A logística predatória do capital especulativo
"O tempo não para !"
Cazuza
Segundo uma pesquisa realizada pela
McKinsey Global Institute, o valor
total do mercado financeiro em 2010 já atingia US$ 212 trilhões. Grande parte
desse capital é gerenciado por bancos, investidores tradicionais e fundos diversos
que existem em todo o mundo.
Esses recursos se deslocam ao redor
do mundo fornecendo capital para a expansão de empresas e podem mesmo fluir de
forma especulativa em busca das melhores performances possíveis.
Muito embora em muitas
situações possam existir frequentes restrições contra a especulação financeira exacerbada, os
governos não podem recusar a entrada de capitais especulativos.
Apesar de todas as restrições
governamentais, existe a possibilidade de que sejam contornados os rígidos
controles cambiais para transferir moeda estrangeira para o exterior. Por meio
de redes clandestinas, o dinheiro pode fluir de um lado para outro em grande
velocidade. Um bom exemplo é comentado por Xiaonong (Xiaonong,
Cheng in EPOCH TIME – 21/09/2013), quando relata que apesar da existência
de controles e restrições monetárias do Estado Chinês, especuladores encontram
maneiras de mover seu capital para dentro e fora da China: “bilhões de dólares em “dinheiro quente”
entram e saem quase sem obstáculo na China porque vias clandestinas existem há
décadas, canalizando dinheiro especulativo em todo o país.” O que também
dever acontecer em muitos países!
Assim, a única forma de um governo
manter os capitais em seu país é oferecer melhores condições para permitir
maior segurança dos investidores e por via de consequência receber esses
capitais. É claro que por detrás dessa logística da movimentação financeira existem
interesses políticos destinados a fazer com que a política dos países seja
direcionada a criar privilégios para esses capitais!
Para mensurarmos o “poder de fogo” desse
universo monetário, basta citar que um dos maiores fundos de investimento do mundo,
o Abu Dhabi Investment Authority (ADIA),
possuía no segundo semestre de 2011 um montante de cerca de US$ 650 bilhões!
Uma análise realizada pelo Swiss Federal Institute of Technology identificou
que 174 empresas, em sua maioria do setor bancário, controlam 40% da economia
mundial. Como a interconexão entre elas é elevada, há possibilidades de se
criar grandes instabilidades em toda a cadeia de negócios ao redor do mundo.
E, ainda, as dez maiores empresas
que controlam de verdade a economia mundial, como mostrou Lívia Aguiar em sua
reportagem para a revista Superinteressante (21/10/2011 - “As 10 empresas que controlam o mundo”), são: Merrill
Lynch & Co Inc – EUA; UBS AG – Suiça; Vanguard Groups Inc - EUA; Legal
& General Group PLC – Reino Unido; JP Morgan Chase & Co – EUA; State
Street Corporation – EUA; AXA – França; FMR Corporation – EUA; Capital Group
Companies Inc - EUA; Barclays PLC – Reino Unido.
Considerando que muitos dos recursos
são gerenciados por consultorias super especializadas em todo o planeta, nada
impede que elas formem parcerias e transformem essa união numa poderosa máquina
de destruição em massa, podendo criar um verdadeiro tsumani no mercado financeiro, pois suas operações poderão produzindo
variações bruscas no câmbio, nos mercados de ações e na balança comercial de muitos
países.
A logística na mobilidade desse capital
tornou-se veloz e super eficiente, graças à tecnologia da informação, às redes
de computadores espalhadas por todo o planeta e a globalização do sistema
financeiro mundial interconectado em tempo real!
Se, de um lado, isso permeia grande
facilidade quanto à movimentação desses capitais; de outro, essa facilidade
põem em sérios riscos as economias mundiais devido à volatilidade desses
capitais.
Só a título de ilustração, o
colapso da moeda tailandesa (baht) causou
uma reação em cadeia produzindo estragos no Sudeste Asiático e no Japão. O
Fundo Monetário Internacional (FMI), para resolver o problema, injetou durante
dois anos US$ 40 bilhões, para que as economias atingidas se recuperassem.
Outro exemplo pode ser visto quando
o Federal Reserve (Fed) injetou US$
600 bilhões no sistema financeiro americano, em 2010. Parte desse dinheiro
migrou para outros países que apresentavam melhores taxas de juros, inclusive o
Brasil.
A globalização dos mercados, a
tecnologia da informação e as redes de computadores espalhadas por todo o mundo
facilitam consideravelmente a movimentação de capitais especulativos com sua
logística predatória. Agindo como verdadeiros tubarões famintos, usando
sofisticados algoritmos computacionais, farejam os mercados internacionais em
busca de oportunidades de obtenção de retornos elevados.
Fontes:
Patterson,
Scott; in Mentes brilhantes e Rombos Bilionários - Editora: Best
Business (2006)
Charan, Ram –
in Ruptura Global – Editora HSM (2013)
Aguiar, Lívia
in As 10 empresas que controlam o mundo (Superinteresante – 26/10/2011)
Cheng Xiaonong in China’s Obscure Hot-Money Flow-
EPOCH TIME – 21/09/2013 – acesso 16/01/2014.
Andrioli,
Antônio I. in O Poder invisível do Mercado – http://espacoacademico.com.br/014/14andrioli.htm
- acesso 16/01/2014.
McKinsey Global Institute in Mapping global capital
markets 2011 - http://www.mckinsey.com/insights/global_capital_markets/mapping_global_capital_markets_2011
- acesso 16/01/2041
Paulo Sérgio
Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de produção pela COPPE/UFRJ
e autor das seguintes obras didáticas:
Administração dos Estoques - Teoria e Prática - em
coautoria com E.Schwember - Editora Interciência.
Administração de Materiais - 4a. Edição - Editora Campus/Elsevier.
Logistica e Cadeias de Suprimentos - O Essencial - Editora Manole.
Logistica e Cadeias de Suprimentos - O Essencial - Editora Manole.
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