Buscando talentos para as redes logísticas
A demanda de produtos via comércio eletrônico vem aumentando
consideravelmente. Em 2013, segundo a revista Exame, ela cresceu no Brasil 28%,
movimentando R$ 28,8 bilhões e apresenta perspectivas de um crescimento nominal
de 20% para 2014 com um faturamento estimado em R$ 34,6 bilhões. Esse fato
aliado à melhoria na renda das pessoas acabou produzindo um aumento no consumo
de bens, provocando uma avalanche de serviços logísticos visto que os produtos precisam
chegar aos clientes no menor espaço de tempo possível e na qualidade desejada.
De um lado, para que uma cadeia logística funcione adequadamente, como
seus processos fluindo dentro do escopo previsto, maximizando a qualidade dos
serviços e reduzindo os custos das operações, é necessário um bom suporte em
tecnologia da informação, com o uso de sofisticados softwares para processar
pedidos, gerenciar os centros de distribuição e movimentar as cargas através da
gestão do transporte e mesmo, melhorar o sistema de previsão de vendas com um
uso massivo de banco de dados e análises de meta dados.
De outro, as empresas precisam se reinventar através da simplificação
e padronização dos processos, da integração vertical e horizontal e da inovação,
para que possam promover melhorias em produtividade, reduzir custos e manter a
competitividade.
A operação funcionará adequadamente se, tal qual um regente de uma orquestra,
o gerente de logística obtiver o apoio integral da equipe que o circunda, gerenciando-a
em uma dinâmica perfeita, traduzida em uma “sinfonia” das operações logísticas com
toda a sua harmonia. E, é claro, com a indispensável à presença de pessoas com
talento e determinação que fazem as coisas acontecerem!
As falhas nesse gerenciamento tendem a ocorrer, entre outras causas, em
razão da baixa disponibilidade de profissionais qualificados para as diversas as
atividades logísticas. A carência de profissionais qualificados está
diretamente relacionada a dois fatores essenciais: o primeiro, em face da
crescente demanda se mostrar superior à oferta desses profissionais e a saída
de muitos deles em face das respectivas aposentadorias; o segundo, motivados
pela transição da economia focada na manufatura para a economia voltada para os
serviços, pois a maioria dos profissionais é originária da economia industrial,
não possuindo experiência na era dos serviços.
Há falta de profissionais qualificados para atender as exigências
atuais do mercado aliada as mudanças que veem acontecendo numa velocidade elevada,
acabam criando um hiato entre a disponibilidade desses profissionais e as
exigências das organizações.
Os gerentes
de logística hoje, além da formação tradicional incluindo, por exemplo,
matemática, estatística, economia, contabilidade, análise de riscos, gestão
logísticas, tecnologia da informação etc., deverão também ter habilidades complementares
nãos triviais como:
- Capacidade de integrar os dados quantitativos e qualitativos para a análise de soluções abrangentes aproveitando as oportunidades do mercado ou com a finalidade de mitigar os riscos das operações;
- Habilidades de comunicação em todos os níveis tanto internamente quanto com os parceiros de negócios, clientes e fornecedores;
- Capacidade e vontade de aprender e operar em um ambiente com diversidade social, cultural e profissional.
A complexidade é fator dominante nas empresas modernas. Para
sobreviver, elas vão necessitar de grandes transformações para maximizar e
realocar os recursos destinados a alcançar melhores resultados. Para isso é
necessário ter bons talentos.
Nesse sentido, o gerente de logística terá que ser muito mais um
agente de mudanças do que um técnico especializado. O desafio do gerente está
diretamente relacionado à necessidade de sincronizar velocidade e flexibilidade
das operações logísticas ao processo de geração de valor para o cliente.
Para suprir essa deficiência e mesmo carência de profissionais, a
solução é buscar nas universidades e centros de ensino, jovens talentosos que
apresentem perfil adequado, cooptando-os e inserindo-os nas empresas para que os
mesmos, mediante treinamento complementar, passem a vivenciar o mundo real das
operações logísticas, sem se afastar do necessário background de suporte essencial para o próprio
desenvolvimento profissional. Um treinamento complementar através de um estudo
mais avançado quer seja mediante a realização de curso de MBA em Logística ou
mestrado profissionalizante, criará um corpo de lideres especialmente preparado
para os novos desafios da logística!
Fonte:
http://www.scmr.com/article/leveraging_the_value_of_supply_chain_education
- acesso: 13/02/2014.
http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/comercio-eletronico-cresce-28-em-2013-para-r-28-8-bi - acesso 26/03/2014.
Ballow, R. em Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/
Logística Empresarial- 5ª. Edição – Bookman – 2006.
______________________
Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em
engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e autor das seguintes obras didáticas:
- Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E. Schwember – Editora Interciência;
- Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier;
- Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.
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