segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Rodovia Brasileiras

RODOVIAS BRASILEIRAS


Um dos grandes desafios do nosso país, para os próximos anos, é reduzir consideravelmente os gargalos da nossa infraestrutura que vem impactando o desenvolvimento, aumentando os custos logísticos, reduzindo a nossa produtividade e competitividade, além de atingir diretamente a população das grandes cidades em face da precária estrutura destinada à mobilidade urbana.

Nos últimos anos houve uma queda na avaliação da infraestrutura, conforme pesquisa realizada pela revista EXAME, junto aos executivos do setor de logística. A nota caiu de 5 em 2011 para 4,8 em 2014, valendo lembrar que essa nota em 2009 era de 5,2.

Examinando os principais impactos negativos da atual infraestrutura, esses executivos, em sua maioria, apontaram: aumentos de custos (99%), aumento do prazo de entrega (99%), perda de renda (95%), inviabilização de investimentos privados (92%) e aumento de estoques (90%).

Estimativas da McKinsey, indicam que serão necessários R$ 5 trilhões (US$ 2 trilhões) em 20 anos, para que o Brasil possa atingir um nível em sua infraestrutura que permita o seu desenvolvimento, conforme entrevista de Vicente Assis, presidente da consultoria à Exame por ocasião do 4º Exame - Fórum Infraestrutura.

Na classificação do Fórum Global de Competitividade a nossa infraestrutura ficou em 114º lugar com uma pontuação média de 3,4 enquanto que a média dos BRIC´s (Brasil, Rússia, Índia e China) é de 4,3 pontos.
No que se refere especificamente à qualidade das nossas estradas, o Brasil se encontra na 122ª posição entre 144 países analisados, atrás de países como o Chile (31ª), Suriname (70ª), Uruguai (90ª), Bolívia (95ª), Peru (102ª) e Argentina (110ª), todos situados na América do Sul.

Nesse sentido é importante registrar que apesar de o modal rodoviário ser o de maior predominância do Brasil, cujo volume de rodovias, segundo dados do Sistema Nacional de Viação, é de 1.691.522 km; apenas 203.599 km são pavimentados, o que representa 12% do total.


Figura 2 - Crescimento das rodovias nos últimos 10 anos.
Fonte: Pesquisa CNT de rodovias – 2014.

Nos últimos 10 anos as rodovias apresentaram um acréscimo significativamente modesto, atingindo o patamar de 13,8 %, como mostra a figura 2. A situação ainda é mais grave se compararmos esse acréscimo com o crescimento da frota de veículos no mesmo período, que passou de 37.863.432 para 84.063.191 veículos representando um crescimento de 122 %.

Se por um lado, são poucas as rodovias que oferecem condições adequadas para que os veículos trafeguem com segurança e conforto; de outro, muitas estão é estado crítico oferecendo riscos para os seus usuários, como pode ser verificado no elevado percentual de acréscimo (77,8%) no volume de acidentes nas rodovias federais o que representou um custo de R$ 17,7, bilhões (US$ 7,1 bilhões).

Na comparação com os países da América do Sul (Figura 3) no período de 2013 a 2014, segundo o relatório do Fórum Global de Competitividade (FGI), o Brasil recebeu a nota 2,8. A posição no ranking mundial elaborado pelo FGI, é traduzida por uma nota de avaliação que varia de 1 (extremamente precária) a 7 (extensa e eficiente).


Figura 3 – Ranking das rodovias dos países da América do Sul
Fonte: Pesquisa CNT de rodovias – 2014.

Quanto à qualidade, principalmente em função da falta de manutenção adequada, a Confederação Nacional de Transporte (CNT), aponta que em 50,1 % da extensão total, a pavimentação encontra-se em estado Ótimo (42,4%) ou Bom (7,7%); porém, 49,9% apresentam algum tipo de deficiência, sendo que 36,7% delas estão classificados como Regular; 9,8% como Ruim; e 3,4% como Péssimo.

A baixa qualidade das nossas rodovias tem reflexo imediato nos custos logísticos. Segundo os estudos da Confederação Nacional de Transporte, não há acréscimos de custos operacionais quando o tráfego acontece nas rodovias em estado considerado ótimo; enquanto que para aquelas consideradas em bom estado, o acréscimo de custos pode chegar a 8,8% e naquelas em péssimo estado os custos chegam a ser acrescidos em a 91,5%, como mostra a figura 4.


Figura 4- Estado das rodovias e aumento dos custos operacionais dos caminhões.
Fonte: Pesquisa CNT de rodovias – 2014.

Para melhor elucidar esses aumentos de custos consideremos a hipótese em que um transportador ao trafegar em uma rodovia em ótimo estado tenha um custo operacional de R$ 100,0 em determinada quilometragem; se esse mesmo transportador percorresse a mesma distância em uma rodovia classificada como péssima esse custo aumentaria para R$ 191,50.

O transporte rodoviário precisa ser dinamizado. Os investimentos para atender a esse objetivo atingem R$ 293,88 bilhões, montante que representa 29,77% do total estimado para todo o setor de transporte e logística, segundo o estudo desenvolvido pela CNT. Nesse sentido, as principais intervenções para a melhoria das rodovias envolvem adequação, duplicação, recuperação, construção e pavimentação. São estimados R$10,7 bilhões para a adequação; R$ 137,13 para a duplicação; R$ 48,25 bilhões destinados a recuperação da pavimentação e R$ 47,33 bilhões para a construção de novas rodovia.

O Brasil tem pressa! A hora é de ação!

Fonte:


CNT – Relatório Gerencial – Pesquisa CNT de Rodovias – 2014
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e  autor das seguintes obras didáticas:
•         Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E. Schwember – Editora Interciência;
•         Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier;
•         Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.
  

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