quarta-feira, 10 de agosto de 2022

 

GESTÃO DE ESTOQUES NAS
CADEIAS DE SUPRIMENTOS


Os recentes acontecimentos como a pandemia e o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, expuseram de forma inquestionável as fragilidades sistêmicas das cadeias de suprimentos.

É certo que uma análise aguçada e permanente do cenário geopolítico mundial permite, em certa medida, vislumbrar potenciais riscos no suprimento de bens e, dentro desse espetro analítico, promover estratégias de contingenciamento e mitigação, destinadas a manter a adequação dos estoques em volume suficientes para dar continuidade ao fluxo de produção e consumo desses bens.

Não vamos tratar aqui de uma abordagem sobre riscos logísticos dado que esse tema foi abordado em um artigo que publicamos nesse espaço e  vários outros que poderão ser encontrados neste blog.

Observados os espectro dos estoques, como tenho frequentemente comentado com meus alunos do IBMEC/RJ, esses estoques existem dentro de três perspectivas básicas:

Precaução

Especulação

Comercialização.

A precaução se reveste da necessidade de manter estoques uma perspectiva  de escassez futura!

Nesse quesito, por exemplo, em governos anteriores, era muito comum os denominados estoques reguladores para as “entre safras”, destinados a conter uma possivel especulação durante o período de menor oferta de determinado produto.

Essa foi uma política utilizada, por exemplo, no caso da carne bovina, em época de inflação elevada, com objetivo de manter esse produto disponível. Grandes frigoríficos armazenavam a carne bovina que passava ao “controle” do Governo Federal, objetivando regular a oferta!

A especulação ocorre em todos os segmentos do mercado, o que vai depender do exame estratégico de uma carência futura de determinado produto, motivada pelo desequilíbro entre a oferta e a demanda.

Um exemplo típico no contexto de uma política econômica equivocada e muito praticada no passado, era o  tabelamento de preços, quando os produtos magicamente sumiam das prateleiras dos supermercados mas poderiam ser encontrados no “mercado negro”, onde os especuladores alferiam grandes lucros na venda desses produtos.

O aspecto da comercialização destina-se a manter estoques para atender a demanda (varejo por exemplo), em especial por não haver garantias do suprimentos dentro de um processo contínuo que permitisse um “equilíbro perfeito” entre a oferta e a demanda. Aqui vale lembrar da necessidade da manutenção de estoques adicionais, também conhecidos como estoques de segurança, destinados a garantir o suprimento em ocasiões de aceleração do consumo ou intercorrência da fonte supridora (atrasos, eventos adversos que impessam a entrega do produto etc.).

O fato de os mercados se expandirem muito além das fronteiras domésticas, leva a necessidade de se ter um redobrado esforço para manter um adequado suprimento de bens dos mais diversos, levando em conta, hoje com maior atenção, as fontes de suprimentos desses produtos, mediante uma rigorosa observação frente aos cenários geopolíticos que se descortinam no cenário mundial.

Exemplos não faltam: pandemia e seus lockdowns, conflito entre a Rússia e a Ucrânia, escalada de tensão entre a China e Taiwan ( maior fabricante mundial de chips de alta tecnologia), entre tantos outros eventos que se descortinam no cenário internacional.

Para finalizar, recordo-me do meu tempo de juventude, de uma canção do compositor Geraldo Vandré, que bem se adequa ao desfecho deste texto:

“Vem, vamos embora porque esperar não é saber.

Quem sabe faz a hora e não espera acontecer !”

Nota: Esse artigo também foi publicado no Linkedin em 10/08/2022.



 

 

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