terça-feira, 24 de abril de 2018

Comércio Eletrônico e Pequeno Varejo.

COMÉRCIO ELETRÔNICO E PEQUENO VAREJO


Os avanços das tecnologias e o aumento considerável de consumidores hiperconectados abriu um leque de oportunidades no comércio eletrônico que vem se expandindo a taxas consideráveis.

A China, os Estados Unidos e o Reino Unido, lideram o ranking mundial dos países com os maiores volumes comercializados no e-commerce, como mostra a figura 2.


Figura 2 - Principais países em vendas no e-commerce
Fonte: https://www.appseconnect.com/top-countries-ruling-ecommerce-market



O Brasil encontra-se em décimo lugar nesse ranking, apresentando um volume de compras realizadas no e-commerce da ordem de US$ 18,3 bilhões.


O e-commerce surgiu no Brasil no ano 2000, após cinco anos de sua existência na capital mundial do consumo que é os Estados Unidos. 

Com o crescimento das facilidades de acesso à internet, mesmo a expansão das redes de dados, especialmente em grande escala e o uso ampliado de sistemas de conexão sem fio (wi-fi); o comércio eletrônico recebeu um grande impulso no Brasil, tendo como pioneiros na sua implantação no Brasil, as Lojas Americanas e o Grupo Pão-de-Açúcar.

A oferta de dispositivos móveis, aumento da segurança nas transações via internet e a credibilidade consolidada pelas empresas que atuam nesse mercado,  foram os fatores que alavancaram as vendas nessa modalidade de comercialização de produtos, ao mesmo tempo em que o perfil do consumidor passou a tomar novas configurações com o aumento do nível de exigências nos níveis de serviços, solicitações de melhorias na logística de entrega etc.

Pesquisas realizadas pela Ebit (empresa que mede a reputação das lojas virtuais por meio de pesquisas), indicam que ocorreu um crescimento 3,9% no volume de pedidos, comparado aos últimos dois anos, assim como um aumento de 10,3% no volume de clientes, indicando que o consumidor está mais confiante nas compras via internet. Valendo registrar que ticket médio de compras passou de R$ 363,00 para R$ 417,00; o que representou um aumento de 14,87 %; comparativamente aos anos de 2016/2017.

A figura 3 apresenta o crescimento desse mercado, bem como uma classificação dos consumidores em função das respectivas faixas etárias e gênero.

Figura 3 – Evolução do Comércio Eletrônico no Brasil
Fonte: Ebit – Webshoppers (2017).

Entre as mercadorias mais vendidas no Brasil, encontram-se Produtos de Moda e Acessórios (13,6%); Eletrodomésticos (13,1%) e Livros-Revistas etc. (12,2%).; sendo que  os itens mais rentáveis são: Eletrodomésticos (23%); Comunicação- Telefonia-Celulares (21%) e Eletrônicos (12,4%).

Um fato que vale registro refere-se ao itens de maior interesse para os consumidores brasileiros e adquiridos em sites no exterior. Dentre eles encontram-se Produtos Eletrônicos (34%); Produtos de Informática (25%) e Moda e Acessórios (24%).

A expansão do comércio eletrônico deve-se entre outros fatores a facilidade na aquisição do produto de forma bastante confortável, muito especialmente em face de os sites de vendas apresentarem uma plataforma muito mais “amigável” para o consumidor e a avalanche de ofertas disponibilizadas em várias plataformas, aliado a convergência de mídias e, em especial, o massivo uso de smartphones

A figura 4 apresenta a evolução do comércio eletrônico no Brasil e as projeções de vendas para o ano de 2018.


Figura 4 – Evolução do Comércio Eletrônico no Brasil
Fonte: EBIT/O GLOBO.

No rastro da evolução do comércio eletrônico e mesmo com a consolidação do aumento no nível de confiança consumidores nas compras via internet; muito especialmente em face de hoje existir bandeiras de cartões de crédito que disponibilizam “cartões virtuais” com validade de um dia, apresentando assim maior segurança dos usuários ao efetivarem suas aquisições nos sites de vendas; foram os fatores que contribuíram para ampliar o leque de oportunidades para pequenos varejistas ofertarem seus produtos.

Neste sentido, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) criou neste ano de 2018 uma plataforma denominada Meu Mercado em Casa.

O link para o leitor interessado é:


Essa plataforma é um portal de e-commerce especialmente desenvolvido para atender a pequenos e médios varejistas que queiram adentra no comercio eletrônico.

Como informa a SBVA (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo), esse portal passa a funcionar como uma ferramenta avançada de vendas para o consumidor através da internet. Sua sofisticação permite que, através do CEP (Código de Endereço Postal) do cliente, mapear as opções de mercados existentes na região. 

Outras empresas, especialmente aquelas voltadas para a consultoria de gestão de processos e tecnologia da informação, também vem oferecendo essas facilidades para os varejistas.

Os grandes desafios do ecommerce brasileiro, especialmente para os pequenos varejistas e que acabam transformando-se em um caminho para o fracasso, estão relacionados à: peculiaridades tributárias (o Brasil é um dos campeões na carga tributária e possui um verdadeiro labirinto tributário o que causa grandes dificuldades para as empresas!); baixa compreensão das tecnologias disponíveis; dificuldades em projetar as estimativas de consumo; baixa percepção de que uma logística eficiente é indispensável; assim como as dificuldades no oferecimento de serviços pós-venda, inclusive com as facilidades de que o consumidor possa realizar trocas de produtos utilizando a plataforma online!

Nesse contexto, é importante destacar, em face da convergência das mídias, a relevância do  conceito de ommi-channel que implica na possibilidade de o consumidor ter disponível diversos canais (web; lojas físicas, smartphones, tablets etc), para realizar suas compras; necessitando, por via de consequência, cuidados adicionais, como por exemplo, uma gestão de estoques integrada e interligada aos diversos canais.

O leitor interessado poderá acessar a publicação nesse blog que trata do tema:


O avanço da tecnologia é avassalador e as inovações tecnológicas vão permitir, muito em breve, a realização de compras online a qualquer hora e de qualquer lugar (anytime and anywhere), usando inclusive reconhecimento de imagens via selfie (fotografia que o usuário de si mesmo).

Um exemplo bem simples para que o leitor entenda o processo, está voltado para os aplicativos de classificação de vinhos. Basta o usuário apontar o celular para o rótulo do produto para que, imediatamente, ele receba todas as informações a respeito do produto e sua classificação elaborada por especialistas.

Um outro ponto bastante positivo e que já se encontra em processo de aplicação mais ampla, é a tecnologia do block chain que, num sentido mais amplificado, permitirá que os consumidores tenham informações detalhadas do produto, desde a sua fabricação, até o ponto de distribuição. Como essa tecnologia será possível, por exemplo, rastrear o produto e descobrir se o mesmo foi produzindo dentro de prática voltadas para sustentabilidade.

O leitor interessado em conhecer mais detalhes dessa tecnologia, indicamos o link abaixo de uma postagem nesse blog que trata do tema:


A crise da economia brasileira acabou levando inexoravelmente, a um aumento da concentração do varejo em grandes redes, ampliando, por via de consequência a sua participação nas vendas totais. Vale registrar que a expansão do varejo brasileiro ainda está voltada para a área de alimentação e comestíveis! Em contrapartida, ocorreu um encolhimento dos pequenos varejistas o que vem resultando numa preocupação para esse segmento do varejo. 

Entretanto, uma "luz no fim do túnel" começa a surgir, com a redução da taxa referencial de juros (SELIC) o que deverá resultar em uma queda, tão esperada, na ponta do consumidor; as melhoras, ainda de forma bastante tímida, na economia brasileira e o aumento do grau de confiança do consumidor, são vetores que vem impulsionado o comércio eletrônico que, segundo estimativas dos especialistas, poderá surpreender neste ano de 2018, apresentado um crescimento de 20%.

É esperar e torcer !

Fonte:

EBIT 36º Webshoppers faz resumo de 2017 e previsão para 2018 – disponível em http://blog.jetecommerce.com.br/36o-webshoppers-faz-resumo-de-2017-e-previsao-para-2018/ - acesso: 19/04/2018.

SBVC –Notícias – ABRAS lança portal de e-commerce para pequeno varejo - Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo – março/2018.

Trevisan, K, - Faturamento do comércio eletrônico cresce 7,5% em 2017, com um aumento do número de pedidos – G1 Economia – 08/03/2018.

Motas, A – Maiores varejistas do Brasil ganham mercado na recessão – Valor Econômico – 03/08/2017



sábado, 7 de abril de 2018

Novas Tecnologias e Impacto na Empregabilidade.

O IMPACTO DAS TECNOLOGIAS
NA EMPREGABILIDADE


Em postagem que julho de 2017 havíamos comentado sobre o Futuro do Trabalho:  (http://professorgoncalves.blogspto.com/2017/07/0-futuro-do-trabalho.html).

Nosso objetivo nessa nova postagem é examinar como as novas tecnologias estão modificando a oferta de empregos e mesmo impactando consideravelmente os níveis de empregabilidade, considerando o hiato formado entre os avanços tecnológicos e as novas expertises necessárias para esse novo cenário.

Um exemplo bem clássico remota à década de 80, quando as transformações tecnológicas proporcionadas pelos avanços da informática e tecnologia da informação resultaram na implantação, cada vez mais exponencial, de caixas eletrônicos e mesmo as facilidades que foram introduzidas com o leque de possibilidades de se operar as transações bancárias, no conforto das nossas residências. Esse verdadeiro empuxe tecnológico acabou produzindo uma grande onda de desempregos. Cerca de 160 mil empregados do setor bancário foram dispensados a partir da automação bancária.

De mesmo modo, a robótica avançou no campo industrial e o resultado foi uma massiva dispensa de empregados, muito especialmente na área automotiva, tanto no que se refere às montadoras, quanto no setor de autopeças. Os robôs passaram a tomar conta das linhas de produção da fábricas.

Outro ponto a considerar são as inovações e mesmo novas abordagem na oferta de serviços. Um exemplo clássico é o UBER x Serviços de Taxi. O sistema tradicional de serviços de transporte com o uso de táxis, seja de caráter pessoal ou de empresas que detém frotas, está fadado ao extermínio.

Recentes pesquisas (Estadão/2018 - 3/04/2018) demonstraram que o uso do sistema UBER acabou reduzindo em 56,8% o uso dos serviços de táxi por aplicativos específicos. Essa pesquisa foi realizada em 590 municípios no período de 2014 e 2016.

O UBER hoje, no Brasil, por exemplo, na perspectiva do subemprego autônomo, serve de base de apoio para permitir uma renda mínima para o sustendo de muitas famílias, em face do avassalador tsunami de desempregados que permeia o nosso país, impulsionado pelas novas tecnologias e políticas econômicas nefastas e completamente distante de um projeto de geração de emprego/renda!

Outro grande “ponta solta” no cenário está focado no avanço das tecnologias e despreparo de milhares de pessoas diante da falta de qualificação para operar maquinas, computadores e outros equipamentos com sofisticados sistemas de controle, não só em grandes empresas como também nas empresas de pequeno porte. Um exemplo típico está voltado para o agronegócio, onde cada vez mais é requerido expertises para operar sofisticadas máquinas que trabalham no plantio e colheita e o hiato formado pela dramática constatação que essa mão de obra especializada no Brasil é muito escassa!

Dos ludistas da revolução dos teares ingleses aos taxistas que hoje protestam em todas as regiões do mundo, uma realidade é clara e contaminante: a revolução tecnológica veio para ficar e as inovações operaram em escala exponencial desimanando empregos e automatizando processos com presença cada vez maior da inteligência artificial.

Seja, por um lado, dois casos emblemáticos: a Amazon e a Netflix.

A primeira usando avançadas tecnologias da gestão de seus negócios, com uma apurada logística, vai mais longe, a ponto de, por exemplo, com base nos perfis de leitores e seus interesses por livros, sugerir novas obras a serem adquiridas. Sua eficiência está focada no elevado patamar tecnológico embarcado em seus processos, aliado a sofisticados algoritmos que vasculham nossas vidas (a privacidade tornou-se uma mercadoria muito preciosa hoje!), em busca de produtos e serviços que venham a gerar interesse de consumo e, consequentemente, aumentar a receita dessa empresa.

A Netflix, por seu lado, revolucionou a forma de oferta de serviços de entretenimento com a modalidade streamimg (tecnologia que envia informações multimídia, através da transferência de dados, utilizando redes de computadores, especialmente a Internet.)  na qual o usuário desse serviço tem a sua disposição, um elenco de filmes, documentários e entrevistas que podem ser assistidas em casa na sua televisão, no seu smartphone ou tablet, a qualquer hora, em qualquer lugar e na hora que desejar! 

Valendo registrar que sofisticados algoritmos de inteligência artificial, analisando a seleção de filmes realizada pelo cliente, passa a fornecer sugestões de novos filmes e novos lançamentos de filmes ou séries, cujo seleção vai de encontro ao perfil gerado pelo cliente usuário do Netflix.

É bom lembrar que algoritmos não são "semi-deuses" da informática e da inteligência artificial. Um erro em suas análises e sugestões pode custar bilhões de dólares, como foi o caso clássico do "flash crash" na bolsa de Nova York que acabou produzindo uma  perda de US$ 4.0 bilhões! 

Por outro lado, a denominada 4ª. Revolução Industrial, propagada por Klauss Schwab vem avançando de forma bastante significativa, em ritmo exponencial e em um mundo cada vez mais hiper conectado (Internet das Coisas e Internet de Tudo), através da introdução de novas tecnologias, mudanças consideráveis de paradigmas, fábricas inteligentes, nanotecnologia, energias renováveis e mais recentemente a computação quântica aliada a um massivo Big Data em nuvem; acabam se propalando em um contexto globalizante em que a pátria agora passa a ser questionada dado que, via internet, excetuando-se os regimes “fechados” que procuram impedir a penetração da rede internacional, qualquer indivíduo tem acesso a um universo de dados e informações, em todo o planeta!

O gráfico apresentado na figura 2 mostra claramente uma situação bastante peculiar; uma relação entre as horas trabalhas e o Produto Interno Bruto de um elenco de países selecionados na análise:


Figura 2 - Horas trabalhadas por ano x PIB per capita.
Fonte: OCDE e IBGE op.cit. in Vérios.

Outro aspecto bastante interessante a ser considerado pode ser examinado na figura 3 que mostra o significativo aumento da receita gerada por empregado em função da elevada tecnologia embarcada nos diversos ramos das atividades econômicas:


Figura 3 – Receita das empregas por empregado
Fonte: Tabela construída pelo autor com base em  Pistoro, F. 

A automação e a inteligência artificial estão reduzindo o trabalho humano e exigindo aceleradamente, novas expertises para as organizações. 

Esse avanço disruptivo do mercado de trabalho e das organizações acaba produzindo um risco sem precedente tanto político como social.

O ritmo das mudanças está ocorrendo de forma acelerada, enquanto que a qualificação de novos profissionais para atender as novas exigências do mercado, não avança na mesma velocidade.

O resultado é a criação de um verdadeiro hiato: novas tecnologias x expertises; o que acaba produzindo uma desenfreada busca de profissionais capacitados, no mercado externo, muito especialmente em países cujas economias estão em franco desenvolvimento, como por exemplo, China, Índia etc. 

Esse é um grande problema que o nosso país vem enfrentando, muito especialmente devido ao baixo crescimento da nossa economia e, por via de consequência, elevado volume de desempregados. Na medida em que a nossa economia avançar mais celeremente esse hiato se propagará e nessas circunstâncias teremos que buscar profissionais estrangeiros para suprir as nossas deficiências educacionais!


No Brasil, deste a época do império, lá pelos idos de 1820, já se falava que a nossa economia anda de lado. O resultado real é o descompasso entre o volume de jovens que adentram ao mercado de trabalho e a oferta de empregos!

Segundo estimativas, um contingente de 800 mil jovens são lançados no mercado de trabalho, anualmente no Brasil. Ora, se a média de geração de empregos é de 150 mil vagas por ano, o resultado de tudo isso não poderia ser outro a não ser uma redução drástica dos salários aliados ao subemprego ou mesmo, um contingente de desempregados sem qualquer perspectiva a curto prazo!

Para que não ocorram “gaps’ consideráveis e a necessidade imperiosa da absorção de mão de obra mais qualificada e adaptada as novas tecnologias oriundas de outros países, é indispensável que haja plena consciência dessas mudanças, tanto por parte da sociedade, dos indivíduos e das políticas públicas, objetivando evitar que a própria sociedade seja grandemente impactada num futuro próximo.

Por exemplo, a falta de perspectivas das políticas governamentais em termo de P&D e inovação tecnológica está produzindo um grande hiato na formação de mão de obra qualificada no Brasil e a fuga do nosso capital intelectual em face do leque de oportunidade oferecido em países mais desenvolvidos, fato que, seguramente causará seríssimos problemas tão logo haja uma retomada mais significativa da nossa economia. A perspectiva drástica aqui será a importação de engenheiros e técnicos especializados para suprir as deficiências internas.

Novas modalidade de trabalhos, novos engenheiros de processos, novos projetos de produtos, gerenciamento do desperdícios e reciclagem de produtos serão criados para atender as novas necessidades.

As indústrias tradicionais e seus milhares de empregados encontrarão a necessidade de uma rápida reestruturação dos negócios, das tecnologias e de seus empregados. 

A inovação ocorrerá em muitos segmentos, criando novos cenários, onde a agilidade e a velocidade serão essenciais e terão grande impacto da vida das pessoas, das organizações e da sociedade.

Diante desses cenários, as pessoas, as organizações e a sociedade precisam estar preparadas objetivando compreender as mutações que estão impactando todos os campos da vida humana e como a potencialidade desses processos irão impactar a construção do futuro da humanidade.

Fonte:

PwC – in Workforce of the future - The competing forces shaping 2030.

Pistoro, F. in – Os robôs vão roubar o seu trabalho - Portfolio/Penguin.


Estadão in Operação de algoritmo deflagrou o "flash crash"  - http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,operacao-de-algoritmo-deflagrou-o-flash-crash-imp-,618541 - acesso: 05/04/2018.