Globalização, perspectivas para 2014 e cadeia de suprimentos.
É inegável que o mundo se tornou
globalizado e hiperconectado. Basta acontecer qualquer ocorrência mais séria em
alguma parte do mundo para que imediatamente ela esteja presente nas principais
mídias em todo o planeta!
De uma forma geral podemos tratar a
globalização envolvendo uma tríade de vetores em constante movimentação
logística: capital, pessoas e demais recursos.
De um lado, o impulso provocado
pela inovação tecnológica, muito especialmente com a facilidade de acompanhar,
pesquisar ou veicular qualquer informação em plataforma de multimídia, está
causando uma elevada pressão dos consumidores junto às empresas fornecedoras de
bens e serviços em um sistema no estilo “aqui e agora”, ou seja, ao realizarem
uma compra via internet querem receber o produto no menor espaço de tempo
possível e ter informações precisas sobre o andamento de seus pedidos em tempo
real!
De outro lado, a globalização e
regionalização dos mercados estão produzindo uma avalanche de novos
ingressantes nesses mercados que são os denominados novos integrantes da classe
média mundial, muito especialmente nos países emergentes.
Para termos uma ideia do potencial
desse mercado, estudos realizados pela consultoria McKinsey estimam que no ano
de 2030, um elenco de três bilhões de novos consumidores estarão ingressando na
denominada classe média! Alguns estudos também apontam que em 2040 a China deverá
concentrar cerca de 60% da sua população em grandes centros urbanos.
Essa avalanche de novos
consumidores que se projetam nos mercados está levando às grandes corporações a
se focarem vivamente nessas economias emergentes, muito especialmente em função
do potencial desse mercado que cresce consideravelmente.
As maiores oportunidades para as empresa nos próximos anos,
segundo estudos realizados pela Ernest & Young estão relacionadas à comercialização
de produtos para os consumidores dos países emergentes.
Muitos economistas acreditam que os
mercados emergentes, no ano de 2014, vão crescer mais rapidamente do que os
mercados das economias mais desenvolvidas, o que permite uma boa reflexão sobre
a economia global para este ano de 2014, tomando como base o relatório
elaborado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo o FMI, o crescimento da
economia mundial em 2014 será da ordem de 3,7%. Para os Estados Unidos, cujo
crescimento ocorrido em 2013, conforme dado divulgado pelo Departamento de
Comércio do EUA atingiu 1,9%; é esperado, segundo uma nova avaliação realizada
pelo FMI, um crescimento de 2,8% para 2014.
Fazendo um cotejamento entre diversas economias, podemos
citar que a Europa (zona do Euro) que teve um crescimento negativo no ano
passado começa a abandonar a recessão e entrar em uma rota de recuperação e,
por via de consequência, deverá fechar o ano de 2014, segundo projeções do FMI,
com um crescimento de 1%. Fora da zona do euro, vale uma nota especial para a
Inglaterra que deverá registrar um índice bem mais alto em relação à Europa, projetando-se
um PIB de 2,4% para este ano.
A China por sua vez, uma alavanca propulsora da economia
mundial e que investe pesadamente em sua infraestrutura, deverá declinar um
pouco saindo de 7,7% em 2013 para 7,5% estimados para 2014.
A mesma análise feita para a Índia indica um crescimento
potencial da ordem de 5,4% comparativamente ao período anterior (2013) que
foi de 4,4%.
Quanto ao Japão, esse deverá manter o mesmo patamar do ano passado
e assim mantendo idêntico desempenho em 2014, ou seja, na faixa dos 1,7%.
Para o Brasil, embora não tenhamos ainda os dados oficiais,
segundo previsão dos economistas, o nosso PIB (Produto Interno Bruto) em 2013
deverá alcançar 2,28% enquanto que as estimativas para 2014, cujas perspectivas
foram recentemente revisadas, projetam um crescimento de apenas 1,95%!
Com a economia global recebendo um input tão positivo é
esperado a ocorrência de um elevado movimento em diversos setores da economia
mundial, impulsionando, por via de consequência, o fluxo do comércio
internacional, o que vai projetar uma maior demanda de bens e serviços que circularão
nas cadeias logísticas, valendo registrar que a OMC (Organização Mundial do
Comércio) estima que o crescimento global no comércio de mercadorias em 2014
deverá
atingir 4,5%.
Aproveitando essa onda, o Brasil deveria estar preparado,
porém, a precariedade de sua infraestrutura como citado em nossa postagem
anterior é um fator impeditivo de avanços consideráveis. Enquanto o Brasil, em
face da Copa Mundial de Futebol investe, em estádios destinados a abrigar as
competições R$ 8 bilhões, destina tão somente R$ 2,7 bilhões para obra de
infraestrutura!
Há vetores que complicam ainda mais o cenário brasileiro,
começando pela fragilidade com que nos deparamos no sistema elétrico que não
vem dando conta da demanda de energia, a falta de credibilidade dos
investidores em face do uso exacerbado de uma “contabilidade criativa” para
maquiar os dados da economia, a elevada burocracia e mesmo o excesso de
regulamentação que dificulta a livre iniciativa, são fatores impeditivos do
desenvolvimento do nosso país.
Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro e M.Sc. em engenharia de produção pela COPPE/UFRJ e autor da seguintes obras didáticas:
Administração de Estoques - Teoria e Prática - em coautoria de E.Schwember - Editora Interciência.
Administração de Materiais - 4a. Edição - Editora Campus/Elsevier.
Logística e Cadeia de Suprimentos - o essencial - Editora Manole.
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