sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Veículos Autônomos - Um Pesadelo Automotivo?

 VEÍCULOS AUTÕNOMOS – UM PESADELO AUTOMOTIVO?


No contexto de veículos autônomos, a Sociedade de Engenheiros Automotivos - SAE (Society of Automotive Engineers), que é uma organização responsável pelos estudos relacionados a engenharia automotiva e montadoras de veículos, classifica os veículos operando com a intervenção da Inteligência a Artificial (AI) em 5 níveis.

Esses níveis parte da classificação N0, situação na qual veículo é integralmente conduzido por um ser humano, até o nível N5, quando não há necessidade da intervenção humana, independente da estrada ou do ambiente no qual circula.

Em artigo que publiquei neste Blog tratei, indiretamente, desse tema, quando noticiei uma enorme pesquisa realizada pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), cujo objetivo era criar processos decisórios a serem implementados nos veículos com AI  embarcada, para a condução dos mesmos, diante de situações adversas, como por exemplo, a presença de um transeunte inesperado na rota do veículo.

Esse projeto levou o nome de “Moral Machine” e seu objetivo, após a coleta dessa pesquisa que obteve mais de 40 milhões de respostas, era alimentar um sistema de machine learning para que o software de AI passasse a tomar a melhor decisão diante de eventos complexos inesperados.

A navegação de um veículo que utiliza da inteligência artificial é realizada mediante um planejamento da rota que realiza, associando cada ponto ao mapa digital de alta definição e utilização de algoritmos que passam a prever (baseados no Moral Machine, por exemplo) a intenção dos veículos e pedestres existentes nas dinâmicas das rotas que o veículo vai percorrer.

Como explica Kai-Fu Lee (2022 in 2041), “O grande obstáculo para se chegar a um nível N5 é que o software de AI precisa ser treinado com uma grande quantidade de dados que representam a “direção real” diante de vários cenários” , especialmente porque o desafio maior aqui, diante da situação com descrita no projeto Moral Machine, é a eventual perda de uma vida humana!

Apesar de todo o progresso que vem sendo realizado em direção aos veículos autônomos, há situações extremamente complexas em que a AI, por mais sofisticada que seja, poderá se confundir ou mesmo não ser operacional em função, por exemplo, de desastres naturais, ações de hackers, falhas no GPS ou até influência das atividades solares (tempestades geomagnéticas) que, quando intensas, causam problemas em equipamentos eletrônicos etc.

Questões em torno do tema são frequentemente levantadas! Quando o ser humano causar um acidente enquanto dirige um veículo ele provavelmente responder a um processo judicial com todos os desdobramentos possíveis; porém quando um carro autônomo provocar um acidente quem será responsabilizado: o fabricante do veículo? O programador da AI? O engenheiro que criou o algoritmo? Até a presente data não temos respostas para essas questões !

Outro aspecto relacionado à autonomia automotiva está vinculado a empregabilidade. O Brasil, segundo dados do Ipea, possui 1,5 milhão de pessoas que trabalham com transporte de passageiros e entregas de mercadorias, com aproximadamente 82% desse total envolvendo motoristas de aplicativos e taxistas. Apenas para registro, Nova Iorque (Big Apple) possui 14.000 táxis amarelos.

Pensemos agora na automação e na presença do carro elétrico! Milhões de pessoas estarão desempregadas em todo o planeta, envolvendo condutores de veículos, frentista de posto de combustíveis, operadores de estacionamento e toda a cadeia produtiva que se expande desde a fabricação do veículo até o seu giro por ruas e estradas.

Assim como tivemos um grande impacto quando James Watt inventou a máquina a vapor que deu  origem as locomotivas a vapor, para o transporte de pessoas e cargas, cujo resultado foi o desaparecimento de carruagens puxadas a cavalos, seus cocheiros, estalagem etc., vivemos hoje, embora em outro cenário, algo semelhante, quando os veículos autônomos começarem a percorrer em grande escala, os diversos espaços nas autovias e rodovias !

Voltamos ao velho dilema de Tebas e sua esfinge: “Decifra-me ou lhe devoro !”



 


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