segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

CRIANDO MÉTRICAS PARA A CADEIA DE SUPRIMENTOS

CRIANDO MÉTRICAS PARA A CADEIA DE SUPRIMENTOS


Na gestão dos negócios existe uma velha máxima bastante conhecida: “o que não pode ser medido, não pode ser controlado!”.
Num ambiente altamente competitivo como o de hoje é de importância capital desenvolver melhorias e inovações em todos os setores da empresa e neles, evidentemente, está incluído a análise do desempenho da cadeia de suprimentos.
Com a globalização dos mercados e uma logística cada vez mais mundial, a importância da elaboração de indicadores de desempenho das operações logísticas é de capital importância!
Neste sentido a criação de indicadores de desempenho tem dois objetivos primordiais: em primeiro plano permitirá avaliar a performance de cada setor quer seja através de um estudo comparativo entre os indicadores de desempenho instituídos pela empresa em comparação com o de outras concorrentes ou a análise do desempenho de um determinado indicador para o qual não foi possível um estudo comparativo com o outros concorrentes.
Em um segundo plano, o estudo da evolução dos indicadores criados permitirá visualizar os pontos fracos e pontos fortes do desempenho das atividades dos diversos setores da empresa e, neste sentido, poderá resultar numa melhor aplicação dos recursos que passarão a ser direcionados para as atividades que necessitam de melhorias operacionais. Ou seja, essa análise resultará no direcionamento da aplicação dos recursos para os setores que apresentaram o pior desempenho operacional.
Entretanto é importante que os executivos responsáveis fiquem alerta para evitar um tsumani de indicadores que, em muitos casos, em vez de auxiliar no processo de análise do desempenho acabam criando complicações na obtenção dos dados, compilação dos resultados e análise de performance!
Em função disso, algumas observações são essenciais para o projeto de indicadores de desempenho, entre elas, as elencadas a seguir:
Número elevado de indicadores – não haverá foco na análise dos resultados o que resultará em uma grande confusão!
Indicadores conflitantes – por exemplo, projeta-se a elevação do nível de serviço ao cliente, buscando reduzir o tempo de atendimento dos pedidos e, ao mesmo tempo, pretende-se reduzir desproporcionalmente os níveis de estoques!
Indicadores isolados – embora funcionem, não são vinculados a nenhum objetivo definido na gestão dos negócios.  Sua métrica poderá não estar focada nas estratégias do negócio. Logo não será de grande importância.
Baixa confiabilidade dos dados coletados – o reflexo imediato é que não haverá confiança no resultado mensurado!
O importante é a criação de indicadores que estejam alinhados ao planejamento estratégico da empresa.
Há métricas bastante sofisticadas como, por exemplo, o modelo SCOR (Supply Chain Operation Reference) que permite quantificar e avaliar a cadeia de suprimentos identificando os eventuais problemas de desempenho do sistema, assim como possibilitando explorar novas iniciativas de melhorias operacionais na cadeia de suprimentos.
Esse modelo considera três processos básicos: planejamento, execução e capacitação, dentro de um sistema de avaliação que envolve o fornecedor, a empresa e o cliente.
Avaliando em primeiro plano as operações da cadeia de suprimentos, o modelo SCOR permite fixar objetivos para melhorias operacionais envolvendo o suprimento de bens e serviços, a manufatura e a distribuição, levando em conta:
  • A disponibilidade e capacidade de utilização dos equipamentos;
  • Os custos dos estoques e de distribuição;
  • A acurácia das previsões e visibilidade da cadeia de suprimentos;
  • Flexibilidade no atendimento dos pedidos e logística reversa;
  • Disponibilidade e obsolescência dos estoques;
  • Acurácia dos pedidos e erros de faturamento;
  • Produtividade da mão de obra direta e indireta e subcontratações; 
  • Tempo de ciclo do pedido

Por exemplo, considerando-se o atributo de confiança na expedição dos pedidos, a métrica a ser considerada envolve o desempenho da expedição, a acurácia no processo de seleção dos produtos (operações de picking) e o pedido perfeito (completo e sem erros!).
Se, por outro lado, a atributo a ser considerado é a flexibilidade operacional, a métrica a ser considerada envolverá o tempo de resposta da cadeia de suprimentos as exigências da demanda, bem como o grau de flexibilidade da produção.
Entretanto é bom lembrar que nem todas as empresas tem possibilidade de trabalhar com o modelo SCOR em face da sua complexidade, o que poderá resultar uma grande dificuldade em operacionalizá-lo.
Em função disso, é possível elaborar indicadores para pequenas e médias empresas levando-se em conta: o escopo da atividade logística da empresa; os objetivos dos diversos setores ou departamentos focados no objetivo principal da empresa e a análise dos princípios e métodos operacionais utilizados.
Após essa primeira análise de escopo, faz-se um estudo para a criação de indicadores, como por exemplo:
  • Indicadores de atendimento: indicadores de prazo de entrega e de acurácia dos pedidos
  • Indicadores de produtividade: número de pedidos atendidos por dia, número de pedidos separados e embalados por dia, tempo médio de entrega de um pedido etc.
  • Indicadores de performance: utilização da capacidade de armazenagem, acurácia do inventário dos estoques, índice de falta de produtos, índice de utilização dos equipamentos de movimentação, índice de utilização da capacidade de carga dos veículos de transporte etc.

A recomendação é a elaboração de indicadores sob a ótica da empresa, sempre focados no atendimento ao cliente, seu objetivo primordial!
A utilização de gráficos da evolução desses indicadores é sempre recomendável muitos especialmente porque fica muito mais fácil visualizar o seu desempenho, assim como a busca das melhores práticas do segmento empresarial na qual a empresa está inserida.
O resultado de uma série de perguntas simples retratadas nos indicadores de desempenho permitirá elaborar melhorias significativas na operação da empresa, aumentando assim a sua competitividade. 
Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de produção pela COPEE/UFRJ e autor das seguintes obras didáticas:
Administração de Estoques - Teoria e Prática - coautoria E. Schwember - Editora Interciência.
Administração de Materiais - 4a. edição - Editora Campus/Elsevier
Logística e Cadeia de Suprimentos - O Essencial - Editora Manole.

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