upgraded chatbot differs from GPT-3.5. Insider – Mar 15, 2023

Sindhu Sundar, S and Mok, A. in Sam Altman unveils the hotly anticipated GPT-4, an AI model he says 'can pass a bar exam and score a 5 on several AP exams' Insider - Mar 14, 2023.

Sander, S. in If you still aren't sure what ChatGPT is, this is your guide to the viral chatbot that everyone is talking about – Insider – Mar 01, 2023.



sexta-feira, 10 de março de 2023

 

O Renascimento da AI – O Novo “AI-luminismo”.


O título desse artigo é, em certa medida, propositalmente provocativo!

O Iluminismo foi um fantástico movimento ocorrido no século XVIII, que resultou em grandes mudanças na sociedade e na forma de vida das pessoas e suas visões perante o mundo que as circundava. Princípios fundamentais na política, na ciência, na literatura, nas artes e na filosofia foram erigidos nessa era.

Há controvérsias sobre o tema abordado, por exemplo, Pinker (2018) retrata que o Iluminismo, embora tenha apresentado avanços consideráveis em todos os campos do conhecimento humano, mostrou falhas tectónicas, as desconsiderar em seu bojo, as tradições de culturas não ocidentais.

Apesar de tudo isso, é incontestável que o Iluminismo catapultou o conhecimento humano nas mais diversas áreas, para outros patamares muito mais elevados.

Hoje vivemos uma nova era a qual, tomamos a liberdade de defini-la como a era do “AI-luminismo” , visto que a Inteligência Artificial (AI), tal qual um vírus que se multiplica velozmente, se propaga por todos os campos do conhecimento humano.

Seus pioneiros foram pessoas talentosas como Alan Turing, matemático britânico e responsável por decifra a famosa maquina Enigma (criptografia alemã), John McCarthy, cientista da computação que cunhou o termo “Inteligência Artificial”, Marvin Minsky, fundador do MIT_AI Lab em 1959 e defensor do uso de redes neurais com objetivo de simular o cérebro humano (Gonçalves – 2018 - Blogger), assim como Arthur Samuel, criador do primeiro jogo de Xadrez em 1952 que possuía a capacidade de aprender a cada jogada, bem como Herbert Simons e Allen Newel criadores dos primeiros algoritmos para a resolução de problemas complexos, como também responsáveis por criar o primeiro programa capaz de jogar “Damas” em 1959.

Esses pioneiros erigiram a Inteligência Artificial e permitiram os seus avanços até a nossa era. Parafraseando Einstein, embora a frase original tenha sido atribuída a Isac Newton: “A Inteligência Artificial chegou nos atuais estágios, por ter crescido em ombros de gigantes!”

Apesar de todo esse entusiasmo inicial, no qual a AI despontava promissora e a injeção de grandes investimentos nas suas pesquisas, ocorreu uma primeira decepção dado que as expectativas, talvez impulsionadas pela ficção científica e a tecnologia existente à época, acabou por estagnar o seu progresso, a tal ponto que tivemos um período que ficou conhecido como “AI Winter”, o inverno da AI.

Somente na década de 1980, como o advento de novas tecnologias e novas técnicas matemática, como por exemplo, a lógica Fuzzy, desenvolvida pelo matemático Lotfi Zadels, também conhecida como lógica difusa que passou a ser utilizada no controle de processos, análise de dados e tomada de decisão, por permitir o uso de informações incompletas e ambíguas, levaram, em certa medida, a modelagem de sistemas complexos. O mesmo acontecendo, em paralelo, como o desenvolvimento de complexas redes neurais artificiais.

Esses avanços permitiram abrir um variado leque para novas aplicações da Inteligência Artificial, elevando as suas pesquisas e aplicações para as mais diversas áreas como a robótica, reconhecimento de imagens, processamento de linguagem natural, etc.

Seus avanços se fizeram sentir através desse construto de pesquisas acumuladas e levaram a sofisticadas técnicas, como as redes neurais de aprendizado profundo, através de várias camadas de processamento, o que permitiu avanços significativos na área de visão computacional, reconhecimento de fala, processamento de linguagem natural.

A sua evolução a partir de 1980 foi exponencial, proporcionando avanços significativos em diversas áreas das nossas vidas, como por exemplo, automação de processos, robótica, segurança e privacidade, comunicação e saúde, educação, assistentes virtuais (Siri da Apple, Alexa da Amazon e Google Assistent da Google etc), reconhecimento de fala, visão computacional, diagnósticos médicos, serviços financeiros, comércio eletrônico, marketing e publicidade etc. etc.

Não demorará muito tempo para que os recursos, muitos deles em uso no nosso dia a dia, para que eles sejam incorporados às nossas vidas de forma tão corriqueira como  hoje utilizamos a energia elétrica.

Essa fase que consideramos como o novo AI-luminismo, após o período de hibernação pelo qual a inteligência artificial passou e, tal qual a revolução cultural, política e social ocorrida no século XVIII. Hoje a inteligência artificial é protagonista de uma nova revolução!

Entretanto, uma reflexão precisa ser efetuada, tendo em vista a dupla face em que se reveste a inteligência artificial, qual seja, o seu uso para criar benefícios e bens estar para a humanidade ou a sua utilização com fins maliciosos ou totalitários. Nesse pormenor, basta lembrar da fala de Vladimir Putin para um grupo de estudantes na Rússia, no ano de 2017: “quem dominar a inteligência artificial, dominará o mundo!”

Nesse contexto, podemos considerar dois efeitos “halos” produzidos pelas tecnologias que aceleraram o desenvolvimento e as aplicações da inteligência artificial:

O “halo positivo”, por ser observados nos exemplos:

Produtividade – a automação de tarefas repetitivas e rotineiras estão sendo substituídas pela inteligência artificial, liberando assim, a mão de obra para a realização de trabalhos mais complexos e atividades criativas;

Educação – através da personalização da experiência de aprendizado focado no desenvolvimento de cada aluno, mediante a oferta de recursos e materiais adaptados às particularidades individuais;

Detecção de Fake News e Deep Fakes – a inteligência artificial tem potencial para a identificação de notícias falsas, vídeos manipulados, imagens falsas, assim como através de sistemas de detecção de sentimentos avaliar o tom das linguagens e postagens inseridas nas redes sociais.

Medicina – através dos algoritmos que auxiliam na detecção de doenças, assim como no desenvolvimento de novos medicamentos e oferecimento de tratamentos mais personalizados e mais eficazes por ser dirigido individualmente para cada paciente;

Segurança – através da detecção e prevenção de atividades criminosas, ações de terroristas, segurança patrimonial em edifícios e instalações públicas, detecção de anomalias etc.

Sustentabilidade: no apoio ao monitoramento dos ecossistemas, previsão de mudanças climáticas e desenvolvimento de soluções eficientes e sustentáveis para atender aos requisitos dos desafios ambientais que enfrentamos.

Enquanto um “halo negativo” temos por exemplo:

Discriminação e preconceito – influenciada por algoritmos enviesados, a inteligência artificial poderá levar a tomada de decisões discriminatórias e preconceituosas. Para os interessados sugiro a leitura do livro de Cathy O´Neill denominado: Algoritmos de destruição em massa (2021);

Violação de privacidade – através de algoritmos que promovam a coleta e processamento de grande volume de dados de pessoas e mesmo, com base eles, realizar operações fraudulentas ou extorsão junto a determinadas pessoas;

Perda de postos de trabalho: já comentamos em diversas postagens realizadas nessa plataforma, sobre os efeitos devastadores que serão produzidos com os avanços acelerados a inteligência artificial na substituição de mão de obra por sistemas de automação robótica;

Dependência tecnológica – esse é outro fator extremamente preocupante! Considerando que a inteligência artificial vem operando mediante a construção de imagens, elaboração de textos dos mais diversos (ver artigo que publicamos nessa plataforma: AI, Midjourney e GPT-3 – Uma jornada para a demência digital), poderemos perder a capacidade cognitiva para desenvolver texto ou produzir imagens criativas. Do mesmo modo, uma  falha dos sistemas poderá colapsar toda uma região ou mesmo um pais. Exemplo: perigosa tempestade geomagnética de grande intensidade provocada pelas atividade solares!

Uso indevido da AI – na produção de softwares maliciosos, ataques cibernéticos, invasões de sistemas, comprometendo instalações críticas, sistemas financeiros, indústrias, governos etc.

Diante desse quadro, é importante alertar que a ocorrência desses “halos” poderá levar as pessoas a passarem a confiar nas soluções oferecidas pela inteligência artificial, acreditando cegamente que a inteligência artificial resolverá todos os problemas complexos da humanidade e nesse sentido aceitar, sem qualquer juízo crítico, as decisões fornecidas pela AI.

O importante é ter em mente que devemos ter cautela na tomada de decisões oferecidas pela inteligência artificial, evitando o “halo cognitivo” de aceitá-las cegamente com o objetivo de mitigar riscos associados a essa prática.

Ao final, caímos no velho desafio da esfinge de Tebas que inqueria cada peregrino que por ela passava: “Decifra-me ou lhe devoro"!