quarta-feira, 10 de abril de 2013

INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA BRASILEIRA - Um freio para a expansão da economia - Parte I


INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA BRASILEIRA
Um freio para a expansão da economia
Parte I
Os avanços obtidos na área de pesquisa aplicada no campo da biotecnologia produziram efeitos consideráveis na agricultura brasileira.
Empresa de ponta, a Embrapa, um orgulho nacional, alavancou com seus trabalhos, a produtividade no campo, resultando assim em safras recordes! Neste ano, há uma estimativa de safra recorde de grãos que deverá atingir 83 milhões de toneladas!
Se, de um lado, temos um setor que desponta no cenário internacional com um verdadeiro “celeiro do mundo”, com sua elevada capacidade de produção agrícola, de outro, ficamos reféns de uma infraestrutura logística precária que não permite o escoamento das nossas safras recordes para a exportação!
A recente e emblemática situação provocada pelo cancelamento de contratos para a exportação da soja para a China é um exemplo contundente!
Com engarrafamentos de mais de 25 quilômetros, caminhoneiros aguardavam para desembarcar sua carga nos portos de Santos e Paranaguá.
Muito se falou a respeito da nossa infraestrutura, onde planos mirabolantes projetavam solucionar definitivamente nossas mazelas logísticas!
Elaborado por burocratas do Governo e registrados no mais qualificado papel de impressão, esses planos não deslancharam ou por falta de vontade política ou incompetência gerencial do Estado!
Os exemplos são inúmeros! Só para citar, tomemos o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Mostrou-se pífio no desempenho de execução, motivo por sinal de grandes barganhas políticas, onde o interesse maior fica para segundo plano!
Se a aceleração do crescimento e o desenvolvimento brasileiro forem, mensurado e executado, na mesma velocidade do PAC, estaremos mantendo o velho bordão: “enquanto pisamos no acelerador, puxamos os freios”!
Um diagnóstico simplificado nos permite verificar as dimensões dos problemas que o Brasil enfrenta diante desse quadro de muitas falas e poucas ações!
Comentemos os efeitos da sazonalidade das nossas safras agrícolas, o que significa uma produção elevada em determinadas épocas do ano, como por exemplo, o caso da soja, que precisa ser escoada até os dois principais canais logísticos de exportação: Porto de Santos e Porto de Paranaguá.
Na época da safra, descem para o Porto de Santos 3.200 caminhões de soja por dia. Excluindo-se o que chega pelo modal ferroviário, um volume de 1,9 milhões de toneladas de soja necessita de 54 mil caminhões para abastecer os navios!
Como o pico de comercialização dessa commodity acontece entre abril e maio, coincidindo também com a safra de açúcar; nesses meses passa a existir uma disputa acirrada entre os produtores em busca de caminhoneiros dispostos a realizar o transporte de suas safras. O mesmo acontece com o escoamento do milho e o algodão! Sem falar nos problemas oriundos da capacidade reduzida de armazenamento desses produtos, o que leva a uma grande perda de suas safras!
A matemática é irrefutável: um navio de granel sólido com grande capacidade de carga, que antes levava, em média, dois dias para ser abastecido acaba levando quatro dias! Essa demora tem reflexos na espera de navios que ficam aguardando autorização para atracar.
Examinado as estatísticas recentes, o cais de atracação do Porto de Santos com capacidade para receber 33 navios deixava 79 outros a espera de uma vaga no ancoradouro!
Estimativas do Sindamar (Sindicato das Agências de Navegação Marítima de São Paulo) apontam para prejuízos da ordem de US$ milhões, que serão pagos pelos exportadores.
Esses prejuízos se estende em toda a cadeia logística, tal qual o velho “efeito dominó”: derruba-se uma peça e todas as demais vão cair! Dos milhões perdidos pelos exportadores o processo se propaga até aos caminhoneiros que esperam 30 horas na fila para desembarcar suas cargas no Porto de Santos, tempo esse que poderia ser utilizado para o transporte de outra carga ou na realização de outra viagem para o mesmo Porto!
Em função desse caos logístico, os fretes também aumentaram consideravelmente! Enquanto que nos Estados Unidos o frete para o transporte da soja por uma extensão de 2 mil quilômetros custa de US$ 10 a US$ 35 por tonelada, no Brasil essa mesma tonelada custa US$ 160!
De acordo com o jornal Folha de São Paulo, esse verdadeiro apagão logístico que se descortina claramente no Brasil, levará aos produtores a perderem cerca de US$ 4 bilhões, cifra suficiente para a construção de várias hidrovias no País!
Continua na próxima postagem

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