NAVEGAÇÃO DE CABOTAGEM - BRASIL
" Navegar é preciso !"
Fernando Pessoa
A cabotagem se caracteriza pela navegação
costeira em um mesmo país. Seu nome de batismo deveu-se ao famoso navegador
veneziano, Sebastião Caboto quando, pelos idos do século XVI, navegou
explorando a costa dos Estados Unidos.
Como alternativa para o fluxo de bens dos mais
diversos, a cabotagem contribui de forma bastante significativa devido a maior capacidade
transporte de cargas e melhor eficiência energética, além de transformar-se em
um vetor de preservação ambiental, em face da transferência das cargas do modal
rodoviário (altamente poluidor) para um modal de menor potencial de poluição.
Uma pequena comparação permite examinar o
potencial da cabotagem como modal de transporte principalmente no ganho em
escala. Uma embarcação de 5.000 toneladas transporta o equivalente a 72 vagões
com capacidade de 70 toneladas cada um e 143 carretas com capacidade de 35
toneladas por veículo.
Em se tratando do Brasil, sua extensa costa
marítima destaca-o como possuir um grande potencial para a utilização dessa
modalidade de transporte, principalmente considerando-se o fato de que a maior
concentração das atividades econômicas brasileiras encontra-se no litoral do
país. Com uma extensão de costa marítima
de 7.200 quilômetros, esse modal de transporte precisa ser mais bem explorado
em toda a sua potencialidade.
Para que isso venha a ocorrer há necessidade de
impulsionar uma série de melhorias que envolvem, entre outros fatores:
- Melhorias significativas no carregamento, descarregamento e armazenagem dos produtos,
- Redução da burocracia que dificulta as ações para melhorar os processos,
- Redução da carga tributária brasileira;
- Melhorias na infraestrutura portuária que se mostra inadequada levando-se em conta a má qualidade de acesso aos terminais portuários, bem como a pouca profundidade dos canais de navegação.
- Melhorias na infraestrutura portuária que se mostra inadequada levando-se em conta a má qualidade de acesso aos terminais portuários, bem como a pouca profundidade dos canais de navegação.
A figura 3 apresenta um esboço dos principais
portos envolvidos na cabotagem no Brasil.
Figura 2 –
Principais portos na cabotagem no Brasil.
Dados da pesquisa da Confederação Nacional de
Transporte (CNT) em colaboração com o SEST-SENAT (Serviço Social de Transporte
– Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte) que tratam do transporte
aquaviário, apresentam um diagnóstico dos principais problemas do setor. O
gráfico da figura 3 retrata o resultado dessa pesquisa.
Figura 3 –
Principais problemas na navegação de cabotagem no Brasil.
Com a elevada burocracia aduaneira muitas
empresas deixam de utilizar esse modal de transporte. Exigência no controle da
navegação, procedimentos de verificação das cargas, elevada documentação requerida
pela Marinha do Brasil e pela Vigilância Sanitária traduzida pelo número de
certificados exigidos e que devem ser mantidos nas embarcações; contraste entre
o sistema informatizado da Receita Federal e a necessidade esdrúxula de os
armadores serem obrigados a recolher os canhotos das notas fiscais de todas as
mercadorias para fechar o livro de bordo da viagem, acabam produzindo um
considerável entreve no uso desse transporte.
O alto custo do combustível que é 30% mais caro
do que o combustível destinado ao modal rodoviário, o envelhecimento da frota e
a dificuldade em se contratar novas embarcações, assim como a renovação da
frota, são também vetores de contenção da expansão da cabotagem.
Vários estudos apresentam recomendações para um
melhor aproveitamento do transporte de cabotagem. Esses estudos apontam para a
necessidade de modernizar a frota de navios dotando-os de melhor capacidade
operacional; utilização de terminais portuários com maior eficiência, uso
eficiente na armazenagem das cargas, infraestrutura de apoio integrada com os
modais terrestres, redução considerável na burocracia com a simplificação
documental e uso intensivo de sistemas informatizados, integração total através
de plataformas logísticas, entre outros.
O Brasil
tem grandes potencialidades para desenvolver o transporte de cabotagem. Para
isso, além da uma vontade política e uma visão estratégica é necessário
intensificar o seu uso e melhorar significativamente as operações logísticas em
toda a sua extensão.
Fontes:
CNT – Pesquisa
CNT do Transporte Aquaviário – Cabotagem – 2012.
EF.COMEX – Logística Internacional –
Transporte de contêineres na cabotagem inhttp://www.efcomex.com.br/pt-br/quem-somos/ef-news/14-canal-aduaneiro/1200-cabotagem-no-brasil-tem-potencial-para-transportar-2-7-milh%C3%B5es-de-cont%C3%AAineres
– acesso 22/05/2014.
Araujo, J.
G. – Retratação da Navegação de Cabotagem
no Brasil – Seminários ILOS – 2013.
Sande, M. L
– in Navegação e Portos no Transporte de Contêineres – Revista do BNDES
– Vlo, 11, No. 22 pag. 215-243 – Dezembro 2004.
Panorama da navegação de cabotagem brasileira
– Noate No. 000015-2013-GDN - http://www.antaq.gov.br/portal/pdf/NOTE0000152013GDMFreteCabotagemV2.pdf
- acesso 22/05/2014.
Coelho, L.A. S. de A. – in Desenvolvimento
da navegação de cabotagem – Fórum de transporte multimodal de carga –
in http://www.antaq.gov.br/portal/pdf/Palestras/PalestraCabotagemAEB.pdf - acesso 22/05/2014.
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Paulo Sérgio Gonçalves é
engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do
IBMEC/RJ e autor das seguintes obras
didáticas:
•
Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E.
Schwember – Editora Interciência;
•
Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier;
•
Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.
www.roadapps.net
ResponderExcluirBom dia. Estou a tentar dinamizar a cabotagem em Moçambique e nisto procuro potenciais parceiros no Brazil. Consegue ajudar?
ResponderExcluirO meu contacto telefónico é 00258 846052615
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