sábado, 19 de fevereiro de 2022

Supply Chain - A new aproach.

SUPPLY CHAIN – A new approach.


Em recente artigo (Financielized Everythings – 11/02/22), John Mauldin comenta que “as cadeias de suprimentos estão voltando para suas casas”.

Para uma reflexão sobre o tema, permita-me voltar a um evento que denomino de “marco zero”, que foi o atentado do onze de setembro de 2001.

Se todos recordam, antes desse evento impactante, em grande medida, o comércio internacional e as cadeias de suprimentos fluíam com uma relativa regularidade. Atropelos sempre existiram mas eram relativizados como de pequena monta. O onze de setembro mostrou outra face da moeda!

O impacto desse evento catastrófico foi sentido, de maneira abrupta, por todas as cadeias de suprimentos: afinal, os Estados Unidos, por medidas de segurança, suspenderam na ocasião, todo o tráfego aéreo, assim como estabeleceu rigoroso controle nos fluxos internos.

O resultado não poderia ser outro: paralização das cadeias de abastecimentos. Fábrica inoperantes por falta de insumos e componentes, desabastecimento generalizado e, via efeito dominó, projetou esse efeito em uma escala mundial!

Diante desse quadro, uma lição deveria ter sido aprendida! Afinal, riscos existem, dever ser estudados, assim como estabelecidas estratégias de contingenciamento e de mitigação, no caso da ocorrência de um evento fortuito; sem contar com um “cisne negro” com foi o onze de setembro!

Infelizmente, nós humanos, por razões das mais diversas, costumamos mitigar esses cenários; julgamos prematuramente que esses eventos são extraordinários e difíceis de novas ocorrências!

O projeto de expansão da China, cooptou diversos parceiros industriais, em face de sua infraestrutura logística, muito bem planejada, abrindo espaço para a presença massiva de várias manufaturas em seu parque industriai; em especial devido as facilidades de transporte, mão de obra barata etc.

Apenas para registro, em 2017, Xi Jinping, ao abrir um fórum internacional projetou investimentos iniciais de US$ 900 bilhões em infraestrutura básica, destinados ao seu ambicioso projeto em denominado “nova rota da seda.

Diante desse quadro, a migração de empresas para o parque industrial chinês ocorreu de forma célere e ambiciosa e, nessa corrida de interesses exacerbados, esqueceram de avaliar ou avaliaram superficialmente, os riscos logísticos das novas cadeias de suprimentos que passaram a ser redesenhada em função da China!

A pandemia do SAR-CoV-2 e os frequentes lockdowns demonstraram a necessidade imperiosa de um novo repensar estratégico visto que as fragilidades operacionais e de suprimentos ficaram expostas, em toda a sua inteireza.

Portos paralisados com elevado número de contêineres estocados; grandes navios de contêineres proximais aos portos sem qualquer movimentação de carga e descargas, operadores logísticos imobilizados etc., devido ao lockdown!

O resultado está retratado ao vivo e em cores: uma inflação generalizada, altos custos industriais, falta de matérias primas e diversas paralizações das manufaturas, algumas chegando a decretar férias coletivas por absoluta falta de componentes para dar seguimento às suas respectivas produções.

Apenas para registro, o parque automobilístico brasileiro teve uma queda na sua produção em 25% por falta de componentes eletrônicos destinados aos painéis de controle de seus veículos!

Vejam por exemplo o caso da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) que conquistou uma tecnologia na fabricação de semicondutores que é crucial para os dispositivos digitais de ponta e armas.

Ela é responsável por mais de 90% da produção global desses chips. Agora imaginem uma possibilidade, embora julgue remota, da China, como tem demonstrado no teatro das operações de insinuações bélicas, invadir Taiwan? Teríamos um colapso global!

Reavaliando todos esses eventos e a possibilidade de novas ocorrências, empresas e países estão recebendo de volta suas industriais, em grande medida antes localizadas na China, ou mesmo, estudando alternativas para reduzir as fragilidades sistêmicas de suas cadeias de suprimentos, assim como desenvolvendo tecnologias próprias (como o caso dos chips) para reduzir a dependência de fontes de suprimentos.

O certo é que o mundo tornou-se global e os riscos das cadeias de suprimentos se multiplicaram e por via de consequência necessitam de novas avaliações estratégicas!

Nota: Esse artigo também foi publicado no Linkedin


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