CADEIAS DE SUPRIMENTOS E A QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Os recentes eventos a nível mundial provocados em grande medida, pela pandemia do Covid-19, levaram a rupturas significativas e extremamente danosas das cadeias de suprimentos, com imediatos reflexos na economia global.
A vulnerabilidade
operacional demonstrada durante os primeiros meses da covid-19, objeto de
postagem nesse blog, cujo link apresentamos a seguir:
(https://professorgoncalves.blogspot.com/2020/02/riscos-na-cadeia-de-suprimentos-o.html
colocaram expostas as entranhas das cadeias de suprimentos e
os riscos de colapso da manufatura, obrigando aos líderes desses setores a repensarem
em um novo desenho de suas redes logística. Ver artigo desse blog no link
abaixo:
https://professorgoncalves.blogspot.com/2020/04/redesenhando-as-cadeias-logisticas-as.html
Esse evento também acabou por provocar a implementação de
novas formas de organização e maior impulso no desenvolvimento da força de trabalho,
especialmente em função da automação e de novas tecnologias erguidas na
denominada Quarta Revolução Industrial.
A análise situacional das cadeias logísticas e os suprimentos às manufaturas, em especial, promoveu a imperiosa necessidade da
implementação de alguns vetores de mudança indispensáveis, como:
- Uma
crescente necessidade de desenvolver processos mais ágeis, mediante o projeto de cadeias de
suprimentos flexíveis e “just in time”. Nesse sentido, um novo repensar,
abandonando, quando possível, o projeto de grandes manufaturas e partindo para projetos
de fábricas modulares, geograficamente bem posicionadas, com o objetivo de atender aos
requisitos e demandas dos clientes;
- Fortalecimento
do projeto de cadeias de suprimentos tendo como foco primordial, o aumento da sua resiliência
e da sua conectividade, mediante digitalização de seus processos como veículo para uma
transformação digital, inserção de automação; promovendo a sua visibilidade de ponta a ponta;
- Resposta
rápida e crescente uso intensivo da tecnologia
de automação, robótica com inteligência artificial embarcada e, em sintonia, melhorando
a qualificação da mão de obra, com consequente aumento da produtividade;
- Forte
impulso estratégico para garantir a presença da organização no mercado, eventualmente, reinventando-se como empresa ou imprimindo mudanças significativas em seus produtos e serviços, através da
inovação.
Nesse contexto, a automação dos processos (RPA - Robotic
Process Automation) que tem por base mecanizar os processos de negócios
através do uso da Inteligência Artificial, Aprendizado Máquina, Big Data, Robótica e
Internet das Coisas (IoT – Internet of Things) também foi impulsionada.
De um lado a Gartner e seus analistas prenunciam que 85% das grandes organizações estarão voltadas para a automação de seus processos até 2020; registrando que a pandemia do Covid-19 acabou se transformando um vetor de aceleração para a transformação digital das empresas; valendo lembrar da frase de Tina Nunno, vice presidente da Gartner Research: "o segredo do digital é analógico. Por analógico, queremos dizer pessoas: pessoas que são colaborativas, ágeis, analíticas, inovadores e que têm a capacidade e desejo de explorar tecnologias emergentes para melhores resultados de negócios".
De outro lado, a Internet das Coisas (IoT) está passando por
uma revolução considerável com a introdução gradual das tecnologias 5G´s com
bandas de alta velocidade.
De acordo com Mckinsey, considerando tão somente os domínios
da Mobilidade, Saúde, Manufatura e Varejo; esses setores representarão, com a
implementação da tecnologia 5G, uma estimativa de incremento no PIB Global oscilando entre US$ 1,2 Trilhões e US$ 2,0 trilhões até 2020 (op.cit. Mckinsey - 2020).
Os benefícios dessa tecnologia também serão sentidos junto à
sociedade com um todo, promovendo a democratização do acesso a informação e
comunicação rápida; valendo lembrar que hoje, parcela substancial da população mundial
possui um smartphone e está, literalmente, conectada ao planeta e às ofertas de
produtos e serviços.
Nesse tópico, segundo a mesma publicação da Mckinsey, projetam uma estimativa de incremento adicional no PIB Mundial numa faixa
entre US$ 1,5 Trilhões e US$ 2 trilhões.
Vale observar que as tecnologias 5 G prometem, a exemplo da
fibra ótica, colocar no “ar” velocidade, redução no tempo de latência (tempo que
leva um sinal ou pacote de informação ser enviado de um computador emissor – origem,
até chegar ao computador receptor – destino) que são essenciais para tornar ágeis
os comandos dos dispositivos autônomos (veículos, robôs etc), promovendo confiabilidade e segurança (valendo aqui um registro quanto a segurança de dados entre os
usuários dos sistemas e seus provedores).
Nesse sentido, inovação importante foi introduzida na comunicação através dos denominados LEO (Low Earth Orbit) que levarão conectividade de banda larga a todas as regiões do planeta.
Essa tecnologia envolve o uso de satélites de baixa órbita terrestre que permitem
transmitir banda larga do espaço e, por via de consequência, promover a
cobertura da conectividade em áreas remotas.
Uma área que também será altamente impactada é a Logística Urbana, em face do uso de dispositivos de IoT que permitirão ampliar e flexibilizar, através de sistemas inteligentes (Inteligência Artificial e aprendizado máquina), a mobilidade através do transporte público, operação da infraestrutura básica, aprimoramento dos sistemas de navegação e compartilhamento de veículos; projetando, segundo a Mckinsey, um incremento no PIB numa faixa entre US$ 170 bilhões e US$ 280 bilhões até 2030 (op. cit. Mckinsey - 2020).
No setor manufatureiro, o uso da tecnologia 5G permitirá a realização de operações de alta precisão, em especial, em face do reduzido tempo de latência, produzindo comandos e controles em tempo real em alta frequência.
Fábricas inteligentes (ver nesse blog o artigo – Light out
Manufacturing – link abaixo),
https://professorgoncalves.blogspot.com/2019/09/light-out-manufacturing.html
operando com inteligência artificial e uso da robótica avançada, estarão produzindo dentro de um processo de eficiência máxima, otimizando as operações
em tempo real!
Nesse ambiente, a Mckinsey estima que o impacto no PIB da indústria
poderá atingir entre US$ 400 bilhões e US$ 650 bilhões até 2030. (op.cit. Mckinsey-2020).
Do lado do varejista, o elenco de sensores utilizado em suas
instalações, aliado a sistemas de rastreamento e visão computacional,
promoverão uma acelerada revolução, permitindo, por via de consequência,
melhorar de forma massiva, a sincronização do fluxo de oferta e demandas de
produtos, otimizando os níveis de estoques e implementando melhorias
significativas nas operações das cadeias de suprimentos.
As estimativas de alavancagem do PIB no setor, segundo a Mckinsey estão entre US$ 420 bilhões e US$ 700 bilhões até 2030 (op.cit Mckinsey - 2020).
Não há dúvidas de que, apesar dos obstáculos provocados pela pandemia e seus
reflexos na economia global, a revolução industrial puxada pela automação e
conectividade global em alta velocidade, farão a diferença nas cadeias de
suprimentos, nas indústrias, no varejo, na mobilidade urbana e na qualidade de
vida.
Fontes:
Mckinsey
Global Institute – in Connected world: An evolution in connectivity
beyond the 5G Revolution – disponível em https://www.mckinsey.com/industries/technology-media-and-telecommunications/our-insights/connected-world-an-evolution-in-connectivity-beyond-the-5g-revolution
- acesso: 10/10/2020.
Mudge, W –
in Will 5G and LEO Deliver Better Remote Connectivity? – disponível em https://superyachttechnologynews.com/2020/06/01/will-5g-and-leo-deliver-better-remote-connectivity/
- acesso: 10/10/2020.
Marr, B – in
Robotic Process Automation Is Coming:
Here Are 5 Ways To Prepare For It – disponível em https://www.forbes.com/sites/bernardmarr/2020/10/09/robotic-process-automation-is-coming-here-are-5-ways-to-prepare-for-it/#42e0d02125d9
– acesso: 10/10/2020.
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