A nova rota pelo Ártico é viável?
Com as mudanças climática em curso e consequente redução das
geleiras no Ártico, abriu-se a possibilidade de uma nova rota alternativa,
viabilizando a passagem de embarcações pelo Oceano Ártico.
Diante desse quadro, Kierkenes (Noruega), última cidade antes
da fronteira Noruega-Rússia, que fica a cerca de 200 km de Murmansk, o
principal porto do mar de Barents, assim como Adak, que desempenhou um papel importante
durante a Guerra Fria como centro de vigilância dos EUA no rastreamento de
submarinos, são considerados como verdadeiros hubs logísticos no curso da
navegação pelo oceano Ártico.
Com o derretimento do gelo marinho na região e consequente
possibilidade de acesso às abundantes reservas de petróleo e gás, um dos
setores que são bastante beneficiados com essas condições climáticas favorável
é o de Petróleo e Gás, em face da abertura para a exploração desses produtos,
diante a redução da calota polar, permitindo, por via de consequência, abrir um
leque de possibilidades exploratórias na região do Ártico.
No que se refere à logística de transporte propriamente dita,
as rotas pelo Ártico podem encurtar significativamente a navegação, comparadas com
as rotas que utilizam como passagem o Canal de Suez.
Por exemplo, o trajeto de Roterdã (Holanda) até Yokohama
(Japão) que utiliza normalmente o Suez como passagem; se o trajeto for
realizado via ártico, esse torna-se cerca de 7.100 quilômetro menor e é claro,
realizado em menor tempo!
Do mesmo modo, uma embarcação saindo da China (Porto de
Dalian) em direção à Holanda (Porto de Roterdã), realiza uma viagem de
aproximadamente trinta dias utilizando o Canal de Suez, se utilizar a passagem
pelo Ártico, esse percurso passa a ser realizado em aproximadamente quatorze
dias!
Entretanto, a Maesk, a maior empresa de transporte de
contêineres do planeta, embora considere que o trajeto via ártico seja mais
curto do que as trajetórias que utilizam o Suez, não o examinam como comercialmente
viável! Isso ocorre, segundo a empresa, em face das condições climáticas visto
que o trajeto alternativo só está disponível por cerca de três meses por ano e
que pode ser ainda mais reduzido em função das condições de tempo local,
produzindo assim, por via de consequência, mais um vetor de incerteza logística
na equação do transporte marítimo.
Apesar de todo esses entraves climáticos e operacionais, a
China projeta ambições, à exemplo da Belt and Road Iniciative (A Nova Rota da
Seda), e tem como objetivo desenvolver novas rotas via polar e para isso já as
denominou de “Rota de Seda Polar”.
Dois aspectos adicionais devem ser considerados no âmbito da
exploração da navegação pelo ártico: um volume crescente de tráfego marítimo
através das águas cristalinas do Ártico pode acabar causando danos aos
ecossistemas marinhos de crescimento lento e vida longa. Do mesmo modo há
possibilidades da ocorrência de um desastre ambiental, tal qual o caso emblemático
do navio Exxon Valdez, que despejou 41 milhões de litros de petróleo em uma
área de vida selvagem no Alasca (EUA), o que poderá ser devastador para a
biodiversidade marinha do Oceano Ártico.
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