quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

A EXPANSÃO DO CANAL DO PANAMÁ

A EXPANSÃO DO CANAL DO PANAMÁ


Com um aporte de recursos da ordem de US$5,25 bilhões, deverá ser inaugurada em abril de 2016 a nova expansão do Canal do Panamá.

Essa expansão vai implicar na necessidade de os operadores logísticos, em especial carregadores e transportadoras, a reestruturar suas atividades com a finalidade de atender as novas estratégias e novas operações, principalmente em função do aumento da complexidade que vem surgindo no campo da logística.

A figura 2 apresenta como ficará a nova capacidade de fluxo do Canal do Panamá após a sua expansão.

Figura 2 – Expansão do Canal do Panamá.
Fonte: www.washingtonpost.com/wp-srv/special/world/modernization-of-panama-canal/

Essa é a primeira grande reforma que o Canal do Panamá sofreu, desde a sua abertura em 1914 e será de grande impacto na indústria logística global, muito especialmente no que se refere ao manuseio e transporte de cargas para os EUA. 

Hoje o volume de carga que passa pelo canal vem excedendo a sua capacidade no escoamento de navios o que vem causando engarrafamentos, muito especialmente nos horários de pico. 

Estimativas projetadas pela The Boston Consulting Group e CH Robinson indicam que haverá um aumento de 10% no tráfego de contêineres entre a Ásia e os Estados Unidos que serão redirecionados dos portos da Costa Oeste para os portos da Costa Leste, até o ano 2.020.

A expansão do canal envolverá tanto as questões de capacidade de fluxo, com também o aumento da capacidade de carga dos vasos de transporte, uma vez que absorverá a nova geração de navios, como por exemplo, a linha Panamax (figura 3) que tem capacidade de transportar em seu bojo até 18.000 contêineres de 20 pés equivalentes (TEUs).

Importante registrar que esses novos navios cuja extensão chega a cerca de quatro campos de futebol americano (aproximadamente 440 metros), são responsáveis por 16% da frota de contêineres existente no mundo.

Figura 3 – evolução da capacidade dos navios de contêineres
Fonte: www.washingtonpost.com/wp-srv/special/world/modernization-of-panama-canal/

Se por um lado, essa expansão aumentará consideravelmente o fluxo de transporte através do Canal do Panamá, de outro ela acabará impulsionando a necessidade de novos investimentos logísticos para dar suporte a esse aumento de fluxo, como por exemplo, ampliação de portos, o mesmo acontecendo com a profundidade dos seus canais e a instalação de guindastes de maior capacidade.

A nova frota de navios de grandes capacidades e o aumento da velocidade operacional do sistema do Canal do Panamá é um binômio que vai alavancar também investimentos para a modernização das instalações portuárias.

Decisões de investimentos, assim como o redirecionamento das rotas dos veículos de transporte dos modais rodoviários e ferroviários serão influenciadas por essa expansão.

O mesmo acontecerá com relação ao trade-off experimentado pelos transportadores na equação de “velocidade de transporte versus custos” aliado ao aumento nos serviços de distribuição o que, de certa forma, também impulsionará o crescimento de novos investimentos em centros de distribuições para atender a crescente demanda de produtos.

A AAPA (Associação Americana de Autoridades Portuárias) estima que os investimentos na expansão de portos e instalações portuárias privadas deverão envolver aproximadamente US$ 9,0 Bilhões!

Essas reformas podem ser divididas em três configurações:
  • Novas malhas terrestres – através de rodovias e ferrovias;
  • Novas ampliações aquaviárias – através do alargamento e aumento da profundidade dos portos para se adequarem a nova categoria de navios;
  • Novas estruturas portuárias – através da ampliação e modernização da infraestrutura portuárias, como por exemplo, uso de guindastes de maior capacidade de carga e maior velocidade na transferência dessas cargas entre modais.
As estimativas nesse âmbito, segundo a AAPA é de que 125 novos projetos sejam destinados melhorias na infraestrutura.

Indiscutivelmente, além de aumentar a sua capacidade de operação, a ampliação do Canal do Panamá, produzirá um efeito dominó, por impulsionar consideravelmente  a oferta de infraestrutura em todas as suas vertentes que serão propagadas ao longo de todas as cadeias de suprimentos.

Fonte:
Robinson C.H. and others in Wide Open - How the Panama Canal Expansion - Is Redrawing the Logistics Map. - BCG Report – 2015.
Washington Posts – Modarnization of Panama Canal  - www.washingtonpost.com/wp-srv/special/world/modernization-of-panama-canal/ - acesso: 21/12/2015. 
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PAULO SÉRGIO GONÇALVES é engenheiro pela Universidade Federal do E.E.Santo, M.Sc. em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ e MBA em Estratégia Empresarial.
Professor do IBMEC Educacional – Unidade Rio de Janeiro.
Autor de três obras didáticas:
Administração de Materiais – 4a. Edição – Editora Elsevier
Administração do Estoques – Teoria e Prática – em coautoria com E.Schwember – Editora Interciência.

Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.

sábado, 12 de dezembro de 2015

A difícil logística de combate ao mosquito Aedes Aegypti

A difícil logística de combate ao mosquito Aedes Aegypti

O Aedes aegypti é um mosquito que se encontra ativo e pica durante o dia. O Aedes aegypti tem como vítima preferencial o homem e praticamente não produz nenhum som audível antes de picar. Mede menos de um centímetro, é preto com manchas brancas no corpo e nas pernas, como mostra a figura.
A logística internacional e a emigração foram os grandes responsáveis pela introdução desse mosquito na América do Sul. Ele saiu da África, ainda no período colonial, principalmente durante o tráfego de escravos para a o continente latino-americano.
Por conta da globalização dos mercados, esse vetor, transmissor da Dengue, Zika, Chikungunya e outros vírus, está se lastrando por todos os continentes.

Figura 2 - Vírus da Dengue e da Zika.
Fonte: Ribas, André R. F. in Dengue, atenção ao paciente
Serfaty, F in Conheça a febre da Zika

Para melhor entender o seu ciclo de expansão devemos considerar que o ciclo de vida desse mosquito, tomando com base no material disponibilizado pela Fundação Oswald Cruz.
Após o acasalamento a fêmea armazena o esperma em um reservatório especial (espermateca) e necessita de sangue para o desenvolvimento os ovos. Ainda segundo os mesmos pesquisadores, as fêmeas acasaladas estarão aptas para a postura dos ovos após três dias da ingestão de sangue suprido com a picada nos seres humanos, quando então começam a procurar repositórios para a desova.  Uma fêmea tem potencialidade para produzir até 1.500 mosquitos durante a sua vida útil e, dependendo as condições climáticas e ambientais, o ciclo do mosquito até a sua fase adulta leva cerca de dez dias.
Um fator importante a considerar é que os ovos dos mosquitos adquirem resistência ao ressecamento em aproximadamente 15 horas após a postura e, por via de consequência, podem resistir, segundo os mesmos pesquisadores, por um período de até um ano e três meses de dessecação!
Os criadouros, verdadeiras mínis fábricas de mosquitos, ocorrem em local de água parada e limpa e, qualquer ambiente que ofereça essas condições se transforma em um veículo propagador na proliferação da espécie. Além disso, as chuvas de verão e a elevação da temperatura nessa estação do ano é um gradiente positivo para a eclosão dos ovos e, em dez dias aproximadamente, os mosquitos atingem a fase adulta.
Figura 3 – Proliferação e Contágio
Fonte: www.dengue.org.br

A difícil operação de combate a esse vetor, começa com a inexistência de infraestrutura básica de saneamento nas populações carentes, o que acaba levando a necessidade de armazenar água em diversos recipientes sem os devidos cuidados, principalmente de vedação dos reservatórios, o que leva a servirem de focos desse vetor, como mostra a figura 3.
Uma vez infectado pelo vírus (Dengue, Zika,Chikungunya e outros) esse vetor acaba espalhando a doença em todos os cantos.

Figura 4 – Prevenção e combate
Fonte: www.dengue.org.br

A logística de combate é extremamente complexa e difícil.
Se de um lado é indispensável um adequado programa governamental para sensibilizar e educar a população, especialmente nas regiões menos favorecidas, da importância dos cuidados básicos de prevenção, como mostra a figura 4; de outro, ações devem ser desenvolvidas com objetivo de mapear os focos do vetor (mosquito) buscando exterminar a sua reprodução.
Paralelamente desenvolver vacinas e mesmo controle biológico, pesquisas essas em franco desenvolvimento nas instituições de pesquisa no Brasil, em especial a Fundação Osvaldo Cruz, em Maguinhos no Rio de Janeiro e Instituto Butantan em São Paulo  que conseguiu autorização da Anvisa (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) para dar início na fase três de estudos da vacina contra dengue, fase essa que será avaliada mediante aplicação em voluntários . Nessa última fase do estudo, a previsão é vacinar cerca de  17 mil voluntários no período de um ano. 
Não há soluções mágicas ! As ações de combate têm que ser coordenadas e permanentes!

Bibliografia:
Dengue Org - http://www.dengue.org.br/mosquito_aedes.html - acesso 07/12/2015.
Virus e Vetores - http://www.ioc.fiocruz.br/dengue/textos/oportunista.html - acesso : 07/12/2015.
Ciência e Saúde - http://www.midiacon.com.br/materia.asp?id_canal=11&id=10667 – acesso 11/121/2015.
Ribras Freitas, André R. in Dengue – Atenção ao paciente - http://slideplayer.com.br/slide/45642/ acesso 11/12/2015.
Serfaty, F in Conheça a febre da Zika - http://vejario.abril.com.br/blog/fabiano-serfaty/conheca-a-febre-zika/ - acesso 11/12/2015.
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PAULO SÉRGIO GONÇALVES é engenheiro pela Universidade Federal do E.E.Santo, M.Sc. em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ e MBA em Estratégia Empresarial.
Professor do IBMEC Educacional – Unidade Rio de Janeiro.
Autor de três obras didáticas:
Administração de Materiais – 4a. Edição – Editora Elsevier
Administração do Estoques – Teoria e Prática – em coautoria com E.Schwember – Editora Interciência.
Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Blockchain e Cadeia de Suprimentos

Blockchain e Cadeia de Suprimentos


Com havíamos comentado em nossa postagem anterior, a chave da tecnologia inovadora inserida no bitcoin está relacionada a fluxo digital distribuído que permite operar com um sistema de pagamento de forma totalmente descentralizada e sem qualquer intermediário, como por exemplo, bancos ou outras as instituições financeiras.
É bom lembrar que nos primeiros sistemas de pagamento via processos computadorizados, os processos subjacentes não sofreram mudanças significativas, apenas trocaram de posição (manual para computadorizado). A tecnologia de “livro razão” distribuído e não centralizado representa uma mudança fundamental na forma com a qual os sistemas de pagamentos podem operar! Valendo notar que, em princípio, esse sistema descentralizado não tem limites para pagamentos!
Essa inovação foi projetada com apoio de uma gama de disciplinas, entre elas: criptografia (segurança na comunicação), teoria dos jogos (decisões estratégicas) e rede P2P (conexão entre redes sem uma coordenação central).
Dando uma verdadeira guinada nos sistemas tão propalados de armazenamento em nuvens, essa nova tecnologia de sistemas distribuídos representa uma mudança fundamental para os meios de pagamentos e acompanhamento de transações das mais diversas com segurança nos processos (figura 1).


Figura 1- Segurança nos processos
Em verdade, a tecnologia existente nos denominados blockchain é um sistema de banco de dados público descentralizado para registrar as transações. Diferentemente dos atuais sistemas de armazenamento em nuvens que são centralizados e que obriga aos seus usuários a confiar de maneira efetiva nos serviços que lhes dão suporte para o armazenamento dos dados, essa nova tecnologia produziu um sistema de armazenamento de forma descentralizada melhorando, por via de consequência, a segurança e reduzindo consideravelmente a dependência dos serviços centralizados. Os dados armazenados estão distribuídos em diversos computadores e em diversos locais (Figura 1).
Como o sistema de armazenamento dessa nova tecnologia é distribuído, pesquisadores projetam que a utilização do excesso de espaços nos discos rígidos existentes hoje nos diversos computadores permitirá ter a disposição cerca de 300 vezes mais espaço disponível para o armazenamento de dados do que o atualmente existente no sistema em nuvens.
Se de um lado essa tecnologia vai permitir a descentralização do processo de armazenamento das informações, de outro permitirá que outros usuários que disponibilizem suas máquinas para o armazenamento das informações tenham uma fonte de receitas adicional visto que esses usuários ao disponibilizarem o espaço de suas máquinas serão remunerados por isso. Essa nova tecnologia de descentralização produzirá uma significativa redução nos custos de armazenamento das informações. Apenas para avaliar esse potencial, basta considerar que hoje são gastos cerca de US$32 bilhões em armazenamento em nuvens!
No que se refere a Cadeia de Suprimentos propriamente dita, basta lembrar que os consumidores, cada vez mais conscientes de suas funções e mais informados, estão exigindo mais transparência sobre a linha de produtos das empresas. Em função dessa nova corrente informacional que conectam consumidores e seus espaços relacionais, uma série de questão são postas à mesa.
Com o uso da tecnologia do denominados blockchain através de um sistema de registro compartilhados, um produto poderá ser rastreado desde a origem dos insumos que lhe deram origem, até a entrega final ao consumidor que o adquiriu.
Por exemplo: será que a camisa que comprei do fabricante “X” foi produzida com o uso de mão-de-obra escrava? O azeite que adquiri em um supermercado efetivamente foi produzido dentro das boas práticas da sustentabilidade e sem uso de produtos químicos?

Figura 2 – Sistema descentralizado via blockchains.

Importante registrar que a União Europeia está obrigando, por força de regulamentação, que as empresas forneçam mais informações sobre seus produtos e serviços. Isso vai demandar uma mudança considerável nos processos das empresas que deverão se tornar cada vez mais transparentes sob pena de perderem seus mercados ou sofrerem punições elevadas das autoridades reguladoras.
Diferentemente de um sistema centralizado em que o fornecedor poderá simplesmente apresentar informações seletiva de produtos e serviços que disponibiliza para o mercado e seus consumidores, os blockchain vão trazer maior transparência sobre as cadeias de suprimentos, disponibilizando informações substanciais sobre os produtos que são adquiridos pelos consumidores, além, é claro, facilitar o controle dos processos por parte da autoridades responsáveis.
A chave para essa questão está diretamente relacionada a descentralização e compartilhamento dos dados, como mostra a figura 2. Esse processo produzirá uma grande transparência visto que ninguém efetivamente terá controle centralizado das informações. O escopo maior dessa inovação é a capacidade de atribuir uma identificação para todos os partícipes do processo: pessoas, empresas e bens, rastreando o movimento dos produtos através da cadeia de suprimentos e, por via de consequência, fazendo o fluxo logístico de suprimentos de bens e serviços operar de forma transparente 

Fontes:
Berg, H – in What is the impacto of Bitcoin on the global supply chain – disponível em www.quora.com – acesso 01/10/2015.
Correio Digital  – Como a tecnologia “blockchain” vai mudar o mundo e as nossas vidas – disponível em www.correiodigital.eu – acesso 01/10/2015.
Bitcoin News in Como a tecnologia BlockChain pode evitar que a nossa história seja reescrita – disponível em www.bitcoinnews.com.br – acesso 01/10/2015.
Bitcoin News in O futuro do Bitcoin – disponível em www.bitcoinnews.com.br – acesso: 01/10/2015.
Ali, B.; Barredear, J.; and Clews, R. in Innovations in pagyment Technologies and the emergence of digital currencies - - Quartely Bulletin 2014 Q3
TI Insede Online - Gastos com infraestrutura de TI na nuvem devem alcançar 32 bilhões - in http://convergecom.com.br/tiinside/05/10/2015/gastos-com-infraestrutura-de-ti-na-nuvem-devem-alcancar-us-32-bilhoes-neste-ano/ - acesso: 09/10/2015.

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PAULO SÉRGIO GONÇALVES é engenheiro pela Universidade Federal do E.E.Santo, M.Sc. em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ e MBA em Estratégia Empresarial.
Professor do IBMEC Educacional – Unidade Rio de Janeiro.
Autor de três obras didáticas:
Administração de Materiais – 4a. Edição – Editora Elsevier
Administração do Estoques – Teoria e Prática – em coautoria com E.Schwember – Editora Interciência.
Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole

domingo, 4 de outubro de 2015

Bitcon - A moeda eletrônica que vai revolucionar as transações internacionais.

BITCOIN
A  moeda eletrônica que  vai revolucionar as transações internacionais.
Parte I

Bitcoin é uma moeda virtual, também conhecida como criptomoeda. Ela permite ser transacionada sem qualquer interferência de uma autoridade central. Essa moeda pode ser transferida de um computador ou smartphone (peer-to-peer – P2P) sem qualquer intermediação de uma instituição financeira.

Essa “moeda” surgiu por volta de 2009 e, por se tratar de algo bastante novo e inovador, causou perplexidade e muitas suspeitas, muito especialmente devido a permitir operações em atividades ilegais.

O tempo passou e o crescimento das transações foi significativo. Dados mais recentes do CoinDesk, um site especializado em notícias Bitcoin e moedas digitais, mostram que os investimentos subiram consideravelmente: de US$ 95 milhões em 2013, atingiu, em 2014, a cifra de US$ 362 milhões !

Com um mercado potencialmente elevado e o crescimento de sua aceitação como moeda, as instituições financeiras passaram a se interessar em participar desse promissor mercado digital. A bolsa de Nova York já criou um índice preços Bitcoin !

Devido à ausência de uma autoridade central que administre o sistema, ele é imune à inflação e  as suas transações são de baixo custo. Porém, o elevado fluxo entre a oferta e a demanda dessa moeda, acaba provocando grandes oscilações em seus valores, como pode ser verificado nos gráficos da figura 1.

Figura 1- Oscilações no Mercado de Bitcoins

O Bitcoin utiliza um sistema de banco de dados distribuídos (figura 2) entre os nós do P2P, com a finalidade de registrar a transação com o uso de criptografia de código aberto para prover segurança na transação e evitar um duplo uso e mesmo uma possível falsificação da moeda.

As transações são registradas em um sistema de contabilidade pública, através de um livro razão (blockchain) existente em um banco de dados distribuído. É um registro em ordem cronológica de todas as transações realizadas na rede que passaram por um processo de compilação e validação. A sua flexibilidade é enorme. A rede funciona de forma autônoma e qualquer pessoa pode controlar e monitorar um nó da rede.


Figura 2 - Sistema descentralizado – Blockchain.

A compra de Bitcoins pode ser feita em unidades Bitcoins ou frações.
A aquisição de Bitcoins pode ser realizada de três maneiras:
Através da sua compra – alguns bancos já disponibilizam a possibilidade de aquisição dessa moeda eletrônica que é extremamente volátil.
Recebendo pagamentos na moeda - já existem milhares de pessoas em todo o mundo que aceitam pagamentos em Bitcoins.
Mineraração – essa opção envolve disponibilizar computadores para a manutenção da rede que controla a moeda. A pessoa que disponibiliza computadores para essa operação, destinada a manter uma estrutura descentralizada do sistema (mine, passa a receber uma remuneração em Bitcoins.

Algumas instituições financeiras já exploram essa tecnologia cujo algoritmo se mostrou viável na realização das transações de forma única e que são impossíveis de serem forjadas.
Entre as instituições que estão realizando experimentos com os denominados Blockchain temos: Goldman Sachs, BBVA, Santander, Citibank.

Essa tecnologia vem ganhando os mercados em todo o mundo. Por exemplo, o próprio Bill Gates, em uma entrevista ao canal de TV Bloomberg afirmou que o “Bitcoin é excitante porque é barato”. Microsoft e Dell Computadores estão entre as empresas que aceitam Bitcoins.

Qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, desde que tenha uma conta em Bitcoins poderá receber ou enviar via internet essa moeda, inclusive de forma anônima!

De um lado, esse processo de compartilhamento distribuído, denominado de blockchain é a inteligência do sistema que está revolucionando o mundo corporativo nas transações. De outro, o sistema também oferece maneiras para se produzir maior transparência nas cadeias de suprimentos, fornecendo informações confiáveis e permitindo o rastreamento do produto, sua origem e como chegou ao seu destino. Mas isso é assunto para uma nova postagem!

Fonte:
Blockchain – Conheça a tecnologia por trás da revolução das moedas virtuais. – hppts://endeavor.org.br/blockchain – acesso 27/09/2015.
Jefl. Owen e Seibold S. in A tecnologia blockchain pode revolucionar o mercado de capitais? – disponível em www.executivosfinanceiros.com.br/financas/mercadodecapitais - acesso 25/09/2015.
Goncalez, A in A New Supply Chain Opertiong System? - disponível em http://talkinglogistics.com - acesso 28/09/2015.
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e autor das seguintes obras didáticas:
Administração de Materiais - 4a. Edição - Editora Elsevier.
Logística e Cadeia de Suprimentos - O Essencial - Editora Manole.
Administração de Estoques - Teoria e Prática em coautoria de E. Schwember - Editora Interciência.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Os mirabolantes planos para a infraestrutura brasileira.

OS MIRABOLANTES PLANOS PARA A
INFRAESTRUTURA BRASILEIRA
“O timing da política é diferente do timing do desenvolvimento econômico!”
Velloso at all.


Após uma sequência de Planos de Aceleração do Crescimento (PAC) que, em sua maioria não saíram do papel dos burocratas do Governo Federal, eis que a Presidente Dilma resolveu reunir a nata dos ministros para uma reunião extraordinária com o objetivo de lançar um novo programa para a infraestrutura brasileira (PIL – versão 2015).

Paralelamente a questão que se impõe está relacionada a origem dos recursos necessários para esse empreendimento, em um panorama nacional de baixo desempenho da economia, onde encontramos disparidades diante das intensões o Governo!

Primeiro, o fato de que o PIB, segundo estimativas do Banco Mundial indicam um declínio em 2015 -  a projeção atualizada segundo o relatório World Economic Outlook do FMI é de uma retração de 1%, em 2015, expansão de 1%, em 2016 e uma estimativa de 2,5% para 2020 (WEO - Statistical Appendix - pag.192).

Segundo, a inflação já está contaminando todos os entes da economia nacional, colocando em risco as metas de ajustes projetadas pelo Ministro Joaquim Levi, como mostra o gráfico da figura 1. As estimativas dos analistas indicam uma elevação do IPCA oscilando entre 8,2% à 8,8 % para esse ano de 2015!
Figura 1 – Evolução da alta dos preços

É vergonho perceber que o Brasil, a denominada oitava economia do mundo, padece de uma doença crônica que é sua infraestrutura capenga e inoperante que acaba produzindo o denominado “Custo Brasil”, dificultando a expansão dos mercados, as exportação e produzindo perdas consideráveis nas nossas safras!

Aliado a tudo isso está a nossa produtividade que, com raras exceções, está baixa em relação à vários países e em relação aos BRIC´s como mostra a figura 2.
Figura 2 - Comparativo da produtividade do Brasil em relação a outros países
Fonte: IPEA.
É interessante observar o baixo desempenho dos programas lançados pelo Governo Federal. Em 2012, por exemplo, o Plano de Investimentos em Logística, o denominado PIL1 foi anunciado com “pompas e circunstâncias” representando investimentos de R$ 241, 5 bilhões. O resultado foi pífio, haja vista que só realizou R$ 55,5 bilhões – cerca de 23% do prometido!

Vale lembrar que o Programa de Investimentos em Logística (PIL1) também incorporava o projeto do denominado Trem Bala (Rio x São Paulo), num montante estimado em R$ 33,4 bilhões. Segundo estimativas de especialistas, esse montante seria suficiente para construir cinco ferrovias norte-sul!

Para gerenciar esse empreendimento foi criada a Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade S.A. (ETAV), através da Lei 12.743, de 19 de dezembro de 2012.  

Posteriormente, dado a fiasco do projeto do trem de alta velocidade que ligaria o Estado do Rio de Janeiro ao Estado de São Paulo, a empresa passou a ter uma nova denominação: Empresa de Planejamento e Logística S.A. (EPL), ampliando as suas competências. Com bem explicita Velloso et all.: “o timing da política é diferente do timing do desenvolvimento econômico, e a pressa é o que diferencia o político comum do estadista.”

Neste ano surgiu uma nova edição (versão 2015) do denominado Plano de Investimentos em Logística (PIL) que fixa uma previsão de gasto da ordem de R$ 198,4 bilhões em projetos na área de portos, aeroportos, ferrovias e rodovias. Segundo as estimativas de algumas consultorias, vai representar 1,75% do PIB, um percentual muito pequeno em relação as necessidades mínimas para fazer fluir adequadamente os bens no território nacional para consumo próprio ou para exportação.

Para termos uma ideia de quanto isso representa em investimentos nos últimos 15 anos, basta observar a evolução dos aportes de recursos em infraestruturas, injetados nos projetos desde o ano de 2.000, como mostra a figura 2.
Figura 2 - Gastos em Infraestrutura em relação ao PIB.

Embora esse novo programa pretende promover um certo alento para melhorar a infraestrutura, ele poderá estar bastante comprometido, haja vista que 40% dos recursos a ele destinados não estão ainda segurados.

Nessa miscelânea encontram-se projetos repaginados tais como R$ 42 bilhões referentes a obras em concessão já existentes e o projeto incerto que é a ferrovia até o Peru cujas estimativa envolvem R$ 40 bilhões e é considerada, para muitos especialistas como uma obra inviável!

Outro aspecto desses mirabolantes “pacotes” do Governo é o questionamento que vem sendo feito pelo Tribunal de Contas da União, dado que não existe uma avaliação técnica previa dos mesmos. O Tribunal de Contas da União declarou: “ ... os achados desta auditoria denotam insuficiente grau de governança da política pública do PIL Ferrovias. ..... na hipótese de permanência do cenário evidenciado nesta fiscalização, a falta de estudos  técnicos e econômicos atinentes ao referido programa será elevada em consideração quando da fiscalização dos processos de outorga de concessões, permissões ou autorizações’ (op.cit. Relatório do TCU). Como podemos observar, a fragilidade detectada pelo TCU vai mais além, com o mesmo declara: “não existem registro formais de reuniões, debates ou estudos que sustentem o plano” (O Globo 10/06/15 pag. -22).

A esperança recai no fato de que, aparentemente o Governo colocou “os pés no chão”, se levarmos em consideração de que o programa lançado apresenta aspectos mais realistas dado que foi dirigido para ambientes de negócios que tem boa chance de viabilizar as concessões e o próprio Governo reconhecer que não tem a menor possibilidade de injetar recursos, nos montantes mínimos necessários, para atender aos serviços de infraestrutura.

Só no transportes, segundo estimativas da Confederação Nacional de Transporte (CNT) são necessários recursos da ordem de R$ 1 trilhão!

Esperamos que esse programa não caia na vala comum como tantos outros planos mirabolantes do Governo!

Fontes:
Velloso, R. ; Mattos, C.; Mendes, M. e Freitas, P. in A nova Empresa de Planejamento e Logistica (EPL) resolve os problemas de infraestrutura do País? – Brasil – Economia e Governo - http://www.brasil-economia-governo.org.br – acesso: 15/06/15.
Casado, J, in Um pacote bilionário e de alto risco para os cofres públicos - O Globo – 10/06/2015 – pag. 22.
Bastista, H. G in Pacote “pé no chão”, focado e sem tabus – O Globo – 10/06/2015 – pag 23.
Freitas, A – in A Inflação nossa de cada dia – O Globo – 11/06/2015 – pag 25.
Stewart, J. in The 15 priority infrastructure projects for Brazil - Exame - Forum Infraestrutura - Setembro de 2014.
World Economic Outlook - 2015 - disponível em http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2015/01/pdf/text.pdf.
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e autor das seguintes obras didáticas:
Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E. Schwember – Editora Interciência.
Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier.
Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Tunnel Boring Machines ou "Tatuzão"

Tunnel Boring Machines ou Tatuzão


Os TBM (Tunnel Boring Machines) são máquinas especialmente projetadas para escavação de túneis com secção circular.
Esses máquinas evoluíram em termos de capacidade de escavação de forma considerável. Um dos maiores túneis construídos com o uso dessa tecnologia (TBM) é o Eurotúnel que possui uma extensão de 50,5 quilômetros de ferrovia interligando a Inglaterra à França sob o Canal da Mancha.
São equipamentos utilizados devido a sua eficiência em diversos tipos de subsolo, mostrando uma versatilidade que vai das rochas mais duras até terrenos arenosos. O diâmetro da secção transversal da escavação para abertura do túnel pode também variar muito: desde 1 metro, podendo atingir  até 14 metros.
Em verdade essas máquinas são sistemas complexos levando-se em conta que além de fazer a escavação do terreno também remove o material escavado, faz a aplicação de aduelas de concreto, promove a ventilação do ambiente, trabalha na produção dos fluidos necessários para o processo de escavação etc.
Um detalhamento do processo pode ser visualizado no vídeo apresentado no link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=qx_EjMlLgqY
Esses equipamentos são desenvolvidos quase que sob medida levando-se em conta as condições geológicas do local, tipo de material a ser escavado e condicionantes do projeto.
No Rio de Janeiro essa máquina, aqui denominada de “Tatuzão”, está trabalhando na escavação da linha 4 do metro, cujo trajeto é mostrado na figura 1.
Figura 1 – Trajeto da linha 4 do Metrô Rio.

Para chegar ao Rio de Janeiro, essa máquina de 2 mil toneladas e 120 metros de comprimento por 11,5 metros de diâmetro (o equivalente a um prédio de quatro andares), foi transportada de navio em 12 contêineres e outras 71 peças soltas.

É um equipamento inédito no Rio de Janeiro,.Trata-se do maior TBM da América Latina e o maior equipamento já utilizado em obras metroviárias no Brasil.

Na Europa, mais precisamente em Londres duas dessas máquinas estão operando para a construção de tuneis em um trajeto de 42 quilômetros, cujo circuito é apresentado na figura 2.
Figura 2 – Trajeto dos novos circuitos do Crossrail - Londres.

As duas máquinas utilizadas para o Crossrail em Londres tem um comprimento de 150 metros e pesam cerca de 1.000 toneladas cada.

Não há dúvidas de que essa tecnologia veio para revolucionar a construção de novas linha em metrôs subterrâneos, melhorando assim a logística urbana e facilitando a mobilidade das grandes metrópoles..

Fontes:
Schimtt, G e Magalhães, L.E – in Tatuzão, enfim, avança – O Globo – 26/02/2014 – Pag. 8
Tuneladoras - Revista I&T – Manutenção e Tecnologia: Um modelo para cada aplicação – 27/04/2012 – disponível em http://www.revistamt.com.br/index.php?option=com_conteudo&task=printMateria&id=970 – acesso: 26/02/2014 .
Crossrail’s Tunnel Machine Enters Its Final Leg – SupplyChain247 – disponivel em http://www.supplychain247.com/article/crossrails_tunnel_machine_enters_its_final_leg - acesso:  26/02/2014.
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e  autor das seguintes obras didáticas:
Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E. Schwember – Editora Interciência;
Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier;
Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole