quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Etiquetas Eletrônicas revolucionam o varejo

ETIQUETAS ELETRÔNICAS
REVOLUCIONAM O VAREJO


O RFID (Identificação por Rádio Frequência) não é uma tecnologia nova. Essa tecnologia foi utilizada pelos britânicos na segunda Guerra Mundial, para identificar as aeronaves amigas e inimigas.

Em 1970 sugiram as primeiras patentes e, na década de 90, a IBM em parceira com cadeia de supermercados da Wal-Mart iniciou o primeiro projeto para sua introdução na área do varejo, que resultou em um melhor controle do fluxo de entradas e saídas dos produtos na rede de supermercados, bem com um efetivo controle dos estoques.

De lá até os dias de hoje, grandes inovações surgiram e mesmo novos modelos de etiquetas prosperaram, buscando dar maior amplitude nos negócios com o uso das denominadas e-tags (etiquetas eletrônicas).

Um dos grandes problemas para a implantação dessa tecnologia está intimamente ligado ao custo das e-tags e seu sistema de captura das informações. Inicialmente algo bastante proibitivo razão pela qual ele era somente utilizado nas denominadas “unit load” (Unidades Padrão de Fornecimento), normalmente um palete completo de produtos ou mesmo os contentores para movimentação de transporte dos produtos.


Figura 2 – Etiqueta eletrônica e seu funcionamento.

Como era esperado, a explosão de usabilidade das etiquetas e as pesquisas complementares que se fizeram presentes, permitiu o desenvolvimento de etiquetas de baixo custo. Hoje oscilando entre R$ 0,40 a R$ 1,20 por unidade o que, de certa forma, começa a colocar em risco a sobrevivência do código de barras. 

A revolução tecnológica das etiquetas eletrônicas acabou por impulsionar o seu uso nos mais diversos campos e também passou a ser absorvida pelo varejo.

 Figura 3 – Código de Barra e leitor.

Diferentemente do código de barras, cuja tecnologia obriga ao uso de um leitor que lê o código (Figura 3) utilizando normalmente um feixe de luz infravermelha, as etiquetas eletrônicas são lidas à distância, com uma tecnologia bem mais sofisticada (Figura 4) e tem uma grande vantagem adicional, pois podem ser rastreadas.
Figura 4 – e-tag e sistema de leitura por RFID.

Outra vantagem está relacionada à estrutura do processo. O código de barras permite identificar a classe a qual o produto pertence, enquanto que, no sistema com RFID, cada produto carrega sua própria etiqueta (e-tag), permitindo assim identificar, dependendo da sofisticação implementada no sistema, dados e detalhes do produto, bem com permitir que a mesma e-tag receba informações adicionais que são inseridas na medida em que novas informações sobre o produto estão sendo geradas.

Por exemplo, ao adquirir um notebook, você poderá saber todos as características técnicas dele sem ter que manuseá-lo ou ler o manual do usuário, bastando para isso, que as informações tenha sido coletadas e inseridas na etiqueta que acompanha o notebook.

No varejo, essa tecnologia vem ganhando amplitude em seu uso muito especialmente pelo fato de que ela permite um efetivo controle de estoque, em tempo real e, reduzindo os riscos de falta de produto, eleva, por via de consequência, o nível das vendas com aumento da eficiência operacional.

Para que esse sistema funcione adequadamente é necessário que sejam instaladas antenas no ambiente (Figura 4) que são leitores das etiquetas. De um lado, qualquer produto etiquetado será imediatamente controlado pelo sistema via leitura através das antenas e assim, o controle do estoque se instala em base de tempo real (0nline Realtime). 

De outro, há elevado ganho em eficiência operacional dado que muitas operações demoradas que eram realizadas quando o processo é construído com o uso de códigos de barra, não se fazem presentes por serem absorvidas com o uso das e-tags e suas antenas captadoras de informações.

Um caso de sucesso de implantação do sistema RFID no varejo no Brasil é o da Brascol, um grande atacadista e distribuidor que oferece aos seus clientes linhas exclusivas de calçados infantis, produtos de cama, mesa e banho, moda íntima, moda praia, moda gestante íntima, além de acessórios, brinquedos e perfumaria infantil bebê e infanto-juvenil, possuindo 550 fornecedores e 45 mil itens de estoques.

Em parceria com a ITAG Tecnologia, empresa especializada em produtos e soluções com o uso de RFID, foi implantada a tecnologia com o uso de etags (Figura 5) que já são inseridas nas embalagens pelo próprio fornecedor do produto. Assim, quando o produto chega na loja, o pedido é eletronicamente conferido via RFID e então adicionado ao estoque.


Figura 5 - Etag autocolante
Fonte: olhar digital

A etapa seguinte envolve a distribuição dos produtos na loja, nas diversas prateleiras, todos com etag e identificação por RFID dado que o ambiente é coberto por uma rede de antenas captadoras.  Com esse processo, o controle do inventário é realizado tão logo seja requerido, bastando para isso acionar os dispositivos para que façam a varredura do estoque eletronicamente.

Como se trata de um atacadista, as vendas são realizadas por atacado e assim, basta o cliente encher o carrinho com os produtos desejados, disponibilizando também um sistema de acumulação dos valores dos itens colocados no carrinho e assim permitindo ao comprador ter ciência do valor que está comprando. 

Fechando suas compras, basta passar no caixa e efetuar seu pagamento de forma imediata, sem a necessidade de conferência das compras efetuadas visto que já foram incluídas no sistema via etgs e RFID (Figura 60). Antes, quando usava o sistema baseado em código de barras, esse processo durava cerca de 60 minutos por cliente!


Figura 6 – Sistema de check-out da loja com uso de RFID.
Fonte: olhardigital.com.br

Por um lado, esse sistema permitiu conferir e adicionar produtos eletronicamente e, em segundo, enquanto que antes, esse processo era realizado por 18 funcionários que faziam a conferencia por amostragem. Agora a conferência é 100% e eletrônica! 

Importante registrar que o sistema anterior, baseado em código de barras requeria o uso de 90 funcionários para realizar a leitura dos códigos com uso de scanners e exigia um total de 40 caixas, no check out, para atender os clientes. Agora esse processo é realizado através de cinco portais dotados de leitura das etags via RFID.
Além dos ganhos em redução de custos e agilidade dos processos de controle e vendas de produtos, as vendas cresceram substancialmente. Antes, numa média de 32 mil produtos por dia, agora chega a atingir 75 mil produtos.
Com todo o controle exercido eletronicamente em todos as etapas do processo, deste a entrada do produto no estoque, direcionamento para as prateleiras e venda, praticamente foram eliminados pequenos desvios de produtos.
A revolução dessa tecnologia é gigantesca! A consultoria Frost & Sullivan que estimou um mercado de etags e RFID em US$ 737,8 milhões em 2014, projeta uma expansão para US$ 5,4 bilhões em 2020.
Dois fatores são responsáveis por esse crescimento acelerado: de um lado, o barateamento dos custos de implantação e uso da tecnologia RFID e, de outro, o impacto que o comércio eletrônico vem exercendo nas vendas no varejo.
E, não vai parar por ai!
Fonte:
O Negócio do Varejo – Varejista de moda brasileiras adotam tecnologia RFID em suas lojas– disponível em http://onegociodovarejo.com.br/varejistas-de-moda-brasileiras-adotam-tecnologia-rfid-em-suas-lojas/ - acesso 21/09/2016.
Camargo, C. in Dez Perguntas e Respostas Sobre o RFID para Varejo – disponível em : http://www.falandodevarejo.com/2015/07/dez-perguntas-e-respostas-sobre-o-rfid.html - acesso: 21/09/2016.
OCA – Officer of Consumer Affairs in Radio-Frequency Identification (RFID) in the Retail Marketplace – disponível em : https://www.ic.gc.ca/eic/site/oca-bc.nsf/eng/ca02320.html – acesso: 21/09/2016.
Kurt, S. in Kurt Salmon RFID in Retail Study – disponível em http://www.kurtsalmon.com/en-us/Retail/vertical-insight/1259/Kurt-Salmon-RFID-in-Retail-Study - acesso: 21/09/2016.
O negócio do varejo in Varejistas de moda brasileiras adotam tecnologia RFID em suas lojas http://onegociodovarejo.com.br/varejistas-de-moda-brasileiras-adotam-tecnologia-rfid-em-suas-lojas/ - acesso: 25/09/2016.
 Logística: CASE Brascol – iTag -  disponível em http://www.acura.com.br/case-brascol.php - acesso 25/09/2016.
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro pela Universidade Federal do E.E.Santo, M.Sc. em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ e MBA em Estratégia Empresarial pelo PDG/IBMEC , consultor na área de operações (manufatura e serviços), professor do IBMEC/RJ e autor das seguintes obras didáticas:

Administração de Materiais - 5ª Edição - Editora Elsevier.

Logística e Cadeia de Suprimentos - O Essencial - Editora Manole.

Administração de Estoques - Teoria e Prática - em coautoria de E. Schwember - Editora Interciência.

domingo, 18 de setembro de 2016

Tecnologias inovadoras revolucionam a Distribuição Física

Tecnologias inovadoras revolucionam 
a Distribuição Física.


A crescente convergência de vendas via e-commerce, a vasta gama de plataformas digitais amigáveis e que podem ser interconectadas, o uso intensivo de redes inteligentes, especialmente via wifi e o avanço nas tecnologias em veículos móveis, vem de encontro à grandes inovações na logística de distribuição física.

A preocupação aqui, além de atender a um volume de clientes que se conectam através das mais diversas mídias digitais, está também relacionada ao fato de que, segundo o Fórum Econômico Mundial (WEF), “as pessoas continuam a ser atraídas para as cidades pelas oportunidades econômicas, sociais e criativas que oferecem”.

Esse processo de migração para os grandes centros urbanos, analisado por diversos especialistas, resultou numa estimativa de que, em 2050, a população urbana mundial será tão grande quanto à população mundial em 2002 que era de cerca de 6 bilhões de pessoas.

O resultado esperado será grandes congestionamentos de veículos, aumento da poluição ambiental, e altos custos monetários e humanos. Basta examinar o relatório do WEF que menciona , considerando apenas os EUA, que nas 83 maiores áreas urbanas, o desperdício de tempo e combustível durante congestionamento foi avaliado em US$ 60 bilhões de dólares!

Nesse sentido, no futuros, as grandes cidades que não puderem sofrer expansão, terão que, incansavelmente, criar inovações. Por exemplo, na escala da infraestrutura, a ideia, segundo o WEF  é transformá-la em infraestruturas em pequena escala, destinadas a dar maior flexibilidade através do compartilhamento nas suas mais diversas áreas.

Buscando soluções inovadoras, utilizando-se das tecnologias de comunicação e informação digital é possível melhorar significativamente a operação do tráfego de veículos, monitorando as informações de fluxo em tempo real, cujo resultado é o aproveitamento da capacidade ociosa dos veículos, como por exemplo, o uso do transporte compartilhado e mesmo mediante implementação de sofisticados algoritmos de otimização dinâmica, como é o caso de um algoritmo projetado para o transporte de massa destinado a direcionar esses veículos, em tempo real, para atender o fluxo de passageiros em um ambiente de alta variância na taxa de fluxo, que foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Califórnia.

Nessa direção também caminha a logística de distribuição física, como anunciado pela Mercedes-Benz que pretende nos próximos cinco anos, investir um bilhão de euros em soluções de transporte focadas na era digital e o desenvolvimento de veículos inteligentes, com o uso de tecnologias combinadas com uma série de soluções inovadoras, destinadas a equacionar o velho problema logístico da “última milha”.

Muitas tecnologias surgiram para buscar soluções inteligentes e economicamente sustentáveis para a distribuição de produtos em grandes centros urbanos, como aquelas já mencionadas nesse blog – A revolução no Varejo (postagem de 22/08/2016)  e A revolução nas entregas (postagem de 12/08/2016), nas quais comentamos o uso de drones e mesmo, veículos de transporte de passageiros com tempos ociosos, para realizar as entregas dos produtos aos mais diversos clientes.

Como esse objetivo, a Mercedes pretende focar seus projetos em três grandes áreas: Internet das Coisas, soluções inovadoras na área de transporte e busca de parceiros com foco na mobilidade urbana.


Figura 2 – Van e Drones
Fonte: Mercedes- Benz

Na inovação relacionada à área de transporte, a Mercedes apresentou a seu projeto denominado "Van e Drones" (figura 2) que nasceu de uma parceria com a startup Maternet da Califórnia. Esse veículo vai equipado com dois drones em seu teto para fazer as entregas na “última milha”, levando em conta as condições mais adversas nesse trajeto final. Os pacotes existentes na Van, num total de 25 unidades, pesando até 2 quilos, são transportados pelos drones que funcionam de forma autônoma através de um software existente e levando em conta que o destino final de cada pacote já se encontra inserido no sistema e o drone ser controlado por GPS.

Todas as informações sobre os produtos são compartilhadas com o software existente na Van que escolhe o melhor roteiro de entrega, despachando no destino cada pacote a ser entregue de forma automática e assim evitando erros nessa operação.


Figura 3 – Prateleiras no interior da VAN
Fonte: Mercedes-Benz

Claro que tudo isso começa na operação do centro de distribuição que se integra ao sistema, onde os pedidos são disponibilizados em prateleiras especiais e que são então inseridas no interior do veículo, como mostra a figura 3.

Os interessados poderão visualizar mais detalhes desse projeto através do link abaixo:


Outro sistema também inovador que vai entrar em operação de testes pelos correios Suíços é o denominado “robô carteiro” que são pequenos robôs sobre rodas com capacidade de carregar pacotes de até 10 quilos e que podem entrega-los em um raio de até seis quilômetros, percorrendo o perímetro a velocidade média de uma caminhada de um pedestre.


Figura 4 – Robôs carteiros em operação de teste.
Fonte: Starship Technologies.

Mediante o uso de um sistema de GPS e um sistema de câmeras que permitirá o reconhecimento visual do entorno, ele vai “caminhar” pelas calçadas e, mesmo em áreas destinadas aos pedestres. Embora esse modelo de robô vá se deslocará de forma autônoma e esteja programado para evitar obstáculos quando levar a carga  até o destino final, ele também poderá ter sua operação controlada operador, via controle remoto. Com uma tecnologia embarcada, bastante sofisticada, que utiliza inteligência artificial, esse robô aprenderá em cada entrega, aumentando assim a sua autonomia.

Os interessados em maiores detalhes desse revolucionário projeto poderão visualizar a operação desse modelo de robô através do link abaixo:


A Swiss Post informa que entre as aplicações possíveis estão incluídas: entrega na mesma hora, no mesmo dia, entregas de mercadoria em geral e mesmo entregas em domicílio de produtos médicos. Além disso, o cliente terá a possibilidade de ordenar e monitorar o status de sua entrega através de um aplicativo para smartphone. O projeto da empresa estima que as entregas ocorrão num intervalo de tempo entre 5-30 minutos, dependendo da distância. Na fase de testes dos “robôs carteiros” as entregas serão acompanhadas por um operador até que o sistema possa reunir o máximo de informação possível objetivando aumentar o desempenho do robô.

Tecnologias inovadoras estão impulsionando a logística de distribuição física, promovendo melhorias significativas em sua performance, buscando equacionar o velho problema da última milha, especialmente nas grande metrópoles.
O futuro promete muito mais !

Fonte:
WEF in as dez maiores inovações urbanas – disponível em :http://www3.weforum.org/docs/WEF_Top_10_Emerging_Urban_Innovations_report_PR.pdf – acesso 17/09/2016.

France Press – População mundial superou 6 bi de habitantes em 2002, diz relatório - disponível em : http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u70815.shtml - acesso: 17/09/2016.

Figueiredo, M. in Entregas a longo prazo – O Globo – 14/09/2016 – pag. 45.

Época Negócios in Correio da Suíça vai testar robôs-carteiros a partir de setembro – disponível em : http://epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2016/08/correio-da-suica-vai-testar-robos-carteiros-partir-de-setembro.html - acesso: 17/09/2016.

Robotics trends – in  Swiss Post Testing Starship Technologies Delivery Robots  - disponível em : http://www.roboticstrends.com/article/swiss_post_testing_starship_technologies_delivery_robots - acesso: 17/09/2016.




Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro pela Universidade Federal do E.E.Santo, M.Sc. em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ e MBA em Estratégia Empresarial pelo PDG/IBMEC , consultor na área de operações (manufatura e serviços), professor do IBMEC/RJ e autor das seguintes obras didáticas:
Administração de Materiais - 5ª Edição - Editora Elsevier.
Logística e Cadeia de Suprimentos - O Essencial - Editora Manole.
Administração de Estoques - Teoria e Prática - em coautoria de E. Schwember - Editora Interciência.