sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

SUPPLY CHAIN – Estratégias Globais para a Resiliência.

 

SUPPLY CHAIN – ESTRATÉGIAS GLOBAIS para RESILIÊNCIA



Conflitos geopolíticos geram reflexões sobre novas estratégias para as cadeias globais de suprimentos. O objetivo precípuo é criar resiliência no fornecimento de bens e serviços.

Por exemplo, no ano de 2010 a China restringiu as suas exportações de minérios de terras raras (matéria prima essencial para a produção de itens de alta tecnologia) para o Japão, em face de um conflito numa disputa territorial. O resultado foi que o Japão redirecionou a sua cadeia de suprimentos desses insumos, reduzindo a importação da China de 90% para 58% em uma década (Foreign Affairs).

O mapeamento das cadeias de suprimentos, diante de conflitos geopolíticos e domésticos, assim como as lições da pandemia (lockdowns),  tornaram-se uma necessidade estratégica essencial, objetivando redirecionar fontes de suprimentos e criar maior resiliência na manutenção do suprimentos de bens e serviços.

Nesse contexto, diversos países em grupo ou em particular, estão trabalhando no mapeamento de suas cadeias de suprimentos críticos de forma a permitir um monitoramento precoce na produção de sistemas de alerta, ao mesmo tempo em que promovem a diversificação de suas fontes de fornecimento.

O caso brasileiro mais recente foi retratado em face do conflito entre a Rússia e a Ucrânia e a sua dependência de fertilizantes originários da Rússia, Bielorrúsia e  da própria Ucrânia. Tal crise provocou a necessidade de reduzir essa dependência através da produção interna, a exemplo da Cibra que inaugurou em 21/09/2022 uma nova  fábrica de fertilizantes  no Distrito Industrial 3 de Uberaba, no Triângulo Mineiro, com um investimento de R$ 55 milhões (Diário de Minas).

As palavras de ordem agora são reshoring (retorno dos processos industriais a nível doméstico e friendshoring (estreitar as relações entre nações amigas para o fornecimento de bens e serviços).

E não fica só nessa toada! Incidentes políticos podem promover restrições ou embargos no abastecimento de certos produtos, como por exemplo, a concessão do Prêmio Nobel da Paz a um dissidente chinês em 2010, levou a Pequim restringir a importação de salmão norueguês que atingia 94% (Foreing Affairs) para 37%, um colapso que impactou a economia norueguesa em US$ 60 milhões por ano!

Do mesmo modo, como relatamos em postagem realizada no dia 13/12/2022, nessa plataforma, os Estados Unidos proibiram a importação para a China de equipamentos destinados à produção de chips de alta tecnologia e mesmo o fornecimento de chips para os chineses.

Os Estados Unidos, por exemplo, ainda pagam um alto preço por ter direcionado grande parte do seu parque industrial para os territórios chineses, em busca de redução de custos e incentivos governamentais.

Diante desse cenário, por exemplo, Austrália, Índia, Japão e o próprio EUA criaram o denominado Quadrilateral (Quadrilateral Security Dialogue), um grupo de parceiros confiáveis envolvendo esses quatro países, com objetivo de construir cadeias de suprimentos resilientes para vacinas, semicondutores e tecnologias emergentes, especialmente aquelas focadas em energia limpa.

Diversas outras alianças estratégicas estão se formando (friendshoring/reshoring) com o objetivo de evitar interrupções nas cadeias de suprimentos, quer sejam por motivos de conflitos geopolíticos internacionais ou coerções econômicas, como os exemplos citados acima. Essas alianças acabam resultando num cenário de resiliência coletiva entre países amigos, transformando-se em uma estratégia de operação conjunta.

Como bem explica a OCDE: “ as maiores lições da crise são que os governos precisarão responder a futuras crises com velocidade e escala, salvaguardando a confiança e a transparência.”

A pergunta que fica é: Estamos nos preparando estrategicamente para isso?

 

“Vem, vamos embora que esperar não é saber”.

Quem sabe faz a hora e não espera acontecer!”

Geraldo Vandré




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