sábado, 11 de dezembro de 2021

Big Techs e o Poder da Manipulação.

BIG TECHS e o Poder da Manipulação.


Já tratei aqui das Big Techs e do poderio dessas instituições, em face do elevadíssimo volume de dados “minerados” nas redes sociais, que são classificados e armazenados, caracterizando cada um de nós, assim como o nosso portifólio de atividades que realizamos através dos mais diversos dispositivos conectados à internet.

No novo jargão, o “ouro digital” que é a cada segundo é minerado nas redes sociais, tal qual a prospecção do petróleo que foi batizado como “ouro negro”, tem como finalidade alimentar os algoritmos de inteligência artificial (AI), visto que a AI depende em larga escala da disponibilidade desses dados, sem os quais ela seria absolutamente inútil!

A navegação livre e sem qualquer controle dessas empresas hoje, deveu-se em especial à afinidade entre elas e comunidade de inteligência, para a extração de dados que flutuavam nas mais diversas plataformas digitais. Para exemplificar, em 2003 o Google começou a customizar seu algoritmo de busca com objetivo de atender aos pedidos da CIA para a elaboração de um processo de extração rápida de dados que eram então compartilhados entre as agências de inteligência.

Usando esse arsenal de dados, devidamente classificados, é possível criar modelagens preditivas para as mais diversas finalidades; afinal de contas, as Big Techs sabem mais sobre nós do que nós mesmos! Todo o nosso comportamento nas redes está devidamente classificado e armazenado!

A utilização desses modelos preditivos mostrou-se uma poderosa ferramenta, cuja monetização tornou-se um grande negócio, à ponto de ter sido denominado por Zuboff (2020) como “Capitalismo de Vigilância”, visto que nossos dados se tornaram insumos básicos para as análises preditivas e manipulações aéticas com os mais diversos propósitos, desde incentivar a compra de um bem até levar a ação de um eleitor indeciso a votar de determinado candidato!

Como não há almoço grátis, todos esses “produtos” criados pelo Capitalismo de Vigilância são devidamente remunerados e tornou-se a maior e mais poderosa fonte de lucro das Big Techs. Exemplificando, considere os valores:  Alphabet (conglomerado da Google): 6,8 bilhões de dólares; Amazon: 2,53 bilhões de dólares; Apple: 11,2 bilhões de dólares; Facebook: 4,9 bilhões de dólares; Microsoft: 10,7 bilhões de dólares e vejam, esses volumes são relativos aos lucros líquidos obtidos no primeiro trimestre de 2020! (Comunicatibb).

A extração de dados dos Big Datas para elaboração de modelagens representa um grande negócio. Por exemplo, pesquisas realizadas por Kreiss e Howard (2012) mostraram que em 2008, na campanha de Barack Obama, foram compilados dados de 250 milhões de norte-americanos, através das mídias sociais (Facebook, Instagram etc.) que foram usados na elaboração de uma modelagem preditiva e persuasiva, que foi especialmente utilizada na manipulação de eleitores indecisos. Essa ferramenta era tão poderosa que foi denominada de “placar de persuasão”.

Do mesmo modo, vale lembrar, como citado em postagem anterior, o emblemático caso da Cambridge Analytica e sua artimanha manipuladora durante o processo de votação do Brexit (processo de saída do Reino Unido da União Europeia iniciado em 2017).

O alerta aqui, envolve uma grande preocupação pois, além de ser um atendado à democracia, a promoção desse processo de manipulação psicológica que leva à mudança no comportamento ou a percepção das pessoas, mediante o uso de táticas indiretas, enganosas ou dissimuladas, pode resultar em radicalismos, um efeito perverso e destruidor.

Os exemplos estão frequentemente retratados nas mais diversas plataformas digitais!

Já passou da hora para colocar um “freio” nas Big Techs!

Nota: Esse artigo foi publicado de forma mais resumida na plataforma do Linkedin




 

 

 

 

 

 

 

 

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