sexta-feira, 4 de abril de 2014

Criando visibilidade para a cadeia de suprimentos

Criando visibilidade para a cadeia de suprimentos

Um dos grandes problemas das cadeias de suprimento está relacionado à falta de visibilidade. Tornar uma cadeia de suprimentos “visível” significa manter todos os parceiros nela envolvidos numa troca completa de informações.
Conceitualmente falando podemos dizer que a visibilidade de uma cadeia de suprimentos é a capacidade de examinar o seu funcionamento e desempenho deste a ponta do fornecimento (suprimentos) até a ponta de consumo final (distribuição) e, por via de consequência, permitir o monitoramento das operações logísticas que são desenvolvidas ao longo de toda cadeia, em tempo real!
Um dos eventos que mais acontecem quando não há visibilidade da cadeia de suprimentos é o denominado efeito Forest ou como conhecido no “jargão” da área de logística, o chamado efeito chicote.
O efeito chicote ocorre quando há uma carência na troca de informações entre os parceiros do negócio, dificultando assim estimar as vendas com base na informação mais recente, gerenciar adequadamente os estoques e as reposições dos produtos, rastear os pedidos em processamento e, dessa forma, impossibilitando a previsibilidade e a capacidade de analisar efetivamente o que está acontecendo realmente com as vendas para os consumidores finais e seus reflexos em todas as operações logística da cadeia de suprimentos.
Sem repetir o fenômeno numa exaustiva explicação, imaginemos uma situação na qual um produto sofre uma aceleração rápida no consumo, motivada por um evento extraordinário e pontual. Como a cadeia não está interconectada, a atitude do elo mais próximo é fazer novos pedidos para o elo anterior e assim essa operação vai se repetindo num efeito cascata até a manufatura. Como ninguém se deu conta de que esse crescimento do consumo foi pontual, o resultado, ao final, é um elevado estoque em toda a cadeia de suprimentos.
Inúmeros exemplos procuram mostrar o fenômeno, sendo que o mais interessante é um velho e conhecido jogo denominado “The Beer Game” conhecido no Brasil como "Jogo da Cerveja", criado por um grupo de professores da MIT Sloan School of Management no início dos anos 1960. Esse jogo vem sendo aplicado na área de treinamento justamente para mostrar o resultado drástico da operação de uma cadeia de suprimentos não interligada.
A solução encontrada para resolver o problema está fundamentada na possibilidade de interligar todos os elos da cadeia de forma a permitir uma efetiva troca de informações.  Para que isso venha a ocorrer é indispensável o uso da tecnologia da informação que atuará como elemento facilitador desse processo por permitir a geração de informações e o acesso dessas informações em tempo real.
Várias plataformas oferecidas no mercado possibilitam operacionalizar essa troca de informações. Por exemplo, numa plataforma B2B (Business to Business), é possível, utilizando-se de protocolos via EDI e XML, monitorar e rastrear várias operações logísticas como: rastreamento de cargas para embarque e desembarque existentes no pátio e/ou doca do fornecedor, faturamento e pagamento, entre tantas outras.
Como esse monitoramento será possível examinar a posição dos estoques dos itens, insumos e componentes dos diversos parceiros, controlar os sistemas de reposição dos estoques, monitorar o processamento dos pedidos etc.
E mais, utilizando-se das recentes tecnologias de banco de dados, meta análise e big data (ver postagem nesse blog), o “leque de opções” se estende ainda mais, a partir do momento em que será possível fazer esse “link” para acessar as informações armazenadas em “nuvens”, através de um “pacote” de convergência de mídias que permitirá receber as informações através de vários equipamentos eletrônicos fixos ou móveis como: tablets, smartphones, laptops e desktop etc.
A visibilidade permitirá o gerenciamento e análise de desempenho de toda a cadeia de suprimentos, que passa operar reduzindo custos, melhorando a produtividade e aumentado a competitividade, com benefícios estendidos para todos os parceiros   do negócio!
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e  autor das seguintes obras didáticas:
        Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E. Schwember – Editora Interciência;
         Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier;
        Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.

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