terça-feira, 14 de junho de 2022

A China está jogando GO ?


A CHINA ESTÁ JOGANDO GO? 

Como a China está dominando o planeta.


O jogo denominado “GO” ficou mais popularmente conhecido a partir das famosas partidas realizadas entre os algoritmos de AI da Alphabet (Google) e Ke Jie, considerado o maior jogador de GO; onde esse campeão mundial acabou sendo derrotado pelas máquinas da Alphabet.

O Go é um jogo chinês milenar que é muito popular na China. Trata-se de um jogo de estratégia  que possui infindáveis combinações nas jogadas. Seu objetivo primordial é isolar as peças do adversário, impedindo-o de se movimentar no tabuleiro.

Cotejando as estratégias que vem sendo implementadas pela China, especialmente através da sua meta ambiciosas conhecida como plano “Belt and Road Iniciative”, popularmente conhecido como a Nova Rota da Seda, percebemos que, gradativamente, a China avança na sua influência no planeta.

Nesse foco, os investimentos externos chineses, conhecidos como  Investimentos Diretos no Exterior (ODI em inglês) atingiram, em 2020 a cifra de US$ 153,7 bilhões, fluxo esse que representa 20,20% de todos os investimentos realizados globalmente pelos mais diversos paises!

Ainda em 2020, a China já marcava presença em 189 países, atingindo um total de 45 mil empresas, envolvendo aportes de recursos acumulados via ODI totalizando US$ 2,58 trilhões ! (ChinaToday – Set 30, 2021).

Também  vale registrar, conforme destaca Kenny, C., em artigo publicado no Center for Global Development (2022): “os empreiteiros chineses respondem por uma proporção crescente do valor total dos contratos do Banco Mundial conquistados por licitantes internacionais, particularmente em obras civis”.

Para ampliar ainda mais   a sua influência como um dos principais atores internacionais, Xi Jimping lançou o plano de infraestrutura regional e global e, nessa toada, vem, tal qual a água que gradativamente permea todos os  espaços, investindo pesado no exterior, especialmente no campo da infraestrutura.

Aproveitando crises internas e a necessidade de investimentos nos mais  diversos recantos, o governo chinês acena com recursos e projetos gigantescos cujos  financiamentos em muita situações são impossíveis de serem saldados, resultando, por via de consequência, no comando operacional das instalações realizadas, pelo grupo chinês!

Assim, por exemplo, durante a crise na Grécia quando compulsoriamente o governo se viu pressionado a realizar reformas estruturais e implementar privatizações, uma gigantesca estatal chinesa Cosco (China COSCO Shipping Corporation Limited - empresa de navegação chinesa com sede em Shangai), encontrou uma excelente oportunidade para adentrar na indústria portuária grega, adquirindo 51% de participação no Porto de Pireus com uma cláusula complementar de aumento de participação em um período de cinco anos para 67%. Assim, hoje 67% do Porto de Pireu estão sobre controle da Cosco.

No mesmo modo o porto israelense de Haifa encontra-se sobre controle da Shangai  International Port Group, a Cosco também avançou na área portuária alemã, firmando uma aliança estratégica com a grande operadora de terminais de contêineres de Hamburgo, Hamburger Hafen und Logistik AG (HHLA).

Igualmente o porto de Hambantota no Sri Lanka, em face de encontrar-se endividado com o governo chinês, acabou sendo arrendado por 99 anos para os chineses, como uma forma de compensar as dividas contraídas pelo país asiático. Essa presença chinesa está  preocupando o governo indiano que está em negociações avançadas para assumir o aeroporto de Hambantota!

Na America Latina e no Caribe podemos citar, por exemplo, os portos de Freeport (Bahamas); Kingston (Jamaica); Balboa e Colón (Panamá); Buenos Aires (Argentina) e o porto de Paranaguá, no Paraná, um importante porto para o escoamento da soja brasileira, onde  a China Merchants Port Holding Company (CMPort) já controla 90% dos Terminal de Contêineres  desse porto!

As estimativas de investimentos chineses no Brasil atingiram a cifra de US$ 67 bilhões (agosto/2021) em sua maioria direcionados ao setor de energia e demais setores da infraestrutura, extração de petróleo e gás, extração mineral, agronegócio e manufatura.

Seus laços se estenderam na África, especialmente o Zimbábue, Gana, Zâmbia, Sudão, Etiópia e Quênia, onde os seus maiores interesses encontrams-se nas área de petróleo, mineração e suprimentos de alimentos; valendo registrar que os empréstimos fornecidos, em sua maioria impagáveis, acabam produzindo o efeito desejado, qual seja, controle dos projetos desenvolvidos com aporte de recursos chineses; como destaca o relatório elaborado pelo Center for Global Development : “uma parcela desproporcional dos compromissos de empréstimos do governo chinês a países africanos é feita a governos com altos níveis de risco de crédito” (op.cit. Landry, D.  e Portelance, G – Mar 2021)

Na Europa o braço da presença chinesa avança a passos largos também no campo industrial. Por exemplo, a Hillhouse Capital, com sede em Hong Kong, adquiriu a divisão de eletrodomésticos da Philips, com sede em Amsterdã por US$ 4,4 bilhões, considerado o maior investimento individual de uma empresa chinesa na Europa. A segunda maior transação envolveu a aquisição por US$ 1,1 bilhão da desenvolvedora britânica de videogames Sumo Digital pela Tencent Games, uma  gigantesca empresa chinesa, avaliada em US$550 bilhões. Do mesmo modo, a China International Marine Containers adquiriu a fabricante dinamarquesa de contêineres refrigerados Maersk Container Industry e os valores dos investimentos  chineses veem aumentando consideravelmente, atingindo US$ 12,4 bilhões (2021), de acordo com o estudo da Center for Global Development.

Nos Estados Unidos também a presença chinesa avança em diversas frentes, por exemplo, na manufatura avançada, na indústria cinematográfica de Hollywood, áreas de multimídia e cadeias de hotéis globais etc. O mesmo acontecendo no setor de suprimentos alimentares, quando  a chinesa Shuanghui International Holdings adquiriu por aproximadamente US$5,0 bilhões, a Smithfield, a maior produtora de  suínos do mundo!

O certo é que a China vem gradativamente avançando em todos os campos e nos mais diversos recantos do planeta. Seguindo uma estratégia bem focada, atravessa célere em direção aos seus objetivos primordiais, nunca esqueçendo do velho provérbio de suas terras: “um momento de paciência pode evitar um grande desastre, mas um momento de impaciência pode arruinar toda uma vida.”

E a paciência chinesa é milenar !



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