terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Apocalipse Now - O Blackout das redes de internet.

APOCALIPSE NOW - O BLACKOUT DAS REDES DE INTERNET. 



Resenha do Artigo:

Com os avanços tecnológicos e consequentes reduções de custos dos equipamentos, ocorreu um crescimento acelerado no volume de usuários das redes de internet, que acabou propiciando uma verdadeira democratização no uso da internet, bastando citar que hoje, o volume de usuários das redes já ultrapassa a casa dos 5 bilhões de indivíduos o que, em certa medida, representa cerca de 63% da população mundial, estimada em 8 bilhões de pessoas.

A utilização da internet se tornou tão corriqueira que ninguém se preocupa com o seu funcionamento. Apenas estão ávidos para utilizar os serviços oferecidos por ela e essa preocupação só acontece nas ocasiões em que os serviços contratados por um usuário apresente algum problema!

Poucos se dão conta da fragilidade existente nesse meio tão importante para a economia mundial como um todo. Basta lembrar que as transações operam em todas as direções, atingindo todos os países do nosso planeta e por elas fluem uma vasta gama de informações, transações bancárias, contratos, autorizações, rastreamento de produtos, transferência de dados etc.

É nessa toada que abordamos o tema, assim como as possíveis consequência de um blackout da rede!

Artigo:

O crescimento mundial da internet foi lento e gradual, especialmente em face das dificuldades e custos na aquisição de equipamentos necessários para que um usuário pudesse navegar nas redes existente.

Com os avanços tecnológicos e consequentes reduções de custos dos equipamentos, esse ritmo de crescimento foi acelerado. Por exemplo, em 2005 as estimativas indicam que havia 1 bilhão de usuários operando nas redes; hoje esse volume atinge mais de 5 bilhões de indivíduos o que, em certa medida, representa cerca de 63% da população mundial, estimada em 8 bilhões de pessoas.

O celular por exemplo, que recebeu um elevado impulso tecnológico no seu desenvolvimento e otimização - em verdade ele hoje é um computador em na palma da mão – foi um dos principais elementos que produziram uma avalanche de novos usuários.

Hoje as comunicações e transferência de dados fluem em todas as direções para as mais variadas regiões do planeta; valendo registrar que no Brasil, atingimos a marca de 83% de usuários ativos (CETIC.BR), em especial, em face da desestatização das empresas de telecomunicação, antes sob a égide do Governo, sem capacidade de injetar investimentos necessários para atender aos requisitos de uma demanda crescente por parte dos usuários.

Claro que esses requisitos de aceleração da demanda por serviços de comunicação e redes de dados, implicam em massivos investimentos em tecnologia em suas infraestruturas básicas de apoio, como servidores, cabos de fibra ótica, softwares, roteadores etc.

Convivemos hoje com uma vasta rede de troca de dados, nas mais variadas atividades que operamos em nossas vidas. Fazer pagamentos, enviar mensagens, efetuar transações bancárias, operar na bolsa de valores na compra e venda de ativos, fazer pesquisas sobre determinado assunto, comprar produtos via ecommerce etc.

Do mesmo modo além das operações realizadas mediante o tão conhecido PIX, o qual considero como um grande treinamento para o futuro uso do real digital, temos diversas outras transações comerciais, tais como aferição dos estoques, precificação dos produtos, acompanhamentos de entregas, controle das operações logísticas etc.

Esse processo é realizado de forma tão banalizada hoje, que não nos danos conta de como ele efetivamente opera. Como denominamos na área de operações, é a infraestrutura que existe por detrás de todas as operações que garantem a sua efetividade, também conhecida como backdoor.

Há uma infinidade de equipamentos que são responsáveis e dão suporte às transferências de informações e de dados gerados em um computador, celular, tablet ou qualquer outro equipamento de comunicação, para outra unidade que vamos denominar de receptora. Seja via cabo, micro-ondas, fibra ótica ou qualquer outro meio físico disponível que garanta a operacionalidade do sistema na sua inteireza.

O certo é que hoje, a internet está tão inserida nas nossas vidas como a energia elétrica que move o nosso planeta, faz operar fábricas, habilita vários meios de transporte, VLT, Metrôs, trens etc.

Examinemos em primeiro plano a denominada “espinha dorsal da internet” também conhecidos como backbone, que são responsáveis por interligar diversos servidores de internet localizados nos mais longínquos pontos do nosso planeta. Essa espinha dorsal é constituída de uma gama considerável de cabos, em sua maioria de fibra ótica que são conectados aos servidores, computadores etc, formando uma grande rede que permite interligar um computador a outro, independente da distância que se encontre.

De forma geral, esses backbones podem interligar vários locais de um mesmo país (backbone nacionais), vários países no mesmo continente (backbones internacionais) e aqueles que conectam países de vários continentes (backbones intercontinentais). Por exemplo o backbone conhecido como RND (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa) reúnem universidades, instituições educacionais e culturais, agências de pesquisa, hospitais de ensino e parques e polos tecnológicos e foi o primeiro instalado no Brasil com interligação internacional.

Esses backbones atendem um grande número de países por todo o planeta, através de conexões junto à provedores de serviços de internet (ISPs) e outras redes, nas mais variadas regiões. Entre os maiores deles, citamos: Level 3 Communications, Cogent Communications, Tata Communications, NTT Communications e Telia Carrier, que têm presença global e oferecem serviços em muitos países em todos os continentes.

Para avaliarmos a extensão e volume de serviços desses backbones, tomemos como exemplo um dos maiores deles, que é a Level 3 Communications, que possui uma vasta rede de fibra ótica conectando várias cidades e países ao longo do nosso planeta.

Nos EUA essa rede, que tem uma presença significativa, oferece serviços de transporte de dados, comunicações de voz e soluções de nuvem para os mais variados clientes do país.

Do mesmo modo, a sua extensão Latina Americana, também fornece serviços para os países da América do Sul, tais como Brasil, Argentina, Chile entre tantos outros.

Na Europa, essa rede atinge países como Reino Unido, França, Alemanha, Itália, entre outros; na Ásia: Japão, China, Coreia do Sul, entre outros; na África:  África do Sul, Nigéria etc. e na Austrália e Oceania, atende à Austrália e Nova Zelândia.

Como pode ser verificado, a potencialidade dessas redes é enorme e, por via de consequência, riscos não são descartados.

Hoje, praticamente, ninguém se preocupa com a internet, exceto nas ocasiões em que a rede contratada por algum usuário apresente algum problema. Poucos se dão conta da fragilidade existente nesse meio tão importante para a economia mundial como um todo. Basta lembrar que as transações operam em todas as direções, atingindo todos os países do nosso planeta e por elas fluem uma vasta gama de informações, transações bancárias, contratos, autorizações, rastreamento de produtos, transferência de dados etc.

Na verdade, a possibilidade de blackout generalizado na internet, é considerada pelos especialista, de probabilidade muito baixa, haja vista que a concepção da própria internet surgiu a partir  da criação da ARPANET (Advanced Research Projects Agency Network - Rede da Agência para Projetos de Pesquisa Avançada), construída em 1969 para transmissão de dados militares sigilosos e interligação dos departamentos de pesquisa nos Estados Unidos, dentro de uma pespectiva de sistema descentralizados para garantir, diante de situações adversas, a possibilidade de comunicação fluir entre as partes interessadas, mesmo na ocorrência de um ataque nuclear.

Dentro desse conceito a internet, que é composta por uma rede global de dispositivos e servidores interconectados, seguiu na mesma linha da ARPANET (sua “matriz mãe”) e nesse sentido tem uma certa robustez à falhas, visto que a interrupção em uma determinada área leva a que a rede se reestabeleça automaticamente com objetivo de evitar interrupções generalizadas. Do mesmo modo, o sistema possui mecanismos de backup e planos de contingência.

Mas tudo isso não descarta a possibilidade de um “cisne negro” de Taleb, e nesse sentido os principais risco de ocorrência envolvem por exemplo:

Ataques cibernéticos: que poderão ser direcionados a infraestrutura crítica da internet, como roteadores e servidores, causando interrupções nas redes;

Desastres naturais: Terremotos, furacões e outros desastres naturais são passiveis de danificar ou destruir equipamentos de rede e infraestrutura de comunicação, causando interrupções na internet;

Falhas de hardware: Problemas com componentes críticos, como dispositivos de armazenamento e servidores, podem causar problemas na internet;

Além de tantos outros, como por exemplo, danos a um cabo submarino ou mesmo uma sabotagem, bem ao estilo do que aconteceu no gasoduto Nord Stream, assim com uma falha do sistema elétrico provocada por algum problema em equipamentos ou mesmo em decorrência de uma tempestade geomagnética que pode causar transtornos nos mais diversos equipamentos eletrônicos; assim como a eventual possibilidade de um âncora de algum navio simplesmente içar um cabo de fibra ótica que interliga dois continentes!

Assim, um eventual problema, quer seja parcial ou mais generalizado, poderá causar um verdadeiro caos em todos os campos. Apenas para dimensionar a gravidade da situação, basta lembrar da ocorrência da suspensão da rede de WhatsApp no Brasil, promovida por uma decisão judicial desastrada. Não precisamos citar os transtornos decorrentes!

Do mesmo modo, uma miríade de situações entrará em colapso, como por exemplo, suprimentos de alimentos e demais produtos, muito especialmente em função de hoje, grande parte das cadeias logísticas estarem interconectadas através de sistemas que trafegam pela internet.

Igualmente teremos um caos na área financeira, principalmente quando a moeda digital estiver em franca utilização. E não precisa ir muito longe, bastando para isso pensar na paralização das transações realizadas hoje via PIX. Para ter dimensão desse problema, vale citar que no dia 20/12/2022 foram realizadas 104,1 milhões de operações via PIX. Imaginem o caos formado!

Outra área também crítica é a comunicação, hoje realizada via aplicativos como WhatsApp, Telegram, Signal etc que operam utilizando as redes de internet.

O transporte de passageiros, sofrerá também um elevado impacto, especialmente o transporte aéreo, basta lembrar, por exemplo, do recente caso ocorrido nos Estados Unidos com o sistema de controle de tráfego aéreo da Federação Federal de Aviação que levou ao cancelamento de diversos voos. assim como um volumoso número de aeronaves com atrasos nas suas rotas.

Enfim, há uma vasta gama de situações que poderão acabar em um grande caos, caso tenhamos falhas críticas nas redes de internet e não é possível mensurar, na sua totalidade, o nível de problemas que poderão advir.

Daí a velha máxima: “A melhor segurança é a eterna vigilância!”

 



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