GESTÃO DE ESTOQUES NAS
CADEIAS DE SUPRIMENTOS
Os recentes acontecimentos como a
pandemia e o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, expuseram de forma
inquestionável as fragilidades sistêmicas das cadeias de suprimentos.
É certo que uma análise aguçada e permanente do cenário geopolítico mundial permite, em certa medida, vislumbrar
potenciais riscos no suprimento de bens e, dentro desse espetro analítico,
promover estratégias de contingenciamento e mitigação, destinadas a manter a
adequação dos estoques em volume suficientes para dar continuidade ao fluxo de
produção e consumo desses bens.
Não vamos tratar aqui de uma abordagem sobre riscos
logísticos dado que esse tema foi abordado em um artigo que publicamos nesse
espaço e vários outros que poderão ser
encontrados neste blog.
Observados os espectro dos estoques, como tenho
frequentemente comentado com meus alunos do IBMEC/RJ, esses estoques existem
dentro de três perspectivas básicas:
Precaução
Especulação
Comercialização.
A precaução se reveste da necessidade de manter
estoques uma perspectiva de escassez
futura!
Nesse quesito, por exemplo, em governos anteriores,
era muito comum os denominados estoques reguladores para as “entre safras”,
destinados a conter uma possivel especulação durante o período de menor oferta
de determinado produto.
Essa foi uma política utilizada, por exemplo, no caso
da carne bovina, em época de inflação elevada, com objetivo de manter esse produto
disponível. Grandes frigoríficos armazenavam a carne bovina que passava ao
“controle” do Governo Federal, objetivando regular a oferta!
A especulação ocorre em todos os segmentos do mercado,
o que vai depender do exame estratégico de uma carência futura de determinado
produto, motivada pelo desequilíbro entre a oferta e a demanda.
Um exemplo típico no contexto de uma política
econômica equivocada e muito praticada no passado, era o tabelamento de preços, quando os produtos
magicamente sumiam das prateleiras dos supermercados mas poderiam ser
encontrados no “mercado negro”, onde os especuladores alferiam grandes lucros
na venda desses produtos.
O aspecto da comercialização destina-se a manter
estoques para atender a demanda (varejo por exemplo), em especial por não haver
garantias do suprimentos dentro de um processo contínuo que permitisse um
“equilíbro perfeito” entre a oferta e a demanda. Aqui vale lembrar da
necessidade da manutenção de estoques adicionais, também conhecidos como
estoques de segurança, destinados a garantir o suprimento em ocasiões de
aceleração do consumo ou intercorrência da fonte supridora (atrasos, eventos
adversos que impessam a entrega do produto etc.).
O fato de os mercados se expandirem muito além das
fronteiras domésticas, leva a necessidade de se ter um redobrado esforço para
manter um adequado suprimento de bens dos mais diversos, levando em conta, hoje
com maior atenção, as fontes de suprimentos desses produtos, mediante uma rigorosa
observação frente aos cenários geopolíticos que se descortinam no cenário
mundial.
Exemplos não faltam: pandemia e seus lockdowns,
conflito entre a Rússia e a Ucrânia, escalada de tensão entre a China e Taiwan
( maior fabricante mundial de chips de alta tecnologia), entre tantos outros
eventos que se descortinam no cenário internacional.
Para finalizar, recordo-me do meu tempo de juventude,
de uma canção do compositor Geraldo Vandré, que bem se adequa ao desfecho deste
texto:
“Vem, vamos embora porque esperar não é saber.
Quem sabe faz a hora e não espera acontecer !”
Nota: Esse artigo também foi publicado no Linkedin em 10/08/2022.
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