SUPPLY CHAIN – A new approach.
Em recente artigo (Financielized Everythings – 11/02/22), John
Mauldin comenta que “as cadeias de suprimentos estão voltando para suas casas”.
Para uma reflexão sobre o tema, permita-me voltar a um evento
que denomino de “marco zero”, que foi o atentado do onze de setembro de 2001.
Se todos recordam, antes desse evento impactante, em grande
medida, o comércio internacional e as cadeias de suprimentos fluíam com uma
relativa regularidade. Atropelos sempre existiram mas eram relativizados como
de pequena monta. O onze de setembro mostrou outra face da moeda!
O impacto desse evento catastrófico foi sentido, de maneira
abrupta, por todas as cadeias de suprimentos: afinal, os Estados Unidos, por
medidas de segurança, suspenderam na ocasião, todo o tráfego aéreo, assim como
estabeleceu rigoroso controle nos fluxos internos.
O resultado não poderia ser outro: paralização das cadeias de
abastecimentos. Fábrica inoperantes por falta de insumos e componentes,
desabastecimento generalizado e, via efeito dominó, projetou esse efeito em uma
escala mundial!
Diante desse quadro, uma lição deveria ter sido aprendida!
Afinal, riscos existem, dever ser estudados, assim como estabelecidas estratégias
de contingenciamento e de mitigação, no caso da ocorrência de um evento
fortuito; sem contar com um “cisne negro” com foi o onze de setembro!
Infelizmente, nós humanos, por razões das mais diversas,
costumamos mitigar esses cenários; julgamos prematuramente que esses eventos
são extraordinários e difíceis de novas ocorrências!
O projeto de expansão da China, cooptou diversos parceiros
industriais, em face de sua infraestrutura logística, muito bem planejada, abrindo
espaço para a presença massiva de várias manufaturas em seu parque industriai;
em especial devido as facilidades de transporte, mão de obra barata etc.
Apenas para registro, em 2017, Xi Jinping, ao abrir um fórum
internacional projetou investimentos iniciais de US$ 900 bilhões em
infraestrutura básica, destinados ao seu ambicioso projeto em denominado “nova rota da seda.
Diante desse quadro, a migração de empresas para o parque industrial
chinês ocorreu de forma célere e ambiciosa e, nessa corrida de interesses exacerbados,
esqueceram de avaliar ou avaliaram superficialmente, os riscos logísticos das novas
cadeias de suprimentos que passaram a ser redesenhada em função da China!
A pandemia do SAR-CoV-2 e os frequentes lockdowns demonstraram
a necessidade imperiosa de um novo repensar estratégico visto que as fragilidades
operacionais e de suprimentos ficaram expostas, em toda a sua inteireza.
Portos paralisados com elevado número de contêineres estocados;
grandes navios de contêineres proximais aos portos sem qualquer movimentação de
carga e descargas, operadores logísticos imobilizados etc., devido ao lockdown!
O resultado está retratado ao vivo e em cores: uma inflação
generalizada, altos custos industriais, falta de matérias primas e diversas
paralizações das manufaturas, algumas chegando a decretar férias coletivas por
absoluta falta de componentes para dar seguimento às suas respectivas
produções.
Apenas para registro, o parque automobilístico brasileiro teve
uma queda na sua produção em 25% por falta de componentes eletrônicos
destinados aos painéis de controle de seus veículos!
Vejam por exemplo o caso da Taiwan Semiconductor
Manufacturing Company (TSMC) que conquistou uma tecnologia na fabricação de
semicondutores que é crucial para os dispositivos digitais de ponta e armas.
Ela é responsável por mais de 90% da produção global desses
chips. Agora imaginem uma possibilidade, embora julgue remota, da China, como tem
demonstrado no teatro das operações de insinuações bélicas, invadir Taiwan?
Teríamos um colapso global!
Reavaliando todos esses eventos e a possibilidade de novas
ocorrências, empresas e países estão recebendo de volta suas industriais, em grande
medida antes localizadas na China, ou mesmo, estudando alternativas para
reduzir as fragilidades sistêmicas de suas cadeias de suprimentos, assim como
desenvolvendo tecnologias próprias (como o caso dos chips) para reduzir a
dependência de fontes de suprimentos.
O certo é que o mundo tornou-se global e os riscos das cadeias
de suprimentos se multiplicaram e por via de consequência necessitam de novas
avaliações estratégicas!
Nota: Esse artigo também foi publicado no Linkedin
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