CADEIAS DE SUPRIMENTOS e ESCASSEZ.
INVASÃO DA UCRÂNIA e INFLAÇÃO MUNDIAL.
Já comentamos nesse espaço sobre os primeiros reflexos oriundos
do conflito entre a Rússia e a Ucrânia que se estende por mais de 15 dias!
E estarrecedor ter a percepção aguçada de como, no meio do conflito,
quem mais sofre são os civis, suas famílias, filhos e netos! Esse é um custo
elevadíssimo dado que a vida não tem preço!
Neste artigo vamos abordar o tema das cadeias de suprimentos
em uma amplitude muito maior, considerando em especial que as cadeias de valor se
tornaram globais e, por via de consequência, as decisões e operações respectivas
sofrem um impacto direto de qualquer tensão geopolítica existente nesse caldeirão
de conflitos em que vivemos nos dias de hoje!
A globalização dos mercados, se de um lado abriu um leque de oportunidades
para a comercialização e o suprimento de bens e serviços que se estenderam ao
redor de todo o planeta, mediante uma logística eficiente; de outro lado,
insere uma variável na equação de incerteza quanto a continuidade dos suprimentos
de bens (ver artigo sobre riscos logísticos), principalmente diante de choque
dos mais diversos como: pandemias, conflitos internacionais, mudanças climáticas
etc.
O certo é que as cadeias logísticas ampliaram seus escopos,
porém como resultado adicional, aumentaram os riscos de desabastecimentos!
Tomemos o caso dos fertilizantes, tão importantes para o agronegócio
brasileiro. Ora, o Brasil é o maior importador do mundo, representando uma importação
de fertilizantes que atinge 80% de suas necessidades; uma fragilidade elevada
(riscos logísticos!).
Diante do conflito formado, a Rússia, através do Ministério
do Comércio e Indústria da Rússia, recomendou aos produtores de fertilizantes
do país que suspendam temporariamente as exportações! Mesmo com a notícia de
que o Brasil estaria fora dessa suspensão, há um problema adicional, qual seja,
como pagar essas importações se o sistema internacional de compensação financeiras
(Swift) foi suspenso para as operações realizadas pela Rússia.
Analista da Yara Internacional, empresa norueguesa cuja área
de negócios é a produção de fertilizantes, destaca que: “se não forem
adicionados os fertilizantes no plantio agora, as colheitas poderão ser
reduzidas em até 50% na próxima safra”!
(op.cit. Mooney -Logistic Manager – Mar/2022).
Outro exemplo claro é o petróleo, motor de grande parte da
economia mundial, cujos preços no mercado internacional chegaram a atingir US$
140 o barril (42 galões americanos ou 158,987 litros de óleo cru).
O resultado todos sabemos: recente aumento dos combustíveis
fornecidos pela Petrobras, como por exemplo: aumento de 18,7% da gasolina e de
24,9% do diesel. É evidente que esses aumentos produzem reflexos imediatos nos
custos de transporte e, por via de consequência, nos preços finais dos
produtos.
Uma nova escalda inflacionária a nível mundial é reforçada,
após o primeiro vetor de elevação nos preços, entre outros fatores, devido as
rupturas das cadeias de suprimentos provocadas pela pandemia.
Os reflexos serão enormes! Por exemplo, estudos realizados
pela ONU através da FAO (Organização para Agricultura e Alimentação) indicam
que há perspectivas de que os alimentos sofram aumentos de 20%, em especial nas
exportações de trigo, onde as várias nações dependem da Rússia e da Ucrânia, de
onde são exportados cerca de 30% dos suprimentos de trigo. Basta citar, por
exemplo, que no Egito, 105 milhões de pessoas tem em suas dietas básicas o
trigo e o óleo de girassol que são fornecidos, 85% trigo e 73% girassol respectivamente,
da Rússia e da Ucrânia!
Como relata John Maudin: “... uma recessão se aproxima. ...
será uma recessão global. É uma recessão de escolha – não sua ou minha, mas de
Vladimir Putin”. Complementa relatando que erros de cálculos de Putin para as
operações militares e a reação imediata do Ocidente, farão com que a guerra perdure,
piorando as coisas e “quanto mais durar, pior vai ficar” (op.cit – Another
Strange Recession – Mar/11/22).
O certo é que essa guerra está custando muito além dos gastos bélicos da Rússia e demais países com o fornecimento de armas e munições para o campo de batalha!
Cada lar será atingido por um míssil inflacionário que vai
produzir estrago elevados, reduzindo a disponibilidade alimentos, aumentando a
fome, resultando em um aumento considerável da pobreza!
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