sábado, 11 de setembro de 2021

Lixo Espacial - O espaço está virando um grande lixão !

 Lixo Espacial.

"A poluição, a ganância e a estupidez

são as maiores ameaças ao planeta."

Stephen Hawking



Não satisfeito em poluir o nosso planeta, o bicho homem já está poluindo o espaço e esse processo está resultando em um grande risco para a exploração espacial.

Segundo estimativas, cerca de 330 milhões de objetos de tamanho superior a 1 mm são encontradas orbitando o nosso planeta!

O primeiro deles foi o Sputnik, lançado em 1957 e, desde essa data até hoje, uma enorme quantidade de artefatos foram lançados ao espaço, satélites principalmente.

Desde pedaços de foguetes, satélites desativados, peças diversas, esse "lixo" apresenta um perigo para os satélites ativos assim como para naves espaciais tripuladas. Até a estação espacial corre riscos de ser atingida pelo lixo espacial ! A própria Estação Espacial deverá ser "desativada" em 2024 e 450 toneladas de materiais ficarão orbitando até cair na Terra, valendo registrar que novas estações espaciais estão em projeto.

Os detritos que orbitam o nosso planeta o fazem em uma velocidade de 28 mil quilômetros por hora! Imagine um artefato desses atingindo astronautas em suas viagens espaciais ou durante o seu trabalho fora da estação espacial. 

Do mesmo modo, satélites poderão sofrer seríssimos danos e até mesmo serem desativados por conta dessas colisões. Vale registrar que grande parte desses resíduos que orbitam o nosso planeta são desconhecidos e ainda não foram catalogados!

Por exemplo, em 2007 um míssil chinês colidiu com um satélites climatológico, gerando uma nuvem com milhares de detritos. Um dos detritos acabou colidindo com um satélites russo colocando-o fora de operação.

Os riscos quanto aos habitantes do planeta são bastantes reduzidos, muito especialmente porque grande parte dos resíduos espaciais é destruída durante a sua entrada na atmosfera. Porém, não podemos descartar a possibilidade de uma reentrada incontrolada de algum artefato ao atingir a atmosfera terrestre!

Hoje, como o avanço das pesquisas espaciais e mesmo o lançamento constante de inúmeros satélites esse problema só tende a aumentar, como é o caso de várias países que começam a participar a exploração espacial como é o caso da China e da  Índia .



Figura 2 - Estação Espacial Internacional

Há estudos para a remoção desse lixo espacial, entre eles a sua captura através do uso de uma rede disparada por um robô satélites, como mostra a figura 3. Esse projeto foi proposto pela Agencia Espacial Europeia (ESA) e consiste em lançar um "robô coletor" para recolher o lixo espacial.

Esse lixo seria então deslocado para as denominadas órbitas cemitérios, também conhecidas como órbitas de descarte, onde esses materiais serão colocados intencionalmente ao final da sua vida útil, com a finalidade de minimizar a probabilidade de colisão de um desses detritos com algum artefato espacial em operação, gerando por via de consequência, ainda mais detritos.


Figura 3 - Utilização de redes e robôs coletores para captura de lixo espacial.

Além dos citados riscos de colisões, os astrônomos estão reclamando do lixo espacial, assim como do crescente volume de satélites que veem sendo lançados, visto que eles estão dificultando as observações astronômicas . Esse verdadeiro enxame de equipamentos em órbita  vem prejudicando a obtenção das imagens astronômicas em face da reflexão que essas peças produzem com a presença dos raios solares! Essas faixas ( Figura 4) produzidas pela reflexão da luz solar vem dificultando a identificação de alguns objetos de interesse da astronomia.

Segundo estimativas, em média, serão lançados 990 satélites por ano. A projeção de lançamentos consecutivos eleva as estimativas para15.000 equipamentos orbitando o nosso planeta até 2030.


Figura 4 - Satélites e detritos espaciais atrapalham as observações astronômicas.

Embora a Comissão Federal Americana (FCC - Federal Communications Commission), vem exigindo que todos os operadores de satélites geoestacionários se comprometam a reposicioná-los das denominadas órbitas de descarte, e mesmo a ONU vem examinando essa questão com muita atenção, tendo realizado diversas discussões nas Sessões do Subcomitê Científico e Técnico do Comitê para Usos Pacíficos do Espaço Externo; essa recomendação não vem sendo observada por todos os  países. A China por exemplo, não tem a menor preocupação quanto ao descarte desse e mesmo o controle das rotas de muitos artefatos de grandes proporções quando adentram a nossa atmosfera!

Por exemplo, recentemente um foguete utilizado no lançamento de um módulo da estação espacial chinesa encontrava-se descontrolado, causando grande preocupação para as autoridades o que levou aos EUA a montar uma equipe para acompanhar a reentrada na atmosfera desse foguete.

Figura 5 - Foguete Longa Marcha e sua trajetória de reentrada na atmosfera.

E as preocupações só aumentam ! O governo chinês anunciou que pretende montar uma estação espacial de um quilômetro de extensão. É  claro que  vários foguetes serão lançados ao espaço para levar módulos para essa estação, suprimentos para os astronautas etc. e assim, mais riscos serão somados aos atuais problemas.

Aliando tudo isso, considerando a nova "corrida espacial" e suas metas estratégicas, poderemos chegar ao absurdo de criarmos, em torno do nosso planeta, um verdadeira manto constituído de satélites, estações  espaciais ( além da China, a Rússia está por abandonar a Estação Espacial Internacional e pretende construir a sua própria unidade!), detritos espaciais etc., o que poderá ser um vetor complicador para os futuros lançamentos de naves espaciais e mesmo para as pesquisas realizadas pela astronomia.




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