Criando visibilidade para a cadeia de suprimentos
Um dos grandes problemas das cadeias de suprimento está relacionado à
falta de visibilidade. Tornar uma cadeia de suprimentos “visível” significa manter
todos os parceiros nela envolvidos numa troca completa de informações.
Conceitualmente falando podemos dizer que a visibilidade de uma cadeia
de suprimentos é a capacidade de examinar o seu funcionamento e desempenho
deste a ponta do fornecimento (suprimentos) até a ponta de consumo final
(distribuição) e, por via de consequência, permitir o monitoramento das
operações logísticas que são desenvolvidas ao longo de toda cadeia, em tempo
real!
Um dos eventos que mais acontecem quando não há visibilidade da cadeia
de suprimentos é o denominado efeito
Forest ou como conhecido no “jargão” da área de logística, o chamado efeito
chicote.
O efeito chicote ocorre quando há uma carência na troca de informações
entre os parceiros do negócio, dificultando assim estimar as vendas com base na
informação mais recente, gerenciar adequadamente os estoques e as reposições
dos produtos, rastear os pedidos em processamento e, dessa forma, impossibilitando
a previsibilidade e a capacidade de analisar efetivamente o que está
acontecendo realmente com as vendas para os consumidores finais e seus reflexos
em todas as operações logística da cadeia de suprimentos.
Sem repetir o fenômeno numa exaustiva explicação, imaginemos uma
situação na qual um produto sofre uma aceleração rápida no consumo, motivada
por um evento extraordinário e pontual. Como a cadeia não está interconectada,
a atitude do elo mais próximo é fazer novos pedidos para o elo anterior e assim
essa operação vai se repetindo num efeito cascata até a manufatura. Como
ninguém se deu conta de que esse crescimento do consumo foi pontual, o
resultado, ao final, é um elevado estoque em toda a cadeia de suprimentos.
Inúmeros exemplos procuram mostrar o fenômeno, sendo que o mais
interessante é um velho e conhecido jogo denominado “The Beer Game” conhecido no Brasil como "Jogo da Cerveja", criado por um grupo de professores da MIT
Sloan School of Management no início dos anos 1960. Esse jogo vem sendo
aplicado na área de treinamento justamente para mostrar o resultado drástico da
operação de uma cadeia de suprimentos não interligada.
A solução encontrada para resolver o problema está fundamentada na
possibilidade de interligar todos os elos da cadeia de forma a permitir uma
efetiva troca de informações. Para que
isso venha a ocorrer é indispensável o uso da tecnologia da informação que
atuará como elemento facilitador desse processo por permitir a geração de
informações e o acesso dessas informações em tempo real.
Várias plataformas oferecidas no mercado possibilitam operacionalizar essa
troca de informações. Por exemplo, numa plataforma B2B (Business to Business), é possível, utilizando-se de
protocolos via EDI e XML, monitorar e rastrear várias operações logísticas como:
rastreamento de cargas para embarque e desembarque existentes no pátio e/ou doca
do fornecedor, faturamento e pagamento, entre tantas outras.
Como esse
monitoramento será possível examinar a posição dos estoques dos itens, insumos
e componentes dos diversos parceiros, controlar os sistemas de reposição dos estoques,
monitorar o processamento dos pedidos etc.
E mais, utilizando-se das recentes tecnologias de banco de dados, meta
análise e big data (ver postagem nesse blog), o “leque de opções” se estende
ainda mais, a partir do momento em que será possível fazer esse “link” para acessar as informações
armazenadas em “nuvens”, através de um “pacote” de convergência de mídias que
permitirá receber as informações através de vários equipamentos eletrônicos
fixos ou móveis como: tablets,
smartphones, laptops e desktop etc.
A visibilidade permitirá o gerenciamento e análise de desempenho de
toda a cadeia de suprimentos, que passa operar reduzindo custos, melhorando a
produtividade e aumentado a competitividade, com benefícios estendidos para
todos os parceiros do negócio!
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em
engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e autor das seguintes obras didáticas:
• Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E.
Schwember – Editora Interciência;
•
Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier;
•
Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.
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