MOBILIDADE
ou CAOS URBANO?
“A mobilidade sustentável é a capacidade de dar
respostas às necessidades
da sociedade em deslocar-se livremente, acender,
comunicar, negociar e
estabelecer relações, sem sacrificar outros valores
humanos e ecológicos
hoje e no futuro”
World Business
Council for Sustainable Development
A busca de
oportunidades de trabalho, de facilidades de serviços e de outras opções de vida, acabaram produzindo uma grande concentração de pessoas nas principais metrópoles
do mundo.
Estimativas
recentes que inferem projeções de longo prazo dão conta de que em
aproximadamente quinze anos, 60% da população da China estarão residindo em
grandes centros urbanos.
As maiores
cidades do mundo possuem hoje milhões de pessoas, como por exemplo: Mumbai (Índia)
e Xangai (China) com cerca de 13,8 milhões de habitantes, São Paulo já atinge
mais de 11 milhões de habitantes à frente de Nova York (EUA).
É evidente
que tamanha concentração populacional acaba produzindo diversos problemas e,
entre eles a questão da mobilidade urbana.
Nesse
aspecto o Brasil anda na contramão das políticas pública internacionais!
Enquanto diversos países vêm incentivando o uso do transporte coletivo,
oferecido dentro de uma adequada estrutura no fluxo logístico para o
deslocamento das pessoas por toda a cidade, o Governo Federal na contramão vem
desonerando impostos da indústria automobilística e assim criando uma demanda
exagerada para veículos de passageiros. Só em São Paulo, por exemplo, os
emplacamentos de veículos aumentaram em 50% nos últimos dez anos!
O resultado
pode ser verificado em todas as capitais brasileiras: grandes
congestionamentos (estudos realizados pela
FGV/SP estimam que as perdas com os congestionamentos na cidade de São Paulo são da
ordem de R$ 40 bilhões por ano!) e redução considerável da qualidade de
vidas, levando-se em conta que o tempo de descolamento da residência até o
local de trabalho vem crescendo consideravelmente.
Em razão
disso, hoje é comum, desde a madrugada, nos deparar com uma grande afluência de
veículos se descolando para os grandes centros, pois seus usuários têm com
objetivo evitar os grandes e crônicos engarrafamentos que se estendem por todas
as cidades e em várias horas do dia!
Embora seja
intensão do Governo Federal criar mecanismos reguladores para a mobilidade
urbana, poucos avanços aconteceram! Haja vista a lei 12.587/12 de 03/01/2012
que define, em seu artigo 3º, o denominado Sistema Nacional de Mobilidade
Urbana, fixando os modos de transporte urbano, como motorizados e não
motorizados e classifica os serviços de transporte urbano:
I - quanto ao objeto do transporte: de
passageiros e de cargas;
II - quanto à característica do serviço
de transporte: coletivo e individual;
III - quanto à natureza do serviço: público ou privado.
Definindo
também o que sejam as infraestruturas de mobilidade urbana que envolve: vias e
demais logradouros públicos, inclusive metroferrovias, hidrovias e ciclovias;
estacionamentos; terminais, estações e demais conexões; pontos para embarque e
desembarque de passageiros e cargas; sinalização viária e de trânsito; equipamentos
e instalações e instrumentos de controle, fiscalização, arrecadação de taxas e
tarifas e difusão de informações.
Em seu
artigo 24 – parágrafo 4º obriga a que todos os Municípios com mais de 20.000
habitantes são obrigados à elaboração de um Plano de Mobilidade Urbana,
integrado e compatível com os respectivos planos diretores ou neles inserido.
Na prática,
porém vivemos um verdadeiro caos urbano!
No Rio de
Janeiro, por exemplo, cidade em que moramos, além dos problemas comuns de
grandes congestionamentos e excesso de veículos das vias públicas, a
fragilidade da rede de tráfego urbano na cidade é elevadíssima! Basta citar
alguns pontos nevrálgicos de elevado risco: Ponte Rio Niterói, Túnel Zuzu
Angel, estrada Lagoa Barra, Linha Vermelha e Linha Amarela, Supervia e Metrô.
Um acidente
no túnel Rebouças, por exemplo, uma das principais vias de acesso entre a zona
Norte e a zona Sul é suficiente para provocar engarrafamentos enormes que
poderão se estender, num efeito dominó, até a Barra da Tijuca ou até a Avenida
Presidente Vargas, dependendo do sentido do fluxo em relação ao acidente.
Recente
acontecimento na Linha Amarela que é uma importante via expressa que liga a
Baixada de Jacarepaguá à Ilha do Fundão, eliminando a necessidade de transitar
pelas vias da Zona Sul, demostrou essa evidência! O trânsito ficou totalmente
parado nas duas vias por mais de 8 horas!
O pior de
tudo isso é que não existe efetivamente um plano de contingência a ser aplicado
em situações emergenciais.
O que falta
mesmo é vontade política!
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