terça-feira, 30 de março de 2021

Fragilidades sistêmicas colocam em risco as Cadeias de Suprimentos

 FRAGILIDADES SISTÊMICAS COLOCAM EM RISCO AS CADEIAS DE SUPRIMENTOS


Os recentes acontecimentos no Canal de Suez, com o encalhe do navio porta contêineres Ever Given (Figura 2) de 400 metros de comprimentos, 59 metros de largura, capacidade de 224 mil toneladas e portando 18.300 contêineres (sua carga máxima é de 20 mil contêineres de 6 metros), acabou colocando, mais uma vez, exposta as fragilidades das cadeias de suprimentos.


Figura 2 - Even Given.
Fonte: Goolge Imagens (2021)

O acidente citado agravou-se devido ao fato de o Canal de Suez ser o responsável pelo tráfego de 12% de toda a carta que circula globalmente.

A demora no resgate da embarcação e desobstrução do canal, que durou seis dias, produziu significativos reflexos no fluxo de navios que transitam pelo canal. Estima-se que 368 novos navios aguardavam o desfecho da operação de destravanque do Ever Given, sendo que muitos das embarcações possuíam cargas vivas! Essa obstrução resultou na decisão de várias empresas no sentido de redirecionado parte de seus navios para outras rotas.

Não é de hoje que eventos semelhantes - de interrupção das cadeias de suprimentos - veem ocorrendo. A cada dia que passa, especialmente em face do intenso comercio internacional, esses eventos acabam promovendo impacto significativo e em escala global, nos negócios das empresas, resultando em grandes perdas financeiras.

Disponibilizamos neste Blog, várias postagens, mostrando o impacto que esses eventos produzem nas cadeias produtivas, como por exemplo, a pandemia do SARS- COV2 que impactou em grande escala as cadeias de abastecimento.

Abaixo citamos, para o leitor interessado, as publicações, respectivos títulos e links que abordam o tema:

  • Riscos na Cadeia de Suprimentos - O impacto do Corona Vírus,
  • Cadeias de Suprimentos impactadas pelo Corona Vírus
  • Redesenhando as Cadeias Logísticas - As lições do corona vírus

E o tema não se esgota! Por exemplo, por conta da pandemia e os sucessivos e ineficientes lockdows (março-junho/2020), as atividades econômicas sofreram reduções bastantes drásticas.

Tomemos exemplos no contexto da logística: os portos passaram a operar com capacidade reduzida em razão da redução da mão de obra que operava em suas instalações. Do mesmo modo, o tráfego de caminhões também sofreu reflexos devido as paralizações. A movimentação de contêineres também recebeu grande impacto!

De um lado, por conta dessas paralizações (lockdows) , em muitas situações, as operações conhecidas como : "stop and go" passaram a ser comandadas por todo o planeta e, por via de consequência, inúmeras empresas não estavam recebendo as mercadorias, cujo reflexo acarretou, em muitos casos, em um elevado estoque de contêiner nos portos, quer motivado por falta de recursos financeiros para cumprir com os compromissos ou em face da inviabilidade de seu transporte ou mesmo, a impossibilidade de que o container fosse recepcionado em um Centro de Distribuição etc.


Figura 3 - Estoque de contêineres nos portos.
Fonte: Google Imagens (20201.

De outro, com o aumento gradual da atividades econômicas, a situação se agravou devido a lentidão da operações portuárias e na falta de transporte, em especial, motivadas pela escassez de mão de obra para as operações logísticas. Em face dos sucessivos lockdows, esse evento acabou se refletindo em uma considerável redução no fluxo de disponibilidade de contêineres!

Essa escassez de contêineres resultou em por provocar, dentro da conhecida lei de oferta x demanda, aumentos significativos nos fretes, como por exemplo: no início de 2020, um contêineres enviado da China para a Europa custava US 2,000.00 em fevereiro de 2021, as cotações chegaram a atingir o nível recorde de US$ 14,000,00; com mostra o gráfico da Figura 4.


Figura 4 - Variação do custo dos fretes - China/Europa.


Pontos nevrálgicos das cadeias logísticas estão por todos os cantos do planeta; vale ressaltar, em face do recente acidente em Suez, outro ponto de alto risco que é o Estreito de Ormuz (Figura 5), caminho estratégico de grande fluxo de navios de petróleo e transporte marítimo internacional.


Figura 5 - Estreito de Omuz
Fonte: Pintarest/Google Imagens (2021).

A rota de  Ormuz, que é bastante estreita para a navegação visto que as embarcações entram e saem utilizando faixas demarcadas de duas milhas cada, é a única proximal às principais áreas de exportação de petróleo no mar aberto. Sua importância é estratégica e precisa também ser analisada sob a ótica das tensões geopolíticas na área, com grande probabilidade de conflitos. Vale registrar que o petróleo escoado através desse estreito tem origem na OPEP e seus principais exportadores são: Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos e Kuwait.

Os exemplos de fragilidades sistêmicas que colocam em risco as cadeias de suprimentos são em larga escala e estão por todas as partes do planeta! O requerido para uma boa gestão logística é o mapeamento das áreas de riscos, avaliação situacional permanente de potenciais riscos e o planejamento de alternativas que possam: mitigar os riscos ou contingenciá-lo, cuja abordagem mais detalhada está disponível em artigo publicado neste blog que leva o título: Globalização dos Mercados e Riscos Logísticos.





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