quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

O Reverso do Metaverso

 O REVERSO do METAVERSO


O Facebook pretende entrar em uma nova dimensão e, se possível esquecer seu passado nada recomendável, por ter se apoderado de maneira furtiva de um volume incomensurável de dados dos mais diversos usuários de sua plataforma, monetizando-os e mesmo, produzindo várias situações nada agradáveis.

O caso mais emblemático aconteceu quando vendeu esses dados para a Cambridge Analytica que acabou produzindo um grande escândalo (para os interessados recomendo: Manipulados de Britney Kaiser), devido a manipulação sutil de eleitores indecisos no processo do Brexit, que culminou com a separação do Reino Unido da União Europeia.

A ideia por trás do nome Metaverso está um projeto que pretende mesclar a realidade virtual (VR) com a realidade aumentada (AR); essa segunda, bem conhecida dos usuários do famoso jogo Pokémon na caça de personagens.

Essa tecnologia tem como objetivo levar ao usuário a sensações em um espaço virtual mesclado com o mundo físico que o circunda. Ela não é nova e foi explicitada pela primeira vez através do conhecido jogo denominado Second Life, no qual o usuário, mediante a criação de um avatar, construía uma secunda vida no espaço virtual.

Claro que não há almoço grátis! O objetivo final é monetizar os dados comportamentais capturados de seus usuários agora de uma forma muito mais interativa, assim como imputar esses dados em sofisticados modelos preditivos e, desta forma, saber com elevada precisão, por exemplo, que produtos o usuário pretende comprar amanhã.

Vale aqui um registro de um caso emblemático ocorrido com a Target, uma empresa de varejo americana com sede em Minneapolis, Minnesota que, utilizando dados capturados por seus sistemas, encaminhou uma carta para o pai de uma adolescente cumprimentando-o de que seria avó. O pai revoltado resolver processar a empresa. O resultado fornecido pelos algoritmos de AI da Target, davam uma margem de 95% da jovem estar grávida, o que ficou confirmado após a solicitação de um exame de gravidez!

Do mesmo modo, o uso intensificado dos denominados eletrônicos “vestíveis” (relógios de pulso, tatuagens etc), permitirão através do uso da telemetria, criada por Struart Mackey, quando apresentou ferramentas de medições comportamentais sem a interferência direta no cotidiano das pessoas, assim como a integração dos dispositivos através da internet das coisas (IoT), irão se transformar em uma interface computacional capaz de capturar uma infinidade de dados,  em qualquer tempo e em qualquer lugar !

Assim, nós os “Dorian Gray” da era tecnológica estamos trocando a nossa privacidade e intimidade pelo uso de aplicativos “gratuitos”, vestíveis e seus APPs! Nesse sentido, a visão dos especialistas do Vale do Silício projeta a ideia de que tudo que estiver conectado, será conhecido.

Observando as tendências atuais e o comportamento das Big Techs, partimos para uma pergunta final, fazendo uma incursão no filme Matrix (1999), quando Morpheus mostrando a realidade para Neo, lhe ofereceu duas pílulas: uma pílula azul que significava permaneceu em um mundo virtual ilusório e uma pílula vermelha, representando a abertura da consciência para as manipulações dos algoritmos de inteligência artificial e a vida do mundo real.

Então pergunto: você vai tomar a pílula do Metaverso (pílula azul) ou vai cair na real (pílula vermelha)? A escolha é sua!



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