segunda-feira, 6 de junho de 2022

 PRISIONEIROS DAS TECNOLOGIAS

Uma reflexão à luz dos avanços tecnológicos.


Por volta dos anos 70, quando um veículo de passageiro, por exemplo, apresentasse um defeito, rapidamente fazíamos uma inspeção do motor e suas partes e, na maioria das vezes obtínhamos sucesso em fazê-lo funcionar novamente levando ao nosso destino.

Hoje, a pane em um veículo leva-nos a acionar um sistema de reboque – não sem antes acessar a rede e a seguradora – com objetivo de o veículo ser rebocado até uma concessionária para averiguação do defeito apresentado. Na concessionária, um técnico, de posse de um Laptop e acessando um terminal USB disponível no veículo, passa então a “rodar” um programa destinado a identificar o defeito apresentado.

De forma idêntica hoje, sem internet, praticamente não poderemos operar uma compra através de um cartão de crédito ou fazer um PIX, solicitar um alimento mediante um pedido ao IFood e mesmo requerer um transporte através do UBER! 

Ficamos literalmente escravos e dependentes da disponibilidade de sistemas dos mais diversos, para nos locomover, comprar produtos, realizar pagamentos, receber diagnósticos médicos etc. etc.!

Se, de um lado ganhamos velocidade e flexibilidade operacional tanto a nível pessoal quanto empresarial; de outro, abrimos uma fenda abissal permeada por um leque de fragilidades sistêmicas!

Por exemplo, hoje grande volume de comunicação e troca de dados é realizada mediante o uso de cabos submarinos intercontinentais de fibra ótica. Com milhares de quilômetros de extensão estão mergulhados no mar, atravessando fossas e montanhas submarinas, interligando continentes! O mais famoso deles é o SeaMeWe 3 (já falamos sobre ele em outra postagem) , o qual conecta 32 países e possui em torno de 39 mil quilômetros de extensão.

A economia do planeta é dependente deles: transações comerciais, transações financeiras, transações e comunicações pessoais etc. fluem por essa rede de cabos submarinos de forma frenética e na velocidade da luz, impulsionando os negócios e transmitindo informações das mais variadas. É a economia em profusão fluindo por todo o planeta!

Da mesma forma, links de conexão fazem a “ponte” entre dispositivos moveis ou fixos! Eles estão por toda parte! Estimativas determinaram que, em 2020, borbulhavam 20 bilhões de dispositivos interconectados, com uma previsão para 2025 de chegarmos à 75 bilhões desses dispositivos, trafegando dados, hoje numa velocidade de 100 Gbps para até 600 Gbps. Imaginem então com o advento e implantação, em todo o planeta, da nova tecnologia 5G.

Essas fragilidades sistêmicas podem ser contornadas, em grande medida, mediante uso de sistemas redundantes, mas em sua maioria de altos custos e poucos estão propensos a utilizá-los!

Então fica a pergunta: até quando persistiremos em transitar em um “fio de navalha” diante das fragilidades geradas pelas tecnologias?

Por exemplo, uma simples regurgitação nervosa do nosso Astro Rei, que resulte na projeção de uma massa de plasma em direção ao nosso planeta, acaba produzindo uma verdadeira tempestade geomagnética com graves riscos para satélites e equipamentos de comunicação, resultando em graves consequência, como blackout de uma região, inoperância do GPs etc.

 “Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras.”

Clarice Lispector in A Descoberta do Mundo.

Nota: Este artigo também foi publicado no Linkedin em 06/06/2022.




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