sábado, 29 de fevereiro de 2020

Riscos na Cadeia de Suprimentos - O impacto do Coronavírus

RISCOS NA CADEIA DE SUPRIMENTOS
O IMPACTO DO CORONAVÍRUS
"O grau de incerteza que o
mundo está mergulhado hoje
é boçal" 
Schwartsman, A.


Em artigo publicado nesse Blog, em 27/02/2017, tratamos da globalização dos mercados e riscos logísticos inerentes.

Para o leitor interessado, abaixo indicamos o link da referida matéria:


O surto de coronavírus (COVID - 19) vai se espalhar por todo o planeta, segundo os epidemiologistas, com explicita em artigo, Reinach (2020) : "o corona virus veio para ficar".

A grande dúvida é saber com que velocidade e intensidade ele vai se disseminar. Especialistas estudam cenários possíveis e estão desenvolvendo grandes esforços para elaborar modelos matemáticos com o objetivo de estudar a sua expansão.

Os impactos do coronavírus são sentidos, em grande escala, em duas frentes: 

De um lado, é indiscutível uma crise nos sistemas de saúde que, evidentemente, não estão preparados para atender, em larga escala, um eventual avalanche de situações mais graves que necessitem de atendimento e tratamento especial.

De outro lado, temos os impactos na economia e nos mercados. 

Pesquisas divulgadas pelo The Economist (op.cit Schwartsman 2020), apresentam três possíveis cenários: um risco de impacto leve produzirá, segundo a estimativa, uma queda no PIB de 0,5%; na hipótese de um impacto de médio porte, essa estimativa se eleva para 2% do PIB e, no caso de um eventual risco catastrófico (um cisne negro, bem ao estilo do Nassim Taleb), deveremos ter uma queda no PIB de 4,5%.

Os reflexos nos mercados são visíveis por todos os lados. As bolsas internacionais tiveram quedas significativas e a incerteza permanece acesa na mente dos investidores. Nessa última semana de fevereiro, a queda na Bolsa de Nova York atingiu 13% (Valor Econômico - 28/02/2020), em face da piora da percepção dos riscos relacionados ao coronavírus e seus impactos na economia; situação que apresenta uma trajetória semelhante a ocorrida em 2008 com a crise do sub-prime ( desencadeada em setembro de 2007).


Figura 2 - Queda nas Bolsas Internacionais
Fonte: Elaborado pelo Autor (Google Imagens)

Como comentado em nossa postagem anterior, disponível em  -(https://professorgoncalves.blogspot.com/2020/02/cadeias-de-suprimentos-impactadas-pelo.html) , os relatos desse virus vem impactando as cadeias de suprimentos, agora numa extensão muito maior, onde as operações em todo o planeta estão sendo interrompidas.

É evidente que as empresas mais vulneráveis nesse contexto, são aquelas que dependem fortemente de insumos e componentes originários da China ou mesmo possuem plantas nesse país.

De acordo com Haren e Simnhi-Levi, o pico do impacto do COVID-19 nas cadeias globais de suprimentos deverá ocorrer em março deste ano, o que resultará em milhares de empresas reduzindo as produções em suas fábricas ou mesmo acabando por  fechar temporariamente as linhas de montagem, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos.



Figura 3 - Linha de montagem - Indústria Automobilística.
Fonte: Elaborado pelo Autor - Google Imagens

A globalização dos mercados e a crescente concorrência internacional exerceu grande pressão para que as empresas reduzissem seus custos logísticos. O resultado foi a busca de estratégias como terceirização, manufatura enxuta etc que, de certa forma, coloca em risco as respectivas cadeias de suprimentos, se os executivos dessas empresas não desenvolvem estratégias para mitigar ou mesmo contingenciar os riscos logísticos.

A economia como um todo está sendo afetada! Por exemplo,  a empresa EasyJet (Britânica) já anunciou o cancelamento de voos e planeja desmarcar cerca de 500 deles, em sua maioria tendo a Itália como fluxo de origem/destino, entre os dias 13 e 31 de março.

Iberia,  British Airways, KLM e outras companhias aéreas também procedem no mesmo modo!

A Fiat Chrysler Automobiles, desde 14 de fevereiro interrompeu a produção em sua fábrica na Sérvia, em face de não conseguir autopeças de origem chinesa, para a sua linha de montagem.

Na área portuária, por exemplo, o porto de Roterdã - na Holanda do Sul, nos Países Baixos e o porto La Havre, na França, já começam a sentir os efeitos do coronavírus. O localizado na Holanda do Sul estima uma redução no movimento em face das restrições das partidas dos portos chineses em 20%. O mesmo efeito é percebido em La Havre, cujas autoridades já identificaram uma queda na movimentação portuária de 30% nos últimos dois meses!


Figura 4 - Porto de Roterdã e La Havre.
Fonte: Montagem do autor (Google Imagens)

Aqui no Brasil, não é diferente, inúmeras empresas já se encontram em situação crítica por falta de suprimentos de componentes essenciais a fabricação de equipamentos eletrônicos; o mesmo começa a preocupar a indústria automotiva, entre tantas outras.

Do mesmo modo, a China é grande fornecedor de componentes para a fabricação de produtos da linha branca (fogões, geladeiras, máquinas de lavar), linha marrom (equipamentos de áudio e vídeo) e eletroportáteis (secadores de cabelo, sanduicheiras, ventiladores).

Por exemplo, a Multilaser, empresa brasileira localizada em Extrema (MG), fabricante de produtos eletrônicos, tais como telefones celulares, tablets, teclados e mouses, já projeta uma redução de 17% no abastecimento de seus estoques, em face do impacto do coronavírus. Seus executivos já descrevem um agravamento da crise, no quadro de desabastecimentos de componentes de origem chinesa, caso o reabastecimento não retornar rapidamente.

A Flextronics, responsável pela produção em nosso pais de celulares da Motorola já está avisando ao seus empregados sobre férias coletivas, o que poderá afetar 80% da produção na fábrica.

Como explicitou os economistas Ben May e Stephen Foreman, em relatório divulgado via BBC:  " ...Além da queda da demanda chinesa (por bens importados de outros países), uma retração acentuada da atividade industrial no país pode causar um rompimento nas cadeias de fornecimento em outras regiões". (BBC via G1 - 2020).

Importante ressaltar que o Brasil terá impactos nas suas exportações , considerando, por exemplo, que  a soja representa cerca de 30%,  o petróleo (24%) e minério de ferro (21%) de tudo que exportamos para a China!

O fato é que o COVID-19 veio para ficar. O cenário mais esperado é de que o seu impacto final resulte em quadro semelhante a de uma gripe, que o mundo está acostumado a conviver e novas vacinas estarão disponíveis para combatê-lo.
Bibliografia:
Schwartsman, A. in O mercado hoje vende tudo que cheire a riscos - Estadão- 29/02/220- - pag B4).

Reinach, F. in Corona virus veio para ficar - Estadão - 29/02/2020 - pag A19.

Mauldin, J, in COVID-19 - A rises the Fed can´t fix - Troughts Frontline - Feb, 29/2020.

Harem, P. & Simchi-Levi, D, in How Coronavirus Could Impact the Global Supply Chain by Mid-March - disponível em https://hbr.org/2020/02/how-coronavirus-could-impact-the-global-supply-chain-by-mid-march - acesso : 29/02/2020.

BBC via G1 in Da indústria de celulares à soja, os impacto do coronavírus na economia brasileira - disponível em https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/02/12/da-industria-de-celulares-a-soja-os-impactos-do-coronavirus-na-economia-brasileira.ghtml - acesso 29/02/2020.





Um comentário:

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