sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Tecnologia de Fracking - Uma solução ou grave problema ecológico?

TECNOLOGIA DE FRACKING - UMA Solução ou um grave problema ecológico?



Já comentamos em postagem neste blog (18/11/2013) sob o impacto causado pela descoberta de uma grande fonte de gás de xisto nos Estados Unidos.
O processo de exploração desse gás acontece através da utilização de uma tecnologia que se baseia numa forma de perfuração não-convencional, onde água, areia e produtos químicos são injetados sob alta pressão no subsolo e dessa forma acabam por quebrar o xisto betuminoso poroso, permitindo assim a recuperação do gás. Esse gás é denominado de gás de xisto ou shale gas.

O gás de xisto encontra-se impregnado nas rochas e na formação geológica. As tecnologias mais recentes mostraram-se eficientes para a sua extração através de perfurações horizontais e o procedimento de fraturar a rocha, injetando sobre alta pressão água, explosivo e o denominado fracking fluid.

Essas tecnologias tem um grande diferencial, qual seja, permitir a exploração das reservas de gás ou petróleo não alcançadas pelos método convencional.
O grande problema no seu uso está relacionado aos efeitos causados ao solo e aos lençóis freáticos! Uma discussão que se prolonga a algum tempo, em especial, em razão das dúvidas quanto ao impacto ambiental causado na extração desse gás. Essa é uma das razões pelas quais o uso da tecnologia de fracking não é permitida em alguns países da Europa.

Uma reportagem bem completa sobre a devastação que o fracking está produzindo nos Estados Unidos pode ser visualizada no link abaixo:


As pressões econômicas para a utilização desse gás são enormes e, em razão disso, a extração do gás vem sendo expandida, muito especialmente nos EUA e Reino Unido.
O Brasil, segundo dados de levantamentos geológicos realizados ANP, tem um grande potencial para exploração desse combustível. Desde 2012 foram iniciados testes para exploração dessa alternativa energética no Vale do Paraíba (MG) e Recôncavo Baiano e Pareci (MT).

A Agencia Nacional de Petróleo (ANP) vê no fracking uma alternativa para a produção de energia elétrica através da utilização dos depósitos de óleo e gás, que são extraídos do subsolo por métodos não convencionais.

O grande problema, como mencionado, está justamente na tecnologia (Figura 1) utilizada para obtenção do gás uma vez que na sua extração são injetados no solo o denominado fracking fluid que contém 609 componentes químicos que são misturados com água antes da injeção.

 Figura 1 - Tecnologia de Exploração.

Embora a fórmula do fracking fluid  contenha componentes “secretos”, por estar sob direito de sigilo e assim os fabricantes não obrigados a fornecer a composição do produto, pesquisadores já identificaram: bário, arsênico, querosene, etil-benzeno, metais tóxicos e outros componentes que são cancerígenos ou causadores de doenças graves.

De um lado, no que se refere a exploração vale registrar, segundo estudos mais recentes, que o custo de produção nos campos mais representativos dos Estados Unidos, como a Bakken – um dos maiores produtores norte americanos, localizado em Dakota do Norte com produção de 300 mil barris diários, se aproximam dos US$ 70 dólares/barril.

Com a guerra de preços deflagrada pela Arábia Saudita, os analistas fazem prognósticos de que neste ano (2015) o preço médio do barril de petróleo deve oscilar entre 55 a 60 dólares!

De outro, estudos realizados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) indicam que, em alguns casos, a produção do poço declina em até 80% após um ano de exploração, como mostra o resultado das pesquisas realizadas pela ANP (Figura 2).

Figura 2 – Vida útil de um poço.
Fonte: ANP – Agência Nacional de Petróleo.


Segundo relatos recentes, empresas como a Exxon Mobile, Shell e British Petroleum, já abandonaram o uso dessa tecnologia para a extração do gás em face do rápido declínio na produção do poço explorado.

Independente disso, a exploração em si já produz sérios problemas ecológicos, haja vista a quantidade de produtos tóxicos injetados no solo que comprometem a saúde!

Figura 3 – Devastação e contaminação

Um exemplo bem expressivo pode ser visualizado através do vídeo no link indicado:


Esse vídeo está baseado em um documentário produzido por Pino Solanas, que desnuda a realidade do processo de exploração do gás e faz severas críticas a exploração de poços na Argentina.

Nos Estados Unidos, por exemplo, não é incomum moradores das regiões aonde o fracking é explorado, abrirem as torneiras de suas residências e utilizando um fósforo, transformam o jato de água em uma labaredas devido a presença de gás misturado com a água. Além disso, os poços abandonados causam uma verdadeira devastação na região antes destinada a exploração do gás (Figura 3).

O legado após o abandono dos poços é água e solo contaminados!

Fonte:
Fernández y Fernández, E – in “Em debate a tecnologia de “fracking” na exploração de gás” – disponível em http://oglobo.globo.com/blogs/fernandez/posts/2010/05/24/em-debate-tecnologia-de-fracking-na-exploracao-de-gas-294223.asp - acesso: 30/12/2015.

As contradições do fracking ou fraturamento hidráulico -  disponível em: http://www.ecycle.com.br/component/content/article/35-atitude/1875-as-contradicoes-do-fracking-ou-fraturamento-hidraulico.html - acesso: 30/12/2015.

Nycz, Z  e Pugnaloni, I in  ANP promove exploração que pode contaminar aquífero Guarani. Disponivel em http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/fracking.html - acesso 14/01/2015.

González, L e Vispo,L.F  in Fracking la polémica bajo tierra – 01/junho 2013. Disponível em: http://www.revistafusion.com/201307012706/Reportajes/Reportajes/fracking-la-polemica-bajo-tierra.htm  - acesso : 06/01/2015.

Nadal, A. in Guerra de preços: A Arábia Saudita e o fracking - disponível em http://www.esquerda.net/artigo/guerra-de-precos-arabia-saudita-e-o-fracking/35273 acesso: 06/01/2015.
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Paulo Sérgio Gonçalves é engenheiro, M.Sc. em engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, professor do IBMEC/RJ e  autor das seguintes obras didáticas:
Administração de Estoques – Teoria e Prática, em coautoria de E. Schwember – Editora Interciência;
Administração de Materiais – 4ª. Edição – Editora Campus/Elsevier;
Logística e Cadeia de Suprimentos – O Essencial – Editora Manole.

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