INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL
O que temer nos próximos anos?
A revista eletrônica Analytic Insight abriu uma discussão
sobre um tema que vem preocupando a comunidade de pesquisadores: a inteligência
artificial como uma “faca de dois gumes”, ou seja, o seu uso nas mais diversas
áreas do conhecimento, tanto para beneficiar quanto prejudicar os seres humanos!
Não resta dúvida que os avanços tecnológicos beneficiam
consideravelmente a humanidade; porém é bom lembrar que a tecnologia pode ser
vista sobre a ótica de uma “espada de dois gumes”, tanto poderá servir para o
bem da humanidade como também para propagar o lado sombrio do ser humano.
Hoje passamos a conviver com robôs e uma avalanche de
algoritmos de inteligência artificial, que operando nos mais diversos campos
das atividades humanas, produzem resultados fantásticos, como por exemplo, na
precisão de diagnósticos médicos por imagem, na pesquisa de novas moléculas, em
especial para a produção de medicamentos de última geração etc.
Porém um ponto vem preocupando desde as pessoas mais simples,
como também grandes pesquisadores e empreendedores com Nick Bostron, Elon Musk,
Stephen Hawking (já falecido e desenvolvedor da teoria dos buracos negros) etc.
em face do temor de como a inteligência artificial vai se comportar no futuro!
Em verdade, ninguém pode afirmar de forma absolutamente categórica até onde a
inteligência artificial poderá chegar um dia!
Nesse sentido, a revista eletrônica Analytic Insight apresentou
vários tópicos de potenciais efeitos negativos da inteligência artificial que
poderão rondar o nosso planeta no ano de 2023 que acabou inspirando esse artigo.
1. Algoritmos deliberadamente tendenciosos.
Sobre esse tema, já tratamos aqui, quando comentamos o caso
de vários sistemas que apresentam vieses tendenciosos. Neste sentido recomendo,
para os interessados, a leitura da obra de Cathy O’Neil que leva o título de
“Algoritmos de Destruição em Massa”, onde a autora destaca os perigos desses
vieses. Como os algoritmos de “filtragem” na contratação de pessoas, assim como
o caso emblemático do “Catbot” racista do Twitter da
Microsoft.
Porém, a preocupação aqui vai além de envolver eventuais
erros na programação desses algoritmos, mas sim a criação de algoritmos
potencialmente projetados com vieses tendenciosos e nesse sentido produzirem
efeitos danosos.
2. O futuro do trabalho
Na medida em que a tecnologia avança, ela acaba abrindo um
novo leque de opções para novas formas de trabalho; entretanto haverá uma
substancial perda de postos de trabalho com o advento da inteligência
artificial, em especial aqueles rotineiros. Nesse sentido, destaco que abordei
esse assunto em meu blog, em maio/2017, através do tema: O Futuro do Trabalho,
cujo link destaco a seguir:
https://professorgoncalves.blogspot.com/2017/07/o-futuro-do-trabalho.
Nessa direção será indispensável que os programas de
treinamento e educação sejam reformulados, tendo como principal enfoque a
absorção das novas tecnologias e suas aplicações, criando-se dessa maneira uma
força de trabalho devidamente preparada para evoluir e enfrentar os novos desafios
da empregabilidade.
3. O difícil entendimento de como os algoritmos de AI, ao final, se comportam.
O fato é que muitos algoritmos acabam operando como “independentes”
e sem qualquer controle ou censura. Um exemplo bem contundente foi o caso do “Catbot”
racista do Twitter da Microsoft, como citado acima e mais recentemente a AI
desenvolvida pelo Google que resultou numa avalanche de especulações desde de
que Blake Lemoine a entrevistou e
anunciou publicamente sua “conversa” com ela ! Assim, a realidade é que esses
algoritmos acabam agindo como uma verdadeira “caixa preta” e mais, muitos dos
resultados obtidos por esses algoritmos de AI, são difíceis de explicar. Com
cita a revista eletrônica Analytic Insight: “as pessoas precisam entender a
lógica por trás das decisões em várias situações e negócios”.
Fatos como esse estão relacionados também à robôs programados
nas operações do mercado financeiro, como foi, por exemplo, o caso da Knight
Capital Group que registrou perdas de US$ 440 milhões em 2021, em face de uma
falha no sistema de algoritmos de alta frequência. Aproveitando, para os
interessados, sugiro a leitura do livro de Michael Lewis denominado Flash Boys.
Do mesmo modo, temos os diagnósticos de imagens realizados através
de algoritmos de AI, como indicação de eventuais tratamentos médicos etc. Embora
esses algoritmos apresentem excelentes resultados, como é o caso do algoritmo
criado pelo professor Matthew Lungren, assistente de radiologia da Universidade
de Stanford. Esse algoritmo foi alimentado com 112.120 imagens de raio-X de
peito referentes a 14 tipos de doenças, e destinava-se a tarefa de diagnosticar
patologias como a pneumonia. Após um mês de funcionamento, o algoritmo já
conseguia diagnosticar a doença com maior precisão do que os profissionais humanos.
Com a Analytic Insight: frequentemente, não entendemos por que o algoritmo está
fazendo uma determinada escolha, e essa é uma preocupação. (Analytic Insight –
octuber - 2022)
4. Ataques cibernéticos.
Vale lembrar que o tema foi objeto de discussões no Fórum Econômico
Mundial, inclusive criando uma simulação através de um “jogo de guerra” denominado “Cyberpolygon”, evento realizado na
semana de 9 de julho de 2021 , e supostamente projetado para simular um ataque
cibernético maciço que de alguma forma produzisse uma interrupção na cadeia de
suprimentos global, ou pelo menos interrompesse a cadeia de suprimentos de
várias grandes economias. Nesse contexto, Klaus Schwab, fundador do Fórum
Econômico Mundial, afirmou que o próximo
ataque cibernético será como uma “pandemia cibernética” muito pior em escala
destrutiva quando comparado ao covid.
De fato, em junho 2021, ocorreu uma interrupção da Internet,
levando a um blecaute de uma vasta área da web, incluindo sites de notícias, plataformas
tradicionais como a Amazon, eBay, Twitch, Reddit, assim como uma série de sites
governamentais. Tudo isso aconteceu quando a empresa Fastly (uma grande rede de
distribuição de conteúdo), apresentou um bug!
Embora a Amazon tenha colocado o seu site “no ar” em apenas 20
minutos após essa breve interrupção, esse evento acabou provocando uma queda no
faturamento da empresa superior a US $ 5,5 milhões em vendas. Observar que
estamos falando de um único site!
5.Terrorismo arquitetado com o uso da IA.
Acredito que muitos assistiram a um vídeo fake, bastante
impactante apresentado numa palestra do TED, na qual um apresentador mostrava mini
drones militares assassinos, equipados com munição e dotados de inteligência
artificial. Esse pequeno drone mostrava-se autônomo, podendo se esquivar de
possíveis ataques e, dotado de uma inteligência artificial com algoritmo de
reconhecimento facial, poderia reconhecer um determinado rosto e, mediante uma munição
de alto poder destrutivo, eliminar o alvo com um único tiro.
Embora esse seja um vídeo falso, ele foi criado pelo grupo denominado
Ban Lethal Autonomous Weapons (Banimento de Armas Autônomas Letais, numa tradução
livre) com objetivo de chamar a atenção para um problema real que pode acontecer
em um futuro próximo. Aliás vale lembrar que, em recente vídeo, realizado antes
das eleições, o Presidente da República havia comentado que, no entorno do
Palácio do Planalto foram instalados sistemas detectores de drone para evitar possíveis
ataques!
Não há mais dúvidas sobre a possibilidade de uma nova
abordagem terrorista com uso de inteligência artificial. Além do desenvolvimento
de drones autônomos, há possibilidades reais de formação de nano-robôs em
formação, tal qual um enxame de abelhas, com objetivo de promover ataques ou
mesmo disseminar doenças ou borrifar em uma determinada região, um vírus mortal!
Nesse sentido, retorno ao ano de 2001 e a famosa queda do
World Trade Center através de um ataque terrorista aéreo, mediante sequestros
de aviões comerciais. Nesse episódio, devidamente investigado pelas autoridades
americanas, estava o fato de que o grupo de terroristas tinham como intensão
contratar um avião agrícola (aqueles destinados a aplicar fertilizantes,
sementes e defensivos) e lançar, em plena cidade de Nova York, esporos de
antraz (Bacillus Anthracis), onde esses esporos seriam preparados na forma de
pós muito finos para se transformarem em uma arma de bioterrorismo!
Caímos, ao final, no velho desafio da esfinge de Tebas: “decifra-me ou lhe devoro”!
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