sábado, 27 de setembro de 2014

Logística, Infraestrutura e Desenvolvimento - Parte II

LOGISTICA, INFRAESTRUTURA E DESENVOLVIMENTO

A infraestrutura é a alavanca
para o desenvolvimento.

PARTE II

Na parte I desse tema, apresentado em nosso Blog recentemente, mostramos de forma bastante resumida, como a infraestrutura afeta substancialmente o desenvolvimento do nosso pais.
Não resta qualquer dúvida quanto à necessidade prioritária de aportar recursos destinados a melhorias substanciais na nossa infraestrutura que vem emperrando o nosso desenvolvimento, criando dificuldades para o escoamento dos produtos, impactando consideravelmente os custos logísticos e reduzindo a nossa competitividade.
Estudos econômicos vem demostrando que o Brasil precisa investir cerca de 4,5 % do seu PIB para conseguir alavancar a sua infraestrutura. Só para um pequeno registro, no setor ferroviário, por exemplo, nosso País conta com 29 mil de linha férrea, porém na prática, apenas cerca de 10.000 quilômetros são utilizados, enquanto que a Rússia líder no setor possui 87 mil quilômetros de trilhos; a China, 77 mil; e a Índia, 63 mil. Seguindo a mesma lógica comparativa encontramos no País 212 mil quilômetros de estradas pavimentadas, enquanto que a Índia, com metade da área do território brasileiro, conta com 1,57 milhão de quilômetros asfaltados e a  China um total de  1,58 milhão de quilômetros de vias pavimentadas.
Os investimentos necessários para criar melhorias significativas em nossa infraestrutura são enormes e o Governo já se deu conta que sozinho não tem a menor condição para desenvolver projetos e tocar as obras necessárias.
Nesse sentido alguns avanços foram efetivados tais como as denominadas Parcerias Público Privadas e as Concessões para exploração, buscando atrair a iniciativa privada para compor os recursos e explorar economicamente as diversas facilidades operacionais de apoio logístico. Porém é bom registrar que ainda existe um compasso de espera quanto a continuidade dessas iniciativas em especial quanto as questões tarifárias, bem como a insegurança jurídica quanto aos contratos que possuem clausulas ainda não totalmente clara que permitam que a iniciativa privada aporte recursos nos projetos.
Examinado o contexto das obras de infraestrutura apresentadas no fórum Exame – Infraestrutura realizado no Rio de Janeiro em 24 de setembro deste ano, percebemos um elenco de 1.500 obras consideradas como principais, representando um montante de cerca de um trilhão de reais (cerca de US$ 400 bilhões de dólares). Os valores fragmentando entre os principais setores são apresentados na figura 2.

Figura 2 – Principais investimentos em infraestrutura
Fonte: Fórum – Exame – Infraestrutura 2014

Esses investimentos estão distribuídos em várias regiões brasileiras, entre elas, podemos destacar: 42% na região Sudeste; 20% na região Nordeste e 14% na região Norte compondo assim um total de 76 % dos investimentos totais previstos.
Dentre os grandes empreendimentos previstos, excetuando-se o caso, já bastante conhecido e ainda em grande debate que é o trem de alta velocidade (trem bala) que pretende interligar a cidade do Rio de Janeiro a Capital de São Paulo que envolverá, segundo as últimas estimativas R$ 38 bilhões (cerca de US$ 15,2 bilhões) podemos considerar: a refinaria Premium 1 num montante total de R$ 36 bilhões  (cerca de US$ 14,5 bilhões)  no estado do Maranhão e a refinaria Premium 2 no Ceará com injeção de recursos de R$ 22,0 bilhões (cerca de US$ 8,9 bilhões), a expansão da Estrade de Ferro Carajás (Pará) que deverá requerer recursos da ordem de R$ 22,3 bilhões (cerca de US$ 9,0 bilhões); e a Usina Hidroelétrica de São Luiz do Tapajós no Pará que consumirá recursos estimados de R$ 18,1 bilhões ( cerca de US$ 7,2 bilhões).
Do total de investimentos programados, até a presente data foi investido tão somente um total de R$ 28 bilhões (28% do total previsto – US$11,2 bilhões), cabendo registrar que cerca de 24% das obras necessitaram de revisão orçamentária e em torno de 21% delas apresentaram problemas quanto a sua continuidade.
Um sucesso demonstrado na expansão da infraestrutura é o caso da privatização das telecomunicações! Hoje mais de 200 milhões de celulares operam no País e a banda larga já avança a passos largos com a aplicação de tecnologias de ponta, como o uso de fibras óticas na transmissão de dados.
Esse exemplo de sucesso deveria sensibilizar o Governo no sentido de expandir o leque para permitir que a iniciativa privada adentre em todos os setores, quebrando o monopólio estatal que, como um paquiderme, movimenta-se muito lentamente.
O que é preciso é criar marcos regulatórios para os diversos setores, estruturar agências reguladoras para que sejam presentes e que de fato façam a fiscalização necessária, construir uma sólida segurança jurídica nos contratos e liberar a geografia dos negócios para que os empresários possam investir com segurança e rentabilidade.

Fonte:
  1. Portal Transporta Brasil - http://www.transportabrasil.com.br/2014/03/brasil-tem-a-pior-malha-viaria-entre-os-bric/ - acesso 26/09/2014.
  2. Tokarski, A. in Hidrovias Brasileiras - http://www.antaq.gov.br/portal/pdf/palestras/mar0722palestraenephadalberto.pdf - acesso: 26/09/2014.
  3. Ferreira, P. Cavalcanti in Um estudo sobre infra-estrutura: impactos produtivos, cooperação público-privado e desempenho recente na América Latina – disponível em http://www.fgv.br/professor/ferreira/InfraAmeLatCepal.pdf - acesso 13/09/2014.
  4. Bertusi, G.L. ; Ellery, Jr., R. in Infraestrutua de transporte e crescimento econômico no Brasil – disponível em Journal of Transport Literature - Submitted 12 Sep 2011; received in revised form 2 Dec 2011; accepted 26 Jan 2012 - Vol. 6, n. 4, pp. 101-132, Oct 2012
  5. Bruno. M; Silva, R.M.B in Análise e Proposta – Desenvolvimento econômico e infraestrutura no Brasil: dois padrões recentes e suas implicações – Friedich Ebert Stiftung – Nº 38 – dezembro de 2009.
  6. Pimentel, N. in Investir em infraestrutura para o Desenvolvimento Econômico Sustentável – JCAN em 15 e 16 de maio de 2010.
  7. Revista EXAME - Forum - Infraestrutura 2014 - 24/09/2014 - anotações do autor.

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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e  autor das seguintes obras didáticas:
•         Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E. Schwember – Editora Interciência;
•         Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier;
•         Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.

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